Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara
Texto Áureo: “O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas” (Ap 1.20).
Verdade Aplicada: Qualquer organização cristã que não corresponder ao perfil das sete igrejas, pelo menos em algumas das suas características, não pode ser considerada igreja.
As sete igrejas do Apocalipse simbolizam a igreja como um todo ao longo da história do cristianismo em todas as épocas e em todos os locais. As condições nelas descritas mostram as condições que podem vir a ser observadas na igreja durante o tempo de sua existência neste mundo, sendo tais condições em alguns casos positivas em outros negativas. As organizações cristãs existentes podem se encaixar ao perfil das sete igrejas tanto no aspecto positivo quanto no aspecto negativo, e tendo em vista o fato de que as sete igrejas representam toda a história do cristianismo parece óbvio que isto será observado; no entanto não é o fato de corresponder a um ou outro perfil de uma ou outra das sete igrejas que define uma organização cristã como igreja. Aliás, em alguns casos, como por exemplo, o da igreja de Laodicéia, o ideal é que uma organização cristã não se encaixe de maneira alguma a nenhum dos traços do perfil observado.
Uma organização cristã é definida como igreja de Cristo, em princípio, em função do tipo de confissão de fé nela professada, sendo que esta deve estar fundamentada na confissão de Pedro descrita em Mt 16.16, quando então, mediante a pergunta de Jesus feita aos discípulos “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (Mt 16.13), Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). Da confissão feita por Pedro e do subseqüente diálogo de Jesus com seu discípulo, onde então Jesus afirma “E sobre esta pedra edificarei a minha igreja...” (Mt 16.17), conclui-se que o que define uma organização cristã como igreja é o fato desta crer e confessar a existência divina e distinta do Pai e do Filho, pois ao confessar que Jesus é o Filho do Deus vivo, Pedro faz a distinção entre o Pai e o Filho, e ao mesmo tempo, na expressão “o Filho do Deus vivo”, ele deixa também subentendido sua fé quanto a deidade absoluta de Jesus, sendo Ele [Jesus] a expressão exata do que o Pai é (cf. Jo 14.9; Cl 1.19; Hb 1.3). Além disto, uma organização cristã só pode ser definida como igreja de Cristo por sua confissão também em relação à Pessoa divina e distinta do Espírito Santo (ver Jo 14.26; 15.16; Jo 16.13,14), e se nela for observado a presença e a operação do Espírito de Deus, sendo tal presença indicada pelas atitudes dos membros da igreja como que condizentes com a confissão de que Jesus Cristo é o Senhor, pois, conforme o próprio Senhor Jesus diz em Mt 7.21 “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”.
Objetivos da Lição:
· Ressaltar a importância das cartas para que os crentes individualmente sejam santos.
· Conduzir a igreja à apropriação tanto das reprimendas quanto das promessas de Jesus.
· Ensinar que nossos dias são os dias imediatamente anteriores “às coisas que em breve devem acontecer”.
Textos de Referência: Ap 1.4-6, 9-11
Introdução: Ao estudar sobre as sete igrejas da Ásia, tenha em mente que o que foi dito a ela e a respeito delas poderá ser dito de todas e para todas as congregações cristãs de qualquer lugar e tempo. Em vista disso, Jesus as constituiu como um tipo de igreja que surgiria sobre a terra. E aos fiéis que congregarem em seu interior, o Senhor já elegeu qual tipo da igreja que reúne os elementos indispensáveis ao arrebatamento.
Os capítulos 2 e 3 de Apocalipse apresenta sete cartas tendo estas sido direcionadas às sete igrejas que existiam na província romana da Ásia, sendo estas as igrejas localizadas em Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. De forma geral, as cartas descrevem as condições reais de cada igreja existente no período de João; elas, porém apresentam as possíveis condições espirituais a ser encontradas nas igrejas em todos os tempos e em todos os lugares na história do cristianismo. A seqüência descrita em relação às igrejas começando pela igreja em Éfeso até a igreja em Laodicéia tem também um sentido profético, já que cada igreja representa um período na história da igreja desde o tempo em que ela começou a ser difundida entre os gentios até os dias que antecederão o arrebatamento da igreja. Segundo Tim LaHaye e Thomas Ice (2004, p. 7), Gary Cohen, um estudioso das profecias e autor de livros sobre o assunto, explica isso da seguinte maneira:
“A teoria de que as sete igrejas de Apocalipse 2-3 são proféticas, que elas representam sete períodos consecutivos na história eclesiástica, aparentemente foi sugerida pela primeira vez por algumas palavras do mártir Victorinus, Bispo de Pettau (morto em cerca de 303 d.C.). Essa crença, como afirmada hoje, não nega que as sete igrejas, ao mesmo tempo, são tanto históricas e simbólicas. Ela afirma que o elemento profético está em aditamento àqueles outros elementos e é inteiramente compatível com eles. Desse modo, essa posição contempla as sete congregações como (1) existentes historicamente no tempo em que João escreveu o Apocalipse em 95-96 d.C.; (2) como representativas de toda a igreja por meio dos sete tipos de igrejas locais, que existem ao longo de todas as dispensações; e (3) como prefiguração dos sete aspectos de igrejas confessionais que surgirão sucessivamente em proeminência antes da segunda vinda de Cristo”.
Em geral, os sete períodos são identificados de acordo com a seguinte seqüência descrita abaixo:
· Éfeso – Igreja apostólica (30-100 d.C.)
