terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

LIÇÃO 9 - A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Atos dos Apóstolos
Profª. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5.20).

O texto em apreço mostra uma das finalidades da lei. Revelar a gravidade do pecado, pois a lei, tendo sido entregue no monte Sinai, revelou o pecado como uma ofensa, em todos os sentidos, contra Deus em seu caráter santo, justo e perfeito. Deus, no entanto, revela a sua graça, sendo ela maior do que o pecado, pois, apesar da abundância do pecado, a graça de Deus superabundou já que Ele se dispôs a salvar o homem em meio a abundância e gravidade da ofensa.
  
Verdade Aplicada: A conversão de Saulo a Cristo foi a mais influente da Igreja Primitiva, pois repercutiu na salvação de muitos, no desenvolvimento de novas igrejas e, ainda hoje, a cristandade vive sob o efeito dela.

Em Jo 15.16 Jesus pronunciou as seguintes palavras: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda”. A vida do apóstolo Paulo mostra o cumprimento das palavras de Jesus. Seu trabalho produziu fruto; fruto este que permanece até os dias de hoje.

Texto de Referência: At 9.1-4

Introdução  A palavra conversão significa “volta”... Podemos ver o arrependimento e a fé na conversão de Saulo...

Em um dos textos em azul, o comentarista define a conversão através das seguintes palavras: “Podemos definir a conversão da seguinte maneira: É a nossa resposta espontânea ao chamado do evangelho, pela qual, sinceramente, nos arrependemos dos nossos pecados e colocamos a confiança em Cristo para receber a salvação”.

A partir da conversão, o homem reconhece os seus maus caminhos, arrepende-se dos seus maus caminhos, abandona os seus maus caminhos, volta-se para Cristo reconhecendo ser Ele o único meio de ser salvo dos seus maus caminhos e da condenação eterna, e finalmente ele passa a produzir o fruto que revela o seu arrependimento e a sua conversão.

Mc 1.15: “E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho”.

At 3.19: Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”.

Lc 3.8-14: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo. E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois? E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira. E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado. E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo”.

Com relação ao arrependimento e a fé na vida de Saulo:

1 Tm 1.15: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”.

1. Saulo de Tarso, o perseguidor – Nasceu na cidade de Tarso na Cilícia, atual Turquia, cidade célebre do império romano...

Segundo o Novo Dicionário da Bíblia a cidade de Tarso é a moderna Tersous, uma cidade da planície ciliciana, banhada pelo rio Cidno, e cerca de 16 quilômetros para o interior, à maneira da maioria das cidades da costa da Ásia Menor. Nos tempos romanos deve ter abrigado uma população de não menos que meio milhão de habitantes. Nada se sabe acerca da fundação de Tarso. Provavelmente era uma cidade nativa da Cilícia, que desde tempos bem remotos foi penetrada por colonos gregos. A cidade foi dominada pelos assírios, nos meados do século IX a.C. e mais tarde, ela ficou sob o domínio medo-persa. A perpetração dos romanos na Cilícia começou em 104 a.C. Em 64 a.C. foi firmado o acordo de Pompeu, sendo que este general romano [Pompeu] reconstruiu a Cilícia e a anexou à Província da Síria. Nos tempos do império romano, parece que Tarso desempenhou algum papel nas guerras civis. A cidade teria sido favorecida por Augusto por ser cidade natal de Antenodoro, seu professor em Apolônia e seu amigo pela vida inteira. A cidadania romana estendida aos judeus de Tarso provavelmente data do acordo firmado por Pompeu. Foi nesta cidade que Paulo nasceu conforme ele mesmo atesta em At 21.39 e At 22.3.

At 21.39: “Mas Paulo lhe disse: Na verdade que sou um homem judeu, cidadão de Tarso, cidade não pouco célebre na Cilícia; rogo-te, porém, que me permitas falar ao povo”.

At 22.3: “Quanto a mim, sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso de Deus, como todos vós hoje sois.”

1.1 Quem era Saulo de Tarso? – Saulo era filho de um fariseu cujo nome é desconhecido, mas com posses suficientes para enviá-lo a estudar em Jerusalém aos pés de Gamaliel, neto de Hilel, o grande mestre judeu.

Conforme visto no item 1, Paulo nasceu em Tarso, cidade localizada na Cilícia, onde alguns judeus já haviam se estabelecido, talvez dentre eles o pai de Paulo. Segundo o Novo Dicionário da Bíblia, Jerônimo cita uma tradição que diz que os antepassados de Paulo eram da Galiléia. Não é certo se migraram para Tarso por razões comerciais ou se foram colonizados por um governante sírio qualquer, mas o fato de possuírem a cidadania romana sugere que já residiam em Tarso há algum tempo. Paulo era descendente da tribo de Benjamim (Rm 11.1; Fp 3.4,5), e também zeloso membro do partido dos fariseus, do qual também seu pai fazia parte (At 23.6). Desde o seu nascimento, ele já possuía o título de cidadão romano (At 16.37; 22.25-29). Paulo foi educado em Jerusalém, conforme ele mesmo atesta, aos pés do rabino Gamaliel (At 22.3), um doutor da lei e membro do Sinédrio, o qual era tido em alta estima pelo povo judeu (At 5.34).

