Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara
Texto Áureo: “E ouvi outra voz do céu que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorrais nas suas pragas” (Ap 18.4).
Verdade Aplicada: Sob nenhuma hipótese, a igreja do Senhor na terra, pela qual Ele entregou a própria vida na morte, deve ser confundida nem comparada com a meretriz do Apocalipse.
Objetivos da Lição:
· Entender que os falsos cristãos são, por Satanás, introduzidos na igreja, mas não fazem parte dela.
· Ensinar que a meretriz não é somente a instituição religiosa, mas todo o conjunto de doutrinas e idéias que apóiam projetos contrários a Deus e ao Seu reino.
· Enfatizar que verdadeira igreja não deve tolerar a meretriz. Mas rejeitá-la através de ensino veemente e constante da sã doutrina.
Textos de Referência: Ap 17.1-3,6
Introdução: Em Apocalipse [...], já foi dado o anúncio da queda de Babilônia. O capítulo 17 se detém na descrição daquela que foi, e será a grande prostituta, até que seja julgada e destruída. O capítulo 18 se ocupa dos pormenores da queda e destruição dela, bem como das suas conseqüências para os habitantes da terra.
O texto onde é feito o anúncio quanto a queda de Babilônia é aquele descrito em Ap 14.6-12 quando então três anjos são vistos por João proclamando o evangelho eterno e os juízos de Deus a todos os habitantes da terra, e a toda nação, e tribo e língua e povo. Neste trecho, em Ap 14.8, um dos anjos segue trazendo uma antevisão da queda de Babilônia através das palavras “Caiu! Caiu Babilônia, aquela grande cidade que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição”; a queda, porém literalmente falando somente é relatada em Ap 17-18 após o derramamento das sete taças da ira de Deus. A lição passada relatou o derramamento de quatro das sete taças da ira de Deus sendo isto descrito em Ap 16.1-9. O texto de Ap 16.10-21 prossegue trazendo o relato quanto ao derramamento das três últimas taças, sendo então descrito os seguintes acontecimentos:
· Em Ap 16.10, o quinto anjo derrama “a sua taça sobre o trono da besta”. O reino da besta se faz tenebroso levando os homens a morderem sua língua de dor. Conforme pode-se perceber a quinta taça atinge diretamente o centro do governo do Anticristo, “que se faz tenebroso” uma linguagem que talvez indique um princípio de desordem e desequilíbrio no reino do Anticristo. De alguma forma isto atingirá os homens fisicamente, porém nenhuma mudança de comportamento é manifesta em suas vidas, antes, pelo contrário “por causa das suas dores e por causa de suas chagas, blasfemaram do Deus do céu e não se arrependeram das suas obras” (Ap 16.11).
· Em Ap 16.12, o sexto anjo derrama “a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente”. A secagem do rio Eufrates parece encontrar relação com a batalha do Armagedom, sendo que provavelmente este fato facilitará a entrada de exércitos na região de Israel. João vê quando da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta saem “três espíritos imundos, semelhantes a rãs” (Ap 16.13). No versículo seguinte, ele descreve estes três espíritos imundos como demônios, sendo que estes, através do Anticristo e do falso profeta, estando Satanás por trás disto, induzirão os reis de todo o mundo a se ajuntarem em uma batalha contra a nação de Israel, e daí elas se congregarem, conforme João escreve em Ap 16.16 “no lugar que em hebreu se chama Armagedom” (Ap 16.16). Em Ap 16.14b, João se refere a esta batalha como sendo o “grande Dia do Deus Todo-poderoso” e na seqüência, ele descreve as seguintes palavras do Senhor: “Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas” (Ap 16.15). A seqüência destes versículos indica a volta de Jesus como que estando relacionada à batalha do Armagedom quando então o Senhor pelejará em favor de Israel, e daí a referência à mesma como “o grande Dia do Deus Todo-poderoso”, já que batalhar contra Israel é o mesmo que batalhar contra o Deus Todo-poderoso, conforme mostra, por exemplo, o Sl 83.1-5: “Ó Deus, não estejas em silêncio! Não cerres os ouvidos nem fiques impassível, ó Deus! Porque eis que teus inimigos se alvoroçam, e os que te aborrecem levantaram a cabeça. Astutamente formam conselho contra o teu povo e conspiram contra os teus protegidos. Disseram: Vinde, e desarraiguemo-los para que não sejam nação, nem haja mais memória do nome de Israel. Porque à uma se conluiaram; aliaram-se contra ti”. O chamado à vigilância feito pelo Senhor em Ap 16.15 indica também que ainda haverão salvos vivos por esta ocasião, quando então o período da Grande Tribulação estará caminhando para o fim, para o momento final da batalha do Armagedom.
