quinta-feira, 17 de maio de 2012

LIÇÃO 8 - A PROTEÇÃO, A MISERICÓRDIA E OS JUÍZOS DIVINOS

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14.7).

Verdade Aplicada: Hoje, mais do que em todas as gerações passadas, precisamos pregar o Evangelho.

O evangelho deve ser pregado de igual modo em todas as gerações, pois a vontade de Deus é que todos, a cada geração, venham a ser salvos. A geração atual deve conscientizar-se da sua responsabilidade para com os perdidos, assim como houveram aqueles no passado que se conscientizaram de sua responsabilidade, e desta forma cumpriram o chamado do Senhor deixando o exemplo de terem levado a palavra da salvação, sem, contudo corromper a sã doutrina do Senhor.

1 Tm 2.3-5: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”.

2 Tm 4.1,2: “Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina”.

2 Pe 3.9: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”. 

Objetivos da Lição:

·   Ensinar que aquele que tiver a marca do caráter de Cristo herdará o novo céu e a nova terra.
·   Exibir a perfeita unidade entre o Apocalipse e as profecias do Antigo Testamento.
·   Estimular a igreja e a pregação ousada dos juízos contidos no Evangelho Eterno.

Textos de Referência: Ap 14.1-3,6,9,10

Introdução: Em Apocalipse 14.1-13, Jesus mostra o destino dos selados e o ministério deles. Informa que eles são primícias para Deus e para o Cordeiro. Encoraja os judeus a permanecerem firmes no propósito de seguir a Cristo, pois os que receberem o selo de proteção sofrerão angústias indizíveis, mas sobreviverão a elas e seguirão o Cordeiro para onde quer que Ele vá. Informa, também, que não executará os últimos juízos antes que o Evangelho Eterno seja pregado a todos os habitantes da terra para adverti-los quanto ao fim dos que seguirem a Besta e aceitarem sua proteção.

O texto de Ap 14-15 descreve quatro passagens que podem ser vistas também como de natureza parentética, já que estas são apresentadas depois do toque da sétima trombeta que ecoou em Ap 11.15, porém antecedendo o derramamento das sete taças da ira de Deus que tem início em Ap 16.1. De forma geral, Ap 14-15 apresenta os seguintes acontecimentos:

·   Em Ap 14.1-5 João relata a visão dos 144.000 selados junto ao Cordeiro no monte Sião.

·   Em Ap 14.6-13 João relata a visão de três anjos que proclamam o evangelho eterno a todos os habitantes da terra, e a toda nação, e tribo e língua e povo.

·   Em Ap 14.14-20 a visão de João diz respeito a ceifa e a vindima, quando então no período dos três anos e meio finais da Grande Tribulação gentios e judeus estarão sendo preparados para a batalha do Armagedom. João tem uma antevisão da batalha, porém o ajuntamento de judeus e gentios para esta batalha somente acontece depois do derramamento da sexta taça descrita em Ap 16.12-16, sendo o seu cumprimento final descrito em Ap 19.11-21.

·   Em Ap 15.2-8 a visão de João diz respeito aos salvos do período final da Grande Tribulação antes de ter início o derramamento das sete taças da ira de Deus.

Esta lição fala dos 144.000 selados e dos salvos durante todo o período da Tribulação/Grande Tribulação.
  
1. Considerações preliminares A tendência geral entre os intérpretes é evitar explicar a preferência de Deus a Israel e por Sião, atribuindo significado simbólico a Apocalipse 14.1, porém isso não é necessário, pois os pensamentos de Deus são superiores aos nossos (Is 55.8,9; Jr 29.11). Portanto, podemos confiar que Deus, por razões próprias de Sua soberania e conhecimento ilimitado, elegeu a Israel para seu povo na Terra e a Sião para sede de Seu governo físico no Planeta. [...]