Rm 11.1: “Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim”.

Fp 3.4,5: “Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu”.

At 23.6: “E Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no conselho: Homens irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseu; no tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado”.

At 16.37: “Mas Paulo replicou: Açoitaram-nos publicamente e, sem sermos condenados, sendo homens romanos, nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? Não será assim; mas venham eles mesmos e tirem-nos para fora”.

At 22.25-28: “E, quando o estavam atando com correias, disse Paulo ao centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um romano, sem ser condenado? E, ouvindo isto, o centurião foi, e anunciou ao tribuno, dizendo: Vê o que vais fazer, porque este homem é romano. E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de dinheiro alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento. E logo dele se apartaram os que o haviam de examinar; e até o tribuno teve temor, quando soube que era romano, visto que o tinha ligado”.

At 5.34: “Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que por um pouco levassem para fora os apóstolos”.

1.2 O encontro com Deus – Saulo moveu uma tremenda perseguição contra os crentes primitivos prendendo-os, castigando-os com varas, obrigando-os a blasfemar do nome de Jesus...

Quando Estevão foi apedrejado as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés do jovem chamado Saulo, fato este que indica que Paulo naquele momento concordava com a execução de Estevão (At 7.58; 8.1). Apesar do discurso de Estevão, bem como a sua morte como mártir do cristianismo ter produzido algum impacto sobre Paulo [parece que é a isto que Jesus se refere, quando no encontro de Paulo com Ele na estrada de Damasco, Jesus lhe dirige as seguintes palavras: “Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (At 9.5)], Paulo prossegue empreendendo uma forte perseguição contra a igreja (At 8.1,3), o que acabou causando a dispersão de muitos discípulos pelas terras da Judéia e da Samaria. Paulo respirava ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, quando então ele se dirige ao sumo sacerdote pedindo-lhe cartas para Damasco, a fim de, encontrando ali alguns da “seita” dos nazarenos, ele os conduzisse a Jerusalém para serem presos (At 9.1,2). Conforme escreve Arrington (2003, p. 677):

“Damasco representava muito mais para Saulo, o rígido fariseu, que outra parada em sua campanha de repreensão. Era o ponto central da vasta cadeia comercial com extenso comércio de linhas de caravana alcançando do norte da Síria, Mesopotâmia, Anatólia, Pérsia e Arábia. Se o “novo caminho” do cristianismo florescesse em Damasco logo chegaria a todos estes lugares. Do ponto de vista do Sinédrio e de Saulo, o grande perseguidor, o cristianismo tinha de ser detido em Damasco”.

É no caminho de Damasco que subitamente Paulo é surpreendido por um resplendor de luz do céu, quando então caindo por terra ele ouve a voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.4b).

“E expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo (At 7.58).

E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se, naquele dia, uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos. E uns varões piedosos foram enterrar Estevão e fizeram sobre ele grande pranto. E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão” (At 8.1-3).

E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém” (At 9.1,2).

1.3 A importância de sua conversão – A conversão de Saulo foi tão profunda e sacrificial que, ainda que não tivesse andado com Jesus, como seus doze apóstolos, esta fez dele o homem mais dedicado em seu ministério...

Quando Paulo ouviu a voz que lhe dizia “Saulo, Saulo, por que me persegues?”, ele perguntou: “Quem és, Senhor?” E o Senhor lhe disse: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Paulo descobria naquele momento, que Jesus de Nazaré, o qual ele considerava como que estando morto, não estava morto, mas vivo, e sendo assim, tal fato, atestava a mensagem que ele ouvia por parte daqueles a quem perseguia, certamente a mensagem de que Jesus ressuscitara dentre os mortos e estava a direita de Deus no céu. Foi exatamente esta, uma das últimas mensagens que ele ouviu por parte de Estevão: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). A revelação na estrada de Damasco era arrasadora, pois ela jogava por terra todas as convicções de Paulo acerca de quem era Jesus, porém ao mesmo tempo, ela levava Paulo ao reconhecimento de que Jesus é o Senhor, e sendo assim, perseguir os seus discípulos era o mesmo que persegui-lo e perseguir a Jesus era o mesmo que combater contra o Deus de Israel, que se revelara, na Pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo. Este reconhecimento de Paulo imediatamente o leva a se colocar à disposição dAquele que com ele falara: “E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça?” (At 9.6a). Assim pode-se dizer, que da mesma maneira que Paulo, como fariseu, se dispusera a zelar pelo nome com que Deus se revelara a Moisés, ele se dispunha agora a zelar pelo nome de Jesus, ainda que lhe fosse necessário sofrer pela causa de Cristo, o que de fato aconteceria, conforme lhe seria revelado mais adiante, por Ananias, o servo que o Senhor enviaria ao encontro de Paulo.

