Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara
Texto Áureo: “Vigiai, pois, em todo tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer e estar em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21.36).
Verdade Aplicada: Só quem estiver pronto para o arrebatamento será digno de evitar “tocas essas coisas que hão de acontecer.
Objetivos da Lição:
· Mostrar que o Apocalipse foi dado à igreja para levar os crentes à fidelidade incondicional a Cristo.
· Ensinar que, embora Satanás seja o príncipe deste mundo, o controle está nas mãos de Deus.
· Ressaltar que a obra da igreja não termina com o arrebatamento: Muitos poderão ser salvos, sacrificando suas vidas por amor a Deus.
Textos de Referência: Jl 2.30,31; Ap 6.15-17
Introdução: O Apocalipse segue uma seqüência lógica de acontecimentos. Nele não há parêntesis nem retrocessos. As revelações nele escritas apontam sempre para eventos bem ordenados e futuros. Portanto, a chegada do “Dia do Senhor” ocorrerá depois do arrebatamento, pois João, sendo tipo da igreja arrebatada, assiste do céu à abertura dos selos e as suas conseqüências sobre a Terra e seus moradores.
Após o arrebatamento da igreja tem-se início o período de Tribulação/Grande Tribulação, nos quais a terra e seus habitantes serão alvos dos juízos de Deus. Este período cobre um total de sete anos equivalendo estes aqueles correspondentes a última semana das setenta semanas reveladas a Daniel em Dn 9.24-27, sendo que destas, sessenta e nove já se cumpriram faltando apenas a última semana. Esta última semana terá início com o aparecimento do Anticristo (o príncipe que há de vir), quando então ele firmará uma aliança com muitos dentre o povo judeu (ver Dn 9.27a). A metade final desta última semana (três anos e meio finais) terá início com a instalação da abominação da desolação pelo próprio Anticristo (Dn 9.27b), conforme também o Senhor Jesus afirmou em seu Sermão Profético no monte das Oliveiras quando então Ele disse: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, que entenda)” (Mt 24.15).
Dn 9.24-27: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”.
O Apocalipse segue uma seqüência lógica quanto aos acontecimentos que se sucederão na terra neste período da última semana. Os textos de Ap 6.1 a 9.21 cobre o período dos três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação. Estes, de forma geral, serão marcados pela abertura dos sete selos (Ap 6.1-8.6) e pelo toque de seis trombetas introduzidas pelo sétimo selo (Ap 8.7-9.21). Os textos de Ap 10.1 a 18.24 cobre o período dos três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação, sendo estes chamados de Grande Tribulação propriamente dito. Este período, de forma geral, é marcado pelo toque da sétima trombeta (Ap 11.15-19) que introduz as sete taças da ira de Deus (Ap 16.1-21). Os três anos e meio finais da Grande Tribulação terminam com a volta de Jesus com poder e grande glória, sendo então relatada a vitória de Cristo sobre a Besta (o Anticristo) e o Falso Profeta e a instalação, na seqüência do Reino Milenar de Jesus Cristo com a prisão de Satanás por mil anos (Ap 19.1-20.6).
1. Os juízos na Grande Tribulação (Ap 6.1-8) – Após a abertura dos quatro primeiros selos do livro do Apocalipse (Ap 6.1-8), haverá mortes incalculáveis, pois entram em cena o que o livro da Revelação chama de os cavaleiros do Apocalipse... O primeiro cavalo é Branco (Anticristo), o segundo cavalo é vermelho (guerras), o terceiro cavalo é preto (fome) e o quarto e último cavalo é amarelo (morte). Esse capítulo da história é o anúncio do que está para acontecer, e estes cavaleiros são uma antecipação das demais profecias.
Ap 6.1: “E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê”.