A eleição de Israel é um ato da soberana vontade de Deus e exatamente por isto ela não deve ser questionada. Em Gn 12.1-3, Deus chama Abraão dando-lhe a promessa de não somente a partir dele constituir uma grande nação, mas também de nele serem “benditas todas as famílias da terra”. Tal promessa deixa implícito a idéia de que seria a partir da descendência de Abraão que viria o Redentor da humanidade e desta forma a mesma é confirmada por Deus a Isaque e posteriormente a Jacó. Os doze filhos de Jacó dão origem as doze tribos que constituiriam então a nação de Israel, a nação eleita por Deus. Mais tarde, em 1 Sm 7.12-16, Deus promete a Davi que a partir de sua descendência seu reino seria estabelecido para sempre. Deus deixa assim, também implícito a Davi a idéia de que seria por meio de sua descendência que viria o Messias de Israel. A promessa de Deus feita a Abraão e a Davi tem seu cumprimento com o nascimento de “Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão” (Mt 1.1); e desde então, o nome do Filho de Deus está para sempre ligado à nação de Israel, sendo impossível desfazer o parentesco entre Jesus e os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó (ver Rm 9.4,5). O texto de Ap 14.1 traz de volta exatamente a questão da eleição e da promessa feita por Deus a Abraão, Isaque, Jacó e a Davi. Deus elegeu a Israel para seu povo na terra e a Sião, a cidade de Davi (ver 2 Sm 5.7, Mt 5.35) para sede de seu governo e isto para sempre, pois conforme diz Paulo em Rm 11.29 “os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento”. Assim, depois de um longo tempo de endurecimento por parte dos judeus, tempo este em que os olhos do Senhor voltou-se para os gentios (ver Rm 11.25), e ocorrendo antes do início da Tribulação/Grande Tribulação o arrebatamento da igreja, o Senhor se voltará para seu povo, a fim de juntá-los novamente por meio da conversão a Jesus Cristo em torno de si, para desta forma, Ele cumprir os seus propósitos na terra. A visão de Ap 14.1 mostra o governo de Jesus Cristo prestes a se cumprir, e daí, em primeira instância a referência ao “Cordeiro sobre o Monte Sião”, pois Sião é outra forma de se referir a Jerusalém. Com Ele são vistos “cento e quarenta e quatro mil, que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu Pai” (Ap 14.1b), tendo sido eles “comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro” (Ap 14.4). Tal linguagem indica os cento e quarenta e quatro mil como possessão do Pai e do Filho, sendo eles os primeiros dentre muitos outros descendentes de Israel a se unirem no período da Tribulação/Grande Tribulação ao “Filho de Davi, Filho de Abraão”, ou seja, a Jesus Cristo, para que desta forma venha ter cumprimento o estabelecimento do Reino de Jesus a partir de Jerusalém, em virtude da eleição e da fidelidade de Deus às promessas feitas aos patriarcas da nação de Israel.

1.1 Uma festa no céu (Ap 14.2) – O Cordeiro e os selados estão sobre o Monte Sião e do céu se ouve a voz de um grande coral acompanhado de uma orquestra de harpistas. As vozes são tão jubilosas que parecem com o rebentar de muitas águas e com o ribombar de um grande trovão. São as celebrações da redenção. Finalmente a “vontade de Deus será feita na terra como no céu” (Mt 6.10). O Cordeiro resgatou a terra e sobre ela reinará para sempre (Zc 14.9).

“E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em sua testa tinham escrito o nome dele e o de seu Pai. E ouvi uma voz do céu como a voz de muitas águas e como a voz de um grande trovão; e uma voz de harpistas, que tocavam com a sua harpa” (Ap 14.1,2).