“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.15,16).

A disposição de Paulo de sofrer em prol do evangelho de Jesus Cristo é atestada em todo o percurso de seu ministério até à sua morte. Paulo sofre o martírio na primeira perseguição de Nero contra os cristãos. Segundo o “Livro dos Mártires”, ele foi retirado de um calabouço em Roma para execução. Conta Abadias que, quando se deliberou a respeito de sua execução, o imperador enviou dois de seus cavalheiros, Ferega e Partemio, para dar-lhe a notícia de que seria morto. Ao chegarem ao apóstolo, que instruía o povo, pediram-lhe que orasse por eles para que cressem. Paulo garantiu-lhes que creriam em breve e seriam batizados diante de seu túmulo. Logo vieram os soldados e o levaram ao lugar das execuções, onde, depois de haver orado, ofereceu o pescoço a espada.

At 20.24: Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.

At 21.13,14: “Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus. E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor”.

2 Tm 4.6: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo”.

2. Paulo, o perseguido – Saulo quando perseguidor, teimoso e cruel, não imaginou que uma vez convertido a Jesus Cristo sofreria pertinaz perseguição ao longo de toda a sua existência...

Depois que Paulo entrou na cidade de Damasco, Ananias, em obediência ao Senhor vem até onde ele se encontrava, e ora por ele, sendo então a visão de Paulo recuperada. Paulo começa a anunciar em Damasco que Jesus era o Filho de Deus. Ele, porém, por causa do intento dos judeus de o matarem, se vê obrigado a fugir, e assim os discípulos o descem, dentro de um cesto, por um muro. Assim começa a carreira de Paulo. Aquele que antes perseguia, passa a ser, desde então perseguido. Paulo, no entanto, não se deixaria abater pela perseguição.

At 9.19-25: “E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco. E logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus. E todos os que o ouviam estavam atônitos, e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes? Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo. E tendo passado muitos dias, os judeus tomaram conselho entre si para o matar. Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo; e como eles guardavam as portas, tanto de dia como de noite, para poderem tirar-lhe a vida, tomando-o de noite os discípulos o desceram, dentro de um cesto, pelo muro”.

2.1 A natureza da perseguição – Perseguição experimentada por Paulo era de natureza humana, mas também era espiritual e maligna. Acrescento que Paulo lidava com a conseqüência da ignorância humana, assim como ele mesmo agiu perseguindo a muitos...

Ef 6.12: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

2 Tm 3.12: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”.

Acerca da ignorância humana, o próprio Paulo atesta ter sido movido por ela:

At 26.9-11: Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno devia eu praticar muitos atos; que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido autorização dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os matavam eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui”.

1 Tm 1.12-14: “E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério; a mim, que dantes fui blasfemo, e perseguidor, e injurioso; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade. E a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e amor que há em Jesus Cristo”.

2.2 Tempo de perseguição – Paulo tinha em mente que deveria evangelizar primeiramente os judeus... Esse discurso causava debates, dividia o grupo...

At 13.46-14.5: “Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios. Porque o Senhor assim no-lo mandou: eu te pus para luz dos gentios,a fim de que sejas para salvação até os confins da terra. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.  Mas os judeus incrédulos incitaram e irritaram, contra os irmãos, os ânimos dos gentios. E havendo um motim, tanto dos judeus como dos gentios, com os seus principais, para os insultarem e apedrejarem, sabendo-o eles, fugiram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e para a província circunvizinhas”.

At 26.20: “Antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento”.

Rm 1.16: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego”.

1 Co 9.20: “E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei”.
           
2.3 Como enfrentava a perseguição – Paulo experimentou muitos sofrimentos como resultado da perseguição, tais como apedrejamento...

2 Co 11.23-27: “São ministros de Cristo? (falo como fora de mim) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez”.

Rm 8.18: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”.

2 Co 1.5: “Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo”.

2 Co 1.8: “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos”.

2 Co 12.9,10: “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”.

3. Paulo, o apóstolo escolhido por Deus – Humanamente falando, jamais escolheríamos um homem para trabalhar em nossa empresa que tivesse sido um terrível inimigo...

A consideração acima feita pelo comentarista, foi também feita por Ananias, o discípulo de Damasco a quem o Senhor ordena que fosse ao encontro de Saulo. Para Ananias parecia inconcebível que Jesus estivesse lhe enviando exatamente para orar por alguém que já tinha causado tantos males a igreja. No entanto, Jesus reafirma a Ananias a sua vontade. Por sua soberana vontade, Paulo era para Ele “um vaso escolhido”, e sendo assim, ninguém poderia impedir os propósitos do Senhor.

At 9.10-15: “E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver. E respondeu Ananias: Senhor, de muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nomeDisse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel”.