· Esmirna – Igreja perseguida (100-313 d.C.)
· Pérgamo – Igreja do Estado (313-590 d.C.)
· Tiatira – Igreja papal (590-1517 d.C.)
· Sardes – Igreja reformada (1517-1730 d.C.)
· Filadélfia – Igreja missionária (1730-1900 d.C.)
· Laodicéia – Igreja apóstata (1900- ... d.C.)
1. Considerações preliminares – A igreja é caracterizada, no primeiro capítulo do Apocalipse, para que possamos identificá-la quando ela aparecer de novo no desenrolar do livro. As sete estrelas na mão direita do Senhor são interpretadas por Jesus como sendo os sete anjos (pastores) das sete igrejas da Ásia Menor. As sete igrejas são os castiçais; seus ministros são estrelas; mas Cristo é o sol (Ap 1.16b, 20, Ml 4.2). Ele é para o mundo moral o que o sol é para o mundo físico.
Ap 1.16: “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”.
Ap 1.20: “O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas”.
1.1 O número sete – As idéias expressas pelo número sete são especialmente: Perfeição, plenitude, suficiência, consumação, obra completa e repouso. Sete representa toda a perfeição do amor de Deus. As sete igrejas são tipos perfeitos da igreja de Cristo. Elas apresentam qualidades e defeitos. Mas todas elas têm algo em comum: “As sete estrelas (pastores) estão na mão do Senhor” e “Ele anda no meio delas” (Ap 2.1). Para todas elas é feita uma promessa ao que vencer, e para todas elas é dito: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz”.
Conforme já visto anteriormente, as sete igrejas podem ser vistas como que representando todas as igrejas em todas as épocas e locais, elas são, portanto “tipos das igrejas cristãs” que surgiriam ao longo da história do cristianismo. Em alguns casos, algumas igrejas são completamente repreendidas por Jesus, não sendo feito a elas nenhum elogio por parte do Senhor, fato este que indica o quanto estavam distantes da vontade e da perfeição do Senhor; apesar disto o direcionamento do Apocalipse à sete igrejas, sendo o número sete um número que indica perfeição, expressa a idéia quanto à existência da perfeita igreja de Jesus Cristo.
As sete igrejas da Ásia são apresentadas, sendo mostrado através delas condições espirituais positivas, mas também negativas, podendo estas estar presentes ou não nas igrejas ao longo da história do cristianismo. O Senhor Jesus, porém não desiste da igreja, e assim como sendo Aquele que é o mantenedor da igreja (na sua destra sete estrelas), através da sua Palavra, Ele adverte a igreja (da sua boca saía uma aguda espada de dois fios) e resplandece sobre ela como o Sol da Justiça (rosto era como o sol, quando na sua força resplandece), para que desta forma a igreja venha tomar diante dEle a posição por Ele requerida. O Senhor insiste para que a igreja, tanto no sentido coletivo quanto individual arrependa-se do caminho que tem sido por ela tomado, e é desta forma que, “a perfeita igreja de Cristo” aquela que é purificada com a lavagem da água, pela palavra, para assim ser apresentada diante do Senhor “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27b), é então vista arrebatada no céu, sendo ela uma única igreja, tirada de dentre as igrejas que tiveram então a oportunidade de dar ouvidos àquilo que o Espírito diz às igrejas.
De forma geral as sete cartas direcionadas às sete igrejas da Ásia Menor, são descritas na seguinte seqüência:
· Um atributo de Cristo
· Um elogio à igreja
· Uma advertência
· Um chamado ao arrependimento
· Uma sentença
· Uma promessa ao vencedor
A exortação “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”, aparece em todas as cartas, sendo que nas cartas direcionadas às igreja de Éfeso, Esmirna e Pérgamo ela aparece antes da promessa ao vencedor (ver Ap 2.7,11,17). A partir da carta a Tiatira esta exortação aparece depois da promessa ao vencedor, e não antes dela, como nas anteriores (ver Ap 2.29; 3.6,13,22), talvez indicando que deste ponto em diante, somente os vencedores terão de fato ouvidos para ouvir o que o Espírito diz às igrejas.
Mt 13.15: “Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure”.
2 Tm 4.3,4: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.
1.3 O significado de anjo – A comparação dada por João nos capítulos 2 e 3, refere-se aos ministros responsáveis pelas igrejas em destaque. Do capítulo 4 em diante, são anjos, emissários celestiais enviados da parte de Deus, que executarão todo seu intento durante os dias da Grande Tribulação (Ap 2.1a).
Segundo o “Novo Dicionário da Bíblia” (J. D. Douglas, 1995, pp. 79,80), um anjo bíblico (hebraico mal’ãkh) é, etimológica e conceitualmente um mensageiro de Deus. De forma geral, percebe-se que os anjos podem ser usados como transmissores de ordens, mandamentos e mensagens específicas da parte de Deus; como aqueles que prestam socorro aos servos de Deus; como que comissionados para prestar ajuda militar; e, além disto, eles podem também executar os juízos de Deus, conforme fica demonstrado no livro de Apocalipse a partir do capítulo 6. O livro de Apocalipse apresenta também a palavra “anjos” em Ap 1.20, onde então Jesus se refere as sete estrelas que são vistas em sua destra como sendo os anjos das sete igrejas, sendo estes, provavelmente aqueles responsáveis pela transmissão e ensino da Palavra de Deus nas igrejas em destaque. A correlação entre as “sete estrelas” e os “anjos das sete igrejas” parece indicar que a mensagem que deve ser enviada pelos “anjos”, ou seja, por aqueles que são responsáveis em transmitir a mensagem da palavra de Deus a cada igreja é aquela relacionada em primeiro lugar à vida celestial e não à vida terrena, pois o crente em Jesus deve ser visto, em primeira instância, não como um habitante deste mundo, mas como um habitante da Pátria Celestial, de onde então ele aguarda a vinda do Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
Fp 3.18-21: “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas”.