Conforme foi visto no ponto 1, a visão que João tem do Cordeiro sobre o monte Sião mostra o Reino de Jesus Cristo a partir de Jerusalém prestes a se cumprir na terra, sendo isto desde que a sétima trombeta ecoou em Ap 11.15. Satanás, no entanto estará tentando ainda manter o lugar por ele usurpado desde a queda de Adão, e neste período, sua resistência tornar-se-á maior através do Anticristo cuja ascendência em escala mundial é mostrada em Ap 13. Satanás e seus anjos serão lançados fora das regiões celestiais e diante disto, ele tentará destruir a nação de Israel bem como os judeus que estarão se convertendo a Jesus (ver Ap 12.6-17). Neste período os cento e quarenta e quatro mil selados já estarão pregando o Evangelho do Reino em todo o mundo (ver Mt 24.14), porém será permitido ao Anticristo “fazer guerra aos santos e vencê-los” (Ap 13.7a), e desta forma a paciência quanto ao estabelecimento literal e visível do Reino de Jesus Cristo será necessária (ver Ap 13.10). Assim, apesar do texto de Ap 14.1 ser uma referência, em primeira instância ao Reino de Jesus prestes a se cumprir na terra, o monte Sião neste versículo, pode ser também uma figura de linguagem para o céu (ver Hb 12.22,23), para onde então os cento e quarenta e quatro mil selados serão levados depois de cumprirem sua missão na terra durante o período da Tribulação/Grande Tribulação. A presença deles junto ao Cordeiro desencadeia vozes e um novo cântico no céu “diante do trono e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra” (Ap 14.3). A forma como os cento e quarenta e quatro mil serão levados para o céu é ponto não totalmente esclarecido; pode ser que eles venham a sofrer o martírio, assim como outros sofrerão durante o período da Grande Tribulação, ou pode ser que sejam arrebatados conforme já foi considerado na lição 3 no comentário feito por W. Malgo (2000, v. 3, pp. 65,66).

1.2 A mesma festa na terra (Ap 14.2,3) – O pecado quebrou a harmonia entre terra e céu. Por sua morte na cruz, Jesus edificou a igreja e deu a ela condições e autoridade para comunicar-se com o céu (Mt 18.18; Jo 15.7). Mas esta comunicação seria feita em meio a grandes tentações (Mt 4.3) e exaustivas batalhas espirituais (Ef 6.12). Por isso, diz Paulo: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus” (Ef 6.11). Mas, quando se cumprir Apocalipse 11.15 e 12.8, Satanás será destronado e não mais haverá interferência entre o Céu e terra. Haverá livre comunicação e perfeita harmonia.

O texto de Ap 14.2,3 não se refere a uma festa na terra e sim no céu, conforme já foi considerado no ponto 1.1. Além disto, apesar de Satanás ser expulso das regiões celestiais no período da Grande Tribulação (ver Ap 12.7-17) a luta espiritual na qual todos os cristãos de todas as épocas estão envolvidos não terminará, pelo contrário ela se intensificará, pois o diabo continuará a fazer guerra não somente “contra a mulher”, neste caso a nação de Israel, mas também “ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus Cristo” (Ap 12.17b).

1.3 O perfil do povo de Deus – O perfil dos fiéis (igreja) no céu se harmoniza com o perfil dos fiéis na terra (selados). O caráter dos santos que habitam no céu é demonstrado pelas roupas que receberam (Ap 6.11; 7.9; 19.8). Os israelitas cujas vidas serão guardadas da Besta aparecem aqui seguindo o Cordeiro (Ap 7.3 e 14.1). O termo virgens indica um sentido espiritual. Eles permaneceram “puros”, recusando-se a se conformar com o sistema mundial ímpio. São preservados por um ato soberano de Deus (Ap 7.3). Deus conhece a cada um de nós, é capaz de suspender o juízo para que não sejamos contados com os ímpios, Ele fez isso nos dias de Enoque, nos dias de Ló, nos dias de Noé. Fará antes e durante a tribulação. Ele tem compromisso com quem tem compromisso com Ele (1 Sm 2.30).