3.1 Escolhido por sua soberania – Dentre tantos homens existentes naquela época, o Senhor Jesus escolheu a Saulo... As palavras de Jesus faladas por Ananias revelando a vocação ministerial de Saulo sempre permaneceram na memória dele (At 9.15; 22.14-16)... Em algumas de suas cartas ele fez questão de mencionar o seu chamado divino, principalmente aquelas igrejas que punham em dúvida a sua autoridade apostólica...

Em At 22.1-21, Paulo discursa em Jerusalém, em sua defesa já que ele estava sendo acusado de ensinar contra a lei, contra o templo e ainda de ter introduzido um gentio no templo. Paulo relembra a multidão o seu histórico como perseguidor da igreja, e conta sobre sua conversão na estrada de Damasco. Nos versículos 12 a 16, Paulo descreve seu encontro com Ananias e as palavras de Ananias que revelavam, que pela vontade soberana de Deus, ele fora escolhido para ser testemunha do nome de Jesus:

At 22.12-16: “E um certo Ananias, homem piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam, vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E naquela mesma hora o vi. E ele disse: O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca. Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido. E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor”.

Algumas igrejas, influenciadas por falsos mestres que queriam minar a confiança dos cristãos nos ensinos de Paulo, colocaram em dúvida a autoridade apostólica de Paulo. Eles tentavam argumentar, principalmente no fato de que Paulo não andara com Jesus como os demais apóstolos. Paulo, em suas cartas, reafirma que seu apostolado vinha do próprio Deus, sendo que ele também era uma testemunha da ressurreição de Jesus Cristo, um dos requisitos que foi considerado pelos apóstolos na escolha de Matias em lugar de Judas (ver At 1.22). Paulo podia ser visto como que cumprindo tal requisito, já que o próprio Jesus lhe aparecera na estrada de Damasco e isto atestava o seu apostolado. Com a escolha de Paulo, sendo ele incluso dentre os apóstolos como um abortivo, conforme ele próprio define em 1 Co 15.8, ou seja, como alguém que nascera fora do tempo, o número dos apóstolos se completa. A analogia quanto a isto pode ser vista no número de filhos de Jacó. Jacó teve 12 filhos e em semelhança a este fato, Jesus escolhe doze homens os quais foram chamados de apóstolos. Os doze podem ser vistos como representantes da totalidade daqueles que são chamados dentre os judeus, já que o número doze é na Bíblia, símbolo de plenitude, totalidade. Jacó, no entanto não tinha somente os doze filhos, ele tinha também uma filha, Diná. Diná pode ser vista como que representando a igreja gentílica, já que a mulher nos tempos do Antigo Testamento não era contada, assim como também, não o era os gentios. Assim, à semelhança deste fato, Paulo é chamado com um propósito específico, o de ser “apóstolo dos gentios”. Com a chamada de Paulo a analogia se completa. Nos doze, juntamente com o apóstolo Paulo, se vê a representatividade da totalidade dos filhos de Deus, tanto dentre os judeus, quanto dentre os gentios, sendo todos edificados no fundamento dos apóstolos, e diante disto, pode se dizer que o ministério apostólico nos dias atuais já não tem mais lugar.

2 Co 1.1: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus, que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia”.

Gl 1.1: “Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos)”.

1 Co 9.1: Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo Senhor nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor?”

1 Co 15.3-8: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”.

3.2 Escolhido como um vaso – Para o Senhor Jesus, Saulo era um vaso apropriado... Paulo entendeu que tinha esse tesouro em vaso de barro... ele aprendeu a ser humilde e as tribulações que lhe sobrevieram tinham um efeito controlador da soberba natural humana.

O mistério do qual Paulo fala em Ef 3.1-10 e Cl 1.24-29 está relacionado a inclusão dos gentios como co-herdeiros das promessas de Deus.

Ef 3.4,5: “Pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”.

Cl 1.26,27: “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória”.

Com relação à humildade de Paulo:

2 Co 4.6,7: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós”.

2 Co 12.7: “E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”.

3.3 Escolhido para uma missão ampla – Levar a mensagem do evangelho aos gentios e reis espalhados naquela época era tanto um grande privilégio quanto um desafio... Apesar de todo o sofrimento e de toda a sua cultura, Paulo entendeu com o tempo que deveria depender do poder de Deus...

Apesar de toda cultura, além de depender do poder de Deus, Paulo se propôs a pregar o evangelho genuíno de Jesus Cristo sem misturas que nada trazem de proveito para a salvação eterna.

Rm 15.18,19: “Porque não ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para fazer obedientes os gentios, por palavra e por obras; pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo”.

1 Co 2.1-3: E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor”.

4. Lições que Paulo deixa para cada um de nós – Das tantas lições deixadas por Paulo destacaremos três...

4.1 Lição de uma conversão total – A conversão de Paulo a Jesus Cristo foi sem meio termo... Por isso, postou-se como um exemplo digno de ser imitado...

1 Co 11.1: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo”.

Fp 3.17: “Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam”.

