sexta-feira, 30 de novembro de 2012

LIÇÃO 9 - O EVANGELHO DO APÓSTOLO PAULO E SUA PEDAGOGIA

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apóstolo Paulo
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20).

Verdade Aplicada: O alvo principal do ensino cristão é apresentar a Deus todo homem perfeito em Jesus Cristo.

Objetivos da Lição:

·      Mostrar que a pedagogia paulina se ocupa em firmar convicções verdadeiras que proporcionarão estar em paz com Deus e consigo.
·      Revelar a necessidade da constante renovação da mente cristã através do ensino e meditação.
·      Promover na pessoa, a comunhão com Cristo através do aprendizado da Palavra, das virtudes e hábitos mentais sadios.

Textos de Referência: Rm 1.14-17

Introdução: Paulo se tornou doutor dos gentios e assim considerava-se por causa da sua dedicação ao ensino que objetivava apresentar todo homem a Deus, perfeito em Cristo Jesus. Este foi um projeto muito ambicioso pelo qual lutou incansavelmente até os últimos momentos de sua vida. Esse ainda hoje é o alvo mais nobre da pedagogia cristã pelo qual se deve lutar.

A palavra pedagogia tem origem na Grécia Antiga, paidós (criança) e agogé (condução). No decurso da história do Ocidente, a pedagogia firmou-se como correlato da educação. Ela pode ser hoje definida como sendo a ciência que estuda as teorias do ensino, tendo como objetivo buscar métodos para tornar a educação cada vez melhor e mais atrativa. O pedagogo atua na promoção da aprendizagem das pessoas na diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo. Paulo como pedagogo da fé cristã esforçou-se para tornar claro em todos os ambientes a mensagem do evangelho que traz em si as boas novas da salvação em Cristo Jesus, promovendo o desenvolvimento e amadurecimento dos cristãos, de forma a apresentar todo homem perfeito em Jesus Cristo, conforme ele mesmo declara em Cl 1.27-29: “Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente”.

1. Objetivo de firmar convicções – É surpreendentemente maravilhoso ver como o ensino paulino se depara com públicos diferentes, e mesmo assim, ele se ajusta à necessidade dessa heterogeneidade humana. Aos romanos, a dinâmica pedagógica de Paulo se ajusta à necessidade de um conhecimento aprofundado acerca da salvação, em tom pertencente ao direito, visando aprofundar suas convicções.

Rm 1.14: “Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes”.

Em sua carta aos romanos, Paulo declara ter se proposto muitas vezes ir a Roma, no entanto até aquele momento ele fora impedido. Seu objetivo era contribuir com a fé cristã dos crentes em Roma, cuja igreja era constituída tanto de judeus como de gentios. No versículo 14, Paulo se declara devedor, a gregos, bárbaros, sábios ou ignorantes. É baseado no conhecimento que ele tem da salvação em Cristo Jesus que ele se vê devedor de todos os tipos de pessoas. W. MacDonald (2008, p. 416) escreve sobre isto:

“Quem tem Cristo conta com a resposta para a necessidade humana mais profunda, tem a cura para a doença do pecado, encontra o modo de ser poupado dos horrores eternos do inferno e recebe a garantia de felicidade eterna com Deus. Diante disso, o salvo tem a obrigação solene de compartilhas as boas novas com povos de todas as cultura, isto é, tanto a gregos como a bárbaros, e com todos os graus de instrução, isto é, tanto a sábios como a ignorantes. Paulo sentia essa obrigação de forma intensa e declarou: Sou devedor”.

1.1 O homem precisa da justificação – A comunicação e o ensino de Paulo partem de um ponto que venha despertar o interesse. Por exemplo, Paulo ao escrever para os romanos, ensina sobre a salvação, mas parte do ponto de vista jurídico, capaz de despertar e fixar a atenção dos seus leitores, que tem um gosto peculiar pela jurisprudência. Paulo demonstra que todos são pecadores, todos estão sob condenação, e por isso, precisam de justificação. No entanto o homem é por si mesmo incapaz de alcançar essa justificação, mas ela lhe é oferecida gratuitamente, pela fé, e por graça mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.23-25). Esse tom jurídico é em si uma maneira interessante de se aprender sobre a salvação.

Rm 2.12: “Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados”.

A carta de Paulo aos romanos oferece uma exposição clara da condição pecaminosa de todos os homens, sejam estes gentios, aqueles que sem lei pecaram, sejam estes judeus, aqueles que pela lei seriam julgados. Diante de tal exposição, Paulo mostra que todos os homens estariam condenados à perdição eterna, ou seja, nenhum homem poderia ser visto como justo diante de Deus. Tal situação conduz Paulo a mostrar que todos os homens precisam do evangelho, ou seja, a única maneira do homem ser justificado diante de Deus é através do sacrifício de Jesus Cristo oferecido como castigo pelo pecado de toda humanidade. Em Rm 3.21-31, Paulo fala então da justificação do homem diante de Deus pela fé em Jesus Cristo. A justificação é, portanto o ato pelo qual Deus declara posicionalmente justa a pessoa que a Ele se chega através de Jesus Cristo, sendo que ela envolve dois atos: O cancelamento da dívida do pecado na “conta” do pecador, e o lançamento da justiça de Cristo em lugar da dívida do pecado.