Conforme visto na lição anterior, o Senhor Jesus Cristo foi o único que na condição de Homem venceu o pecado, o mundo, a tentação e o diabo, e isto em sua obediência a Deus até a morte e morte de cruz, fato este que leva um dos anciãos a identificá-lo como o único digno de abrir o livro e desatar os seus sete selos (ver Ap 4.5). Jesus é também identificado como Aquele que com seu sangue pagou o preço pela redenção da humanidade e de toda a terra (ver Ap 5.6,9), acontecimento este que traz de volta para o homem aquilo que o “primeiro Adão” havia perdido na queda que é o domínio sobre a criação (ver Gn 1.28) o que acabou dando espaço para Satanás usurpar e usufruir de uma posição que não lhe pertencia, daí ele ser chamado de “o príncipe deste mundo”. É sob este aspecto que o Leão da Tribo de Judá, o descendente de Davi, o Cordeiro que foi morto, toma então “o livro da destra do que estava assentado no trono” (Ap 5.7b), pois segundo a analogia quanto a possessão de uma terra comprada de acordo com o costume dos judeus (A. Gilberto, 2003, p. 109), a abertura da cópia selada sob posse do comprador, identificá-lo-ia como sendo o comprador da propriedade, o que lhe garantiria a prerrogativa de tomar posse daquilo que lhe pertencia por direito (ver Jr 32.6-14). O capítulo 6 de Apocalipse é introduzido então com o Cordeiro abrindo um dos sete selos (ver Ap 6.1). A abertura completa dos sete selos deixará público o nome do proprietário comprador da terra e de tudo que nela há (ver Ap 11.15-17), possibilitando então a sua posse; Satanás, o usurpador, porém tentará resistir e é isto que João verá já na abertura do primeiro selo. A seqüência dos acontecimentos mostra que Deus permitirá o usurpador, através dos homens, resistir até certo momento, porém o juízo por fim virá sobre ele e sobre todos que a ele se aliarem. A abertura dos sete selos mostra também Deus permitindo determinadas situações virem sobre os homens, para dar a eles, de certa forma, a oportunidade de reconhecerem a sua culpa, arrepender-se e voltar-se para Ele em busca de socorro, pois o Senhor, em sua misericórdia continuará com sua mão estendida para que todos aqueles que reconhecerem a sua graça venham a ser salvos. Além disto, a abertura dos sete selos mostra também a terra e as regiões celestiais sendo submetidas ao juízo de Deus, pois o pecado e a presença de Satanás e seus anjos trouxe a estas regiões terríveis conseqüências (ver Rm 8.19-22); o Senhor então as submete a um processo de purificação, para que desta forma, Ele volte e tome posse daquilo que por direito lhe pertence, tornando-se então seu governo visivelmente manifesto sobre toda terra por um período de mil anos.
1.1 O cavaleiro do cavalo branco (Ap 6.2) – Acredita-se que esse represente o Anticristo (1 Jo 2.18). Será alguém que dominará o mundo inteiro. Ele enganará a todos os inimigos de Cristo. Sua característica de domínio será com uma falsa paz... Não se pode confundir com o outro Cavaleiro Branco (Ap 19.11-21). Aquele é o próprio Cristo. Este começa com uma série de terríveis eventos na terra. O Anticristo é a figura única que sai para dominar conforme as Escrituras neste momento específico (Dn 7.7,8; 8.23-25; 9.27; Ap 6.1).
Ap 6.1,2: “E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer”.
Conforme já visto no comentário anterior, a abertura completa dos sete selos tornará público o proprietário comprador da terra e de tudo que nela há (ver Ap 11.15-17), e sendo assim, o Senhor Jesus, o Leão da Tribo de Judá, tendo consigo a “força da lei” tomará posse daquilo que por direito lhe pertence. O usurpador, no entanto tentará resistir e é isto que João vê já na abertura do primeiro selo, pois Satanás para tentar manter a posição por ele usurpada apresentará aos olhos humanos “alguém assentado em um cavalo branco, tendo sobre ele um arco”, porém sem flecha como se percebe, figuras de linguagem que indicam que alguém trazendo consigo o nome da paz, da justiça e da diplomacia será apresentado diante da humanidade como sendo a solução para os seus problemas. Uma coroa é dada àquele que estava assentado sobre o cavalo branco e ele sai vitorioso para vencer. Esta figura de linguagem indica que este homem de quem estará por trás Satanás, não possui o principado sobre si (ele não tem uma coroa, mas uma lhe é dada), mas seu intento é avançar para tomar consigo o governo da terra. Sem dúvida alguma, o cavaleiro do cavalo branco de Ap 6.2 é o Anticristo que provavelmente será recebido pelos judeus como sendo o Messias, conforme o próprio Senhor Jesus disse em Jo 5.43: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis”. Este fato marcará o início do período de sete anos de Tribulação/Grande Tribulação, e o Anticristo avançará, sendo que posteriormente, a partir dos três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação, ele passa a ser identificado no livro de Apocalipse como sendo “a besta que subiu do mar” (ver Ap 13.1,2), exercendo então um grande domínio sobre os homens em toda a terra.