· Em Ap 16.17, o sétimo anjo derrama “a sua taça no ar, e saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito!”. O efeito da sétima taça no ar deve atingir os povos em grande proporção já que todos os seres humanos são dependentes do ar para sobrevivência. João observa vozes, trovões, relâmpagos, ou seja, sinais do juízo de Deus sobre a terra e também “um grande terremoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a terra; tal foi este tão grande terremoto” (Ap 16.18). Em Ap 16.19, João fala da grande cidade que se fende em três partes em conseqüência deste terremoto. Esta cidade talvez seja uma referência a Jerusalém, mas também as cidades das nações sofrem as conseqüências deste terremoto. É em Ap 16.19 por ocasião da queda das cidades das nações que Babilônia volta a ser mencionada, porque dela Deus se lembra naquele momento “para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira”. João relata ainda como conseqüências deste terremoto alterações relacionadas às ilhas e montes, e sobre os homens a queda do céu de “uma grande saraiva, pedras do peso de um talento”; por cuja causa os homens blasfemam de Deus “por causa da praga da saraiva, porque a sua praga era mui grande” (Ap 16.21), o que indica mais uma vez, o coração obstinado dos homens.
Conforme foi visto no comentário da introdução, em Ap 16.19 por ocasião da queda das cidades das nações, Babilônia volta a ser mencionada, porque dela Deus naquele momento se lembra “para lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira”. Os textos de Ap 14.8 e 16.19 referentes a Babilônia tem continuidade então em Ap 17.1,2 quando um dos sete anjos que tinham as sete taças vem até João dizendo-lhe: “Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas, com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição”. João teria assim, uma visão da “grande prostituta” uma linguagem que de antemão fala do caráter religioso de Babilônia, pois na Bíblia, conforme escreve D. Stamps (1995, p. 2003) “os termos prostituição e adultério, quando empregados figuradamente, normalmente denotam apostasia religiosa e infidelidade a Deus, e significam um povo que professa servir a Deus, enquanto, na realidade, adora e serve a outros deuses”. A “grande prostituta” descrita em Ap 17 abrange, portanto todas as religiões falsas, inclusive o cristianismo apóstata desde antes do arrebatamento da igreja até o período final da Grande Tribulação. Em Ap 17.1, o anjo se refere a “grande prostituta” como que estando assentada sobre muitas águas. Esta expressão mostra a proeminência e a grande área de influência da “grande prostituta” sendo que esta atinge povos, multidões, nações e línguas, pois em Ap 17.15, o próprio anjo diz a João: “As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações e línguas”. Em Ap 17.1, o anjo mostra também a influência da “grande prostituta” sobre os reis da terra que com ela “se prostituíram”. Tal linguagem parece indicar a união que já houve e que ainda haverá entre o poder religioso e político de forma que através desta união ambos poderes tiraram proveito, porém este sempre foi em direção oposta à revelação da Palavra de Deus e daí o anjo se referir a esta união de forma negativa. A influência negativa da “grande prostituta” atinge os que habitam na terra de forma que estes se “embebedaram com o vinho da sua prostituição” (Ap 17.2b) o que indica a participação e a aprovação dos habitantes da terra nas atividades desenvolvidas pela “grande prostituta”.
