sábado, 16 de junho de 2012

LIÇÃO 12 - A PLENITUDE DA REDENÇÃO

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21.5).

Verdade Aplicada: Quando todas as coisas forem restauradas, nenhuma glória além da glória do próprio Deus será mais exaltada do que a glória da igreja, a esposa do Cordeiro.

Objetivos da Lição:

·      Mostrar que o Apocalipse revela e resume o propósito de Deus para todas as suas criaturas.
·      Ensinar que nesse propósito, a igreja de Cristo, ocupa uma posição especial.
·      Conduzir a igreja a corresponder em fidelidade e amor a sua posição em Cristo.

Textos de Referência: Ap 21.1-4; 9,10

Introdução: “E o que estava assentado sobre o Trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve, porque estas palavras são verdadeiras e fiéis. E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei o seu Deus e ele será o meu filho” (Ap 21.5-7).

A lição anterior terminou falando sobre os últimos movimentos de Satanás, quando então Satanás é definitivamente lançado no lago de fogo e de enxofre (ver Ap 20.8-10). Depois deste acontecimento, João vê um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles” (Ap 20.11). Esta visão de João diz respeito ao juízo do trono branco, quando então todos aqueles que morreram perdidos comparecerão diante de Deus para serem definitivamente julgados segundo as suas obras. A terra e o céu que nesta visão fogem de diante dAquele que estava assentado sobre o trono por não se achar lugar para eles, reaparecem novamente em Ap 21.1 como “um novo céu e uma nova terra”, fato este que indica, que com o julgamento final, céu e terra terão um novo começo que adentra a eternidade. A expressão em Ap 21.5 quando então o que estava assentado sobre o trono diz “Eis que faço novas todas as coisas” não indica, portanto que Deus criará um novo céu e uma nova terra, mas sim que tendo todas as coisas referentes ao céu e a terra que agora existem passado, Deus fará tudo novo a partir do céu e da terra já existente. O juízo do trono branco tem esta conotação “branco”, já que a justiça é a base do julgamento que será efetuado e diante disto, nem a terra ou o céu poderiam subsistir. Além disto, é importante perceber que João não vê o Senhor Jesus neste momento assentado sobre o trono na figura de um “Cordeiro”. Tal fato deixa implícito que todas as oportunidades para salvação se findaram e sendo assim o juízo do trono branco não traz em si nenhuma conotação quanto a possibilidade de mudança de posição em relação ao destino eterno. Em Ap 20.12, João vê os mortos, grandes e pequenos diante do trono. Vários livros são abertos e os mortos são julgados segundo as suas obras. O livro da vida é aberto apenas para confirmar a ausência do nome dos mortos no mesmo. W. MacDonald (2003, p. 1016) escreve sobre isto:

“Vários livros são abertos. O Livro da Vida contém o nome de todos que foram remidos pelo sangue precioso de Cristo. Os outros livros contêm um registro detalhado das obras dos incrédulos. Nenhum dos presentes no julgamento encontra-se registrado no Livro da Vida. O fato de seu nome não estar nesse Livro os condena, mas o registro de suas obras malignas determina o grau do castigo”.

Em Ap 20.13,14, João escreve: “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte”. Nestes versículos, o termo “a morte” refere-se aos corpos que pela morte são levados à algum lugar (sepultura, mar, etc...), já o termo “o inferno” refere-se à alma/espírito dos não salvos que por ocasião da morte é enviada para o Hades, para um lugar de tormento. A linguagem de Ap 20.11-15 indica, portanto que por ocasião do juízo do trono branco, todos aqueles cujos nomes não forem encontrados no livro da vida “ressuscitarão”, ou seja, a parte material e espiritual do homem serão novamente reunidas, porém para a segunda morte, para a separação eterna de Deus, sendo então corpo, alma e espírito definitivamente lançados no lago de fogo. W. Kelly escreve sobre isto (1989, p. 171):

“‘E foram julgados, cada um, segundo as suas obras’. ‘E, aquele que não foi achado escrito no livro da vida, foi lançado no lago de fogo’. Portanto, como dissemos, o livro da vida não aparece aberto aqui senão para mostrar que aqueles que são julgados, deles estão excluídos. Trata-se apenas de uma ressurreição de julgamento. Nenhum dos que se encontram diante do grande trono branco ali tem o seu nome inscrito. Além disso, a morte e o inferno, personificados como inimigos, chegam ao fim. ‘E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo’. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. Toda a ação do Senhor, tanto relativamente à alma como ao corpo, se encontra assim terminada. Toda a raça humana está agora no estado de ressurreição, ou para felicidade ou para desventura – e é para sempre”.

1. Novos céus e nova terra “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1). Estas palavras apontam para uma visão global da restauração de todas as coisas e incluem:

1.1 Um novo céu – Um novo céu implica a transformação dos céus atmosféricos e astronômicos, eles passarão com grande estrondo no diz do juízo. A Bíblia nos apresenta três céus. 1) O inferior (auronos) que é o visível, o céu das aves, das nuvens e dos relâmpagos e trovões; 2) O intermediário (mesoranios) que é o estelar; 3) O superior (esporanios) que é o terceiro (2 Co 12.2), lugar da habitação de Deus (Sl 123.1), o céu dos céus (Ne 9.6). A expressão “eis que faço novas todas as coisas” de Apocalipse 21.5, significa a restauração delas ao seu estado original. Deus criará um novo a partir do que existia (Is 65.17; 66.22). Assim como nosso corpo glorificado é a partir do nosso corpo, assim será o universo. O texto não fala de aniquilamento, mas renovação.

Conforme foi visto no comentário da introdução, o céu e a terra que de diante dAquele que estava assentado sobre o trono fugiram, reaparecem em Ap 21.1, como sendo “um novo céu e uma nova terra”. De fato, a Bíblia apresenta três céus, sendo o terceiro o lugar de habitação de Deus. Obviamente o novo céu de Ap 21.1 não é o terceiro céu, mas aquele equivalente ao espaço sideral onde foi permitido que Satanás e as hostes espirituais da maldade atuassem. Este terá passado por um processo de transformação, para desta forma adentrar a eternidade. Em 2 Pe 3.7,10-13, Pedro faz menção a este fato através das seguintes palavras: “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios... Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça”. Tais palavras não indicam que haverá o aniquilamento dos céus e terra agora existente, mas renovação conforme já considerado. O seguinte comentário feito por S. M. Horton (1995, p. 110) acerca de 2 Pe 3.10-13 é interessante de ser considerado para melhor esclarecimento quanto a esta questão:

“Afinal, haverá aniquilação ou renovação dos céus e da terra? A Bíblia fala de ‘montes eternos’ (Gn 49.26; Hc 3.6); ‘terra criada para sempre’, ‘montes que não se abalam’ (Sl 78.69; 104.5; 125.1,2), ‘a terra permanece para sempre’ (Ec 1.4). A palavra ‘derreter’ (em grego, luo) também é traduzida como ‘dissolver’. Significa muitas vezes livrar, afrouxar, desligar, libertar. A palavra ‘nova’, usada para descrever a nova terra, é igualmente utilizada para indicar a nossa nova natureza (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ef 4.24). E, como todos o sabemos, o novo nascimento não nos destrói a identidade como pessoa. ‘Passaram’ (Ap 21.1) é ainda usada para identificar a passagem de uma condição a outra. Ora, como o fogo é sempre tido na Bíblia como símbolo de limpeza, ou purificação, concluímos que os céus e a terra serão simplesmente renovados, feitos de novo, restaurados para um estado melhor”.
   