2 Ts 3.7: “Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós”.

4.2 Lição de amor a Jesus Cristo – Uma das coisas mais impressionantes em Paulo é o seu amor a Cristo...

2 Co 5.14,15: “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”.

4.3 Lição de compromisso tenaz – Seu compromisso tenaz com Jesus Cristo fez de sua conversão a mais impactante da história do cristianismo... Ele tornou-se irrefreável...

2 Tm 4.7,8: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda”.

Referências Bibliográficas:
Johnson, V.; Palma, A., Hernando, J.; Simmons, W.; Adams, J. W.; Demchuck, D.; Soderlund, S. K.; Glubish, B.; Gill, D. M.; Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1a. Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
J. D. Douglas, O Novo Dicionário da Bíblia, 1995, Edições Vida Nova, SP/SP.
Fox, J.; O Livro dos Mártires, 2003, 5a Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, CPAD, RJ/RJ.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

LIÇÃO 8 - FILIPE, UM OBREIRO VERSÁTIL

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Atos dos Apóstolos
Prof. Evangelista Márcio do Livramento Leão – Congregação de Benfica

O termo versátil possui dois significados:

·  Vário (instável) ou volúvel (inconstante, sem opinião).
·  Que tem qualidades várias num determinado ramo de atividades.

Nesse caso, preferimos adotar o segundo significado para o título acima, em consonância com a proposta do comentarista da revista.

Texto Áureo: At 8.35

Ver Lc 24.27 (Começando por Moisés e por todos os profetas, Jesus explicou aos dois discípulos no caminho de Emaús, o plano de Deus através das Escrituras).
Ver At 18.28 (muitos dos cristãos em Corinto eram gentios e oponentes fáceis de serem vencidos por quem conhece a fundo as Escrituras hebraicas. No entanto, os argumentos desses judeus eram facilmente refutados por Apolo, um judeu cristão que era eloqüente e poderoso na Palavra, At. 18.24).

Verdade Aplicada

As qualidades de um obreiro que edificam a igreja, citadas pelo autor, certamente são os dons que são dados por Deus aos crentes:

1 Co 14.12: "Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja".

1 Co 1.7: "De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo".

Tg 1.17: "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação".

1 Pe 4.10: "Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus".

Objetivos da Lição

No terceiro objetivo temos de observar que a evangelização é uma das várias formas de demonstrarmos nosso amor por Jesus. Dentre outras, devemos compartilhar dos sofrimentos de Cristo:

2 Co 4.11: "E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal".

Glossário

Dentre as palavras apresentadas, poderíamos complementar com:

Candace: Título que quer dizer “rainha”, assim como “faraó” quer dizer “rei” (At 8.27).
Eunuco: Homem castrado que servia de guarda das mulheres do seu dono (Et 2.3). Eram também chamados de eunucos alguns altos funcionários de confiança dos reis, quer esses funcionários fossem castrados ou não (At 8.27).
Gentio: O que não é israelita (Is 42.1,6).
Prosélito: Gentio que segue a religião judaica (Mt 23.15; At 13.43).
Samaritano: Pessoa nascida em SAMARIA (Região central da Terra Santa, abrangendo as tribos de Efraim e Manassés do Oeste. Ao norte ficava a Galiléia; a leste, o Jordão; ao sul, a Judéia; e, a oeste, o Mediterrâneo - 2 Rs 17.24-26; At 1.8). Israelitas e samaritanos não se davam por causa de diferenças de raça, religião e costumes (2 Rs 17.29; Jo 4.9).

Texto de Referência

A versão apresentada é a Almeida Revista e Corrigida (ARC).

Introdução

Judeu Helênico: Judeu que falava grego, nascidos ou criados fora da terra de Israel (At 6.1, RC; RA, helenista).
Eusébio de Cesaréia: Bispo de Cesaréia, nasceu em cerca de 270, fale­ceu no ano 339/340. Não se sabe onde nasceu, mas passou a maior e mais impor­tante parte de sua vida em Cesaréia, na época a maior cidade romana da Palestina. Era de família desconhecida mas certa­mente cristã, como indica seu nome.
Curiosamente, Eusébio também cita que Filipe, o apóstolo, juntamente com suas filhas, foi sepultado na mesma cidade em que o evangelista, conforme transcrito abaixo:

"Porque também na Ásia repousam grandes luminares que ressuscitarão no último dia da vinda do Senhor, quando virá dos céus com glória em busca de todos os santos: Filipe, um dos doze apóstolos, que repou­sa em Hierápolis com duas filhas suas que chegaram virgens à velhice, e a outra filha, que depois de viver no Espírito Santo, descansa em Éfeso...”.

A cidade antiga de Hierápolis, localizada na muçulmana Turquia, ainda existe e é "colada" à Pamukkale, ambas são tombadas como Patrimônio Histórico Mundial pela Unesco. Hierápolis está situada a 376 metros de altura, no alto de uma colina com uma bela vista da região.