1.2 Os trajes da mulher – São da mesma cor do dragão (Ap 12.3), e da Besta (Ap 17.3). Isso sugere que ela tem com Satanás e com o sistema dele um tipo de relacionamento que imita a união da igreja com Cristo. A mulher de vermelho (Ap 17.4) está ricamente enfeitada e tem na mão um cálice de ouro, o que aponta para um tempo de muita prosperidade econômica a qual terão acesso somente os que se renderem à Besta e a sua amazona, é o que se pode entender do cálice que ela segura “cheio das abominações e imundícies da sua prostituição”.
Depois de o anjo ter mostrado a área de influência da “grande prostituta”, ele leva João em espírito a um deserto. João vê então “uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmia e tinha sete cabeças e dez chifres” (Ap 17.3b). Notadamente a besta sobre o qual a mulher está assentada é o Anticristo dotado do poder de Satanás (ver Ap 12.3; 13.1), fato este que indica a união deste sistema de religião ao sistema de governo do Anticristo no período da Grande Tribulação. Em Ap 17.4, João descreve os trajes da mulher estando ela então “vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro e pedras preciosas, e pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição”. Os trajes da mulher trazem mais uma vez sua identificação com o sistema de governo do Anticristo, e, além disto, eles mostram a prosperidade econômica da “grande prostituta”. O cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição diz respeito a todos os ensinamentos anti-bíblicos da “grande prostituta” que claramente demonstram a sua infidelidade a Deus e a sua palavra. Em Ap 17.5, João vê na testa da “grande prostituta” escrito o nome: “Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra”. Este nome indica este sistema religioso do período da Grande Tribulação não como algo novo que deverá surgir ainda na terra, mas como um sistema cuja origem e cujos ensinos em oposição à Deus e a sua adoração, especialmente aqueles relacionados à idolatria, antecedem o período da Tribulação/Grande Tribulação e daí a referência a este sistema como sendo “a mãe”, ou seja, o ponto de origem dos falsos ensinos das religiões e do cristianismo apóstata. Em Ap 17.6, João vê a mulher “embriagada do sangue dos santos e do sangue das testemunhas de Jesus”. Esta linguagem traz a idéia quanto a existência deste tipo de sistema religioso sempre em oposição aos verdadeiros servos de Deus. A presença deste sistema religioso ocorre desde os tempos do Antigo Testamento, desde Babel, quando então a oposição a Deus e também a idolatria já era algo subentendido na forma de organização religiosa e política do mundo da época (ver Gn 11.1-9). Este sistema de religião em oposição à Deus e a sua palavra atravessa épocas, e desta forma ele passa por Israel onde por várias ocasiões a idolatria foi causa de apostasia no histórico da nação e daí diversos servos de Deus terem sofrido o martírio (ver Mt 23.35). Este sistema atinge também o período da igreja, o que pode ser visto pelos diversos momentos de apostasia já vivenciados na história do cristianismo. A existência deste tipo de sistema religioso sempre em oposição aos verdadeiros servos de Deus acaba culminando na perseguição e na morte destes servos quando estes se levantam em testemunho à verdade da Palavra de Deus. Em relação à igreja, este histórico de morte encontra relação especificamente com o sistema de religião que ficou conhecido como igreja Católica, porém “a grande prostituta” vista por João não encontra relação somente com a igreja Católica, mas com todo o cristianismo apóstata também existente dentro das igrejas evangélicas. O cristianismo apóstata como um todo, juntamente com as diversas formas de religião existentes caminham para a unificação e é desta forma que “a grande prostituta” adentrará o período da Tribulação/Grande Tribulação vindo a contribuir em grande parte com a adoração ao Anticristo, e por conseqüência, com o martírio dos servos do Senhor neste período. Em Ap 17.6, João se maravilha com grande admiração ao ver “a grande prostituta”, e acerca disto e das demais questões envolvidas no texto de Ap 17.1-6, o seguinte comentário feito por W. Kelly (1989, pp. 135,136) é interessante de ser considerado:
“Ali se encontram juntos o bem e o mal, numa ímpia união, para realizarem o que há de pior – e não o que é bom. Esta aliança, profana em princípio, à qual nada pode dar remédio na prática, procura unir Deus e o homem natural, substituindo a graça e a Palavra de Deus por ritos religiosos; por eles substituindo o sangue de Cristo e o poder do Espírito Santo – e servindo-se do Nome do Senhor para cobrir as cobiças e as ambições mais grosseiras, pretendendo, entretanto aspirar a algo mais alto do que o mundo vulgar. Ora, tudo isto tem lugar na grande Babilônia. Mas, se ela é assim a mãe das prostituições, ela é também, com uma culpabilidade mais profunda, a mãe das abominações da terra. E isto mostra-nos nela a idolatria, uma idolatria real e desavergonhada, e não apenas essa ação sutil de espírito de idolatria contra o qual todos os verdadeiros cristãos devem se guardar. Aqui há, ao lado do Criador, a adoração positiva da criatura, e mesmo da criatura colocada acima do Criador. Quem não conhece, com efeito, os horrores da Mariolatria? Babilônia é ‘a mãe das abominações da terra’. Não se trata, portanto, desses ídolos virtuais, próprios para seduzir os filhos de Deus, mas daquilo que é adaptado à própria terra – de uma idolatria palpável e que se vai desenvolvendo sempre mais e mais. Tal é a descrição que Deus faz da grande Babilônia. O que confirma a explicação que acabamos de dar é que, quando João vê a mulher embriagada do sangue dos santos e do sangue dos mártires de Jesus, fica possuído de um grande espanto. Se se tratasse simplesmente de uma perseguição da parte dos pagãos, haveria razão para se espantar ao vê-los mostrar o seu mortal ódio contra a verdade e contra aqueles que a professavam? Não, certamente. Era de esperar que a metrópole do mundo pagão, abertamente voltada para o culto de Marte, de Júpiter, de Vênus e das outras divindades impuras e monstruosas da mitologia antiga, se irritasse contra o evangelho, que expunha todas essas torpezas à luz do dia, e procurasse prejudicar os fiéis. [...] Mas o mal que fulminou de espanto o profeta não era aquele. O que tão grandemente o surpreendeu foi o ver que essa misteriosa forma de mal, esse contra testemunho do inimigo [...] apareceu e foi largamente aceito como sendo a santa igreja católica de Deus; foi o ver que a cristandade [...] se tornara no perseguidor mais encarniçado dos santos de Deus, e, contra as testemunhas de Jesus, se mostrasse inflamada de um ódio mais terrível e mais mortal do que tivera o paganismo em qualquer tempo e em qualquer lugar. Isto foi o que, e bem naturalmente, o encheu de grande espanto”.
2. O mistério da Besta – Já tivemos oportunidade na lição sete, de estudar um pouco a respeito da Besta, por isso, neste tópico, analisaremos somente sua relação com Babilônia, a grande meretriz [...].
2.1 Era e já não é (Ap 17.8a) – Essa expressão aponta para os impérios mundiais e seus imperadores descritos em Daniel 11, e que no tempo de João já haviam caído. As cabeças e chifres da Besta em número igual aos do dragão, mostram que todos foram fundados no espírito e propósito do dragão (Ap 12.3; 13.1). A meretriz assentada sobre a Besta indica que eles sustentaram e usaram a religião para atingir um único objetivo. Usurpar o lugar de Deus.