Os cento e quarenta e quatro mil aparecem pela primeira vez em Ap 7.1-8 no interlúdio entre a abertura do sexto selo e do sétimo selo. Este interlúdio acontece para que ocorra a selagem dos cento e quarenta e quatro mil e desta forma eles cumpram sua missão. Depois disto, os juízos de Deus terão continuidade através da abertura do sétimo selo (ver Ap 8.1) que introduzirá as sete trombetas (ver Ap 8.7-9.21). Os cento e quarenta e quatro mil não deixarão de ser também participantes dos juízos das trombetas; eles, porém serão preservados dos efeitos dos gafanhotos que serão soltos do abismo ao soar da quinta trombeta (ver Ap 9.1-6). A visão em Ap 14.1 dos cento e quarenta e quatro mil juntos ao Cordeiro no “monte Sião” parece também indicar o propósito de Deus de tirá-los da terra antes que tenha início o derramamento das sete taças da ira de Deus; e pode ser que outros demais salvos do período da Grande Tribulação venham também a ser preservados dos juízos das sete taças. Em Ap 14.13, antes de ter início o juízo das sete taças, João ouve uma voz do céu que diz: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam”. Este texto parece indicar que muitos dos santos do final da Grande Tribulação serão poupados através da morte dos juízos das sete taças. Depois disto, a partir do momento em que os sete anjos que recebem as taças de ouro cheias da ira de Deus saem do templo, parece que já não haverá mais oportunidade para salvação (ver Ap 15.6-8).
Com relação ao caráter dos santos, as roupas brancas que estes recebem simbolizam a justiça de Cristo através do qual todos os santos de todas as épocas são justificados diante de Deus, pois conforme diz Is 64.6 “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam”. Assim, ninguém por sua própria justiça poderia ser justificado diante de Deus, no entanto todos os salvos são convidados a seguirem ao longo de suas vidas os passos de Jesus, e sendo assim, atos de justiça, de amor, de pureza, de santificação, de separação do mundo, de não conformação com o sistema mundial ímpio devem caracterizar a vida de todos aqueles que recebem a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas.   

2. Distinguindo entre mártires e selados Ainda não ficou esclarecido se a multidão dos mártires (Ap 7.9-14) fala de um grupo de salvos e os selados de outro agrupamento de remidos ou se ambos tratam do mesmo grupo de salvos, apenas designados por nomes diferentes. Entendemos que se trata de grupos distintos de remidos. Vamos às razões para esta conclusão.

2.1 O texto – Em Apocalipse 14.1 João viu os cento e quarenta e quatro mil no Monte Sião. Ao mesmo tempo ele viu uma grande multidão de salvos vindo da terra (Ap 7.9). São realmente dois grupos: “os selados, das tribos de Israel, chamados de primícias (Ap 14.4), e os gentios. O texto diz que eles eram: 1) uma grande multidão, que ninguém podia contar; 2) eram de todas as nações, tribos, povos e línguas; 3) trajavam vestes brancas; 4) lavaram suas vestes e branquearam no sangue do Cordeiro e vieram da grande tribulação (Ap 7.9,13,14).

2.2 O contexto – Em Ap 15.2, vemos os que saíram vitoriosos da besta em pé junto ao mar de vidro. Comparando com Apocalipse 4.6, o “mar de vidro espelha a divina beleza de Deus e sua transparência. Eles cantavam o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro (Ap 15.2). Fala da unidade essencial da Antiga e da Nova dispensação. Apresenta uma redenção que não conhece os limites de tempo, de espaço e de raça. Observe que mais uma vez, antes de iniciar o juízo, outro grupo de salvos chega da Tribulação (Ap 15.4).

Ao longo do Apocalipse desde o capítulo 4 até o capítulo 15, diferentes grupos de remidos chegam ao céu, o que indica a extensão da misericórdia de Deus ainda por quase todo período da Tribulação/Grande Tribulação. Assim, os seguintes grupos podem ser identificados:

·   Os vinte e quatro anciãos“E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre a cabeça coroas de ouro” (Ap 4.4). Este grupo de remidos representa os santos do Antigo Testamento e os salvos durante o período da igreja. Eles aqui já estão no céu em corpos glorificados e coroados, pois por ocasião do arrebatamento da igreja antes do início da Tribulação/Grande Tribulação os mortos ressuscitarão e os vivos serão transformados (ver 1 Ts 4.15-18).