Rm 3.23-26: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.

1.2 A fé no evangelho é o único elemento capaz de justificar o homem – Todos concordam que a justificação é um ato exclusivo de Deus (Rm 3.21-23). E não é uma doutrina nova nas Escrituras, mas presente no Antigo Testamento, e mui claramente demonstrada na vida do patriarca Abraão (Rm 4.1-5). Por isso, o Apóstolo Paulo se utiliza da figura desse personagem, para exemplificar que a justificação é consumada no coração humano pela fé, mas que, sobretudo, precisa ser entendida para depois ser experimentada (Rm 10.17).

Rm 3.20: “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.

Rm 3.28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”.

Gl 2.16: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada”.

A justificação é um ato exclusivo de Deus porque ela exclui totalmente as obras da lei, ou seja, a pessoa é feita justa com base na fé, já que pelas obras da lei nenhuma carne poderia ser justificada, pois nenhum homem, exceto o Senhor Jesus Cristo, cumpriu a lei em sua totalidade. Para demonstrar a justificação pela fé e não pelas obras como que estando de acordo com as Escrituras do Antigo Testamento, em Rm 4.1-5, Paulo se refere a dois grandes nomes da história de Israel: Abraão e Davi. Assim, considerando a argumentação de Paulo acerca de Abraão em Rm 4.3, Paulo faz citação do texto de Gn 15.6 pondo em evidência o fato de que Abraão não foi justificado pela obras, mas sim pela fé: “Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça” (Rm 4.3). A palavra imputar traz a idéia de creditar algo na conta da pessoa. Mediante as obras, o crédito realizado seria considerado apenas como pagamento de uma dívida. Paulo deixa claro que a justiça imputada a Abraão, não foi por merecimento ou por suas obras, mas por sua fé, sendo isto um ato resultante, exclusivamente da graça de Deus.

1.3 Jesus Cristo é o preço pago para nossa justificação – Não é possível apresentar o homem perfeito a Deus sem Cristo Jesus, sem que Ele se torne o tema central nos nossos próprios ensinamentos. Afinal, foi Ele quem foi entregue à morte e ressuscitou para a nossa justificação (Rm 4.25). A graça da justificação pela fé no Cristo ressuscitado é para todos os homens. Tal verdade deve ser levada com muito empenho para que este alicerce soteriológico fique inabalável nas pessoas.

Rm 4.24,25: “Mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação”.

De acordo com o que foi visto anteriormente a justificação é o ato pelo qual Deus declara posicionalmente justa a pessoa que a Ele se chega através de Jesus Cristo. Ela envolve dois atos: O cancelamento da dívida do pecado na “conta” do pecador, e o lançamento da justiça de Cristo em lugar da dívida do pecado. O homem que crê em Jesus Cristo é visto por Deus em Cristo e é desta forma que ele é visto perfeito. Conforme escreve W. MacDonald (2008, p. 429):

“Observe que ele crê naquele que justifica o ímpio. Não comparece diante de Deus alegando ter se esforçado ao máximo, vivido de acordo com a regra de ouro e não ter sido tão mau quanto outros. Apresenta-se, pelo contrário, como ímpio e pecador culpado e se entrega à misericórdia de Deus. Como resultado, a sua fé lhe é atribuída como justiça. Uma vez que ele se achega ao Senhor pela fé, e não por se considerar merecedor, Deus lhe atribui justiça e, desse modo, torna-o apropriado para viver no céu. Desse momento em diante, Deus o vê em Cristo e o aceita com base nessa nova condição de vida”.

2. Paulo e a construção do conhecimento – A pregação e o ensino cristãos não eram o único meio de promover a moral da sociedade greco-romana. Mas a construção do pensamento cristão através de Paulo, parte do conceito de autoridade das Escrituras, evidentemente do Antigo Testamento (posto que, naquele tempo, era o que se tinha documentado e ratificado como inspirado por Deus).