2.2 Ainda virá – Os impérios e as organizações religiosas por eles sustentadas caíram. Sobreviveram, porém, as motivações e o espírito que os impulsionavam e sustentavam: A soberba e o orgulho humanos somados aos de Satanás. Depois do arrebatamento da igreja, homens ímpios se unirão ao Dragão para formar um império à prova de intervenção divina, do mesmo modo que tentaram fazer depois do dilúvio (Gn 11.4). Será a mais poderosa e abrangente organização político-religiosa que o mundo já viu.
2.3 As sete cabeças e os dez chifres – São a totalidade dos impérios mundiais, desde o primeiro até aquele que se formará nos últimos dias. O último e seu representante são chamados de ‘a Besta’, por ser a ressurreição do império, antiga forma de estado que engloba sob sua égide e controle o maior número possível de povos e nações, que mantêm certa autonomia, mas são submissos a um chefe supremo e a ele devem lealdade absoluta (Ap 17.11-13).
3. O mistério da mulher – A meretriz do capítulo 17 pode e deve ser identificada com o sistema religioso que desde sempre se opõe ao povo de Deus. Porém jamais deve ser confundida com a igreja visível, pois esta foi edificada por Jesus (Mt 16.18) [...] Ela não se transmutará em meretriz, mas deixará de existir quando se extinguirem os motivos para sua existência.
Em Mt 16.18, Jesus mostra a edificação de sua igreja sob a pedra da confissão de Pedro de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. A igreja edificada por Jesus, fiel aos ensinos dos apóstolos é mantida na terra desde o dia de pentecostes até o momento do arrebatamento da igreja; depois disto ela já não é vista mais na terra. Haverá ainda o testemunho de cristãos judeus e gentios que se converterão no período da Tribulação/Grande Tribulação, mas não mais a igreja fiel. Tudo aquilo, porém que usa o nome de igreja, mas que equivale na realidade a um cristianismo apóstata, terá sido da boca do Senhor vomitado (ver Ap 3.16), e é este cristianismo apóstata unificado às diversas religiões falsas que constituirão o sistema de religião existente no período da Grande Tribulação. Este sistema de religião terá ao longo de sua existência promovido a soberba, o orgulho humano, a elevação do homem e o culto ao homem e é desta forma que o mundo estará preparado para adorar a Besta, sendo esta adoração promovida pelo “falso profeta”, que talvez tenha algum tipo de ligação com a “grande prostituta”. Este sistema de religião, porém será destruído pelo próprio governo do Anticristo, é o que fica subentendido em Ap 17.16 quando então João escreve “E os dez chifres que viste na besta são os que aborrecerão a prostituta, e a porão desolada e nua, e comerão a sua carne, e a queimarão no fogo”, o que indica que um provável antagonismo acontecerá entre o império do Anticristo e o sistema de religião representado pela “grande prostituta”. Em Ap 17.17, o anjo mostra a João que todos os acontecimentos se desenvolverão sob a permissão de Deus para que desta forma se cumpra a sua Palavra e na seqüência, ele identifica a mulher como sendo “a grande cidade que reina sobre os reis da terra” (Ap 17.18), o que contribui, mais uma vez, para indicar este falso sistema de religião como que estando sediado em Roma, o império que então dominava na época do apóstolo João.
3.1 Quem é a meretriz? – A prostituta é a grande antagonista da esposa do Cordeiro, a igreja. Ambas tem leis e relações próprias. A primeira é serva de Satanás e do poder temporal e satisfaz-lhes as ímpias vontades, que culminam na morte dos santos, profetas e testemunhas de Jesus (Ap 17.6) e na opressão dos povos. Quando seus interesses são contrariados não hesita em se opor ao seu senhor e este a ela; a segunda, ao contrário, é composta dos filhos de Deus (Jo 1.12). Para viver e cumprir sua missão (Jo 15.16) a igreja precisa manter íntima comunhão com Deus (Jo 15.7) e fidelidade incondicional a Ele (Ap 2.10b), ainda que isso signifique rompimento radical com o mundo e com o poder temporal (1 Jo 2.15). Ela é exortada a amar os inimigos, abençoar os maldizentes e orar pelos que a maltratam (Mt 5.44). Ela goza de proteção, amor e cuidados irrestritos de seu edificador e Senhor (Mt 16.18; Ef 5.25-27).