1. Filipe em Jerusalém

Gregos (ou "helenistas") eram judeus de fala grega, principalmente das terras da Dispersão (nomes dados ao conjunto dos judeus que viviam em vários países, fora da Terra Santa, eram mais numerosos do que a população que vivia em Israel). Tiago os cita em sua carta (Tg. 1.1); os hebreus eram judeus de fala aramaica, muitos dos quais, como os apóstolos, eram naturais da Palestina.

1.1 Indicado para ser um dos sete

Não podemos especular nada acerca desses sete homens, excetuan­do-se Estevão, o qual vemos registrado como um homem cheio de fé e do Espírito Santo (At. 6.5). A fé que Estevão possuía não era diferente em essência da fé comum a todos os crentes, porém era excepcional como esse homem estava disposto a confiar em Cristo, crer com simplicidade em Sua palavra, e arriscar tudo por amor de Seu Senhor, como bem estudamos na lição 7. Segundo Antônio Gilberto (BEP), a separação desses sete homens importava, principalmente, em duas coisas: 1) era testemunho público da igreja que esses homens tinham antecedentes de perseverança na piedade e na obediênca à direção do Espírito Santo (1 Tm. 3.1-10); 2) era um ato de separação daqueles homens à obra de Deus e um testemunho da sua disposição em aceitar a responsabilidade da chamada divina.

1.2 Suas virtudes precederam a sua escolha

Imposição de mãos. No NT a imposição de mãos era usada de cinco maneiras:
1) em relação a milagres de curas (At 28.8; Mt 9.18; Mc 5.23; Mc 6.5); 2) ao abençoar outras pessoas (Mt 19.13-15); 3) em relação ao batismo no Espírito Santo (At 8.17-19; At 19.6); 4) na comissão para uma obra específica (At 6.6; At 13.3); e  5) na concessão de dons espirituais através dos presbíteros (1 Tm 4.14). Como um dos meios através do qual Deus transmite dons e bênçãos às pessoas, a imposição de mãos veio a ser uma doutrina fundamental na igreja primitiva (Hb 6.2). Não pode ser dissociada da oração (At 6.6), pois a oração indica que os dons da graça, cura ou batismo no Espírito Santo procede de Deus e não do ser humano.

1.3 Tinha iniciativa para falar de Jesus

Mais do que oposição, que se resume em contrariedade, obstáculo; o que se sucedia era uma grande perseguição dos crentes em Jerusalém. Todavia, havia um propósito permissivo divino que se constituía na pregação da palavra na Judéia, Samaria e até os confins da terra. A perseguição faz parte daquele que quer viver piamente na Palavra de Deus. Mt 5.10; At.8.1; Rm. 8.35; 2 Tm. 3.12.

2.  Filipe em Samaria

At 1.8: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra".

        Pela referência bíblica destacada, melhor seria postar o comentário obedecendo à seqüência dada acima.

2.1 Evangelista de multidões

Quem está em Cristo Jesus tem confiança e ousadia para propagar o evangelho da salvação.  At 4.13; 4.29; 4.31; 2 Co 3.12; Ef 3.12.
Os samaritanos ocupavam a região central da Palestina, entre a Judéia e a Galiléia. Eram descendentes dos povos orientais importados pelos assírios (II RS 17.24-29) depois da destruição do reino israelita do norte (722 a.C.), que se misturaram com os nativos israelitas. A quase dez anos, um estudo produzido pela comunidade samaritana estima o seu número em quase 700 pessoas, das quais metade vive em Israel e outra em Nablus na Cisjordânia.

2.2 Poderoso em sinais (quem era poderoso...?) - 1 Pe 4.11; 5.11; Jd 1.25; Ap 5.13.

Filipe enfrentou uma batalha espiritual, cuja vitória só é possível usando os recursos de Deus e as armaduras celestiais. Ef 6.12; Rm 8.38; Sl 140.7.
No final desse tópico a referência bíblica estaria incorreta, quando o certo seria: At. 8.7-8.

2.3 Continuou submisso a Jerusalém

Por entendermos ser crítico o conteúdo do tópico apresentado pelo comentarista, sugerimos o que se segue: De Jerusalém, quando os apóstolos tomaram conhecimento do que acontecera em Samaria, por meio de Filipe, enviaram Pedro e João, os quais chegaram e oraram com imposição de mãos para que os salvos fossem batizados com o Espírito Santo (ver At 8.14-17). Com seu exemplo evangelizador influenciou aos próprios apóstolos a anunciarem o evangelho em muitas aldeias dos samaritanos ao voltarem para Jerusalém (ver At 8.25).  Essa última referência estaria errada no texto apresentado na revista.
Com relação a questão do batismo em At 8.12,13 está descrito que aqueles que criam eram batizados. O batismo que eles ainda não haviam recebido era o batismo no Espírito Santo conforme está descrito em At 8.15-17.

3.  Filipe em Gaza

A província de Samaria, nos tempos do N.T, estava situada entre a Judéia e a Galiléia (Lc. 17.11). Foi atravessada por Jesus Cristo (Jo 4.4-43), e recebeu a luz do Evangelho (At. 8.5-25). A distância entre Samaria e Jerusalém era de aproximadamente 60 km.