Rm 15.4: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

2 Tm 3.16,17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”.

2 Pe 1.20,21: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.

2.1 Tudo parte das Escrituras – O ponto de apoio paulino para a comunicação, convencimento e instrução de seu auditório, não vinham de si mesmo. Ele mesmo se recusa a usar linguagem floreada, rebuscada e lisonjeira, mas usa a simples e direta como uma espada. Sua mensagem também não vinha de pensamentos filosóficos correntes de sua época, isso não significa que não encontremos citações diretas e indiretas de mestres e filósofos em suas pregações e cartas. O seu cuidado era que a vida cristã de seus ouvintes e destinatários não repousassem sobre qualquer elemento pessoal, filosófico ou humano. Que o conhecimento e vida prática deles partissem das Escrituras e do Senhor Jesus (Rm 15.4; 2 Tm 3.16). Ele é a sabedoria, o logos, e o poder de Deus. Se hoje a igreja local se desprender do eixo do conhecimento revelado, perderá o sentido de sua existência.

1 Co 1.20-24: “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus”.

1 Co 2.1-5: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”.

2.2 Fé para entender – A pedagogia paulina se baseia na fé que parte da revelação, como disse Agostinho: “Eu creio, para entender”. Nas Escrituras, constatamos que a fé e a razão andam juntas, e não divorciadas. Mas reconhecemos que a fé tem capacidade de ir mais além do que os olhos podem ver, tocar e sentir (1 Co 2.9). A superioridade da fé que repousa na revelação é capaz de aceitar o que a razão rejeita, demonstrando depois ser perfeitamente racional. Como disse certo teólogo. “Onde a razão para a fé caminha, prossegue vitoriosamente”. Tertuliano também disse: “Creio porque é absurdo, se não fosse absurdo não haveria necessidade da fé, bastariam os sentidos ou a razão”. Por mais chocante que possa parecer; o conhecimento de Deus, a salvação em Cristo e uma vida cristã abençoada é alicerçada sobre a “fé que atua pelo amor” (Gl 5.6; Hb 11.1,2).

A Bíblia define a fé como sendo “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem” (Hb 11.1). Através desta definição conclui-se que é através da fé que aquilo que se espera e que não pode ser visto de forma aparente, torna-se real na vida dos que crêem, trazendo então esperança quanto ao futuro porvir. A fé bíblica, no entanto não se baseia em idéias abstratas do pensamento humano, ela se baseia na revelação da Palavra de Deus que utiliza para seu entendimento a racionalidade do ser humano. Assim, a fé bíblica não exclui a razão, pois é através da racionalidade da fé cristã que o cristão cresce e amadurece em seu conhecimento acerca de Deus. A fé e a razão devem sempre caminhar juntas, pois a fé justifica aquilo que não se explica de forma aparente, por outro lado a razão ao lado da fé impede que o homem seja enganado e levado continuamente pelos ventos de doutrinas propagados pelos falsos mestres e falsos profetas.

Rm 12.1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.

1 Pe 2.2: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”.

Ef 4.13,14: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”.   

2.3 A renovação da mente – Passar a viver a fé em Jesus Cristo envolve a renovação da mente. Devemos entender que quando alguém recebe Cristo, ele é regenerado pela Palavra, isto é, nasce como uma criança no reino de Deus. E como todo bebê precisa ser alimentado para os seu pleno desenvolvimento, assim o novo convertido precisa ser alimentado para o seu pleno desenvolvimento espiritual. Isso significa que o espírito humano é renovado e recebe uma nova disposição e entendimento das coisas de Deus, as quais eram impedidas pela cegueira do pecado, da incredulidade e a atuação maligna (2 Co 4.3,4). Entretanto, essa mente não é transformada por um milagre, mas com esforço pessoal, pois Paulo diz o seguinte: “sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1,2).

Jo 3.3-5: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”.

Em Jo 3.3-5, em seu diálogo com Nicodemus, Jesus fala acerca do Novo Nascimento que deve acontecer na vida daqueles que se convertem a Ele. Jesus descreve o Novo Nascimento como algo proveniente da ação da Palavra e do Espírito. Isto significa que a partir deste “novo nascimento” o homem passa a experimentar em sua vida “um novo começo”, onde sua vida passa a ser orientada não mais por sua própria vontade, mas sim pela presença do Espírito Santo. Neste processo, o Espírito Santo conduz o homem à renovação da sua mente que passa agora a estar alinhada não mais aos conceitos deste mundo, mas aos conceitos da Palavra de Deus, de forma que o homem passa a tomar atitudes que agradam antes de tudo a Deus e não a si mesmo.

Tt 3.3-5: “Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”.

3. Pedagogia que transforma vidas – A pedagogia de Paulo não é milagreira, mas passa um conteúdo capaz de transformar vidas. Parece contraditório isso, mas a explicação é que não se trata do trabalho de Paulo apenas, e sim, da graça de Deus que opera através da sua vida e suas palavras.

At 20.24: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.

1 Co 15.10: “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”.

Ef 3.7,8: “Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo”.