1.2 A restauração da raça humana – A natureza está escravizada pelo pecado (Rm 8.20,21). Ela está gemendo aguardando a redenção do seu cativeiro. Quando Cristo voltar a natureza será também redimida e teremos um universo completamente restaurado. A história humana será refeita, teremos um universo totalmente refeito. A lista do “não haverá” é tão linda quanto a lista do “haverá”. Observe: Não haverá lágrima, será um novo tempo, onde a tristeza será inexistente; não haverá morte. Deve ser muito boa a sensação de que nunca mais morreremos ou enfrentaremos hospitais e cemitérios; não haverá dor, será um novo mundo repleto de alegrias ao lado daquele que sempre desejamos ver face a face (Ap 21.3-5).

Em Ap 21.4, João mostra alguma situações que já não farão mais parte da história dos salvos na eternidade. Ele vê a Santa Cidade, a nova Jerusalém que de Deus descia do céu (ver Ap 21.2). Nesta Santa Cidade os salvos terão, por toda eternidade acesso à presença de Deus e daí João ouvir uma grande voz do céu que dizia: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). Esta linguagem indica a plena comunhão que haverá entre Deus e o seu povo, de forma que nenhuma dúvida haverá quanto ao estado eterno e daí “Deus limpar de seus olhos toda lágrima”. Não haverá também mais morte, pranto, clamor, dor o que indica que todos os efeitos provocados pelo pecado estarão para sempre eliminados no novo céu e na nova terra.

1.3 Não haverá mais nenhuma contaminação (Ap 21.1) – “E o mar não mais existirá” O mar aqui é símbolo daquilo que contamina (Is 57.20). Do mar emergiu a Besta [...]. No novo céu e na nova terra não haverá mais rebelião, contaminação ou pecado, tudo será novo.

Além de ser um símbolo daquilo que contamina, o mar é também símbolo de inquietação e turbulência. No novo céu e na nova terra toda inquietação política, econômica e religiosa das nações terá sido totalmente eliminada, e daí a linguagem quanto a inexistência do mar em Ap 21.1. T. LaHaye (2004, pp. 123,124) faz o seguinte comentário quanto a inexistência do “mar” no novo céu e na nova terra:

“...Na nova terra ‘o mar já não existe’ (Ap 21.1). O que significa isso? Por toda a Bíblia, o mar representa o potencial para o mal (Gn 1.6-10, 21; Dn 7.2,3; Ef 4.14; Ap 13.1; 17.15). Como assim? O mar, na tipologia bíblica, é uma figura de instabilidade perigosa porque não tem forma própria. A água assume o formato de seu recipiente e, assim, pode ser manipulada e influenciada de maneira negativa. Portanto, o mar é um símbolo da humanidade decaída, que está sem a Palavra de Deus e conseqüentemente está vulnerável às influências satânicas. O fato de que não haverá mar na nova terra, significa que não haverá mais potencial para o mal. E não haverá mais potencial para que alguém caia novamente em pecado, pois o mal foi para sempre removido da nova criação de Deus”.

2. A nova terra – O resgate do planeta ocorrerá entre a sexta e a sétima trombeta (lição 6); a purificação completa, no derramamento das sete taças, quando ervas daninhas, pragas, pestes, insetos noviços, enfermidade e toda sorte de males serão removidos (lição 9); mas a restauração ocorrerá durante o Milênio. “...águas arrebentarão no deserto, e ribeiros no ermo. E a terra seca se transformará em tanques, e a terra sedenta em mananciais de águas...” (Is 35.6,7). A terra se transformará em um paraíso. Bem regada, solo fértil e produtivo, onde brotarão as boas sementes que resistirem ao fogo purificador.

A lição 6 contemplou a passagem de Ap 10.1 a 11.14, uma passagem de natureza parentética entre a sexta e a sétima trombeta. Nesta passagem, João tem a visão de um “anjo forte” que descia do céu trazendo em sua mão um livrinho aberto. Conforme foi visto no estudo da lição 6, Aquele “outro Anjo” é o próprio Senhor Jesus que naquele momento, assevera seu direito de posse do planeta, o qual foi resgatado com seu próprio sangue na cruz do Calvário. Depois disto, ao toque da sétima trombeta descrito em Ap 11.15, é anunciado pelas vozes no céu a vinda do Reino Milenar de Jesus Cristo sobre a terra: “E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). O Reino Milenar de Jesus Cristo, porém só se torna visível na terra a partir de Ap 19.11, pois o mesmo é ainda precedido pelos três anos e meio finais da Grande Tribulação, quando então chega-se o tempo para a manifestação da ira de Deus. A manifestação da ira de Deus se dá através do derramamento das sete taças que atinge o solo, o mar, os rios, o sol, o ar, as criaturas viventes e os homens conforme já considerado nas lições 9 e 10 anteriores. Após o derramamento das sete taças, com a volta do Senhor Jesus, a terra entra no período do Reino Milenar, onde então todas as condições relativas ao meio ambiente serão favoráveis à vida humana. Dentre os benefício do Milênio para a humanidade podem ser listados:

1)      A paz será abundante (Is 54.13; Zc 14.9)
2)      Não haverá nenhuma guerra (Ez 39.9,10; Is 2.4; Mq 4.3,4; Is 19.21-25)
3)      Ninguém reclamará de injustiça por parte do Rei (Is 11.2)
4)      Haverá muita fertilidade no gênero humano (Zc 8.5; Jr 30.19; 33.22; Os 1.10; Is 60.22; 65.22)
5)      Todos terão um lugar onde morar (Is 65.21,22)
6)      Haverá longevidade e saúde para todos (Zc 8.4,5; Is 65.19,10,20,22)
7)      Não haverá instinto de ferocidade nos animais (Is 11.6-9; 35.9; 65.25; Ez 35.25)

 As condições vividas no Reino Milenar apontarão para as condições a serem vividas no novo céu e na nova terra. As condições no novo céu e na nova terra, porém serão ainda superiores às listadas, pois na eternidade já não haverá pecado e morte, e estes elementos, ainda que em menor proporção, estarão ainda presentes no Milênio. Ainda em relação ao novo céu e a nova terra, o comentário feito por T. LaHaye (2004, pp. 132,133) é interessante de ser considerado:

“Embora não tenhamos muitos detalhes sobre o novo céu e a nova terra, entendemos que este mundo será substituído por uma nova terra que mais se assemelha ao Jardim do Éden do que a qualquer coisa que conhecemos hoje”.    

2.1 As condições de vida humana na nova terra – Serão como eram antes do pecado. A árvore da vida que fora tirada do alcance do homem por causa da queda, estará outra vez disponível (Ap 22.2); a maldição do pecado humano será removida, pois Deus habitará com os homens outra vez (Ap 22.3); a água da vida será ministrada aos povos pela igreja (Ap 22.17). Mas haverá uma maravilhosa diferença; a população do planeta estará longe do alcance do vil tentador; pois ele terá sido lançado para sempre no lago de fogo.

Ap 22.1-3: “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que precedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da arvora são para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão”.

Conforme já considerado no ponto 2, a vida na nova terra mais se assemelha ao Jardim do Éden, do que a qualquer coisa hoje existente. No Jardim do Éden de Gênesis, Deus, porém permitiu a presença de Satanás, e desta forma o coração do homem foi posto a prova quanto a sua obediência a Deus. No Novo céu e na Nova terra nunca mais Satanás poderá tentar o homem, pois ele estará definitivamente no lago de fogo e de enxofre, e, além disto, todos os salvos já terão feito sua escolha quanto a obediência a Deus, não necessitando mais serem provados.

