sexta-feira, 14 de outubro de 2011

LIÇÃO 3 - BARNABÉ, UM LÍDER NO CAMPO MISSIONÁRIO

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Barnabé
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “A noticia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia” (At 11.22).

ARC: “E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia”.
  
Verdade Aplicada: Uma liderança cristã não deve se constituir apenas em palavras, mas de bondade, cheia do Espírito Santo e de fé.

Objetivos da Lição:

·   Mostrar a importância de uma liderança representativa, fiel em todos os aspectos.
·   Destacar o caráter de Barnabé e sua influência no desenvolvimento do trabalho do Senhor.
·   Apresentar a disponibilidade, alegria e disposição de Barnabé na obra do Senhor.

Textos de Referência: At 11.19-24

Introdução: Antioquia da Síria era assim chamada para diferenciar da Psídia. Ela era a terceira mais importante cidade do império, sendo a primeira, Roma e a segunda Alexandria. Antioquia se localizava ao sul do Rio Orontes, para onde afluíam pessoas Ásia, Europa e Norte da África. Foi ali que os do Caminho foram chamados de cristãos pela primeira vez, significando aqueles que eram seguidores das doutrinas de Cristo.

Segundo o “Novo Dicionário da Bíblia” (Douglas, 1995, p. 85), Antioquia da Síria era também chamada Antioquia do Orontes. Esta cidade célebre foi fundada em cerca de 300 a.C. por Seleuco I Nicator, após sua vitória sobre Antígono, em Issus (310 a.C.). Era a mais famosa das dezesseis Antioquias estabelecidas por Seleuco em memória de seu pai. A cidade edificada no sopé do monte Silfo dava vista para o rio navegável Orontes, além de se orgulhar de um ótimo porto de mar, sendo este chamado Selêucia Pieria. Antioquia rendeu-se a Pompeu no ano 64 a.C. e ele a tornou cidade livre. Subseqüentemente a cidade tornou-se capital da província romana da Síria, tornando-se a terceira maior cidade do império. Os selêucidas e os romanos erigiram templos magnificentes e outros edifícios, melhorando a aparência já imponente da cidade. Mesmo sob os selêucidas os habitantes haviam obtido reputação de serem enérgicos, insolentes e instáveis, o que se manifestou numa série de revoltas contra o domínio romano. Apesar disto, Antioquia era famosa por sua cultura, pelos famosos bosques de Dafne perto da cidade, bem como pela presença de um santuário dedicado a Apolo, onde eram celebrados ritos orgíacos em nome da religião. À despeito, porém de sua má formação moral, em Antioquia os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos, o que indica a conversão genuína daqueles que talvez estiveram anteriormente envolvidos com revoltas, idolatria e todo tipo de comportamento imoral em nome da religião, pois conforme Paulo escreve em Rm 1.16 o evangelho de Cristo “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”.

1. Surge um novo campo de trabalho – Antioquia era uma cidade que possuía muitos judeus, tendo nos dias de Barnabé e Paulo uma colônia muito numerosa com várias sinagogas espalhadas. Mas era também um lugar de idolatria e licenciosidade. Nela surgiu uma grande igreja, onde as diferenças judaicas e gentílicas foram tão minoradas que possibilitou o surgimento da primeira assembléia mista de cristãos. Barnabé, “o filho da exortação”, foi a pessoa ideal a ser enviada para lá a fim de liderar, consolidar e fazê-la crescer ainda mais.