3.1 Um anjo manda Filipe para Gaza (At 8.26-29)

Seria “um” ou “o” anjo do Senhor?  Vejamos as diferentes traduções:

ARA: 8.26: Um anjo do Senhor falou a Filipe...dizendo: Dispõe-te e vai para o lado do Sul, no caminho...”
ARC: 8.26: “E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do Sul, ao caminho...”
NTLH: 8.26: Um anjo do Senhor disse a Filipe: — Apronte-se e vá para o Sul, pelo caminho que...”
ACF: 8.26: “E o anjo do SENHOR falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho...”

Segundo a Bíblia de Estudos Pentecostal, na página 386, no contexto do livro de Jz cap. 2, o autor da edição brasileira, o mestre Antônio Gilberto, apresenta um proveitoso estudo sobre Os Anjos, e O Anjo do Senhor, conforme parcialmente transcrevemos abaixo:

·   Anjos. A palavra "anjo" (hb. malak; gr. angelos) significa "mensageiro". Os anjos são men­sageiros ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.13,14), criados por Deus antes de existir a terra (Jó 38.4-7; SI 148.2,5; CI 1.16).
·   Os anjos executam numerosas atividades na terra, cumprindo ordens de Deus. Desempe­nharam uma elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés (At 7.38; Gl 3.l9; Hb 2.2). Seus deveres relacionam-se principalmente com a obra redentora de Cristo (Mt 1.20,24; 2.13; 28.2; At 1.10; Ap 14.6,7). Regozijam-se por um só pecador que se arrepende (Lc 15.10), servem em prol do povo de Deus (Dn 3.25; 6.22; Mt 18.10; Hb 1.14), observam o comportamento da congregação dos cristãos (1 Co 11.10; Ef 3.10; 1 Tm 5.21), são portadores de mensagens de. Deus (Zc 1.14-17; At 10.1-8; 27.23,24), trazem respostas às orações (Dn 9.21-23; At 10.4); às vezes, ajudam a interpretar sonhos e visões proféticas (Dn 7.15,16); fortalecem o povo de Deus nas provações (Mt 4.11; Lc 22.43), protegem os santos que temem a Deus e se afastam do mal (SI 34.7; 91.11; Dn 6.22; At 12.7-10), castigam os inimigos de Deus (2 Rs 19.35; At 12.23; Ap 14.17-16.21), lutam contra as forças demoníacas (Ap 12.7-9) e conduzem os salvos ao céu (Lc 16.22).
·   O Anjo do SENHOR realizou várias tarefas semelhantes às dos anjos, em geral. Às vezes, simplesmente trazia mensagens do Senhor ao seu povo (Gn 22.15-18; 31.11-13; Mt 1.20). Noutras ocasiões, Deus enviava o seu anjo para suprir as necessidades dos seus (1 Rs 19.5-7), para protegê-los do perigo (Êx 14.19; 23.20; Dn 6.22) e, ocasionalmente, destruir os seus inimigos (Ex 23.23; 2 Rs 19.34,35; Is 63.9). Quando o próprio povo de Deus rebelava-se e pecava grandemente, este Anjo podia ser usado para destruí-los (2 Sm 24.16,17). A identidade do Anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele freqüentemente se dirige às pessoas. Note os seguintes fatos: (a) em Jz 2.1, “O Anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco”. Comparada esta passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto dos israelitas. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8; 26.2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno (Gn 17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os levou à terra prometida (Js 1.1,2). (b) Quando o Anjo do Senhor apareceu a Josué, este se prostrou e o adorou (Js 5.14). Essa atitude tem levado muitos a crer que esse Anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o Anjo teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8,9). (c) Ainda mais explicitamente, o Anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente disse, em linguagem bem clara: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó" (Êx 3.6; ver Gn 16.7 nota; Êx 3.2 nota). Segundo Antônio Gilberto, o Anjo do Senhor está tão estreitamente identificado com o próprio Senhor, e por­que Ele apareceu em forma humana, alguns consideram que era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de nascer da virgem Maria.

3.2 Filipe mostra Cristo através das Escrituras (At 8.32-34 inclua-se o vers. 35)

Os Judeus do primeiro século não falavam muito a respeito do Messias sofredor. Eles acreditavam e ensinavam que o sofrimento anunciado por Isaías era uma referência ao sofrimento da nação de Israel diante do domínio estrangeiro. É provável que o etíope tenha ouvido apenas esse ensinamento quando esteve em Jerusalém, porém tinha algumas dúvidas a esse respeito. No entanto, Filipe mostrou-lhe que o servo sofredor era JESUS. Ele teve de sofrer na cruz por causa dos pecados de toda a humanidade (Hb 12.2; Jo 3.16).