Cl 3.1,2: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra”.
3. O retrato de Jesus e a importância da Igreja – O retrato de Jesus que é conhecido pela igreja espalhada na Ásia Menor; está listado no capítulo um. Todavia, Jesus é visto no meio da sua igreja. Cristo valoriza tanto a sua igreja que Ele se dá a conhecer no meio dela e não à parte dela. Ninguém verá Jesus fora da igreja. Hoje muitas pessoas querem Cristo, mas não a igreja. Hernandes Dias Lopes, um teólogo conceituado de nosso país, diz que é impossível que alguém possa ser salvo fora da comunidade cristã, porque Cristo está voltado para sua noiva. Ela ocupa o centro da sua atenção.
Ap 1.12,13: “E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro”.
O texto de Ap 1.12,13 descreve o primeiro instante da visão de João, quando então ele vê o Senhor Jesus Cristo. João se encontrava preso na ilha chamada Patmos, “por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo” (Ap 1.9b); preso e isolado de seus irmãos e companheiros, ele é “arrebatado em espírito, no dia do Senhor”, quando então ele ouve por detrás de si “uma grande voz, como de trombeta”. Depois de ouvir aquela voz, João recebe a ordem para escrever tudo o que lhe seria entregue e enviar “às sete igrejas que estão na Ásia: A Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia” (Ap 1.11). João volta-se para ver quem falava, e assim ele vê sete castiçais de ouro, sendo estes uma simbologia das sete igrejas, conforme lhe seria declarado pelo próprio Senhor Jesus em Ap 1.20. Depois de ver os sete castiçais de ouro, João vê “no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem” (Ap 1.13), sendo este, o Senhor Jesus Cristo em toda sua glória. A presença de Jesus no meio dos sete castiçais mostra a posição que Ele deve ocupar na igreja, sendo esta o lugar central na vida dAqueles que o servem. É somente desta forma que a igreja poderá cumprir o seu papel de revelar ao mundo o Filho de Deus em toda sua glória. Acerca desta visão, o seguinte comentário feito por W. Malgo (1999, p. 29) é interessante de ser considerado:
“O que logo chama a atenção aqui é que João, antes de ver a glória da pessoa de Jesus Cristo, vê primeiro a igreja! Isso quer dizer: Ninguém é capaz de ver Jesus em glória, a não ser através da verdadeira igreja! Que responsabilidade temos! ‘Vós sois a luz do mundo’, disse o Senhor (Mt 5.14). Quando um homem decepcionado por todo engano do mundo, finalmente se volta, então ele vê primeiro a igreja. Aí está nossa elevada missão, pois a glória da igreja é a glória de Jesus Cristo. Por isso deve-se dizer com toda a seriedade e bem radicalmente: A igreja de Jesus perde seu direito de existência quando não é mais o início da revelação de Jesus Cristo! Essa é a grande vergonha do nosso tempo, que o mundo ri sobre a igreja, sobre os crentes dizendo: ‘O que eles querem? Eles não são nada diferentes de nós!’ Isso era completamente diferente na primeira igreja. Ali pecadores, inclusive sacerdotes tremiam e oravam quando iam à igreja, porque na igreja viam a glória de Jesus”.
Fp 2.15: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo”.
2.1 e 3.1 Éfeso – Para os historiadores, todos os que desejassem viajar para Ásia Menor, Éfeso era a porta de entrada. Era a maior, a mais rica e a cidade de maior importância. Conhecida como a feira das vaidades, ela foi rebatizada como a “porta dos mártires” quando os cristãos foram capturados na Ásia Menor e levados a Roma. Foi considerada o centro do culto à Diana (At 19.35), lugar cheio de sacerdotisas conhecidas como “prostitutas sagradas”.
A igreja em Éfeso, que significa desejável, é a que perdera a resistência e abandonara o primeiro amor. Mas ela tem a promessa de ser vencedora e ir morar no céu se voltar às práticas das primeiras obras. Terá comunhão com o Deus de amor e se alimentará da árvore da vida, passando a ter vida eterna (Ap 2.1-5).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 35) Éfeso era a antiga capital da Ásia Menor, com aproximadamente meio milhão de habitantes; uma orgulhosa metrópole e ao mesmo tempo um destacado centro mercantil e o centro do culto a Diana. Segundo o mesmo autor, a tradição diz que Éfeso foi o local de residência do apóstolo João, onde então ele trabalhou e morreu. Entre 630 e 640 d.C., Éfeso caiu nas mãos dos turcos. A cidade foi destruída em 1402 d.C. por Timur-Lenk. As ruínas restantes chamam-se hoje Adscha Soluk, surgido de Hagios Theologos, que quer dizer “santo teólogo”, lembrando o apóstolo João, “o teólogo”, que teria sido lá sepultado.