De acordo com o “Novo Dicionário da Bíblia (Douglas, 1995, p. 85) a população de Antioquia da Síria sempre foi uma população mista, mas os registros de Josefo mostram que os selêucidas encorajaram os judeus a emigrarem para ali em grande número, dando-lhes plenos direitos de cidadãos. Outros judeus provavelmente fugiram para Antioquia durante as guerras dos macabeus, e sendo assim tais fatos justificam ali a presença de uma colônia numerosa de judeus com várias sinagogas. A presença judaica em Antioquia da Síria é vista em At 11.19, quando então o registro bíblico diz que aqueles que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estevão “caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus”. Este fato indica que os primeiros cristãos de Antioquia da Síria eram de descendência judaica, e somente a posterior é que o evangelho começou a ser pregado também aos gentios, quando então judeus vindo de Chipre e de Cirene, “falaram aos gregos anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20), o que resultou em numerosas conversões de gentios, e por conseqüência na formação de uma assembléia cristã constituída tanto de judeus quanto de gentios (veja na figura acima como se deu a formação da igreja de Antioquia). Barnabé foi enviado pela igreja de Jerusalém a Antioquia conforme registra At 11.22: “E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia”. Ele teria sido o homem ideal a ser enviado a Antioquia da Síria pela igreja de Jerusalém, já que, sendo ele de descendência hebraica por sua origem a partir da tribo de Levi, porém natural de Chipre, ele saberia lidar com as situações relacionadas tanto aos costumes judaicos quanto aos costumes gentios, o que contribuiria para minimizar as diferenças existentes especialmente no que diz respeito à observância dos rituais da lei mosaica. Tais diferenças seriam, no entanto, mais tarde ainda consideradas por ocasião do Concílio de Jerusalém, quando então a igreja de Antioquia enviaria uma delegação encabeçada exatamente por Paulo e Barnabé a Jerusalém para discussão do assunto de forma mais completa com aqueles que eram então considerados colunas da igreja em Jerusalém, conforme se descreve em At 15.1,2: “Então, alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se vos não circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo, Barnabé e alguns dentre eles subissem a Jerusalém aos apóstolos e aos anciãos sobre aquela questão”. A discussão que se daria conduziria ao parecer quanto as coisas que deveriam ser requeridas dos gentios convertidos, sendo estas a abstinência do sangue, de animais sufocados, da idolatria e da imoralidade, o que a igreja de Antioquia recebeu com alegria de acordo com o relato de At 15.28-31: “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá. Tendo-se eles, então, despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta. E, quando a leram, alegraram-se pela exortação”.

1.1 Os dispersos anunciam a Palavra aos gregos (At 11.19) – Naquela época, muitos fiéis tomaram conhecimento de que Pedro evangelizara a Cornélio, um centurião romano residente em Cesaréia. Ele, toda a sua família e amigos, haviam se convertido a Cristo, recebendo o batismo nas águas e todos foram batizados com o Espírito Santo (At 11.15). Quando tal notícia chegou aos ouvidos de alguns judeus que habitavam fora dos termos de Jerusalém, estes se sentiram mais à vontade para quebrar certos paradigmas, tais como “judeu só evangeliza judeu”. Agora, poderiam começar a falar de Jesus Cristo aos gregos, na verdade aos helenistas” que eram pagãos de fala grega que residiam em Antioquia, mas procediam de várias nações.

Em Mt 28.19,20, Jesus deixou uma ordenança aos discípulos sendo esta: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos, Amém!”. Desde os dias de pentecostes até a conversão de Cornélio a mensagem do evangelho ficou, porém restrita aos judeus o que indica que a ordem de Jesus quanto ao alcance de todas as nações ainda não tinha sido completamente compreendida pelos apóstolos e por todos os demais discípulos de Jesus. O Senhor, porém detém o controle de todas as coisas em suas mãos, e tendo a igreja, por assim dizer, amadurecido quanto aos fundamentos da fé cristã, os propósitos de Deus em relação aos gentios teriam então o início de seu cumprimento através da revelação que o próprio Senhor daria a Pedro, quando então ele vê o céu aberto e um vaso que descia trazendo dentro dele todos os animais considerados impuros pelos judeus (ver At 10.9-16). A visão dada a Pedro seria, na seqüência, por ele compreendida como sendo a revelação de Deus quanto ao anúncio do evangelho entre os gentios, o que vem a acontecer pela primeira vez na casa de Cornélio possibilitando assim a conversão de Cornélio e de toda a sua família: “E, dizendo Pedro ainda estas palavras caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus. Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo? E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias” (At 10.44-48).
A porta do evangelho é assim, mais uma vez aberta, e cumprindo-se as palavras de Jesus dita a Pedro “E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16.19) da mesma forma como esta fora aberta aos judeus por meio da sua pregação no dia de Pentecostes (ver At 2.14-41) esta foi, também, por meio da pregação de Pedro aberta aos gentios (ver At 10.34-48). Os fatos que se sucederam, seriam confirmados entre todos os apóstolos e discípulos em Jerusalém levando-os a reconhecer a ação de Deus entre os gentios “E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João, certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que pudesse resistir a Deus? E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade, até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida” (At 11.15-18), o que daria então na seqüência, a oportunidade para que o anúncio do evangelho tivesse continuidade entre os gentios, o que vem a acontecer conforme descrito em At 11.20,21: “E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor”.  