2.2 A nova Jerusalém “E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um alto monte e mostrou-me a grande cidade, a Santa Jerusalém que de Deus descia do céu. E as nações andarão à sua luz” (Ap 21.2,9,10,24a). Por esses versículos se pode afirmar que, a Nova Jerusalém não é o céu. Ela foi preparada por Deus e, é como o céu, morada de Deus. Ela desce do céu, adereçada e ataviada, para ser entregue ao Cordeiro. O trono de Deus e do Cordeiro estará nela (Ap 22.3), e até onde é possível a comparação, a Nova Jerusalém será a capital do universo. Dela emanará vida para todas as nações, pois do Trono jorrará o Rio da Vida (Ap 22.1) e à sua margem crescerá a Árvore da Vida.

2.3 A Nova Jerusalém é a igreja e sua habitação – Não há nenhuma dúvida de que a Nova Jerusalém fala ao mesmo tempo, da igreja e também da sua habitação, pois em Ap 21.1 ela é a Santa Cidade. Já em Apocalipse 21.9, ela é a esposa, a mulher do Cordeiro. A primeira referência aponta para a estrutura da cidade, a segunda, para os habitantes daquela estrutura. As pedras preciosas dos fundamentos são as perfeições de Cristo sobre as quais a igreja está edificada (1 Co 3.11) e as pedras preciosas do ornamento são os galardões da igreja pelo modo de viver e obras que provados no fogo, resistirem (1 Co 3.13,14). A Nova Jerusalém estará situada no espaço entre a terra e o céu. É possível que esse espaço seja sobre a Jerusalém terrena (Is 60.1,2; 21.24), onde a glória do Senhor nascerá sobre a Jerusalém terrena e será vista sobre ela. As nações andarão sob a luz da Santa Cidade (Ap 21.24), portanto, ela estará situada em algum lugar acima delas, porém próximo da terra o suficiente para que todos tenham acesso aos benefícios provenientes dela.

Em Ap 21.9-27, João descreve a visão que lhe é concedida acerca da Cidade Santa, cuja glória, conforme escreve D. Stamps (1995, p. 2011) “ultrapassa os limites da compreensão do entendimento humano”. Um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas vem até João e lhe diz: “Vem, mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro” (Ap 21.9). Ele é levado em espírito a um grande e alto monte de onde então lhe é mostrado “a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu” (Ap 21.10b). João descreve a cidade como tendo a glória de Deus, sendo a sua luz “semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente” (Ap 21.11b). Na seqüência, ele descreve suas muralhas, suas portas, suas fundações e a disposição da cidade. Assim, a cidade é descrita como possuindo um grande e alto muro com doze portas, linguagem esta que indica que o único meio de se adentrar para seu interior é por meio da graça de Deus concedida aos homens através de Jesus Cristo, Aquele que é a porta das ovelhas. Nas portas havia doze anjos e escrito sobre elas os nomes das doze tribos de Israel, a nação por meio de quem Jesus Cristo veio ao mundo, abrindo assim a porta da salvação a todas as nações. A presença dos doze anjos parece indicar que o livre arbitro foi dado tanto aos anjos quanto aos homens. Estarão com Deus, aqueles que escolheram estar com Ele, sejam anjos, ou sejam homens. O número doze indica a plenitude de salvação para todos que escolheram adentrar pela porta da vida. O muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Esta linguagem indica que estarão ali presentes aqueles que não adulteraram a Palavra de Deus, mas a viveram e pregaram tendo como base a doutrina dos apóstolos de Jesus Cristo (ver At 2.42). A cidade era quadrada, sendo igual em termos de comprimento, largura e altura, fato este que indica a sua perfeição. João descreve também as pedras preciosas presentes na constituição da cidade sendo estas as mesmas do peitoral do sumo sacerdote, jaspe, ouro, safira, calcedônia, esmeralda, sardônica, sárdio, crisólito, berilo, topázio, crisópraso, jacinto e ametista, as quais têm como propósito indicar a pureza e perfeição do Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo (ver Ap 21.18-21). No versículo 22, João diz não ver nela templo “porque o seu templo é o Senhor, Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro” e no versículo 23, ele diz que a cidade não necessita de sol, nem de lua, porque a glória de Deus é que a alumina, e o Cordeiro é a sua lâmpada. W. Kelly (1989, p. 12) faz o seguinte comentário sobre Ap 21.22,23:

“Mais adiante é-nos apresentado pelo vidente um ponto da mais alta importância: ‘E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro’. Não é uma lacuna. Pelo contrário, é a prova da comunhão mais imediata com Deus. Um templo suporia um intermédio; a ausência de templo, é pois, um ganho e não uma perda para a cidade. É o que estabelece a grande diferença entre Jerusalém terrestre e a cidade celeste. Com efeito, se há, na descrição de Ezequiel, uma coisa mais notável que outra, é o Templo. Compreende-se: Um templo convém à terra, mas aqui não há nenhum! O Senhor Deus é o Templo, e o Cordeiro! ‘E a cidade não necessita de sol nem de lua, para lhe darem claridade’. Também não devemos ver isso como uma perda. Para a cidade e para o país sobre a terra, a luz da lua será como a do sol, e a luz do sol será sete vezes maior (Is 30.26), mas aqui não nenhum desses luminares. As luzes criadas já não são para a cidade do Alto, ‘porque a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada’. Que ganho imenso!

Em Ap 21.24-26 João escreve: “E as nações, andarão à sua luz, e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra. E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite. E a ela trarão a glória e honra das nações”. Conforme pode-se perceber, estes textos indicam a existência de nações sobre a nova terra, sendo que estas poderão entrar e sair livremente da Cidade Santa trazendo a ela as suas homenagens. No versículo 27, João mostra a impossibilidade de haver qualquer coisa que contamine a Cidade Santa, pois “não entrará nela coisa alguma que contamine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21.27). Depois da visão da Cidade Santa no que se refere a seu exterior, João tem uma visão quanto ao seu interior. Assim, conforme descrito em Ap 22.1,2, João vê um rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro, e ele vê ainda, no meio da sua praça, e de uma e da outra banda do rio a árvore da vida, produzindo doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, sendo as suas folhas para a saúde das nações. A visão de João mostra, portanto que todas as necessidades para o sustento da vida humana serão providas por Deus na nova terra, a partir da nova Jerusalém. No versículo 3, João mostra a vida no novo céu e na nova terra livre de qualquer maldição, o que indica a ausência total de pecado. Ele vê também na Cidade Santa, o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos que o servirão, e estando estes para sempre livres do pecado “verão o seu rosto, e na sua testa estará o seu nome” (Ap 22.4). João finaliza esta seção mostrando a total ausência de trevas sobre a Cidade Santa “porque o Senhor Deus os alumia, e reinarão para todo o sempre” (Ap 22.5b). O texto de Ap 22.3-5 pode ser apresentado segundo as seguintes palavras descritas por A. T. Pierson, conforme escreve W. MacDonald (2003, p. 1018):

“Nunca mais haverá qualquer maldição: Impecabilidade perfeita. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro: Governo perfeito. Os seus servos o servirão: Serviço perfeito. Contemplarão a sua face: Comunhão perfeita. E na sua fronte está o nome dele: Semelhança perfeita. Então, já não haverá noite: Bem aventurança perfeita. E reinarão pelos séculos dos séculos: Glória perfeita”.  