Em sua terceira viagem missionária, Paulo se deslocou para Éfeso e ali ele permaneceu durante três anos. Em Éfeso, Paulo desenvolveu um próspero ministério “de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos” (At 19.10). Ali também, muitos dos que seguiam artes mágicas se converteram a Jesus de forma que seus livros eram queimados na presença de todos (ver Ap 19.19) e além disto, não somente em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, uma grande multidão se converteu da idolatria a Jesus, o que quase levou o culto à Diana em Éfeso cair totalmente em descrédito (ver At 19.26-41). A primeira carta é endereçada à igreja de Éfeso. Em termos proféticos a igreja de Éfeso representa a igreja do primeiro século (Ano 33 d.C. a 100 d.C.), a igreja apostólica. O nome Éfeso significa desejável, e a esta igreja Jesus se apresenta como Aquele “que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro” (Ap 2.1b). Assim, Jesus mostra seu poder como mantenedor da igreja quando Ele ocupa o lugar central na vida dAqueles que o servem. Percebe-se pelos relatos de At 19 que a igreja de Éfeso não se deixou ser influenciada pela cultura de sua região, antes pelo contrário, ela trabalhou incansavelmente pelo nome de Jesus, sendo tal fato reconhecido pelo Senhor em sua carta endereçada à igreja de Éfeso quando então Ele diz: “Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste” (Ap 2.2,3). Em Ap 2.4, Jesus, porém exorta a igreja por ter deixado seu primeiro amor, o que indica que apesar de seu labor, a motivação da igreja para tal, já não era o amor a Jesus. A igreja deveria lembrar-se onde caíra, arrepender-se e praticar as primeiras obras, tendo no amor a Jesus, a motivação para seu serviço. Jesus faz uma advertência a Éfeso, pois caso a igreja não viesse a dar ouvidos à sua voz, ela estaria sentenciada à escuridão, o que implica dizer que ainda que continuasse existindo, ela nada mais seria do que apenas uma instituição social. Em Ap 2.6, Jesus faz ainda mais um elogio à igreja estando este relacionado ao fato da igreja aborrecer as obras dos nicolaítas. Segundo escreve A. Gilberto (2003, p. 94), parece que os nicolaítas eram seguidores de um certo Nicolau que visava implantar dentro da igreja a lei da sucessão apostólica. A promessa final para os vencedores na igreja de Éfeso leva de volta à árvore da vida e ao paraíso de Deus, o que indica vida eterna e comunhão com Deus, assim como Adão e Eva o tiveram antes dos mesmos terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.
2.1 e 3.1 Laodicéia – Segundo Willam Hendriksen, era o lar dos milionários. Ficava no principal cruzamento de estradas dos vales da Ásia Menor; o que é hoje a Turquia. A cidade estava situada numa montanha que dava para um vale fértil e majestosas montanhas. Nos tempos romanos, a cidade era um importante centro de administração e comércio.
Para os crentes de Laodicéia, que também perderam a resistência, que amaram o mundo e se consideravam ricos e autossuficientes, se vencessem seus pecados tinham a promessa de assentar-se com Cristo em seu trono (Ap 3.14-22). No entanto, é a única igreja que Cristo não faz elogios.
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 94), Laodicéia estava localizada a sudeste de Filadélfia, nas proximidades de Colossos. Tratava-se de uma velha cidade frigia, que originalmente se chamava Dióspolis, e depois Rheos. Somente mais tarde ela recebeu o nome Laodicéia, em honra a Laodice, a terrível esposa do rei sírio Antíoco II. Nos tempos dos apóstolos, Laodicéia era uma cidade extremamente próspera. No ano 62 d.C. ela foi juntamente com Hierápolis e Colossos destruída por um terremoto. Por causa da sua grande riqueza, entretanto ela pode ser rapidamente reconstruída. No ano 1402 d.C. também essa cidade juntamente com Éfeso foi totalmente destruída pelas hordas de Timur-Lenk. Hoje encontram-se no seu lugar somente muitas ruínas que tem o nome de Eski-Hissar, que significa castelo antigo.
Em termos proféticos a igreja de Laodicéia representa a igreja do século XX até os dias atuais. Laodicéia significa “direito do povo, direito de mandar” e o estado espiritual de Laodicéia representa, de forma geral, o estado espiritual da igreja antes do arrebatamento. Jesus se apresenta a ela como sendo “o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” (Ap 3.14). Assim, Jesus mostra a igreja tudo o que ela deveria ser, ou seja, aquela que deveria estar em concordância com Deus, aquela que não deveria deixar se corromper em seu testemunho pelo sistema mundano, aquela que deveria dar seqüência à nova criação de Deus originada em Cristo, porém o estado de Laodicéia mostra exatamente o contrário de tudo isto. Em Ap 3.16, Jesus exorta a igreja por sua condição espiritual, nem fria, nem quente, mas morna, o que chega a causar náuseas em Jesus. O estado de mornidão pode ser entendido como decorrente de uma mistura. Em Laodicéia o mundanismo, a satisfação do homem substitui o lugar devido a Deus e a sua Palavra e daí a igreja chegar a este estado de coisas. Percebe-se pela forma como Jesus se dirige à igreja de Laodicéia em Ap 3.17, que esta igreja se deixou ser fortemente influenciada pela prosperidade de sua região. Assim, a arrogância, o orgulho, a auto-suficiência, o materialismo, a satisfação própria, o egocentrismo eram altamente valorizados na igreja de Laodicéia, tendo tudo isto substituído a presença do Espírito Santo e da Palavra de Deus em seu meio e daí Jesus se dirigir a esta igreja através das seguintes palavras: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3.17). Jesus aconselha a igreja a que “compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas para que te vistas e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os olhos com colírio para que vejas” (Ap 3.18). Tal linguagem é figurativa indicando que a igreja deveria buscar vida de íntima comunhão com o Senhor, vida prática pautada na justiça de Cristo e visão espiritual de acordo com os preceitos da Palavra de Deus, pois Laodicéia perdera completamente a percepção do que é ou não de Deus ou para Deus. Jesus mostra à igreja a razão para tal exortação, “eu repreendo e castigo a todos quantos amo” (Ap 3.19) e assim Ele chama a igreja ao arrependimento. Em Ap 3.20, Jesus diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo”. Tais palavras mostram como o mundanismo, o humanismo, os recursos humanos, o antropocentrismo, aquilo que é atraente aos olhos humanos substituiu a vida espiritual da igreja, e por isto o Espírito Santo foi colocado para fora da igreja, daí Jesus aparecer à porta, conclamando a igreja, não mais de forma coletiva, mas de forma individual, a abrir a porta para com Ele desfrutar de íntima comunhão. A promessa aos vencedores diz respeito a vinda do Reino Milenar de Cristo, quando então Ele se assentará em seu trono para reinar e com Ele aqueles que vencerem.