Jo 1.12: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”.
Jo 15.7, 16: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda”.
1 Jo 2.15: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”.
Mt 5.44: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”.
Ef 5.25-27: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”.
3.2 Como surgirá a cidade da meretriz – É possível que uma grande e poderosa cidade se levante entre o arrebatamento e a segunda vinda, com o espólio de cerca de três bilhões de pessoas que morrerão após a abertura do quarto selo (Ap 6.8) e em conseqüência da guerra deflagrada no toque da sexta trombeta (Ap 9.15). A cidade, rica e poderosa, se tornará a capital política, a sede econômica e o centro religioso do mundo. Essa cidade terá soberania espiritual e temporal sobre os reis da terra (Ap 18.3), pois abrigará o trono da Besta (Ap 16.10,19), por isso, tanto a meretriz quanto a cidade são chamadas de Babilônia.
Os pontos 3.2 e 3.3 são relativos ao texto de Ap 18 que começa com a descrição da queda de Babilônia: “E, depois destas coisas, vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória. E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu! Caiu a grande Babilônia e se tornou morada de demônios, e abrigo de todo espírito imundo, e refúgio de toda ave imunda e aborrecível!” (Ap 18.1,2). Este capítulo é ainda motivo de controvérsia entre os diversos estudiosos do Apocalipse. Segundo alguns, o texto já não se refere mais a Babilônia religiosa, o falso sistema de religião que predominará no governo do Anticristo, mas sim à cidade de Babilônia que estará reconstruída, provavelmente onde é hoje o Iraque (A. Gilberto, 2003, pp. 156,157); outros dizem que neste caso Babilônia se refere a Roma (T. P. Jenney, 2003, p. 1910) e há outros que não concordam nem com uma ou outra versão, mas entende que a grande cidade de Babilônia no capítulo 18 representa o sistema político e econômico anticristão (W. Malgo, 2000, v. 4, pp. 26). Seja qual for a interpretação, o fato é que esta cidade, ou o sistema por ela representado sofrerá o juízo de Deus, e isto por causa dos seus pecados, prostituição, sedução quanto a alianças políticas com os reis da terra, ostentação, vaidade, luxúria, feitiçaria, homicídio e todo tipo de pecado que, conforme descrito em Ap 18.5 acumulou-se até ao céu. Antes de ocorrer a queda literal de Babilônia, uma outra voz vinda do céu é ouvida por João, sendo que esta conclama o povo de Deus para se retirar dela, “para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” (Ap 18.4). O versículo 8 mostra o tipo de juízo que virá sobre Babilônia, sendo este a morte, o pranto, a fome e por fim ela "será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga” (Ap 18.8). Os versículos 9 ao 19 mostram o lamento que haverá na terra por parte dos governantes, dos mercadores da terra, dos pilotos, dos que navegam em naus, dos marinheiros e dos negociantes no mar por causa da queda de Babilônia, porém este lamento é egoísta e interesseiro, sendo somente pelo fato de não poderem mais usufruírem dos lucros, riquezas, prazeres e luxo de Babilônia. Em Ap 19.20 o céu, os santos apóstolos e profetas são convidados a alegrarem por causa da manifestação do juízo de Deus sobre Babilônia quando então toda manifestação nela de festa e alegria será cessada pelo juízo de Deus “porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias. E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra” (Ap 18.23b,24).
Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a Ed., EETAD, Campinas, SP.
D. Stamps, Bíblia de Estudo Pentecostal, 1995, CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
T. P. Jenney, Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. Kelly, Estudos Sobre a Palavra de Deus – O Apocalipse, 1989, Depósito de Literatura Cristã, Lisboa, Portugal.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.
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