3. Os herdeiros de todas as coisas – Não temos como listar “todas as coisas” que os vencedores herdarão (Ap 21.7). Elas estão muito além daquilo que nossos olhos viram e que nossos ouvidos ouviram, e que nossos corações desejaram (1 Co 2.9). Por isso, este tópico enumerará apenas alguns herdeiros principais que aparecem com clareza nas profecias e a parte da herança mais nítida na revelação.

Em Ap 21.6,7 dirigindo-se a João, o Senhor traz a seguinte palavra: “Está cumprido; Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus e ele será meu filho” (Ap 20.6). Tais palavras mostram Aquele que é o Princípio e o Fim de todas as coisas como sendo Aquele que abençoa o vencedor com sua herança completa, sendo esta resultante de um relacionamento entre Pai e filho. Dando continuidade, em Ap 21.8a, o Senhor fala daqueles que estarão de fora, sendo estes os tímidos (aqueles que se acovardam de confessarem Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas), os incrédulos, os abomináveis, os homicidas, os fornicadores, os feiticeiros, os idólatras e os mentirosos. A seqüência destes versículos mostra a contraposição entre os vencedores e aqueles que insistem em permanecer em seus pecados. Enquanto os vencedores, aqueles que vencem a incredulidade, as atitudes abomináveis diante de Deus, o ódio, a prostituição, as práticas religiosas contrárias à palavra de Deus, a mentira etc... receberão “uma herança incorruptível, incontaminável e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós” (1 Pe 1.4), os demais terão a sua parte “no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte” (Ap 21.8b).

3.1 Os heróis da fé – Engloba todos os seres humanos, desde Adão até a primeira vinda de Cristo que, por fé, creram na justiça divina e receberam as provisões de Deus para resgatá-los dos efeitos do pecado (Gn 15.6; Hb 11.7). Os heróis da fé são todos os que permaneceram firmes nas promessas divinas de redenção e de uma pátria celestial, e morreram sem tê-las recebido (Hb 11.13,14). Estes, juntos com a igreja (Hb 11.40), herdarão a Santa Cidade que de Deus descerá do céu (Hb 11.16). Todavia, os herdeiros de Deus, a igreja é a mais privilegiada (Ap 21.24-26; 22.5b).

Hb 11.13-16: “Todos estes morreram na fé, sem, terem recebido as promessas, mas vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Porque os que isso dizem claramente mostram que buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas, agora, desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”.

A Bíblia mostra a fé em Jesus Cristo como o único meio de salvação. No Antigo Testamento, foram salvos aqueles que pela fé, creram no caráter justo de Deus e na futura vinda do Redentor da humanidade. No Novo Testamento, são salvos, aqueles que crêem que sua vinda já se cumpriu, tendo Ele então entregado sua vida na cruz do Calvário no lugar de cada pecador. O fator comum entre os salvos do Antigo Testamento e os salvos do Novo Testamento, inclusive os do período da Tribulação/Grande Tribulação é, portanto, a fé em Deus e em seu Filho Jesus Cristo, e pela fé nEle, todos são herdeiros de Deus, co-herdeiros com Jesus Cristo.

Rm 8.17, 18: “E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados”.

Ef 3.4-6: “Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; A saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”.

3.2 Israel e as nações – Os pactos e as profecias que garantem um reino terrestre eterno a Israel e um trono perpétuo à casa de Davi serão integralmente cumpridos na restauração de todas as coisas (Is 66.22; 1 Rs 2.45). As demais nações, aquelas que não seguiram o dragão no fim do Milênio, habitarão seguras na terra e terão acesso à vida eterna bebendo da água da vida que brota do trono de Deus e do Cordeiro e usando como remédio as folhas da árvore da vida (Ap 22.2,17).

Conforme foi visto na lição anterior, depois de um período de mil anos preso, Satanás será solto de sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, para as ajuntar em batalha. Satanás tentará cercar o arraial dos santos e a cidade amada (ver Ap 20.7-9). Estes santos serão aqueles que terão no período do Reino Milenar se convertido a Jesus; eles resistirão a Satanás que será definitivamente lançado no lago de fogo e enxofre (ver Ap 20.10). Os santos do Milênio, provavelmente serão os habitantes da nova terra. A menção da cidade amada em Ap 20.9, provavelmente é uma referência a Jerusalém, a capital do Reino Milenar de Jesus na terra. Assim, percebe-se que a nação de Israel, e as demais nações estarão presentes quando então o novo céu e a nova terra de Ap 21.1 adentrarem a eternidade, tendo estas nações acesso a água da vida procedente do trono de Deus e do Cordeiro e à árvore da vida existente no meio da praça da Nova Jerusalém, a Santa Cidade de Ap 21.2 (ver Ap 22.1,2).

3.3 Os pactos de Deus com Israel – Os pactos de Deus com a nação israelita projetam a existência desse povo para muito além do Milênio e chegam a eternidade. Como os pactos deles são eternos, esse povo como uma nação deve herdar e habitar a nova terra. Confira na Escritura: Is 65.17,18; 66.22. Partindo destas referências você encontrará muitas outras que sustentam claramente a perpetuidade de Israel na terra.

Is 65.17,18: “Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão. Mas vós folgareis e exultaréis perpetuamenteno que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, gozo”

Is 66.22: “Porque, como os céus novos e a terra nova que hei de fazer estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”

Referências Bibliográficas:
T. LaHaye, Glorioso Retorno, 2004, Abba Press Editora Ltda, São Paulo, SP.
S. M. Horton, 1 e 2 Pedro, 1995, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. Kelly, Estudos Sobre a Palavra de Deus – O Apocalipse, 1989, Depósito de Literatura Cristã, Lisboa, Portugal.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular, 2008, Mundo Cristão, São Paulo, SP.

sábado, 9 de junho de 2012

LIÇÃO 11 - O FILHO REINA PARA ENTREGAR O REINO AO PAI

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor, Deus Todo-poderoso reina” (Ap 19.6).

Verdade Aplicada: A plena justiça de Deus será satisfeita de modo justo e justificável.

Objetivos da Lição:

·   Mostrar que Deus jamais deixará de justificar aqueles que recebem a justiça de Cristo.
·   Tornar relevante a submissão a Cristo como requisito para entrar no reino de Deus.
·   Reforçar que a justiça de Deus é sempre aplicada no tempo, na medida e no modo certo.

Textos de Referência: Ap 19.11-14,16

Introdução: Cristo derrubará todo governo e autoridade e depois virá o fim da presente era, quando Ele entregar o reino a Deus, o Pai (1 Co 15.24-26). Os eventos proféticos narrados em Apocalipse 19.11-21 a 20.1-15 enumeram esses governos e autoridades humanas e os inimigos de Cristo. Relatam também como será o fim deles. Falam ainda da inauguração do Milênio, quando inicia o processo de restauração da terra redimida e purificada, durante o qual Cristo reinará e vencerá, e julgará todos os demais inimigos, inclusive a morte.

O texto de Ap 19.1-20.15 pode ser visto como que se tratando da volta de Jesus com poder e grande glória depois de terem se completado os juízos de Deus sobre a terra. De forma geral, estes dois capítulos mostram os seguintes acontecimentos:

·   Em Ap 19.1-6, João relata a alegria e triunfo que se ouve no céu por parte de seus habitantes, já que estes reconhecem serem justos os juízos de Deus sobre a terra, além de se alegrarem também com o já iminente Reino de Jesus Cristo sobre a terra.

·   Em Ap 19.7-9, João relata o regozijo em relação a vinda das bodas do Cordeiro, e além disto, ele se refere à boa aventurança daqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro.