3.3 Filipe batiza o Eunuco (At 8.38)

Candace, rainha dos etíopes: Candace possivemente, de acordo com historiadores (Strabo, Geógrafo e historiador grego, 50 a.C.; e Plínio, primeiro século, História Natural) não era nome próprio, mas o título das governadoras do reino (conforme "Faraó").
Outro fato importante é que o carro parou e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco (vers. 38), caracterizando o batismo por imersão. Na Bíblia encontramos outros argumentos fortes defendendo esse tipo de batismo, como nos seguintes casos: Mt 3.16, onde diz que Jesus "batizado, saiu logo da água", aqui nota-se que Ele havia entrado na água. Ainda nessa linha de raciocínio, encontramos em Jo 3.23: "porque havia ali muitas águas". Logicamente, caso se estivesse apenas borrifando ou derramando água para realizar o batismo, porque haveria de existir em bastante quantidade? Paulo compara o batismo a um sepultamento (Cl 2.12, Rm 6.3-6). Não sepultamos um corpo jogando apenas uma pá de terra sobre ele nem tentaríamos sepultar o velho homem do pecado simplesmente com umas poucas gotas de água. A imersão está no plano de Deus para o batismo do crente.

O batismo nas águas salva? Vejamos o que diz o comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal, na nota da passagem bíblica, a seguir, transcrita:

1 Pe 3.21: "Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo".

Como uma verdadeira figura vos salva, o batismo. O batismo em água tem a ver com a salvação, considerado como uma fiel expressão do nosso arrependimento, da nossa fé em Cristo e do nosso compromisso de deixar o mundo. Ele fala da nossa confissão e promessa de que pertencemos a Cristo e morremos e ressuscitamos com Ele (At 2.38,39; Rm 6.3-5; 10.9,10; Gl 3.27; CI 2.12). Note a comparação com o dilúvio (1 Pe 3.20): assim como a obediência de Noé às instruções de Deus, no tocante ao dilúvio, foi um testemunho da sua fé antes do dilúvio, assim também o passar pelas águas do batismo é um testemunho alusivo à nossa fé, como meio de salvação em Cristo; fé esta que tínhamos antes de sermos batizados.   
       
4.  Filipe, um obreiro exemplar

At 21.9. Vemos aqui o cumprimento do que Pedro disse em seu discurso em At 2.17, que os filhos e jovens receberiam a promessa do derramamento do Espírito Santo para profetizar, dentre outras maravilhas. Nesse tópico, Paulo passaria em Cesaréia (At 21.8), onde seria recebido por Filipe, em sua terceira viagem missionária.

4.1 Buscava fazer o melhor para Deus

A execução de Estêvão foi o sinal para uma campanha mais decisiva de repressão. A grande comunidade de crentes de Jerusalém foi dispersa por toda a Palestina e até às suas fronteiras. Entretanto, a dispersão causou mais bem do que mal à causa; os que desse modo foram espalhados levaram consigo as boas novas e a disseminaram por toda parte. Filipe, um dos sete, partiu de Jerusalém para Samaria, cuja população semijudaica passou ele a evangelizar. Até então o evangelho fora anunciado só a judeus.
A corrente majoritária dos estudiosos da Bíblia afirma ser Cornélio o primeiro gentio a converter-se ao cristianismo. Todavia, ao observarmos o que se passou em At 8.37-38, verificamos a potencial aceitação da doutrina de Cristo por parte do eunuco (Etíope), através de Filipe. Não se pode afirmar que o eunuco era seguramente gentio. Pode ser que fosse um descendente de judeu que nascera fora da região da Palestina. Os indícios quanto a isto está no fato dele regressar de Jerusalém para onde tinha ido para a adoração, e além disto ele tinha em suas mãos o livro do profeta Isaías, o que indica sua familiaridade com as Escrituras.

4.2 Era um homem sensível a voz do Espírito

Nunca devemos repelir, ignorar ou rejeitar o Espírito Santo. Se lembrarmos que aquele que habita em nós é o próprio Espírito de Deus, seremos muito mais seletivos quanto ao que pensamos, lemos, vemos, dizemos e fazemos (Rm. 8.9; 1 Co 6.19; 2 Tm 1.14).

4.3 Era homem de aliança

“Arraial” quer dizer acampamento (Ex 16.13), e não seria um termo ideal a tratar aqui, melhor seria dizer “convívio”. Os infiéis da verdade de Deus, corruptos de entendimento, devem ser privados da convivência com os salvos (1 Tm. 6.6), até que verdadeiramente sejam atingidos e libertos pela verdadeira conversão (Jo 8.32 e 35). Lembremos que a nossa luta não é contra a carne, nem contra o sangue (Ef 6.12).

Conclusão

Uma unção especial. Seria essa uma unção diferenciada?

O crente recebeu uma unção da parte de Cristo, a saber; o Espírito Santo (2 Co 1.21-22), a unção que nos dá conhecimento e verdade (1 Jo 2.20; 1 Jo 2.27). É um equívoco do comentarista, visto que andamos num mesmo Espírito (1 Co 6.17; 2 Co 4.13; 12.18 e Fp 1.27) e fazemos parte de um povo, agora sim, especial (Dt 7.6 e Tt 2.14).