Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara
Texto Áureo: “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João seu servo” (Ap 1.1).
Verdade Aplicada: O Apocalipse é um livro aberto, cheio de símbolos, profecias, juízos e condenações, mas relevante, majestoso e apoteótico.
Objetivos da Lição:
· Introduzir de modo proveitoso e prazeroso o estudo do Apocalipse.
· Oferecer informação à identificação correta de personagens e fatos do Apocalipse.
· Corrigir possíveis erros de interpretação.
Textos de Referência: Ap 1.3,12-16
Introdução: Bem vindo à Escola Bíblica Dominical. Neste trimestre vamos nos ocupar com o livro do Apocalipse. Para melhor entendê-lo, nessa primeira lição, vamos estudar a categoria, conteúdo e destino das revelações que o apóstolo João recebeu. Mas também abordaremos o fundamento, propósito e tema principal do livro. E, ainda, ater-nos-emos aos métodos utilizados pela igreja durante sua história. Que o Deus Trino possa ajudá-lo a entender de forma prática as revelações contidas neste livro.
Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal (D. Stamps, 1995, p. 1978) a palavra Apocalipse deriva da palavra grega apokalypsis, que traduzida significa “revelação”. Esta palavra significa, no original, retirar, remover completamente, descerrar, tirar fora, como quando as autoridades fazem nas inaugurações de placas comemorativas, estátuas, retratos (A. Gilberto, 2003, p. 81), onde o pano em que tais objetos estão envolvidos é removido totalmente para se ver aquilo que até então estivera oculto. De forma geral pode-se dizer que o livro de Apocalipse é:
· Uma revelação divina quanto à natureza do seu conteúdo: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21).
· Uma profecia quanto à sua mensagem: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações” (2 Pe 1.19)
· E uma epístola quanto aos seus destinatários: “Toda a Escritura divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3.16,17).
1. Categoria, conteúdo e destino – Para estudar com proveito este livro, além de crer de todo coração que se trata da Palavra de Deus escrita, precisaremos usar as chaves que o abrem à nossa compreensão.
Sl 49.3: “A minha boca falará de sabedoria, e a meditação do meu coração será de entendimento”.
Sl 119.2: “Bem-aventurados os que guardam os seus testemunhos, e que o buscam com todo o coração”.
Começaremos com o primeiro conjunto: A que categoria literária pertence o Apocalipse, o conteúdo do livro e a quem foi destinado. Portanto, ao estudar o Apocalipse considere que ele é:
1.1 Literatura apocalíptica – É a modalidade literária que se ocupa da escatologia (o término do mundo, o sistema que conhecemos e o começo de um novo ciclo que se estende até o estado eterno). Toda literatura apocalíptica é considerada escatológica.
A Escatologia é a doutrina das últimas coisas, ou seja, ela se ocupa do estudo dos eventos profetizados que ainda estão por acontecer. A importância desta doutrina pode ser percebida pelo espaço dedicado a ela ao longo dos 66 livros da Bíblia Sagrada, pois além do livro de Apocalipse, outros livros (Daniel, Zacarias etc...), epístolas inteiras (1 e 2 Tessalonicenses), capítulos inteiros (Mateus 24, Marcos 13) e diversos versículos da Bíblia se dedicam ao assunto. A Escatologia mostra os eventos finais dos “últimos dias” que tiveram início com a vinda de Jesus Cristo a este mundo e que terão o seu fim por ocasião de seu retorno. Os eventos finais dos “últimos dias” prepararão os céus e a terra para um novo começo que se estenderá então por toda a eternidade.