·   Em Ap 19.10, João relata sua atitude de lançar-se aos pés do anjo que lhe falava para o adorar. O anjo, porém rejeita sua atitude, dizendo-lhe para não praticar tal ato, pois ele também era seu conservo e de seus irmãos. João e todos os demais seres celestiais ou terrenos, devem adorar somente a Deus, porque, conforme as palavras do anjo, “o testemunho de Jesus é o espírito da profecia” (Ap 19.10b), ou seja, nas palavras de W. MacDonald (1993, p. 1014) “o verdadeiro propósito da profecia é dar testemunho da Pessoa e obra de Jesus”.

·   Em Ap 19.11-21, João descreve o momento da volta de Jesus com poder e grande glória, estando este acontecimento relacionado à batalha do Armagedom. O texto termina com o relato acerca da vitória de Cristo sobre a Besta, sobre o Falso Profeta e sobre todos os demais que encontravam-se unidos ao Anticristo.

·   Em Ap 20.1-10, João descreve a prisão de Satanás por mil anos e na seqüência a instalação do Reino Milenar de Jesus Cristo sobre a terra. Este trecho termina descrevendo o fim de Satanás depois do mesmo ser solto e tentar mais uma vez enganar as nações.

·   Em Ap 20.11-15, João descreve o juízo do Trono Branco, quando então acontecerá o juízo final de todos aqueles cujos nomes não se encontravam descritos no livro da vida. O fim desta presente era termina com o juízo do Trono Branco, quando então o último inimigo a ser aniquilado será a morte. Depois disto “um novo céu e uma nova terra” adentrarão a eternidade, quando então Cristo entregará o reino a Deus o Pai, conforme Paulo escreve em 1 Co 15.24-26: Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”.

1. O cavaleiro do cavalo branco e o seu séquito – “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. E os seus olhos são como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas...” (Ap 19.11,12). Essa descrição não deixa dúvida de que Cristo é o Cavaleiro.

1.1 O perfil de Cristo como guerreiro e Juiz – Ele é valente e corajoso e sozinho guerreará contra o ajuntamento dos ímpios, por isso, suas vestes estão salpicadas de sangue (Ap 19.3,15; Is 63.3). O nome Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11b) contrasta com os nomes de blasfêmia da Besta (Ap 17.3). Para um mundo que detém a verdade em injustiça (Rm 1.18), organizado e armado em franco desafio a Deus, Ele virá como um guerreiro que peleja com justiça. À sua Palavra fiel e verdadeira (Ap 19.15), nenhum infiel e mentiroso poderá resistir. É o Justo Juiz que julgará com justiça e destruirá todas as formas de impiedade e injustiça. Ninguém poderá se justificar diante dos seus olhos flamejantes (Ap 19.12).

Ap 19.11,12: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus”.

Em Ap 19.11-21, João mostra como se dará o retorno de Jesus à terra quando então Ele tomará posse daquilo que por direito lhe pertence. João contempla Jesus em um cavalo branco, porém em contraposição ao cavaleiro do cavalo branco de Ap 6.2, sendo este o Anticristo que reinará, porém não tendo sobre si esse direito; Jesus Cristo, o Cavaleiro de Ap 19.11 traz em si o caráter quanto a sua fidelidade a Deus e a sua Palavra, além dEle trazer também sobre si, o direito de reinar sobre todas as nações, pois o principado está sobre os seus ombros (ver Is 9.6,7), daí sobre sua cabeça haver muitos diademas. Os olhos de Jesus como chama de fogo retratam sua onisciência, e, portanto sua divindade, além de indicarem também o intento de Jesus em seu retorno de julgar. A veste salpicada de sangue é também um indicativo do julgamento que será realizado por ocasião da volta de Jesus, e, além disto, ela traz em memória, o sacrifício de Jesus na cruz do Calvário, sendo este o preço que foi pago pela redenção da humanidade. A menção da veste de Jesus salpicada de sangue retrata, por sua relação com seu sacrifício, a humanidade de Jesus, e desta forma, a identidade de Jesus é mais uma vez evidenciada nas Escrituras como sendo Ele verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. O caráter divino/humano de Jesus é ainda demonstrado, quando então João faz menção ao nome de Jesus como sendo “a Palavra de Deus”, ou de forma equivalente, “o Verbo de Deus”, nome este acerca do qual, ele próprio já havia escrito em Jo 1.1-3,14: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada do que foi feito se fez. [...]. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.1-3,14). O texto de Ap 19.11,12, mostra, portanto a vinda de Jesus como o Deus-Homem que reinará, tendo Ele esse direito não somente por ser Ele o Criador, mas também por ser Ele o Redentor de toda a humanidade, de toda a terra e de toda criação.

1.2 O perfil de Cristo como Rei – Ele é Rei dos reis e o Senhor dos senhores (Ap 19.16). Ele regerá as nações como vara de ferro (Ap 19.15) e ninguém poderá resistir à plenitude de sua autoridade representada nos muitos diademas que usa (Ap 19.12). Este e outros traços de Jesus apontam para as diferenças gritantes entre Ele e os dominadores deste mundo tenebroso contra os quais Ele pelejará e vencerá, e julgará com justiça.

1.3 Os exércitos de Cristo – A descrição dos exércitos em Apocalipse 19.14 confere com o que se diz da igreja (Ap 19.8) e, portanto, ela está aqui organizada em muitos batalhões, e segue a Cristo na campanha contra os povos estribados na impiedade maldade e injustiça. As roupas brancas e puras, em contraste com as de Cristo que estão salpicadas de sangue, sugerem que a esposa do Cordeiro não se envolverá na batalha, pois é o Esposo quem retribuirá (Is 63.4) aos seus inimigos todo o mal que fizerem ao seu corpo e à igreja (Rm 12.19; Dt 32.35).

Em Ap 19.14, João fala dos exércitos que virão em companhia de Jesus, sendo estes “os exércitos que há no céu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro”. Esta linguagem faz referência aos santos em corpos glorificados que estarão retornando com o Senhor por ocasião da segunda fase de sua segunda vinda, sendo que a primeira fase é aquela referente ao arrebatamento da igreja que já terá então ocorrido antes do período da Tribulação/Grande Tribulação. Pode-se dizer, portanto que os exércitos que seguem a Jesus envolvem tanto a igreja, quanto os santos do Antigo Testamento, já que estes também já se encontrarão em corpos glorificados, fato este que ocorrerá na ressurreição dos santos por ocasião do arrebatamento da igreja (ver 1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.13-18; Hb 11.39,40; Ap 4.4). Com relação as vestes de Cristo salpicadas de sangue, estas já são assim vistas por João, antes de João fazer menção “ao lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso” (ver Ap 19.15). Apesar delas então trazerem algum tipo de relação com a batalha do Armagedom, em primeira instância, elas trazem em si um memorial quanto ao sacrifício de Jesus realizado na cruz do Calvário por ocasião de sua primeira vinda. Os santos em corpos glorificados não são vistos tendo suas vestes “salpicadas de sangue”, pois a obra de Jesus Cristo é única e suficiente para a redenção de toda humanidade, não sendo, portanto necessário nenhuma complementação por parte da igreja ou por parte de qualquer outra pessoa, ao sacrifício de Jesus já efetivado na cruz do Calvário. Em relação a visão de João quanto a vinda dos exércitos que há no céu em cavalos brancos, é interessante perceber a contraposição ao aparecimento do Anticristo, já que este foi seguido pelo aparecimento de um cavalo vermelho, um preto e um amarelo, símbolos de guerra, fome e morte; porém no caso de Jesus, o que ocorre é o oposto, pois os cavalos brancos e o linho fino, branco e puro trazem em si uma simbologia da paz e justiça permanente que haverá no reinado de mil anos de Jesus Cristo sobre a terra. Em Ap 19.16, João se refere ao fato de na veste de Jesus e na sua coxa encontrarem-se escrito a expressão “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Este nome sobre a veste de Jesus fala de sua supremacia e soberania sobre todas as nações, e além disto, este nome sobre sua coxa, fala da vitória de Cristo sobre todos os governos anticristãos, representados no momento da Tribulação/Grande Tribulação pelo Anticristo e confederações ligadas a ele.  