1.2 Dispersos, mas guiados pela mão do Senhor (At 11.20,21) – Além dos crentes judeus dispersos que agora procediam de Chipre e de Cirene para Antioquia, a nova igreja ali formada contava com elementos gentílicos convertidos. A presença de Deus era muito intensa, pois havia uma concentração forte de glória em Antioquia, a qual proporcionou o desenvolvimento daquele grande trabalho evangelístico. A verdadeira causa de tantas conversões era a mão do Senhor, que representa domínio e autoridade de governo. Se apenas o dedo de Deus tornou inoperante os poderes do Egito (Ex 8.19), é possível imaginar a mão completa.

Dt 3.24: “Senhor Deus! já começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza e a tua forte mão; pois, que Deus há nos céus e na terra, que possa fazer segundo as tuas obras, e segundo os teus grandes feitos?”

Dt 33.3: “Na verdade ama os povos; todos os seus santos estão na sua mão; postos serão no meio, entre os teus pés, e cada um receberá das tuas palavras”.

1 Cr 29.11,12: “Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste por cabeça sobre todos. E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e o dar força a tudo”.

Jó 12.9,10: “Quem não entende, por todas estas coisas, que a mão do Senhor fez isto? Na sua mão está a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana”.

Sl 20.6: “Agora sei que o Senhor salva o seu ungido; ele o ouvirá desde o seu santo céu, com a força salvadora da sua mão direita”.

Is 14.26,27: “Este é o propósito que foi determinado sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?”

Is 59.1: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir”.

Is 66.2: “Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o Senhor; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra”.

Jo 10.27,28: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”.
                                                                                                     
1.3 Um grande trabalho evangelístico – Foi em Antioquia que as barreiras raciais ruíram. Alguns judeus, não contentes de pregar a Jesus somente nas sinagogas aos seus companheiros igualmente helenistas, puseram-se a pregá-lo também aos gentios gregos. Quando a notícia dessa inovação chegou a Jerusalém, os apóstolos, desejosos de averiguar o caso, mandaram para lá o homem apropriado para esse trabalho, Barnabé. Dirigiu-se ele à Antioquia e, não se escandalizando com a mistura de judeus e gentios, regozijou-se diante desse assombroso sinal da graça de Deus.

Com a formação da igreja de Antioquia sendo esta constituída de uma assembléia mista tanto de judeus como de gentios convertidos as barreiras para a convivência entre judeus e gentios começariam a ser derrubadas. Tal fato, no entanto só seria possível por meio do entendimento de que ambos os povos, sendo os gentios aqueles que estavam longe, e os judeus, aqueles que estavam perto, só puderam ser reconciliados com Deus por meio do sacrifício de Jesus Cristo realizado na cruz do Calvário, o que significa dizer que em nenhum deles, Deus encontra mérito algum para que essa reconciliação fosse efetuada, mas ambos foram alcançados unicamente pela graça de Deus. O entendimento quanto a esta questão eliminaria qualquer tipo de orgulho ou ostentação por ambos os povos e é com certeza com esta percepção tanto na mente quanto no coração que Barnabé, tendo sido enviado pela igreja de Jerusalém a Antioquia, ao ver que a mesma graça de Deus que se manifestara a seu favor, se manifestava agora também em favor dos gentios, pode se alegrar e exortar “a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” (At 11.23).

Rm 3.9,10: “Pois que? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo, nem um sequer”.

Gl 2.15,16: “Nós somos judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada”.

Ef 2.13-18: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito”.

2. Notícias de um novo campo – Quando a mão do Senhor governa uma igreja, a notícia que o vento leva a seu respeito não é de dissensão, ciúmes ou escândalos. Aquela era uma obra do Espírito Santo e Ele se utilizou de homens de Chipre e de Cirene, pessoas de pele negra, que venceram preconceitos e, no poder do Espírito, abriram a porta para que Barnabé desse seguimento.

At 11.19-20: “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns homens chiprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus”.

O texto de At 11.19,20 descreve que os varões que anunciaram a palavra aos gregos em Antioquia eram varões provenientes de Chipre e de Cirene, provavelmente homens de descendência hebraica, assim como era Barnabé, levita, natural de Chipre, já que, conforme descreve o “Novo Dicionário da Bíblia” fazendo citação de Josefo (Douglas, 1995, p. 294), Cirene encorajava povoações judias, e ali os judeus formavam uma das quatro classes reconhecidas do estado. O texto não descreve nenhuma característica física destes homens, no entanto At 13.1 cita dentre os profetas e doutores presentes na igreja de Antioquia, Simeão, chamado Níger, palavra esta que significa negro, podendo ser ele o mesmo Simeão de Cirene que foi compelido a transportar a cruz de Jesus segundo Mc 15.21, e Lúcio, cireneu. Pode ser que Simeão e Lúcio fizessem parte dos missionários de At 11.20 que levaram a Palavra aos gregos em Antioquia e ali, juntamente com Barnabé, e posteriormente com Paulo eles permaneceram dando prosseguimento a obra por eles iniciada.