1.2 O cavaleiro do cavalo vermelho (Ap 6.4) – A cor refere-se ao cavalo... Foi-lhe concedido “... Que tirasse a paz da terra” e levar os homens a se matarem uns aos outros. Levava consigo uma espada que, simboliza juízo, morte e guerra... e não há como escapar. É “como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso”.
Ap 6.3,4: “E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê. E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada”.
O próximo cavalo e os demais na seqüência do cavalo branco e seu cavaleiro, mostram o que na verdade caracteriza todos os governos humanos. Estes sempre se apresentam em seus discursos como candidatos ao governo, como que defensores da paz, da justiça, da diplomacia, como que sendo a solução para os problemas de sua nação, mas tão logo são eleitos, aquilo que realmente os seguem começa logo a se manifestar através das lutas, guerras por poder, abuso, injustiça, corrupção, leis contrárias às leis de Deus etc... Assim, não será diferente em relação ao surgimento do Anticristo. A paz com que ele se apresentou não é tirada somente na metade da Grande Tribulação, mas já logo depois do princípio de seu governo, ainda que não expressivo como o será a partir da metade da Grande Tribulação. O cavalo vermelho logo na seqüência mostra isto claramente. É dado ao cavaleiro que está assentado sobre ele a permissão para tirar a paz da terra, para os homens matarem-se uns aos outros e também uma grande espada, figuras de linguagem que indicam a presença de guerras tanto a nível pessoal como também coletivo já no período inicial de três anos e meio da Tribulação/Grande Tribulação. É exatamente isto que Jesus mostrou no sermão profético em Mt 24.6: “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim”. Em Mt 24.8, Jesus mostra isto e todas as demais coisas por Ele citadas como que características do princípio das dores, sendo o “princípio das dores” exatamente o período inicial de três anos e meio da Tribulação/Grande Tribulação, pois o período final de três anos e meio da Tribulação/Grande Tribulação tem início com a abominação da desolação (ver Dn 9.27) citado por Jesus em Mt 24.15. O texto de Mt 24.4-14 mostra então os fatos que caracterizarão os três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação e o texto de Mt 24.15-51 mostra os fatos que caracterizarão os três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação. Conclui-se, portanto que a falsa paz representada pelo cavalo branco e pelo arco sem flecha marcando a chegada do Anticristo não dura muito, e logo a terra estará vivenciando períodos de guerras trazendo morte a muitas pessoas.
1.3 Os cavaleiros do cavalo preto e amarelo (Ap 6.5-8) – A guerra trará conseqüências graves, começando pela fome. Este cavaleiro preto é símbolo desta fome, que tem harmonia com a balança na mão, fazendo referência das condições difíceis da falta de provisões (Ap 6.5). Pão por medida e peso nesta linguagem significa escassez de alimento (Ez 4.10-17). Depois... saírá em campo, o cavalo amarelo e seu cavaleiro. O nome deste é Morte. Ele receberá poder para matar um quarto da vida na terra. Por onde ele passar deixará atrás de si um rastro de miséria, destruição e morte. Até as feras do campo atacarão as pessoas e as matarão. Possivelmente por causa da destruição e ocupação do habitat natural delas...
Ap 6.5-8: “E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão. E ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho. E, havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra”.
Conforme foi visto anteriormente, os demais cavalos na seqüência do cavalo branco mostram o que na verdade caracteriza todos os governos humanos. Defensores em seus discursos da justiça, da ação social, da preservação da vida, da preservação dos direitos, da preservação do meio ambiente, tão logo eles chegam ao poder seus discursos mudam e suas atitudes demonstram exatamente o contrário. Assim também será o governo do Anticristo logo depois do princípio de seu governo. A solução para os problemas da humanidade tão diplomaticamente apresentada não virá de fato sendo isto perceptível em Ap 6.5-8, pelo cavalo preto que traz em si a carestia e a fome como fruto da injustiça social, e pelo cavalo amarelo que traz em si a morte como resultado da guerra, da fome, das doenças e da destruição do meio ambiente. Em Mt 24.7,8, Jesus mostra tudo isto como que já caracterizando o princípio das dores, ou seja, os três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação como já considerado no ponto 1.2. Assim, conforme Jesus diz: “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são os princípios das dores”.