2. A vitória de Cristo sobre as Bestas e os demais opositores – A vitória de Cristo sobre a Besta e sobre o falso profeta será precedida de uma grande celebração da vitória. A expressão ‘aleluia’ que aparece quatro vezes (Ap 19.1-6), é um convite a toda a terra para festejar dois eventos: A destruição da grande prostituta (Ap 19.2) e o surgimento da esposa do Cordeiro (Ap 19.7). [...].

Em Ap 19.1-6, João relata a alegria e triunfo que se ouve no céu por parte de seus habitantes, já que estes reconhecem serem justos os juízos de Deus sobre a terra. Neste trecho, por quatro vezes, sendo estas as únicas vezes no Novo Testamento, aparece a palavra “aleluia” que tem sua origem a partir de duas palavras hebraicas, “halal”, que significa “louvor”, e “Jah”, forma abreviada do nome “Javé”, ou “Senhor”, o que indica então o significado da palavra “aleluia” como “louvai ao Senhor” ou “louvai a Yahweh”. Em Ap 19.1, João ouve o primeiro brado de “aleluia”, onde os habitantes do céu atribuem todo processo de salvação ao Senhor, e sendo assim glória, e honra, e poder pertencem a Ele; em Ap 19.3, este brado de “aleluia” é repetido, e agora em conexão ao julgamento da “grande prostituta”, quando então o sangue dos servos de Deus terá sido vingado. Em Ap 19.4, o brado de “aleluia” é confirmado pelos vinte e quatro anciãos e também pelos quatro animais através da palavra “Amém”, seguindo-se então mais um brado de aleluia por parte dos anciãos e dos seres viventes. Em Ap 19.5, João ouve uma voz que sai do trono, que dizia: “Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, tanto pequenos como grandes”; João ouve então “como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor, Deus Todo-poderoso, reina” (Ap 19.6). Conforme pode-se perceber o brado de aleluia de Ap 19.6, o quarto brado de “aleluia” ocorre em resposta à voz que se ouviu sair do trono, estando este especialmente relacionado ao iminente Reino de Jesus Cristo já prestes a se manifestar sobre a terra. O quarto brado de “aleluia” é acompanhado por um convite para que todo o céu se regozije “porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou” (Ap 19.7). A linguagem quanto à esposa como que tendo já “se aprontado” refere-se ao fato da noiva do Cordeiro, ou seja, a igreja, ser justificada na justiça de Cristo, e por isto ela já se encontra pronta; João vê, porém, sendo dado à “esposa” que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente, sendo tal vestimenta uma simbologia dos atos de justiça dos santos, o que indica que as boas obras devem acompanhar a vida daqueles que são salvos, pois é desta forma que os santos glorificam na terra o nome do Senhor (ver Mt 5.16; Ef 2.10; Hb 6.9). Em Ap 19.9 tem-se referência àqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro, sendo estes provavelmente todos os salvos não pertencentes a igreja, tanto os do Antigo Testamento, quanto aqueles do período da Tribulação/Grande Tribulação, conforme também compreende W. Malgo (2000, v. 4, p. 39,40), de acordo com o seguinte comentário descrito abaixo:

“Quem são esses convidados das bodas? Segundo meu entendimento, trata-se de salvos que não pertencem à igreja de Jesus: Os crentes da Antiga Aliança, os cento e quarenta e quatro mil e a grande multidão, que ninguém podia contar. Todos eles são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Existem, portanto, duas categorias de salvos: A noiva, a igreja, e os convidados para as bodas. É preciso distinguir isso claramente. [...] Os convidados para as bodas não devem ser confundidos, portanto, com a igreja anteriormente arrebatada, que se encontra de linho finíssimo”.

2.1 O julgamento da Besta – A Besta reunirá a excelência, tanto em artilharia quanto em recursos humanos e espirituais, para guerrear contra Cristo (Ap 19.19). Como o rei de Tiro, ela pensará que se tornou como Deus e quem sabe, até mais poderosa do que o Altíssimo, e que poderá destituí-lo e assentar-se no seu trono. Mas a derrota dela será amarga e definitiva: Será presa e lançada no lago de fogo e enxofre.

2.2 O julgamento da feitiçaria e dos feiticeiros – A presença do falso profeta entre os exércitos das nações indica que elas invocarão todos os poderes espirituais inimigos de Cristo e dos remidos, como fez Balaque ao contratar Balaão para amaldiçoar Israel (Nm 22.6). Será a última sessão de feitiçarias e encantamentos da história da humanidade, pois o feiticeiro-mor fará companhia ao seu senhor no lago de fogo.

2.3 O julgamento preliminar dos exércitos humanos – As duas Bestas serão lançadas vivas no lago de fogo, mas os reis e exércitos das nações morrerão pela palavra poderosa de Cristo proferida contra eles (Ap 19.21). A morte deles é um julgamento preliminar. Depois do milênio eles ressuscitarão para o Juízo Final (Ap 20.15) e terão o mesmo destino de seus líderes político e espiritual: O lago de fogo.

Ap 19.15: E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso”.

Em Ap 19.15, João ainda mostrando como se dará a volta de Jesus, faz menção de sua presença junto ao lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso, o que indica que em seu retorno, Jesus seguirá para o local onde estará ocorrendo a batalha do Armagedom, quando então o Anticristo terá reunido todas as nações para tentar exterminar a nação de Israel (ver Ap 16.12-16). Em seu retorno, Jesus, porém salvará a nação de Israel dos exércitos do Anticristo, sendo este fato e os relacionados a ele também mencionados em Is 63.1-6: “Quem é este que vem de Edom, de Borza, com vestes tintas? Este que é glorioso em sua vestidura, que marcha com a sua grande força? Eu, que falo com justiça, poderoso para salvar. Porque está vermelha a tua vestidura? E as tuas vestes, como daquele que pisa uvas no lagar? Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém se achava comigo; e os pisei na minha ira e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura. Porque o dia da vingança estava no meu coração, e o ano dos meus redimidos é chegado. E olhei, e não havia quem me ajudasse; e espantei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu braço me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve. E pisei os povos na minha ira e os embriaguei no meu furor, e a sua força derribei por terra”. A batalha do Armagedom deverá ocorrer, segundo escreve T. LaHaye (2004, p. 61), na planície de Esdraelon, em redor do monte de Megido, ao norte de Israel, cerca de 30 Km ao sudoeste de Haifa. O texto de Is 63.1-6, no entanto menciona a presença de Jesus por esta ocasião em Borza, uma cidade de Edom que ficava 50 Km ao sul do mar Morto, local hoje que corresponde à região onde está situada a Jordânia. Um outro texto, Jl 3.1,2,11,12 se refere a esse julgamento por ocasião da volta de Jesus como que acontecendo no vale de Josafá: “Porquanto eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem eles espalharam entre as nações, repartindo a minha terra. [...] Ajuntai-vos, e vinde, todos os povos em redor, e congregai-vos (ó Senhor, faze descer ali os teus fortes!); movam-se as nações e subam ao vale de Josafá; porque ali me assentarei, para julgar todas as nações ao redor”. Estes versículos e outros relacionados a eles sugerem que a batalha do Armagedom ocorrerá em diversas fases, e desta forma, T. LaHaye (2004, p. 62) propõe que a batalha do Armagedom ocorrerá em oito fases, tendo ela início com a reunião dos aliados do Anticristo no vale do Armagedom e o seu final com a ascensão vitoriosa de Cristo sobre o monte das Oliveiras (ver Zc 14.2-4). A legenda abaixo referente ao mapa ao lado, mostra as oito fases do Armagedom, conforme sugerido pelo autor citado acima:

1 – Reunião dos aliados do Anticristo no vale do Armagedom (Sl 2.16; Jl 3.9-11; Ap 16.12-16).
2 – Destruição de Babilônia (Is 13-14; Jr 50.51; Zc 5.5-11; Ap 17.18).
3 – Queda de Jerusalém (Mq 4.11-5.1; Zc 12-14).
4 – Os exércitos do Anticristo em Bozra (Jr 49.13-14; Mq 2.12).
5 – Regeneração nacional de Israel (Sl 79.1-13; 80.1-19; Is 64.1-12; Os 6.1-13. Jl 2.28-32; Zc 12.10; 13.7-9; Rm 11.25-27).
6 – Segunda vinda de Jesus Cristo (Is 34.1-7; 63.1-3; Mq 2.12,13; Hb 3.3).
7 – Batalha de Bozra até o vale de Josafá (Jr 49.20-22; Jl 3.12,13; Zc 14.12-15).
8 – Ascensão vitoriosa no monte das Oliveiras (Jl 3.14-17; Zc 14.3-5; Mt 24.29-31; Ap 16.17-21; 19.11-21).   

Depois de descrever a presença de Jesus junto ao lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso, em Ap 19.17, João descreve a visão de um anjo que estava no sol, clamando com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu, para que estas se fartassem da carne dos reis, e dos tribunos e dos fortes, e dos cavalos, e seus cavalheiros, e dos homens, livres, servos, pequenos e grandes, o que indica a quantidade de pessoas de todas as classes que morrerão na batalha do Armagedom (ver Ap 14.20). João vê “a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército” (Ap 19.19), porém a besta, ou seja, o Anticristo não poderá resistir ao resplendor da vinda do Senhor Jesus Cristo, é o que Paulo mostra em 2 Ts 2.8 “E então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda”, e assim a besta será presa “e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem”. O Anticristo e o falso profeta serão, por fim “lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap 19.20b); em relação aos demais aliados do Anticristo, estes serão “mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo” (Ap 19.21b), e todas as aves se fartarão das suas carnes.

3. O milênio e o fim do dragão e dos seus seguidores – O capítulo 20 de Apocalipse serve de base para muitas especulações sobre o futuro da humanidade. De fato, nele se fala da prisão de Satanás por mil anos, do Reino de Cristo que durará um milênio; de Satanás solto ao final de dez séculos e reunindo as nações contra o acampamento dos santos; e da cidade amada. Tudo isso, inflama a imaginação. Portanto, três pontos serão estudados neste tópico.

Antes de adentrar nos três pontos que serão estudados neste tópico é importante destacar as três visões acerca do Milênio que são consideradas pelos estudiosos do Apocalipse. Essas três visões, de acordo com T. LaHaye (2004, p. 125) são o pré-milenarismo, o amilenarismo e o pós-milenarismo, que de forma geral, de acordo com o autor citado acima, defendem as seguintes teses:

·   O Pré-Milenarismo – Ensina que a segunda vinda de Cristo à terra e o estabelecimento do seu Reino ocorrerão antes do Reino Milenar de Ap 20.1-7. O pré-milenarismo dispensacional afirma que haverá no futuro, um reino literal de mil anos, em que Jesus governará sobre a terra, depois do arrebatamento, da Tribulação, e da segunda vinda. O pré-milenarismo ou quilianismo, como era conhecido na igreja primitiva, foi o primeiro dos três sistemas milenares a surgir. O pré-milenarismo foi abandonado durante a Idade Média, mas foi reavivado pelos puritanos no século XVII. Os comentários de Apocalipse neste estudo defendem a visão referente ao pré-milenarismo dispensacional.

·   O Amilenarismo – Ensina que não haverá um Reino Milenar de Cristo sobre a terra no futuro, em sentido literal. A maioria dos proponentes diz que uma forma espiritual do reino está presente agora. O amilenarismo ensina que a partir da ascensão de Cristo, no primeiro século até sua segunda vinda (sem arrebatamento), tanto o bem quanto o mal vão aumentar no mundo, enquanto o reino de Deus coexiste com o reino de Satanás. Os amilenaristas crêem que Satanás está atualmente preso, porém ainda assim eles ensinam que o mal vai aumentar. Quando Jesus voltar, se dará o fim do mundo com a ressurreição geral e o julgamento de todas as pessoas. A visão é essencialmente uma espiritualização das profecias referentes ao reino. O ponto de vista amilenarista não estava na igreja mais antiga. Parece que ele surgiu como resultado da oposição ao literalismo pré-milenarista. O amilenarismo passou a dominar a igreja, quando os grandes pais da igreja e teólogos Agostinho (354-430) e Jerônimo (c. 345-419) abandonaram o pré-milenarismo em favor do amilenarismo.

·   O Pós-Milenarismo – Ensina que o reino de Cristo está agora sendo estendido por todo o mundo por meio da pregação do evangelho e que a maioria das pessoas será convertida a Cristo, o que resultará em uma conseqüente cristianização do mundo atual. O pós-milenarismo ensina que a era atual é o Milênio, que não é necessariamente um período literal de mil anos. Os pós-milenaristas acreditam que por meios espirituais haverá um progressivo crescimento da justiça, da prosperidade e desenvolvimento em todas as esferas da vida, enquanto a maioria crescente de cristãos finalmente conquista o mundo para Cristo. Então, depois que o cristianismo houver dominado o mundo por um longo período de tempo (o glorioso reino de vitória da igreja), Cristo voltará. Nesse tempo, haverá uma ressurreição geral, a destruição desta presente criação, e o início do estado eterno. O pós-milenarismo difere do pré-milenarismo e do amilenarismo por sua visão otimista de que essa vitória se dará sem que seja necessária uma volta cataclísmica de Cristo para impor a justiça. Em vez disso, a vitória será resultado da aplicação firme dos meios disponíveis durante a era atual. O pós-milenarismo não se constituiu realmente em um sistema distinto de escatologia, senão após a Reforma. Ele foi então, a última posição importante sobre o Milênio a se desenvolver.   

3.1 A prisão do dragão – Um anjo descerá do céu e prenderá Satanás para que ele não engane e perturbe as nações que sobreviverem ao derramamento das sete taças da ira de Deus. O propósito do milênio será provar a capacidade humana. Satanás estando preso, o homem não terá desculpas em dizer que Satanás o tentou. Deus provará que, mesmo governando em sua presença, e Satanás estando preso, ainda assim, o homem é inclinado a pecar (Sl 51.5; Zc 14.17,18).

Ap 20.1-3: “E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo”.