·   As almas que são vistas debaixo do altar“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” (Ap 6.9). Este grupo de remidos parece representar os salvos que se converterão a Jesus após o arrebatamento da igreja, já no início dos três anos e meio da Tribulação. Pode ser que sejam os desviados e aqueles que fizeram parte da igreja, porém apenas nominalmente, ou seja, não haviam experimentado uma real conversão. Eles sofrerão o martírio por amor ao Senhor.

·   Os cento e quarenta e quatro mil selados“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel” (Ap 7.4). Este grupo de remidos são os judeus que se converterão a Jesus ainda no período dos três anos e meio iniciais da Tribulação. Seu testemunho adentrará os três anos e meio finais da Grande Tribulação. Eles pregarão o evangelho do Reino durante todo o período até serem retirados da terra. São chamados primícias por ser o primeiro grupo de judeus a se converterem, vindo outros após eles.

·   Os gentios que vem da Grande Tribulação“Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos” (Ap 7.9). Este grupo de remidos são gentios de todas as nações, talvez resultante da pregação do evangelho pelos cento e quarenta e quatro mil selados. Ao longo do período da Tribulação/Grande Tribulação eles sofrerão fome, sede, angústia, tristeza e talvez também o martírio.

·   As duas testemunhas“E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco” (Ap 11.3). Estes dois serão aqueles que virão no mesmo tipo de ministério de Moisés e Elias, provavelmente no final dos três anos e meio iniciais da Tribulação. Seu testemunho adentrará o período dos três anos e meio finais da Grande Tribulação. Terão grande influência na conversão de muitos outros judeus. Eles serão mortos pelo Anticristo, mas ressuscitarão e serão levados ao céu.

·   Os salvos do período final da Grande Tribulação“E vi um como mar de vidro misturado com fogo e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro e tinham as harpas de Deus. E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos Santos” (Ap 15.2,3). Deste grupo de remidos fazem parte muitos outros daqueles que se converterão a Jesus durante todo o período da Tribulação/Grande Tribulação e que estarão ainda vivos até próximo do final da Grande Tribulação, sendo que muitos destes vem a morrer talvez através do martírio, antes do derramamento das taças (ver Ap 13.7,10; 14.13). Neste grupo talvez estejam incluídos muitos daqueles que se converterão a Jesus através da proclamação do evangelho pelos anjos. Eles resistirão ao Anticristo e a sua imagem e ao seu sinal e também, provavelmente sofrerão o martírio. Faz parte deste grupo judeus, e daí ser mencionado o cântico de Moisés, pois este cântico traz em memória a Antiga Aliança, e gentios, e daí ser mencionado o cântico do Cordeiro, trazendo em memória o sangue de Jesus Cristo que foi derramado em favor tanto de judeus, quanto de gentios.

2.3 O motivo da selagem dos israelitas – O fato de serem selados por Deus não significa que estejam protegidos da morte nem do martírio resultante da perseguição de Satanás. No capítulo 13.7,15,16, o Anticristo espalha terror, perseguição e morte, tanto aos santos quanto aos que não o adorem. O capítulo 14.1, apresenta eles no céu perto do Cordeiro, e o versículo 4 apresenta a maneira “foram comprados da terra”. O motivo da selagem é claro “Foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro” (Ap 14.4b). São as “primícias” indicando que muitos outros se salvarão. Logo depois destas coisas (Ap 7.9).

A selagem dos cento e quarenta e quatro mil ocorre devido ao fato deles se converterem a Jesus e esta tem como propósito capacitá-los para a pregação do evangelho do Reino. Além disto, através da selagem, os cento e quarenta e quatro mil são protegidos dos efeitos da praga dos gafanhotos que acontece ao toque da quinta trombeta. Se eles sofrerão o martírio por causa da perseguição do Anticristo ou se serão arrebatados não está totalmente esclarecido; o fato é que após cumprirem sua missão são vistos junto ao Cordeiro no céu.   