2. O Cordeiro abre o quinto selo (Ap 6.9-11) – A abertura do quinto selo não causará efeito algum sobre a terra. Mas revela o destino dos convertidos pela pregação do Evangelho em meio aos terríveis acontecimentos deflagrados pela abertura do segundo e do quarto selo. O registro desta visão no Apocalipse faz parte das provisões misericordiosas de Deus, para que, os crentes daqueles dias, lembrando-se do que leram e ouviram a respeito dos mártires, nas “palavras desta profecia”, tenham forças e motivos para permanecerem fiéis até a morte, se for preciso.
Ap 6.9-11: “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram”.
Em Ap 6.9, João descreve a abertura do quinto selo. Neste momento ele vê debaixo do altar as almas dos que são mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Tendo em vista que tanto os santos do Antigo Testamento, bem como do Novo Testamento até o arrebatamento da igreja já estarão, por ocasião do período da Tribulação/Grande Tribulação no céu em corpos glorificados (ver Ap 4.4), as almas debaixo do altar que são vistas por João neste versículo, provavelmente são daqueles que se converterão após o arrebatamento da igreja (talvez desviados da igreja, ou pessoas que freqüentavam a igreja, mas sem terem de fato experimentado o genuíno novo nascimento) que sofrerão o martírio por amor ao Senhor Jesus Cristo e a sua Palavra.
2.1 Os mártires – Aparecem guardados debaixo do altar (Ap 6.9), seguros da salvação e em comunhão com Deus. O texto deixa claro que o cavalo amarelo passa devastando a vida dos seres humanos com espada, fome, peste, e com as feras da terra (Ap 6.8). Este grupo de santos vistos no presente texto são os mártires da Grande Tribulação. O texto diz que “foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” (Ap 6.9b). O capítulo 20.4b, nos informa quem os matou e a forma como morreram. Os mártires teriam o sangue vingado após um tempo (Ap 6.11a, 11.2b). Mas a espada ainda aniquilaria muitos outros santos durante a Tribulação (Ap 7.13,14).
Conforme foi visto no ponto 1, os cavalos vermelho, preto e amarelo representaram a guerra, a fome e a morte causada pela guerra, pela fome, pela peste e pelas feras da terra. O texto de Ap 6.8 mostra que a quarta parte da terra morrerá no período representado pelos quatro cavalos, sendo que o inferno seguia aquele que estava assentado sobre o cavalo amarelo que tinha por nome Morte. Tal fato parece ser indicativo do número de pessoas que morrerão neste período sem salvação, no entanto, Deus ainda estará dando oportunidade à todos os homens de se converterem ao Senhor Jesus recebendo assim a sua eterna salvação. O texto de Ap 6.6 mostrou a fome como conseqüência da injustiça social, já que é visto a carestia em relação ao trigo e a cevada em função da escassez destes alimentos, sendo os mesmos representantes da alimentação básica dos pobres, enquanto que em relação ao azeite e o vinho, podendo estes ser vistos como representantes da alimentação dos ricos, ouve-se uma ordem para que os mesmos não fossem danificados. Apesar desta interpretação quanto ao texto de Ap 6.6 ser possível, talvez seja possível, por inferência, ver na ordem quanto a preservação do azeite e do vinho a oportunidade neste período inicial da Tribulação/Grande Tribulação para salvação, pois o azeite na Bíblia é uma simbologia quanto a presença do Espírito Santo, e o vinho é uma simbologia da nova vida gerada pela palavra e pelo Espírito Santo. Assim, apesar da espada, da fome, da peste, das feras da terra consumir a quarta parte da terra sendo muitos levados sem salvação, os mártires vistos debaixo do altar com a abertura do quinto selo, indica que haverá aqueles neste período que responderão positivamente à graça de Deus. É importante, no entanto deixar claro que estes também serão salvos pela fé em Jesus Cristo e não pelo martírio em si, pois isto não seria suficiente para purificá-los de seus pecados, e daí as suas almas serem vistas “debaixo do altar”, uma linguagem que lembra o altar do Holocausto, onde o sangue que era derramado no Antigo Testamento apontava para a morte de Jesus Cristo. O sacrifício de Jesus, portanto alcança tanto aqueles que crêem em Jesus não somente a partir da sua vinda, ou seja, todos os crentes do Novo Testamento, como também aqueles que nos tempos do Antigo Testamento criam na vinda do Redentor já anunciada desde o momento em que o homem pecou, conforme descrito em Gn 3.15: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
2.2 O clamor dos mártires – Até quando, ó verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10). Este clamor afasta qualquer possibilidade destes mártires pertencerem a qualquer tempo anterior ou posterior ao abrangido pelos selos segundo, terceiro e quarto. É o que indica o tempo presente do verbo ‘habitar’. Os assassinos estão vivos quando os mártires clamam por justiça.