Ec 11.15: “Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas”.

Jo 3.8: “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”.

2.1 Ventos de boas novas chegam a Jerusalém – O impacto causado pela presença firme do Espírito Santo em Antioquia se tornou manchete e chegou até Jerusalém. Era uma época de muito preconceito, pois os estrangeiros eram vistos pelos judeus como pessoas impuras e indignas de se relacionarem com Deus, mesmo tendo o Evangelho já alcançado os gentios através da pregação de Pedro na casa de Cornélio. Os apóstolos foram informados e deveriam, como responsáveis pelo cristianismo de então, tomar uma posição em relação à Antioquia. Começou a ficar claro que o lençol visto por Pedro significava bem mais que animais, eram nações sendo purificadas pelo Senhor.

A preocupação da igreja de Jerusalém com relação a expansão do evangelho entre os gentios em Antioquia tem seu devido valor, já que, conforme descrito em “O Novo Dicionário da Bíblia” (Douglas, 1995, p. 85) a cidade de Antioquia, abrigava um santuário dedicado a Apolo, onde eram celebrados ritos orgíacos em nome da religião, além de abrigar diversos outros templos pagãos. A igreja, no entanto, sem preconceitos para com os gentios, enviou Barnabé um homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé e desta forma, a igreja de Jerusalém, através de Barnabé, juntamente com os demais irmãos em Antioquia e logo depois juntamente com Paulo, pode ver consolidado o belo trabalho que foi ali realizado entre os gentios, pois foi em Antioquia que os discípulos foram, pela primeira vez chamados cristãos, o que indica que ali eles foram notadamente reconhecidos como seguidores de Jesus Cristo.

At 10.11-15: “E viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou”.

Ef 2.19-22: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”. 

2.2 Barnabé, unanimente escolhido – Barnabé era um homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé (At 11.24). Não podemos confundir ser cheio do Espírito Santo com manifestações do poder de falar em línguas quando uma pessoa é tocada por Deus. Barnabé era impulsionado pelo Espírito Santo que habitava nele, não possuía um caráter variável, não estremecia diante das dificuldades, não desanimava, mas sempre estava pronto a ir por onde quer que o Senhor o direcionasse. Logo, não é tão simples assim dizer-se “cheio do Espírito Santo”, quando não há verdadeira mudança de caráter e a unidade só existe em meras palavras.

Em At 2.4, por ocasião da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, o texto bíblico registra que “todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Também em At 4.31 o texto bíblico registra um momento onde os discípulos estando reunidos e tendo orado, experimentaram um mover do Espírito Santo, e mais uma vez “todos foram cheios do Espírito Santo”. Estes fatos indicam, portanto que o ser “cheio do Espírito Santo” depende de uma busca diária por parte daqueles que assim o desejam, sendo tal condição, muitas vezes manifestada por meio de sinais externos que indicam a presença do Espírito Santo. É importante, no entanto deixar claro, que a vida cheia do Espírito Santo não é indicada apenas por tais sinais de poder, antes, porém, ela deve ser indicada também e principalmente pela manifestação do fruto do Espírito Santo, pois é através do fruto que tal vida será de fato reconhecida como que estando em comunhão e obediência aos ensinamentos de Jesus Cristo.

Mq 3.8: “Mas eu estou cheio do poder do Espírito do Senhor, e de juízo e de força, para anunciar a Jacó a sua transgressão e a Israel o seu pecado”.

Gl 5.22: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.

Ef 5.9: “(Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade)”.

Ef 5.18,19: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”.

Jo 13.34,35: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

Jo 14.23: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.

2.3 Barnabé, um homem de coração voluntário – A voluntariedade é algo de grande valor em qualquer obreiro, quando se faz necessária sua inserção em qualquer atividade, seja ela pequena ou de grande envergadura. Essa disposição havia possibilitado a formação dos doze discípulos do Senhor Jesus, entre tantos outros. Agora, sem a liderança pessoal do Mestre, os apóstolos precisavam de um elemento capaz, que supervisionasse o trabalho do Senhor entre os gentios. Barnabé se dispôs a atender sem imaginar que sua atitude faria dele um elemento jamais esquecido por toda a cristandade. Esse jeito resignado, voluntarioso, nos faz pensar o quanto ele se assemelhava ao Senhor Jesus, o mais importante a se perceber num obreiro.