2 Pe 3.11-13: “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”.
1.2 Conteúdo do Apocalipse – O Apocalipse é um livro aberto em que o Senhor revela seus planos e propósitos para sua igreja. Apesar de falar do futuro, não deve ser encarado apenas como revelação das últimas coisas, mas sobretudo da narrativa de Jesus Cristo como o Messias vencedor. O Apocalipse não fala somente de fatos escatológicos, mas da pessoa majestosa e gloriosa de Jesus. Na verdade, o Apocalipse é fundamentalmente a revelação de Jesus Cristo (1.1) e não apenas, como alguns querem, de acontecimentos futuros. O povo de Deus não pode divorciar a profecia da Pessoa de Jesus Cristo. No entanto, é possível ter uma melhor compreensão quando dividimos o livro basicamente em três sessões: Descrições da pessoa de Jesus “Coisas que vistes” (Ap 1.19), assuntos concernente à igreja “coisas que são” (Ap 1.19), eventos futuro das nações “coisas que hão de acontecer” (ap 1.19).
O texto de Ap 1.1 começa com o seguinte anúncio: “Revelação de Jesus Cristo” e segundo escreve Win Malgo (1999, p. 10) a expressão “apocalipse” (revelação) usada neste versículo é também usada, por exemplo em 1 Co 1.7 “De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo”, em 2 Ts 1.7 “E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder”, em 1 Pe 1.7 “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo”. O Apocalipse revela, portanto antes de tudo a Pessoa de Jesus Cristo. O texto de Ap 1.1 segue então com os seguintes dizeres: “A qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo”. Assim, o assunto do Apocalipse, além de ser o próprio Senhor Jesus é também “as coisas que brevemente devem acontecer”, sendo tais coisas reveladas antecipadamente àqueles que servem ao Senhor, pois conforme diz Am 3.7 “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”. De forma geral o livro pode, segundo o texto de Ap 1.19 “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” ser dividido da seguinte forma:
· Parte I – Corresponde as coisas passadas no tempo de João, “as coisas que João viu”, engloba o capítulo 1 sendo este concernente à Pessoa do Senhor Jesus Cristo.
· Parte II – Corresponde as coisas presentes na época de João, ou “as coisas que são”, engloba os capítulos 2 e 3 concernentes à igreja.
· Parte III – Corresponde às coisas futuras ou “as coisas que hão de acontecer depois destas”, engloba os capítulos 4 a 22 concernentes à nação de Israel, às nações gentílicas e o estabelecimento do Reino de Deus na terra.
1.3 Destinado à Igreja – Em primeiro lugar, o livro da Revelação foi endereçado aos crentes que estavam enfrentando o martírio na época do apóstolo João. Naquela ocasião houve grandes perseguições do império romano contra a igreja. No entanto, o texto do Apocalipse destina-se a todos os crentes, espalhados durante esta inteira dispensação da graça, que começa com a primeira até a segunda vinda de Cristo a esse mundo. A mensagem é purificadora para o povo de Deus (1 Pe 4.17; Ap 1-3).
Em Ap 1.4, João escreve: “João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono”. Conforme pode-se perceber, o livro é endereçado inicialmente às sete igrejas que haviam na Ásia Menor (atual Turquia), sendo estas as igrejas localizadas em Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. De acordo com a Bíblia de Estudo Pentecostal (D. Stamps, 1995, p. 1978) o livro retrata as circunstâncias históricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que todos os seus súditos lhe chamassem de “Senhor e Deus”. Este fato originou um confronto entre os que se dispunham a adorar o imperador e os crentes fiéis que confessavam que somente Jesus era Senhor e Deus. O Apocalipse, após a introdução, se inicia então com sete cartas enviadas à estas sete igrejas da Ásia Menor, onde o Senhor Jesus repreende a transigência e pecado presente nas igrejas chamando-as ao arrependimento; mas além disto, tendo em vista o endeusamento ao imperador, o propósito do livro de Apocalipse é também o de fortalecer os crentes na fé, firmeza e fidelidade a Jesus Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, cujo Reino, após se cumprir os propósitos de Deus em relação à igreja, à nação de Israel e às nações gentílicas, se manifestará com poder e grande glória. O livro de Apocalipse, conforme escreve o comentarista, destina-se também a todos os crentes espalhados durante a inteira dispensação da graça que começa com a primeira até a segunda vinda de Cristo a esse mundo, e isto é evidenciado em Ap 1.4 pelo termo “às sete igrejas”, sendo que o número sete indica aquelas igrejas como que representando “a igreja como um todo” em qualquer lugar e em todos os tempos ao longo da história do cristianismo.