João vê que os mártires do período de Tribulação clamam a Deus por julgamento quanto ao fato de terem sido mortos por causa da justiça (por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram). Isto lembra o clamor do sangue de Abel, o primeiro justo que sofreu o martírio na terra, conforme Gn 4.10: “E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra”. O autor de Hebreus faz em Hb 12.24, por inferência, menção a este fato, falando do sangue de Jesus “que fala melhor do que o de Abel”, e isto porquê, enquanto o sangue de Abel clama por justiça, o sangue de Cristo, o mediador da nova aliança, clama por perdão (ver Lc 23.34). Em Mt 23.34,35, Jesus fala do futuro julgamento daqueles que derramam o sangue dos justos sobre a terra: “Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade; para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar”. Assim, percebe-se que Deus não deixará de julgar todos aqueles que um dia usaram de violência derramando o sangue dos justos desde o início da história da humanidade até a conclusão de todas as coisas, porém a resposta do Senhor dada aos mártires em Ap 6.10, quando então é dado a cada um “uma comprida veste branca”, linguagem esta que indica que não por sua própria justiça eles foram salvos, mas pela justiça de Cristo, sendo lhes então dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, mostra que, assim como estes tiveram ainda oportunidade de salvação pela graça, continuará havendo chance de salvação no restante do período de Tribulação/Grande Tribulação, sendo esta ainda pela fé em Jesus Cristo , pois o sangue de Jesus clamando por perdão continuará falando melhor do que o sangue dos mártires. Aqueles, porém que se converterem durante todo este período haverão “de ser mortos como eles foram” (Ap 6.10), o que indica que a perseguição por causa do amor demonstrado pelos salvos a palavra e por causa de seu testemunho continuará por todo período da Tribulação/Grande Tribulação.
3. O Cordeiro abre o sexto selo (Ap 6.12-17) – A abertura deste selo... é o prelúdio do Dia do Senhor (Jl 2.31). Os crentes surgidos desde a abertura do segundo selo até o sétimo podem ser comparados com a igreja de Esmirna. O que Jesus fala àquela igreja e a respeito dela, encaixa-se perfeitamente a esses crentes (Ap 2.10). Vamos aos resultados da abertura do sexto selo.
Jl 2.31,32: “E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”.
A abertura do sexto selo traz em si o cumprimento daquilo que foi previsto pelo profeta Joel, sendo isto os acontecimentos que antecederão “o grande e terrível dia do Senhor” que é propriamente dito o período da Grande Tribulação, ou seja, os três anos e meio finais dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação. A abertura do sexto selo não inicia, portanto “a Grande Tribulação”, porém o sexto selo anuncia, de certa forma, a sua aproximação. A Grande Tribulação propriamente dita só terá início depois do toque da sexta trombeta descrito em Ap 9.13-21, pois em Ap 11.2 é feito pela primeira vez a menção deste período como sendo de 42 meses, conforme também escreve A. Gilberto (2000, p. 141,142) de acordo com o seguinte texto transcrito abaixo:
“Nos capítulos 10 e 11 tem início a segunda metade da 70ª semana de anos de Daniel 9.27, isto é, seus últimos três anos e meio. Há menção disso pela primeira vez em Apocalipse no capítulo 11.2: “quarenta e dois meses”. A seguir, o mesmo assunto é mencionado em: 12.6 – “mil duzentos e sessenta dias”; 12.14 – “um tempo, tempos, e metade de um tempo”; 13.5 – “quarenta e dois meses. Tudo isso corresponde ao mesmo período citado em Dn 7.25: ‘um tempo, dois tempos, e metade de um tempo’”.