3. 144.000 selados Neste tópico, deter-nos-emos sobre os cento e quarenta e quatro mil selados, visto que a presença deles no Apocalipse desperta calorosas polêmicas. Inicialmente, é importante destacar que eles são reais, embora o número seja um número perfeito e completo de mil dúzias de dúzias. Neste caso, simboliza os crentes judeus fiéis na terra, que permanecem firmes no meio da calorosa perseguição do Anticristo, pois não se curvaram diante de suas ordens demoníacas. No entanto, para outros teólogos que não fazem distinção entre igreja e Israel, a multidão e os 144.000 são um mesmo povo, pois eles acreditam que a Igreja no Novo Testamento é o verdadeiro Israel de Deus (Gl 6.16).

Os cento e quarenta e quatro mil selados não podem corresponder a igreja, pois esta no período da Tribulação/Grande Tribulação já terá sido arrebatada. Além disto, a leitura cuidadosa de Gl 6.16 conduz a percepção da distinção que Paulo faz da igreja do “Israel de Deus”. Em Gl 5.15, Paulo argumenta que em Cristo Jesus, nem a circuncisão (ou seja os judeus), nem a incircuncisão (ou seja os gentios) “tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura”. Em Gl 6.16 ele diz “E a todos quantos andarem conforme esta regra”, “que regra?”, aquela por ele apresentada em Gl 6.15 “o ser uma nova criatura”. Assim neste ponto, Paulo está falando da igreja que inclui em seu corpo tanto gentios, quanto judeus “nascidos de novo”. Paulo deseja sobre estes, ou seja, sobre a igreja, paz e misericórdia e o mesmo ele deseja, na seqüência “sobre o Israel de Deus”, o que notadamente  distingue o Israel de Deus “de todos quantos andam conforme a regra”. Sendo assim “o Israel de Deus” é identificado, mesmo no Novo Testamento, como sendo a nação de Israel e não a igreja.

3.1 O selo de Deus Entendemos que o selo de Deus sobre um grupo de israelitas é literal e não simbólico. Trata-se do mesmo selo do Espírito, no qual todos os salvos são selados para o dia da redenção: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção” (Ef 4.30). A diferença é que em nós o selo já foi posto e nos protegerá, desde agora, até que atravessemos em segurança as regiões celestiais ao encontro de Cristo; nos israelitas, porém, será colocado depois do arrebatamento da igreja, e será proteção para seus corpos físicos e o salvo conduto deles nos domínios da Besta: “E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não tem na testa o sinal de Deus” (Ap 9.4b).

Os cento e quarenta e quatro mil receberão o Espírito Santo, selo da garantia da possessão de Deus (ver Ef 1.13,14), depois do arrebatamento da igreja, pois este grupo de remidos só se converterão a Jesus no período da Tribulação/Grande Tribulação. É óbvio que enquanto a igreja estiver na terra, ela proclama o evangelho da salvação aos gentios e também aos judeus (israelitas), e sendo assim, aqueles judeus (israelitas) que porventura virem a se converter antes do período da Tribulação/Grande Tribulação também recebem o Espírito Santo antes do arrebatamento da igreja. Com relação a proteção que será conferida aos cento e quarenta e quatro mil selados, em Ap 9.4 ela está relacionada aos demônios que serão soltos do abismo e que terão permissão para ferir os homens, e não ao Anticristo propriamente dito. Em relação ao Anticristo não está claro se ele terá poder para levar os cento e quarenta e quatro mil selados ao martírio ou não, o que já foi considerado nos pontos anteriores desta lição.

3.2 A virgindade dos selados (Ap 14.4) A primeira maneira de interpretar este ponto é analisando o sentido literal do texto. “Não estão contaminados por mulheres, porque são virgens”, está e uma das razões que os faz “primícias” à semelhança de Cristo as primícias dos que dormem (1 Co 15.20). A segunda maneira de interpretar é o sentido espiritual (Mt 24.1). “São virgens”. Em contraste com a igreja apóstata: “E o outro anjo seguiu dizendo: Caiu! Caiu Babilônia, aquela grande cidade que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição”! (Ap 14.8), que espiritualmente era uma prostituta (Ap 17.1). Significa que não foram desviados da fidelidade ao Senhor, conservando em si mesmos o amor virginal (2 Co 11.2; Ef 5.25-27; Ap 2.4).