2.2 e 3.2 Pérgamo – Pérgamo (significa casado) foi a maior cidade no oeste da Ásia Menor nos tempos do Novo Testamento. Tornou-se parte do império Romano, mas por causa da localização e importância, os romanos usaram-na como centro administrativo da província da Ásia. Era uma cidade divorciada de idéias absolutas entregue ao liberalismo.
Aos irmãos de Pérgamo que se misturaram com o mundo, se vencessem pelo arrependimento receberiam absolvição no juízo e não seriam condenados com o mundo (Ap 2.12-17).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 52), a cidade de Pérgamo pertencia à Lídia sob o riquíssimo rei Creso e após sua derrota passou a pertencer ao Império Persa. Mais tarde ela passou a pertencer à Macedônia e em 264 a .C. tornou-se muito conhecida e ricamente ornamentada capital do reino de Pérgamo. No ano 133 a .C., pelo testamento de seu último rei, Átalo III, ela passou a pertencer ao Império Romano. A cidade era famosa principalmente devido ao templo de Esculápio e pelo gigantesco altar de Zeus. Ela tinha também uma famosa biblioteca com 250.000 rolos de pergaminho, porém nos tempos do apóstolo esta biblioteca já não se encontrava mais em Pérgamo; a ciência e a arte, entretanto ainda lá floresciam. Esta cidade ainda hoje existe, sendo ela chamada de Bergama habitada por gregos e turcos.
Em termos proféticos a igreja de Pérgamo representa a igreja desde o ano 313 d.C. até os anos 590 d.C. quando então o imperador Constantino oficializou o cristianismo como religião oficial do Império Romano. Pérgamo significa casamento e tal significado, além de representar a união da igreja com o estado, representa também a situação dúbia que a igreja estava vivendo já que ali havia aqueles que permaneciam fiéis a Jesus, mas também havia aqueles que seguiam a doutrina de Balaão e a doutrina dos nicolaítas. Jesus se apresenta como Aquele “que tem a espada aguda de dois fios” (Ap 2.12) o que significa que Ele estaria pronto para intervir e dividir. Em Ap 2.13, Jesus diz conhecer o lugar onde a igreja habita, “que é onde está o trono de Satanás”, e a elogia por, apesar das influências malignas, a igreja ter retido o seu nome. Em termos locais, isto diz respeito à própria cidade de Pérgamo que era naquela época a sede do governador romano e o centro do culto ao imperador. Havia ali, entre outros, um grande templo dedicado a Roma, no qual César Augusto deveria receber adoração divina (W. Malgo, 1999, p. 54), e apesar disto a igreja reteve, conforme diz o próprio Senhor Jesus “o meu nome e não negaste a minha fé”, mesmo depois de Antipas, sua testemunha fiel ter sofrido o martírio naquele lugar. Em termos proféticos, a frase “reténs o meu nome” diz respeito ao Concílio de Nicéia quando então a Doutrina da Trindade foi afirmada, sendo também reafirmado a deidade consubstancial de Cristo. Em Ap 2.14, Jesus adverte a igreja contra aqueles que seguiam a doutrina de Balaão, sendo que tal doutrina estava relacionada provavelmente à imoralidade sexual e a idolatria (cf. Nm 25.1-3). A advertência é também dirigida contra aqueles que seguiam a doutrina dos nicolaítas. O Senhor chama a igreja ao arrependimento e caso não, Ele mesmo batalharia “contra eles” com a espada da sua boca, o que indica que o próprio Senhor possibilitaria uma divisão dentro da igreja. A promessa para os vencedores diz respeito a comer do “maná escondido”, uma linguagem que indica intimidade com Deus no “Santo dos santos”, já que ela traz à memória o maná que foi colocado em um vaso para ser guardado dentro da Arca da Aliança (cf. Ex 16.33,34). A promessa para os vencedores diz respeito também a uma pedra branca, na qual um novo nome estaria escrito “o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2.17b). Segundo escreve D. H. Stern (2008, p. 870) no mundo antigo a pedra branca era usada como ingresso para os festivais públicos; e assim também, serão os crentes, portadores desta pedra branca, admitidos no banquete messiânico por ocasião da celebração das bodas do Cordeiro.