3.1 Objetivos do rompimento do sexto selo – São três. Primeiro é, que vendo a poderosa mão de Deus deslocando os exércitos da natureza, os homens... se arrependam e se convertam. Segundo, são os poderosos deste mundo reconhecerem que todos os males que vem afligindo a terra, não são simples calamidades naturais, mas intervenção direta e urgente de Deus na história (Ap 6.15-17). Terceiro, é visitar Satanás e suas hostes nas regiões celestiais com o aviso de que o fim do domínio deles nos ares e na terra está às portas (Is 24.21).
3.3 Conseqüências do sexto selo – A terra parecerá ter perdido toda a sua estabilidade. O firmamento parecerá estar fora de controle. Poderosos instrumentos servirão para aumentar a angústia e a aflição dos homens. Os observadores espaciais verão a desorganização, desestabilização e remoção dos governos humanos e do principado de Satanás... Toda criação será conduzida para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8.19-22).
Ap 6.12-17: “E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”
Quando o sexto selo é aberto, João vê alterações relacionadas à superfície da terra, sendo estas causadas por um grande tremor de terra, de forma que os montes e as ilhas serão removidos do seu lugar. Conforme escreve W. Malgo (2000, pp. 26,27) a terra será sacudida por um terremoto extraordinariamente forte. A possibilidade deste fato acontecer pode ser vista no número crescente de terremotos a cada século. De acordo com W. Malgo, o observatório de Estrasburgo realizou e publicou estatísticas sobre o número de terremotos de forma que desde 1905 a 1975, 625.700 pessoas morreram em terremotos. Entre Janeiro e Julho de 1975 o número registrado de pessoas mortas em terremotos foi de 1.015.500. No século 19 foram registrados 2119 terremotos por este observatório e no século 20 esse número foi muito maior. Além disto, João vê também alterações relacionadas ao mundo cósmico, pois ele descreve alterações relacionadas ao sol, a lua e as estrelas. O temor virá sobre todos os homens, grandes e pequenos, havendo um reconhecimento quanto a soberania e os juízos de Deus, porém tal reconhecimento é apenas intelectual, de forma que os homens tentarão esconder-se da ira de Deus. Não é visto neste reconhecimento o arrependimento dos homens em relação às suas culpas, e assim para muitos poderá ser tarde demais. Este, porém não é o último convite dado por Deus aos homens para se arrependerem. O estudo de Apocalipse na seqüência mostra que Deus continuará dando oportunidades para a salvação em Cristo Jesus , e é desta forma que tanto judeus, como gentios são vistos como que fazendo parte dos salvos nos acontecimentos subseqüentes, conforme também compreende T. P. Jenney (2003, pp. 1867,1868) no seguinte comentário acerca dos fenômenos observados com a abertura do sexto selo:
“Os que lucraram sob o reinado do mal são aqueles que estarão mais ameaçados por sua deposição. Levados a acreditar que a presente situação durará para sempre, essas pessoas acumularam toda espécie de poder terreno; político (os reis e príncipes), militar (os generais) e econômico (os ricos e poderosos). [...] Tendo adorado por muito tempo deuses de pedra e minerais, implorarão às montanhas e rochedos para protegê-los contra o julgamento de Deus. Mas implorarão em vão, pois as montanhas e rochedos se negarão a responder. Esses objetos inanimados mostrarão mais juízo que qualquer um dos reis da terra. Reconhecerão seu Criador e tremerão, pois a justiça está próxima (Os 10.8; cf. Sl 114; Ez 38.20; Am 4.13; Mq 1.4; 6.1). ‘Quem poderá subsistir’ ao dia da ira do Cordeiro?’ O próximo capítulo revela a resposta. Somente um grupo escapará, somente um grupo será capaz de subsistir: O povo de Deus, os salvos; os judeus (7.4-8) e também os gentios (7.9-17) subsistirão junto com os anjos (7.1), adorando ao redor do trono. Veja que a solução para sobreviver à próxima atribulação não é a fuga ou a mudança para uma remota localidade, a compra de armas de fogo ou o estoque de alimentos. A única forma de escapar à destruição é lavar as vestes e branqueá-las ‘no sangue do Cordeiro’ (7.14)”.
Is 13.9-11: “Eis que vem o dia do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores. Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz. E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos”.
Is 24.21: “E será que naquele dia o Senhor castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra”.
Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse – Compreendendo o Plano de Deus para Estes Últimos Dias, 2000, 16ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a Ed., EETAD, Campinas, SP.
T. P. Jenney, Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a Ed., EETAD, Campinas, SP.
T. P. Jenney, Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.
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