2. Fundamento, propósito e tema – Vencida esta primeira etapa, lancemos mão de mais três chaves importantíssimas: As bases literárias e proféticas sobre as quais de desenvolveu o Apocalipse, o propósito a que se destina e o tema principal do livro.
Ap 1.3: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”.
Ap 22.10: “E disse-me: Não seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo”.
2.1 Bases literárias e proféticas – Leis, Escritos e Profecias do Antigo Testamento constituem as bases literárias e proféticas do Apocalipse. Este livro resume e ilumina toda a profecia da Antiga Aliança relacionada à redenção e acrescenta tudo o que Deus quis que a igreja soubesse a respeito dEle mesmo, do processo redentor, dos métodos divinos para redimir, do destino final dos remidos e de tudo que não quisesse ou não pudesse ser redimido. Além disso, o Apocalipse delineia e revela a trajetória da igreja bem como sua participação no processo redentor antes e depois do arrebatamento.
Muitas das profecias do Antigo Testamento já se cumpriram desde a primeira vinda de Jesus Cristo à terra e muitas ainda estão por se cumprir, estando estas relacionadas a segunda vinda de Jesus Cristo a terra. O livro de Apocalipse mostra o cumprimento final de todas estas profecias, tanto do Antigo Testamento, quanto do Novo Testamento. Por exemplo, o texto de Dn 9.24 revela um tempo de “70 semanas” (cada semana equivale a 7 anos) determinadas sobre o povo de Israel e sobre a cidade de Jerusalém. Destas 70 semanas, 69 já se cumpriram, faltando apenas “uma semana”, ou seja, sete anos. O livro de Apocalipse amplia a revelação dada ao profeta Daniel referente a esta “última semana”, mostrando com detalhes os acontecimentos que sobrevirão neste período de sete anos, quando então a terra viverá um período de grande aflição, exatamente como o próprio Senhor Jesus afirmou em seu sermão profético no monte das Oliveiras descrito em Mt 24. A Bíblia mostra desta forma, com exatidão o conhecimento de Deus quanto ao passado, presente e futuro e que em suas mãos o Senhor tem o controle de todas as coisas sejam estas relacionadas à igreja, à nação de Israel ou em relação às nações gentílicas.
Is 46.9,10: “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”.
Mt 5.17,18: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”.
Mt 24.35: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar”.
At 3.20,21: “E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”.
Ap 10.7: “Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos”.
2.2 Propósito do Livro – Ele é a “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer” (Ap 1.1). O Apocalipse deve ser lido nas igrejas para que todos tenham conhecimento da profecia. “Felizes os que lêem, e os que o ouvem e guardam as coisas que nele estão escritas” (Ap 1.3). O livro de Apocalipse com esta mensagem trata do triunfo de Jesus e de sua igreja. Revela a todos que a história da humanidade não caminha para o caos final, nem está dando voltas cíclicas, mas direciona para um final glorioso, a vitória total de Jesus e sua igreja.
Conforme já visto anteriormente, o assunto do Apocalipse é o próprio Senhor Jesus, estando relacionado a Ele “as coisas que brevemente devem acontecer”. O livro revela o triunfo de Jesus Cristo e da sua igreja, pois apesar de todas as investidas de Satanás contra a igreja; apesar da existência de falsos profetas, falsos mestres, heresias de perdição ao longo da história do cristianismo; apesar da apostasia revelada nos tempos finais, sempre houve e sempre haverá aqueles que permanecem fiéis ao Senhor, e desta forma a igreja é vista arrebatada ao céu, cumprindo-se assim o que o Senhor Jesus disse em Mt 16.18 “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
O livro revela também o triunfo de Jesus Cristo e da nação de Israel, pois apesar de todas as investidas do inimigo ao longo da história para tentar destruir a nação escolhida, a nação tem prevalecido e prevalecerá finalmente contra seus inimigos ao reconhecer o Senhor Jesus como o Messias enviado por Deus, o que culminará no cumprimento das promessas de Deus feitas aos patriarcas da nação escolhida, quando então se instalará em Jerusalém o Reino Milenar de Jesus Cristo que se estenderá por toda a terra o que indica o triunfo de Jesus Cristo também em relação às nações gentílicas: “E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15).