2.2 e 3.2 Tiatira – Tiatira estava localizada num fértil vale no qual passavam rotas de comércio. Embora destruída por um terremoto durante o reino de César Augusto (27 a .C.), Tiatira foi reconstruída com a ajuda romana. Produtos têxteis eram os mais importantes em Tiatira.
Os crentes de Tiatira que foram dramaticamente seduzidos e toleraram a impureza caindo na imoralidade. Jesus se apresenta como Deus que sonda e conhece seus atos e é poderoso para julgá-los, mas, se vencerem, receberão a promessa de ter autoridade sobre as nações (Ap 2.21-23).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 63) a cidade de Tiatira era localizada numa região encantadora, em um vale. Ela abrigava uma guarnição da milícia romana, e era conhecida como cidade comercial, sendo famosa por causa de seus excelentes artífices. Também Tiatira permaneceu até ao presente. Ela se chama hoje Akhisar, “a cidade branca”, devido às muitas pedreiras de mármore que brilham nas montanhas próximas.
Em termos proféticos a igreja de Tiatira, cujo nome significa “desagradável” representa a igreja desde o ano 590 d.C. até os anos 1517 d.C. quando então a igreja ficou debaixo do poder das trevas da igreja Católica. O sistema de Jezabel observado em Tiatira em termos proféticos corresponde ao papado e seus dogmas antibíblicos. Os fatos relacionados à cidade de Tiatira não indicam nenhum tipo de influência cultural que teria seduzido a igreja ali presente, porém em sua carta endereçada a esta igreja, Jesus mostra estar ali uma igreja espiritualmente caída, mas apesar disto, ela desfrutava de progresso sendo as suas últimas obras mais do que as primeiras conforme Jesus declara em Ap 2.19. Jesus se apresenta a ela como “o Filho de Deus que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao latão reluzente” (Ap 2.18). Tal linguagem indica a onisciência de Jesus, e, portanto seu conhecimento quanto a camuflada situação de Tiatira, pois todo seu labor estava servindo para manter a tolerância aos ensinos da falsa profetiza Jezabel (provavelmente um pseudômino, numa alusão a Jezabel, mulher de Acabe que promovera a adoração a Baal em Israel na ocasião em que Acabe foi rei do reino do norte), de forma que seus servos estavam sendo induzidos a prática da imoralidade sexual e a idolatria. A presença de Jesus com os pés semelhantes ao latão reluzente indica que Ele estava pronto a intervir e exercer juízo sobre a igreja de Tiatira, pois a esta já havia sido dado “tempo para que se arrependesse da sua prostituição; e não se arrependeu” (Ap 2.21b). Jesus adverte a igreja mostrando o juízo iminente sobre Tiatira “e sobre os que adulteram com ela” (Ap 2.22b). Morte espiritual seria a conseqüência para seus filhos, ou seja, para aqueles que são gerados por um sistema adúltero de religião como o que representado pela igreja de Tiatira. Em Ap 2.24,25, Jesus exorta aqueles em Tiatira que não tinham se sucumbido a esta doutrina, a reterem o que tem até a sua vinda. A promessa aos vencedores diz respeito a concessão de poder sobre as nações, linguagem esta que remete ao futuro Reino Milenar de Jesus Cristo, quando então a igreja voltará para reinar com Ele na terra. Jesus diz também que aos vencedores seria dado a “brilhante estrela da manhã”. Sendo Ele a própria “estrela da manhã” a promessa de Jesus aos vencedores parece indicar o “arrebatamento da igreja”, pois assim como a estrela da manhã aparece no céu antes do sol nascer, Cristo aparecerá como a “Estrela da manhã” para arrebatar a igreja ao céu antes de vir como o Sol da justiça para reinar sobre a terra.
2.2 e 3.2 Sardes – Sardes foi uma das cidades legendárias da Ásia Menor; onde hoje é a Turquia. Nos tempos do Novo Testamento, Sardes foi parte da província Romana da Ásia. Situada no alto de uma colina, com muros e fortificada demonstrava ser imbatível, indestrutível e inabalável, por isso seus soldados e habitantes tinham a certeza que jamais cairiam nas mãos de seus inimigos.
Já para os cristãos que estavam em Sardes e viviam de aparência, sempre tentando construir uma reputação de igreja viva, com alguns irmãos no CTI espiritual (Ap 3.2), para esta, após seu arrependimento, teriam o nome escrito no livro da vida e seriam confessados diante de Deus (Ap 3.1-6).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 75), historicamente, Sardes era a antiga sede real da Lídia, cujo passado foi um passado cheio de glória. No tempo dos romanos, entretanto, na época de João, apesar do seu bem estar, Sardes tornara-se uma cidade provinciana destituída de brilho. Mais tarde, ela ganhou novamente uma certa fama, e isso através do bispo Melito de Sardes, falecido no ano de 170 d.C.; na época atual, porém nada mais resta dessa notável cidade, senão um monte de ruínas espalhadas numa ampla área, e entre elas miseráveis casebres turcos, que juntos formam uma pequena vila com o nome Sarte.