Com a prisão de Satanás, e a instalação do Reino Milenar de Jesus Cristo na seqüência, os sobreviventes ao derramamento das sete taças viverão sob condições favoráveis nunca vistas na terra desde que o homem pecou. Os homens terão a oportunidade de viverem diariamente na presença pessoal e física de Jesus, tendo ainda liberdade de escolha quanto à sua conversão à Jesus Cristo. A terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar, pois os povos em grande maioria se converterão ao Senhor (ver Is 11.9,10). Este fato, não elimina, porém a presença do pecado e de ímpios sobre a terra, e é desta maneira que o coração do homem será provado, testificando acerca de sua propensão ao pecado, ainda que Satanás encontre-se preso. Depois de relatar a prisão de Satanás, João fala de sua libertação quando os mil anos se acabarem, deixando claro ser importante que Satanás seja solto por um pouco de tempo nesta ocasião. A menção de João a este fato em conexão ao tempo de mil anos do Reino de Jesus Cristo indica que Deus permitirá que Satanás venha ainda a ser solto por um período de tempo, pois desta forma, Deus provará o coração do homem, ou seja, aqueles que viverem durante o Milênio, terão se convertido a Jesus Cristo por aquilo que Ele é, ou por aquilo que Ele pode dar ao homem? A motivação quanto à adoração do homem à Deus será desta forma provada no período após o Milênio.  

3.2 O Reino de Cristo – O Reino de Cristo não dever ser confundido com o Céu, onde não há injustiça. Ele será caracterizado pela redução extraordinária do mal, pois Cristo, o Rei dos reis, detectará qualquer manifestação dele e julgará perfeita e imediatamente. Também não é a Nova Terra de Apocalipse 21.1, pois, nela habita a justiça (2 Pe 3.13) e no Reinado de Cristo a injustiça ainda estará sendo removida. Será o Dia do Senhor anunciado pelos profetas (Jl 2.31; Sf 1.14-18) e apóstolos (2 Pe 3.10; 1 Ts 5.2,3). Será precedido das trombetas, e taças e se estenderá por mil anos (2 Pe 3.8). Será o período de restauração do cosmos e do planeta, depois do qual haverá novo céu e nova terra (Ap 21.1,5).

Depois de relatar a prisão de Satanás, João vê tronos e assentado sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar” (Ap 20.4a). A visão de João indica que a instalação do Reino Milenar de Jesus Cristo depois da batalha do Armagedom, será precedida pelo julgamento das nações, quando então será dado o direito ou não às nações destas entrarem no Reino de Jesus Cristo (ver Mt 25.31-46). O Milênio será um tempo de paz (ver Is 11.5-9) mesmo entre os animais; o tempo de vida das pessoas será bem mais prolongado (ver Is 65.20) e além disto as enfermidades físicas e preocupações com a saúde serão erradicadas (ver Is 29.18; 33.24); o Templo estará reconstruído e purificado (ver Ez 40-48); a cidade de Jerusalém será a capital do Reino de Jesus Cristo e o lugar aonde peregrinos de todas as nações virão para adorar o Senhor (ver Zc 14.16-21). João vê na seqüência de Ap 20.4 “as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão” (Ap 20.4b), ou seja, João vê as almas salvas durante a Tribulação/Grande Tribulação, as quais ressuscitarão para reinarem com Cristo na terra. Estas fazem parte da primeira ressurreição, e segundo Ap 20.5, os demais mortos não revivem até que os mil anos se acabem. O seguinte comentário feito por W. Malgo (2000, v. 4, pp. 78,79) acerca desta questão é interessante de ser considerado. 

“A primeira ressurreição é a ressurreição dentre os mortos. Dessa ressurreição participam todos os bem-aventurados. A segunda ressurreição é a ressurreição dos mortos. Isso significa, que por ocasião da primeira ressurreição, os santos ressuscitam do meio dos outros mortos, que permanecerão em suas sepulturas. Na segunda ressurreição, todos os mortos ressuscitam das suas sepulturas. [...] A primeira ressurreição ocorre em diversos períodos. A segunda ressurreição, entretanto, acontece globalmente, de uma só vez, após o Milênio, e então os ressuscitados aparecerão diante do grande trono branco para o juízo. No que se refere à primeira ressurreição e assim a todos os filhos de Deus, lemos em 1 Co 15.22ss: ‘Porque assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na sua vinda. E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus pés’. Com o primogênito Jesus Cristo, começou, portanto, a primeira ressurreição. Essa tem maravilhosos efeitos, retroativamente sobre todos os crentes da Antiga Aliança e adiante até ao arrebatamento, sim, até ao início do Milênio”.

3.3 Os últimos movimentos do dragão – As guerras que haviam cessado com a prisão de Satanás recomeçarão quando ele for libertado. O caráter maligno dele será exposto. Então se completará a justa base do julgamento divino contra esta [...] criatura na qual um dia o Senhor achou iniqüidade (Ez 28.15). A soltura de Satanás exporá a iniqüidade da última geração de ímpios na terra (Ap 20.8,9; Zc 14.17,18). Satanás e os ímpios farão o seu último ato de rebelião contra o governo de Deus. Nesta ocasião serão removidos da terra os últimos governos e autoridades humanas.

Ap 20.7-10: “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou. E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.

Quando os mil anos do reinado de Cristo sobre a terra se acabarem, Satanás será ainda solto da sua prisão e lhe será permitido enganar as nações nos quatro cantos da terra chamados de Gogue e Magogue. W. MacDonald (2003, p. 1016) escreve acerca disto:

 “Essa referência a Gogue e Magogue não deve ser confundida com uma referência semelhante em Ezequiel 38-39. Na passagem do Antigo Testamento, Magogue é um território extenso ao norte de Israel, e Gogue é seu governante. Aqui as palavras se referem às nações do mundo em geral. Em Ezequiel o contexto é pré-milenar; aqui, é pós-milenar”.

O texto bíblico não diz quanto tempo ainda será dado a Satanás, porém Satanás conseguirá ajuntar as nações em batalha contra os santos, provavelmente contra aqueles que se converterão durante o Milênio, e contra a cidade amada, provavelmente uma referência a Jerusalém. W. Kelly (1989, p. 167) faz as seguintes considerações quanto a este fato:

“Vem então, como vimos já, a última prova das nações, após o reinado do Senhor ter cumprido o seu curso. Solto o diabo, este seduz ainda uma vez a carne e o sangue, analogamente ao que se deu em todas as outras dispensações. A glória que se expande de modo visível e admirável durante este período não tem qualquer eficácia para mudar o coração do homem [...] Que isto é verdade, e que o coração do homem, mesmo sob esse governo, não é renovado, vemo-lo nós, com perfeita evidência, no fato de Satanás, por fim, seduzir todos aqueles que não são convertidos – e que, como nos é dito, são inumeráveis ‘como a areia do mar’”.

Nesta batalha, fogo descerá do céu, e o fim de Satanás chegará quando então ele será, por fim, lançado no lago de fogo e enxofre onde já estará o falso profeta e o Anticristo, e onde serão lançados também os seus anjos, conforme Jesus mostra em Mt 25.41, quando então Ele faz referência ao fogo eterno, como que tendo sido preparado para o diabo e seus anjos.

Referências Bibliográficas:
T. LaHaye, Glorioso Retorno, 2004, Abba Press Editora Ltda, São Paulo, SP.
W. Kelly, Estudos Sobre a Palavra de Deus – O Apocalipse, 1989, Depósito de Literatura Cristã, Lisboa, Portugal.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular, 2008, Mundo Cristão, São Paulo, SP.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.