Por fim, o livro mostra o triunfo de Jesus Cristo e de toda a criação, pois Satanás, a morte e todo tipo de maldição serão totalmente eliminados e o propósito de Deus em relação à sua criação será totalmente restaurado dando início ao estabelecimento de novos céus e nova terra: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1).
2.3 O tema principal – Sem dúvida, o tema que mais se evidencia no livro de Apocalipse é a vitória de Jesus e de sua igreja sobre o reino das trevas e seu líder maior, Satanás (Ap 17.14). O Diabo, seus demônios e seus seguidores ímpios perecerão, mas a noiva de Cristo, a sua igreja verdadeira, triunfará. A morte, o inferno, o Dragão, a besta, o falso profeta, o sistema de governo deste mundo e os ímpios não vencerão o povo eleito de Deus e seu Cristo. Por isso, Jesus é sempre apresentado como vencedor e conquistador (Ap 1.18; 5.9-14; 6.2; 11.15; 19.9-11; 14.1,14; 15.2-5; 19.16; 20.4; 22.3).
Um dos pontos que deve ficar claro é o de que o Apocalipse não deve ser visto como o fim de um grande conflito entre forças do bem e do mal como se Deus e o diabo lutassem de igual para igual pela definição de suas posições em relação a humanidade e o universo como um todo. Um pensamento como este foi desenvolvido por uma antiga heresia que ficou conhecida como “maniqueísmo” (E. E. Cairns, 2008, p. 85), onde se ensinava que o universo é dominado por dois princípios antagônicos e irredutíveis Deus ou o diabo, sendo desta forma a soberania de Deus sobre Satanás e seus anjos anulada ou invalidada. Ainda que a Bíblia revele a existência do diabo e seus anjos em um conflito contra o Senhor e aqueles que lhe são fiéis, ela jamais mostra o diabo como alguém que tem poder para se opor a vontade soberana de Deus, mas sim como alguém que pode agir somente até onde Deus em sua soberania sobre todas as coisas o permitir. Deus reina majestosamente em seu trono de glória no céu sobre todo o universo, e sendo assim o que o Apocalipse revela é que nenhum dos planos de Deus podem ser frustrados, pelo contrário, seus justos juízos e sua vontade prevalecerão sobre todo universo e sobre toda criação. Diante disto, o tema que mais se evidencia no livro de Apocalipse é aquele relacionado à supremacia de Jesus Cristo, sendo esta enfatizada em relação à igreja, em relação à nação de Israel, em relação às nações gentílicas, em relação às autoridades constituídas e em relação a toda criação visível ou invisível e daí o Apocalipse mostrar, por fim a derrota de Satanás e de seus anjos que o acompanharam em sua rebelião contra Deus.
1 Rs 22.19: “Então ele disse: Ouve, pois, a palavra do Senhor: Vi ao Senhor assentado sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à sua esquerda”.
Sl 93.1,2: “O Senhor reina; está vestido de majestade; o Senhor se revestiu e cingiu de fortaleza; o mundo também está firmado e não poderá vacilar. O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade”.
Ap 1.18: “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno”.
Ap 4.10,11: “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.
Ap 5.13: “E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”.
Ap 15.3,4: “E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos”.
Ap 19.16: “E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.
Ap 20.10: “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.
3. Métodos de interpretação – Durante a história marcante da igreja de Cristo, surgiram diversos métodos distintos de interpretação do livro de Apocalipse. O primeiro foi o método Preterista, seus intérpretes acreditavam que, em breve, Deus se ergueria de seu trono para abalar o governo das nações perversas, destruir todo mal e estabelecer o seu Reino na terra. Depois, o método Histórico que encara o Apocalipse como uma profecia simbólica. E por último, o método Futurista que lê o Apocalipse em grande parte como uma profecia de acontecimentos futuros.