No sentido literal, o texto de Ap 14.4 indicaria que os cento e quarenta e quatro mil selados não terão contato com mulheres, optando talvez como Paulo, a não se casarem, mas viverem totalmente em prol do Reino de Deus. No sentido espiritual o texto de Ap 14.4,5 indica que os cento e quarenta e quatro mil selados:

·   “Não estão contaminados com mulheres porque são virgens” – Através desta terminologia, João mostra que estes homens não se misturarão a nenhuma outra religião, especialmente as religiões idólatras e místicas, mas manter-se-ão puros, fiéis ao Senhor e a sua Palavra sem se contaminar com tudo aquilo que profana o Nome de Deus.

·   “Seguem o Cordeiro para onde quer que vai” – Através desta terminologia, João mostra que estes homens, à exemplo de Jesus Cristo, renunciarão às suas próprias vidas em favor do anúncio do Reino de Deus.

·   “Foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro” – Através desta terminologia, João mostra que estes homens serão os primeiros dentre os judeus a se converterem no período da Tribulação/Grande Tribulação e por quase todo este período eles exercerão seu ministério levando muitos outros à conversão.

·   “Na sua boca não se achou engano porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus” – Através desta terminologia, João mostra que estes homens terão uma conduta segundo a verdade da Palavra de Deus tanto no que diz respeito a questões espirituais como a questões relacionadas ao seu comportamento moral.

3.3 O caráter irrepreensível dos selados – Os profetas do Antigo Testamento apontam para um tempo em que as sociedades ímpias serão eliminadas da terra (Is 34.2,3) e, os pecadores israelitas serão mortos (Am 9.10). Das nações sobrarão os mansos que observarem os juízos de Deus e buscarem a sua justiça (Sf 2.3). Elas adorarão a Deus em Jerusalém (Zc 14.16). Dos judeus ficará somente um remanescente humilde e pobre que confiará no Senhor (Sf 3.12). Este terá o mesmo perfil dos remidos do Apocalipse (Sf 3.13). As profecias que indicam uma terra literal, ocupada por nações literais e que literalmente terão Jerusalém como centro político-religioso ainda aguardam cumprimento.

Os cento e quarenta e quatro mil selados são vistos junto ao Cordeiro sobre o monte Sião. Além de todas as considerações já feitas acima quanto ao significado deste maravilhoso texto de Ap 14.1, este versículo indica também que os cento e quarenta e quatro mil selados estarão de volta com Jesus por ocasião do estabelecimento de seu Reino Milenar sobre a terra, assim também como estarão a igreja, e todos os demais salvos do período da Tribulação/Grande Tribulação. Este é o tempo apontado pelos profetas em que a glória Deus encherá toda a terra; as nações se converterão ao Senhor e em torno dEle se reunirão em Jerusalém para adorá-lo; Israel experimentará o futuro glorioso prometido por Deus a seus antepassados; a paz, a justiça, a verdade, e o caráter irrepreensível visto nos selados serão a características de todos aqueles que viverão em prol da honra do nome do Senhor Jesus Cristo, pois somente por causa de seu sacrifício na cruz do Calvário é que tudo isto será possível. A Ele seja o louvor, a honra, o poder eternamente, para glória de Deus Pai. Amém!

Is 34.2,3: “Porque a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o exército delas; ele as destruiu totalmente, entregou-as à matança. E os seus mortos serão arremessados e dos seus cadáveres subirá o seu mau cheiro; e os montes se derreterão com o seu sangue”.

Am 9.10: “Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os que dizem: Não nos alcançará nem nos encontrará o mal”.

Sf 2.3: “Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos no dia da ira do Senhor”.

Sf 2.12,13: “Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor. O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante”.

Zc 14.16: “E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”.

Referências Bibliográficas:
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.

Um comentário:

Tanto faz disse...

A paz do senhor,

Parabéns pelo seu trabalho, eu ministro a escola pra mocidade e tem sido de grande valia sua contribuição para acrescentar-nos de forma que possamos levar para nossos proximos.