3.1 O conteúdo do evangelho – Falamos acima sobre a importância da renovação da mente. Mas qual o conteúdo usado por Paulo e demais apóstolos capaz de operar isso? Como também já dissemos Jesus é o tema central de seu conteúdo pedagógico, que se apóia no cumprimento fiel das profecias do Antigo Testamento, pelo fato de que Jesus morreu e ressuscitou de acordo com testemunho de muitos fiéis (1 Co 15.3-8), um ensino que gera esperança e nutre a fidelidade a Deus. Todavia há três tipos principais do ensino evangélico paulino: Primeiro, através do próprio exemplo piedoso de quem ensina, nesse aspecto, o próprio Paulo se oferece como um modelo (1 Co 4.16; 11.1); segundo, aqueles destinados a instruir, eliminando dúvidas e a responder questões, como por exemplo, sobre a ressurreição, costumes locais, etc.; terceiro, aqueles ensinos com peso dogmático, ético, ou seja, para obedecer-se. Esses três modelos de ensino continua, e jamais devem deixar de ser empregados na igreja.

·      Paulo se oferecendo como modelo para seu ensino:

1 Co 4.15,16: “Porque ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu pelo evangelho vos gerei em Jesus Cristo. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores”.

1 Co 11.1,2: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei”.

·      Paulo trazendo ensino, considerando o costume da época:

1 Co 11.5,6: “Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu”.

·      Paulo trazendo ensino com peso dogmático e ético para ser obedecido:

Cl 3.5-9: “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feito”.

3.2 O lado pragmático do evangelho – O ensino de Paulo é prático e deve ser acatado pelos crentes em Jesus, que por sua vez, devem ir “na contra mão” do curso deste mundo. Os cristãos não devem tomar como modelo as formas pagãs tão modernizadas e correntes, tão momentâneas que refletem o domínio do espírito que permeia este mundo sem Deus. Atualmente, a arqueologia tem encontrado vestígios claros que demonstram a licenciosidade em muitos lugares do tempo de Paulo no Império Romano, isso sem contar o muito da literatura daquela época existente também em nossos dias. Diante disso, devemos a cada dia, mais e mais nos identificar com o Filho de Deus, abandonando todo pecado do século presente e buscando insacialvelmente níveis profundo de transformação segundo a imagem de Jesus Cristo nosso Senhor.

A palavra pragmático diz respeito ao pragmatismo, uma doutrina filosófica que adota como critério da verdade a utilidade prática, identificando o verdadeiro como aquilo que for útil. De forma geral, o pragmático é aquele que toma o valor prático como critério da verdade, ou seja, se algo é justificável por sua praticidade, este “algo” torna-se critério para a verdade. Em Mt 7.21-23, Jesus disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7.21-23). Conforme pode-se perceber nas palavras de Jesus, o resultado prático não justificou perante o Senhor os métodos utilizados, portanto o pragmatismo não se aplica ao evangelho. Considerando então o real significado da palavra pragmático, o sub-título que melhor se encaixaria ao comentário feito no ponto 3.2 seria “O lado prático do evangelho” e não “O lado pragmático do evangelho”. Assim, os preceitos trazidos pelo anúncio do evangelho, ainda que para a sociedade pós-moderna não sejam muito úteis, pois eles vão na contra-mão do curso deste mundo, devem ser considerados por todos não apenas de forma teórica, mas de forma prática, pois é desta forma que os cristãos evidenciam o poder de transformação do evangelho que tem como propósito conformar cada cristão a imagem de Jesus Cristo nosso Senhor.

Ef 2.1-3: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”.

Tt 2.11,12: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente”.

1 Pe 1.1-4: “Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado; para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias; e acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós”.

Rm 8.29: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.

2 Co 3.18: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.

3.3 Objetivo de um ensino transformador do evangelho – Principalmente na Carta aos Romanos, encontramos de uma maneira bem organizada os objetivos de um viver transformado. Primeiro todo homem deve viver para agradar a Deus e a vida em comunhão com o Espírito de Deus e que possibilita isso (Rm 8); segundo, essa nova vida em comunhão com Cristo segundo o poder do Espírito Santo é o único meio eficaz de se vencer as paixões da nossa natureza pecaminosa (Rm 8; Gl 5.16); terceiro, a vida assim, como expusemos, é o único meio de produzir frutos para Deus através das virtudes cristãs, a única maneira de glorificar o seu nome. Isto se dá pela expressão de emoções sadias tais como amar; ser benigno e alegre com o nosso próximo; pela demonstração de virtudes individuais pelo domínio próprio, mantendo-se longe de vícios de todo o tipo; pelas virtudes demonstradas num relacionamento falando a verdade sempre, sendo paciente e honesto; e por fim, pelas atitudes religiosas corretas, tais como fugir da idolatria e feitiçaria.

Rm 8.12-14: “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus”.

Gl 5.16,17: “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis”.

Gl 5.19-22: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.

Referências Bibliográficas:
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Mundo Cristão, São Paulo, SP.

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