O Apocalipse é um livro rico em simbologias e figuras de linguagem, por isto ele se torna um livro cuja interpretação não é fácil. Apesar disto, o cristão deve ter interesse em estudá-lo, pois sua mensagem contribui em muito para a edificação, consolação e exortação da igreja. À medida que o servo do Senhor se aprofunda em seu estudo, sua mensagem vai ficando clara e os métodos de interpretação preterista, histórico e idealista (o qual não foi citado pelo comentarista) tornam-se obsoletos. O Apocalipse testifica acerca do conhecimento e do poder de Deus sobre todo o universo e assim, ao estudá-lo o servo do Senhor se rende ainda mais ao Senhorio de Jesus Cristo a quem pertence honra, glória, louvor, adoração de geração em geração e por toda a eternidade.
Ap 22.6,7: “E disse-me: Estas palavras são fiéis e verdadeiras; e o Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer. Eis que presto venho: Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro”.
3.1 Método preterista – Essa escola de interpretação acredita que todas as profecias do Apocalipse já aconteceram. Os historiadores dizem que do ponto de vista deles, a Roma imperial era a besta do capítulo treze e a classe sacerdotal asiática que incentivava o culto a Roma era o falso profeta. Para essa linha, o livro narra apenas as perseguições sofridas pela igreja pelos judeus e imperadores romanos. Naquele tempo antigo, acreditavam que a igreja estaria ameaçada de extinção, sendo assim, para eles, João escreveu para fortalecer a fé dos crentes, pois mesmo com a perseguição acirrada, o Senhor interviria, Jesus voltaria, Roma seria destruída, e o reino de Deus seria completo. Obviamente o Senhor ainda não voltou, Roma não foi derrubada, e o suposto Reino de Deus não foi implantado. O livro do Apocalipse, portanto, para esse grupo de intérpretes não possui profecias.
O método preterista, conforme descrito acima considera que o Apocalipse e suas profecias cumpriram-se no contexto histórico original do Império Romano, mas segundo D. Stamps (1995, p. 1980) para esta escola, os capítulos 19-22 aguardam cumprimento. Seja como for um estudo minucioso dos capítulos 1-18 mostra que muitas das profecias descritas nestes capítulos ainda não se cumpriram no sentido exato de como estão descritas. Por exemplo, os juízos de Deus representados pelos selos, trombetas e taças, a batalha do Armagedon e diversas outras profecias descritas nestes capítulos não se cumpriram no contexto histórico do Império Romano, ainda que os defensores desta escola tentem manipular as datas e eventos, e sendo assim todos estes acontecimentos ainda pertencem ao futuro.
3.2 Método histórico – Os adeptos deste método vê o Apocalipse como profecia simbólica de toda a história da igreja até a volta de Cristo e o fim do tempos. Sendo assim, passam a entender o Apocalipse como uma profecia da história do Reino de Deus. Para eles o livro é rico em símbolos, imagens e números. Todavia, uma interpretação assim, poderá incorrer em confusão, porque não há menção clara quanto às quais eventos históricos estariam sendo abordados. Essa corrente pensa que a besta é o papado romano e o falso profeta a igreja de Roma.
Ainda que o Apocalipse seja rico em símbolos, imagens e números fica evidente que o livro não se trata da história da igreja até a volta de Cristo, pois após o capítulo 3, já não há nenhuma referência à igreja na terra. O capítulo 7 faz referência direta ao povo judeu e no capítulo 12 por inferência a nação de Israel é encontrada no texto. Assim, o livro de Apocalipse mostra a história da igreja e logo após o cumprimento dos propósitos de Deus através da igreja, o que se vê é o Senhor voltando a tratar com o seu povo Israel até a volta de Cristo e o fim dos tempos. O seguinte comentário feito por W. MacDonald (2008, p. 993) ajuda a compreender porque o método histórico não se ajusta a interpretação do Apocalipse:
“Como em todo estudo bíblico, ao investigarmos Apocalipse, precisamos ter sempre em mente a distinção entre a igreja e Israel. A igreja é um povo celestial, abençoado com bênçãos espirituais e chamado a participar da glória de Cristo como sua noiva. Israel é o povo antigo e terreno de Deus, ao qual ele prometeu a terra de Israel e um reino terreno literal sob o governo do Messias. A igreja verdadeira é mencionada nos três primeiros capítulos, mas só volta a aparecer nas bodas do Cordeiro em 19.6-10. O período de tribulação (4.1-19.5) é, primordialmente, de caráter judaico".