Em termos proféticos Sardes representa a igreja desde o ano de 1517 até o ano de 1750, correspondendo este período ao da reforma protestante. Sardes significa “os que escapam”. Assim, de certa forma ela representa aqueles que escaparam do sistema corrompido de Tiatira dando a igreja um novo começo. Jesus se apresenta a esta igreja como Aquele “que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas” (Ap 3.1b). Ele apresenta, portanto à igreja “em seu novo começo”, simbolizado este pelas sete estrelas, toda a plenitude do Espírito Santo à sua disposição. Parece que a questão da fama quanto ao passado cheio de glória, foi a influência cultural recebida pela igreja de Sardes que aprende assim a viver de aparência. Em Ap 3.1, a igreja de Sardes é advertida por Jesus quanto a sua condição espiritual. Aos olhos humanos ela aparentava e tinha fama de ser uma igreja viva, mas o Senhor mostra sua condição espiritual dizendo que a igreja estava “morta”. Em termos proféticos, isto representa a reforma protestante, pois apesar do entusiasmo dos reformadores, muitos durante o período que sucedeu a reforma foram tomados, apesar da confissão de fé, pelo formalismo, sem apresentarem nenhuma demonstração prática da palavra de Deus em suas vidas. Tal fato levou Jesus a não achar as suas “obras perfeitas diante de Deus” (Ap 3.2). Jesus ordena a igreja de Sardes a lembrar-se “do que tem recebido e ouvido”, fato este que indica que a igreja não deveria se firmar em sua fama, mas sim na busca da plenitude do Espírito Santo à sua disposição e em atitudes que correspondessem àquilo que ela tinha até então ouvido, ou seja, a igreja não deveria ser apenas ouvinte da palavra de Deus, mas também praticante. Ele exorta ao arrependimento e a vigilância, pois caso contrário, sua vinda poderia surpreender a igreja, que firmada em sua aparência ou em sua fama, não demonstrava nenhuma preocupação ou alegria quanto a vinda do Senhor, e sendo assim para ela a vinda de Jesus seria como a vinda de um ladrão, o que a tomaria de surpresa. Em Ap 3.4, Jesus fala de um remanescente que não contaminou as suas vestes, ou seja, estes guardaram com fidelidade o testemunho cristão e por isso, com Ele, andariam de branco. A promessa ao vencedor diz respeito às vestes brancas, sendo estas uma analogia a justiça de Cristo. Além disto, o Senhor promete de maneira nenhuma riscar o nome daquele que vencer do livro da vida, sendo que também tal nome seria confessado diante do Pai Celestial e diante dos anjos.
2.3 e 3.3 Esmirna – A cidade de Esmirna era considerada o ornamento, a coroa e a flor da Ásia. Tinha o principal porto da Ásia e um comércio próspero. Com magnífica arquitetura, com templos dedicados a Cibeles, Zeus, Apolo, Afrodite e Esculápio. Havia sido fundada como colônia grega no ano de 1000 a .C.; no ano 600 a .C., os Lídios a invadiram e destruíram-na por completo. No ano 200 a .C., Lisímaco a reconstruiu e fez dela a mais bela cidade da Ásia. Quando Jesus disse que estivera morto, mas revivera, os cidadãos daquela cidade sabiam bem o que Jesus estava falando, pois a cidade estava morta e havia revivido como metrópole.
A igreja na cidade de Esmirna enfrentava sofrimento, muita perseguição e morte; o martírio fez parte de sua história. A palavra Esmirna vem de “mirra”, uma erva amarga. Portanto, o nome da cidade é bem apropriado para uma igreja com sofrimento. A esta congregação o Senhor Jesus diz que conhece sua tribulação, pobreza e blasfêmia de seus inimigos, mas lembra que modo algum eles experimentarão a segunda morte (Ap 2.8-11).
Segundo escreve Win Malgo (1999, p. 45) Esmirna era na época de João, uma bonita e rica cidade comercial na Ásia Menor, que tinha sido fundada por Alexandre Magno.
Em termos proféticos a igreja de Esmirna representa a igreja desde o ano 100 d.C. até o ano 312 d.C., quando então a igreja foi severamente perseguida durante o reinado de dez imperadores sendo estes de acordo com J. Fox (2003, pp. 7-37): Nero (67 d.C.), Domiciano (81 d.C), Trajano (108 d.C.), Marco Aurélio (162 d.C.), Severo (192 d.C.), Maximino (235 d.C.), Décio (249 d.C.), Valeriano (257 d.C.), Aureliano (274 d.C.), Diocleciano (303 d.C.). Profeticamente falando, o versículo 10 onde Jesus diz “tereis uma tribulação de dez dias” se aplica ao período destes dez imperadores. O nome Esmirna significa amargura, estando este relacionado à mirra, substância que se tornou símbolo de morte. W. Malgo (1999, p. 44) escreve sobre isto:
“No Antigo Testamento era justamente a mirra que tinha primeiro que ser triturada antes que pudesse ser oferecida como aroma agradável sobre o altar do incenso de ouro. Esse era o caminho da igreja de Esmirna, e também nós, como os crentes de Esmirna, somos triturados, esmigalhados e esmagados, para que nossa oração na essência seja nosso próprio ser, tornando-nos nós mesmos um aroma agradável ao Senhor. Esmirna era uma cidade de mártires. Policarpo, o pai da igreja, foi mais tarde queimado sobre o monte Pagus em Esmirna; no mesmo lugar o solo foi regado com o sangue de 1500 testemunhas de Jesus, que foram executadas ao mesmo tempo, sendo feito o mesmo depois com mais 800. O Senhor voltou seus olhos para essa cidade, pois no tempo em que João se encontrava em Patmos, ali uma de suas igrejas encontrava-se em grande tribulação”.