3.3 Método futurista – Segundo o teólogo pentecostal, Antônio Gilberto, o futurista é o que imagina o livro do Apocalipse como de cumprimento futuro. Considera que a igreja será arrebatada a qualquer momento à semelhança de João, vindo a seguir a Grande Tribulação para Israel e as demais nações da terra; com os juízos divinos sob as trombetas, selos e taças da ira de Deus (Ap 6-18). Depois de sete anos (Grande Tribulação) acontecerá o retorno de Jesus com sua igreja para pelejar e derrotar o Anticristo e seus exércitos; livrar com isso Israel e estabelecer o seu reino literal milenar (Ap 20). No término desse reino, Satanás será solto e seduzirá as nações para uma última peleja contra o povo de Deus e seu Cristo (Ap 20.7-10). Satanás será derrotado e lançado no lago de fogo preparado para ele e seus anjos (Mt 25.41; Ap 20.10). Em seguida a esse eventos, o Grande Trono Branco definirá a eternidade da humanidade sem Cristo (Ap 20.11-15), porque os santos já foram resgatados pelo sangue do Cordeiro de Deus. Há, entre os futuristas, alguns que ensinam que a igreja passará a Grande Tribulação, ignorando eles o que diz a Palavra de Deus (Ap 3.10; 1 Ts 1.10; Rm 5.9).
O método de interpretação futurista é o mais coerente não somente em relação ao próprio livro do Apocalipse, mas também em relação a todos os demais livros da Bíblia que o auxilia em sua interpretação. Após o capitulo 3 não existe nenhuma outra referência direta à igreja na terra, e a forma como o capítulo 4 se inicia onde então uma porta aberta é vista no céu, sendo João na seqüência “arrebatado em espírito” implica que o arrebatamento da igreja deve anteceder o período dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação, estando tal interpretação em concordância com outros versículos descritos no Novo Testamento como por exemplo Rm 5.9; 1 Ts 1.9,10; Ap 3.10.
Ap 4.1,2: “Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz, que como de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer. E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono”.
Rm 5.9: “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.
1 Ts 1.9,10: “Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura”.
Ap 3.10: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”.
Além dos métodos citados, segundo escreve D. Stamps (1995, p. 1980) existe também a interpretação idealista. Esta considera o simbolismo do livro como a expressão de certos princípios espirituais, sem limitação de tempo, concernente ao bem e ao mal, através da história, sem prender-se a eventos históricos.
Assim, conforme pode-se perceber nem todos os cristãos interpretam Apocalipse segundo o método futurista; nas palavras de W. MacDonald (2008, p. 993) “alguns acreditam que o livro se cumpriu inteiramente na história das igrejas primitivas. Outros ensinam que apresenta um retrato contínuo da era da igreja desde o tempo de João até o fim. Para todos os filhos de Deus, entretanto, o livro ensina a insensatez de viver em função das coisas que logo passarão. Incentiva-nos a testemunhar àqueles que estão perecendo e esperar com paciência a volta do Senhor. Para os incrédulos, o livro é uma advertência séria sobre o terrível destino reservado para quem rejeita o Salvador”.
Que Deus abençoe a todos neste rico trimestre de estudo da Palavra de Deus.
Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a Ed., EETAD, Campinas, SP.
D. Stamps, Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
E. E. Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, 2008, 2ª Ed., Edições Vida Nova, São Paulo, SP.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Mundo Cristão, São Paulo, SP.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 1999, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.