Em Ap 2.8b, Jesus se apresenta a esta igreja como sendo “o Primeiro e o Último, que foi morto e reviveu”. Assim, a igreja sofredora em Esmirna foi animada a permanecer firme na fé, tendo como exemplo o próprio Senhor Jesus Cristo em seu sofrimento e também o conhecimento de que, apesar das circunstâncias, o controle de todas as coisas permanece eternamente em suas mãos. Em Ap 2.9,10, Jesus elogia a igreja por suas obras sendo esta caracterizada principalmente por sua tribulação e pobreza, e no entanto apesar disto tudo, espiritualmente a igreja era rica. Jesus fala também a esta igreja da blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são a “sinagoga de Satanás”, sendo que tal terminologia parece indicar os judaizantes que tentaram impor algumas regras, como por exemplo, a circuncisão, como sendo necessária para a salvação, mas a igreja, ao que parece, permaneceu firme na graça de Deus não se rendendo aos judaizantes. Jesus encoraja a igreja quanto aos seus sofrimentos e a exorta a permanecer fiel ainda que fosse necessário morrer por amor a Ele. Como recompensa a igreja receberia a coroa da vida. A promessa final para os vencedores diz respeito a não receber o dano da segunda morte, o que está relacionado à morte eterna, quando então aqueles que morreram sem Cristo terão os seus corpos ressurretos, porém não para a vida eterna, mas para o castigo eterno no lago de fogo e de enxofre.
2.3 e 3.3 Filadélfia – Os reis de Pérgamo fundaram Filadélfia como um posto avançado do seu Reino no segundo século a.C. A cidade estava localizada ao longo de uma importante estrada de viagem que ligava Pérgamo ao norte com Laodicéia ao sul. Nos tempos do Novo Testamento, Filadélfia fazia parte da província Romana da Ásia. A cidade foi devastada por um terremoto em 17 d.C., e, por um tempo, as pessoas viveram com medo de tremores. Filadélfia foi reconstruída com ajuda do imperador Tibério. O nome Filadélfia significa amor fraternal.
Filadélfia é o grupo de irmãos que tinham pouca força, mas eram fiéis, o Mestre prevê para eles muitas oportunidades adiante, são fracos diante dos homens, mas poderosos para Jesus. Eles são exortados a conservarem o que possuem para que ninguém tome sua coroa (Ap 3.11).
Segundo escreve Win Malgo (1999, pp. 85, 86), a cidade de Filadélfia, cujo significado é “amor fraternal”, hoje existe sob o nome turco Alaseir. O nome Filadélfia não é de origem cristã, pois essa cidade foi fundada no ano de 154 a .C. pelo rei Pérgamo Átalo II. Este rei usava o cognome Filadelfo e por isto ele chamou a cidade por ele fundada por este nome. A cidade foi várias vezes destruída por terremotos, mas apesar disto ela foi sempre reconstruída, atingindo novamente a prosperidade.
Em termos proféticos a igreja de Filadélfia representa a igreja em sua fase avivada e missionária a partir de 1750, especialmente os séculos XVIII, XIX e inicio do século XX. Jesus se apresenta a esta igreja como “o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre” (Ap 3.7). Tal terminologia faz referência ao Reino Messiânico (cf. Is 22.22), indicando assim a autoridade de Jesus sobre todas as nações. Em Ap 3.8, Jesus mostra à igreja que diante dela estaria uma porta aberta ao qual ninguém poderia fechar. Assim, à igreja, que apesar de sua pouca força, guardou a sua palavra e não negou o seu nome “Santo e Verdadeiro”, Ele abre as portas das nações para a obra missionária. Em Ap 3.9, Jesus exorta acerca daqueles que faziam parte da sinagoga de Satanás, uma linguagem que denota, provavelmente um tipo de cristianismo sem sacrifício, sem renúncia, sem cruz (cf. Mt 16.22-25). Jesus elogia a igreja por sua perseverança e lhe dá a garantia de que ela seria guardada “da hora da tentação que há de vir sobre todo mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10b), o que indica a igreja de Filadélfia como que tipificando a igreja que será arrebatada da terra antes do período da Tribulação/Grande Tribulação, sendo este período referido por Jesus neste versículo como sendo “a hora da tentação que há de vir sobre todo mundo”. Jesus faz à igreja a promessa quanto a sua volta “sem demora” e exorta a igreja a guardar aquilo que têm “para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11). A promessa ao vencedor diz respeito à estabilidade e firmeza (coluna no Templo do meu Deus); e, além disto, em contraste com aqueles que receberão a marca da besta no período da Grande Tribulação, sobre os vencedores estará o nome de Deus, o nome da “nova Jerusalém”, e um novo nome do próprio Senhor Jesus, a quem os vencedores verdadeiramente pertencem.
Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a Ed., EETAD, Campinas, SP
D. H. Stern, Comentário Judaico do Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Editora Atos, Belo Horizonte, MG.
J. D. Douglas, O Novo Dicionário da Bíblia, 1995, 2ª Ed., Edições Vida Nova, São Paulo, SP.
J. Fox, O Livro dos Mártires, 2003, 5ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
T. LaHaye, T. Ice, Glorioso Retorno, 2004, 1ª Ed., Abba Press , São Paulo, SP.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo, 1999, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.
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