1 Sm 12.24: “Tão-somente temei ao Senhor, e servi-o fielmente com todo o vosso coração; porque vede quão grandiosas coisas vos fez”.

1 Cr 28.9: “E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai, e serve-o com um coração perfeito e com uma alma voluntária; porque esquadrinha o Senhor todos os corações, e entende todas as imaginações dos pensamentos; se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-á para sempre”.

Sl 54.6: “Eu te oferecerei voluntariamente sacrifícios; louvarei o teu nome, ó Senhor, porque é bom”.

Sl 100.2: “Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto”.

Mc 10.44,45: “E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”.

1 Pe 5.2: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto”.

3. Barnabé é enviado ao campo – Lucas destaca a principal atitude tomada por Barnabé ao chegar a Antioquia e aponta suas qualidades como base para necessária exortação, cujo sentido conotativo é diferente do que costumamos aplicar. Exortar é chamar para perto, admoestar, animar falando com carinho, o que muitos entendem erradamente como sendo imprecar ou repreender com severidade, sem amor.

Rm 12.6-8: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria”.

1 Co 14.1-3: “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar. Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação”.

1 Ts 5.8-11: “Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação; porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele. Por isso exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis”.

Hb 3.12,13: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo. Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado”.

2 Tm 4.1,2: “Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina”.

3.1 Barnabé viu apenas o que deveria ver – Assim que Barnabé chegou de viagem em seu campo de trabalho, logo se pôs em ação e averiguando os acontecimento viu “charis”, ou seja, “a graça de Deus”. Ele pode detectar a presença da graça do Senhor naquele local, reconhecendo ali a marca positiva de um trabalho alheio com prazer e muita nobreza, isto é, não procurou defeitos, possíveis falhas ou mesmo a transitoriedade que marca o entusiasmo inicial de um avivamento. A visão de Barnabé captava apenas o essencial, o benefício outorgado por Deus, não defeitos, observando a operação de Deus na vida e atitudes dos novos convertidos.

Tt 2.11: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”.

Fp 1.6: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo”.

3.2 Barnabé, homem contagiante – Barnabé era cheio do Espírito Santo, o que tornava evidente o fruto de bondade. Não era apenas a ausência do pecado, mas o que nele se observava, procedia de um coração trabalhado por Deus. E desta maneira, o “filho da consolação e representante da “igreja-mãe”, tocava os outros em seu interior por ser um homem bom. Embora a presença do Espírito Santo seja identificada subjetivamente, existem aspectos observáveis como: Palavras tocantes e olhar puro. Por outro lado, Barnabé era alguém que sempre procurava estar perto de Deus, buscando-o contritamente em oração e estudo da Palavra.

Sl 37.23: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho”.

Pv 14.14: “O que no seu coração comete deslize, se enfada dos seus caminhos, mas o homem bom fica satisfeito com o seu proceder”.

Mt 12.35: “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más”.

Rm 15.13,14: “Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros”.

Fp 4.8: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.

3.3 Barnabé exorta os irmãos a permanecerem no Senhor – Barnabé teve a percepção de animar os crentes a permanecerem com um coração firme. Não se preocupou apenas com a visitação do Espírito Santo, mas com o que o avivamento produziria através da vida daqueles cristãos. Seu incentivo começou focalizando a Palavra como o alicerce principal para um novo coração. O Espírito Santo chegou até eles e Barnabé foi a peça chave para que sua presença impregnasse a vida dos irmãos de Antioquia. Lucas apresenta Barnabé, acima de tudo, como um homem bom. Todavia, por não ser ainda suficiente, o escritor acrescenta que era homem de fé e cheio do Espírito Santo. Três grandes qualidades, que combinadas entre si, mostram porque Barnabé se distinguia dos demais.

Barnabé oferece um exemplo de como os novos convertidos devem ser tratados por aqueles que já receberam a fé em Jesus Cristo há mais tempo. Estes devem ter como interesse ajudar e animar os novos cristãos a permanecerem firmes na fé, no amor e na comunhão com o Senhor Jesus Cristo. É com certeza, com este interesse na mente e no coração que Barnabé permanece em Antioquia, o que leva muitos outros gentios a unirem-se ao Senhor, conforme fica claro em At 11.24b: “E muita gente se uniu ao Senhor”. O coração generoso de Barnabé para com os novos convertidos se manifesta ainda mais uma vez, quando ele parte para Tarso em busca de Saulo, e achando-o, ele conduz Paulo a Antioquia, e é desta forma que os dois ali permanecem ensinando a palavra de Deus motivados, com certeza, pelo desejo de ver os novos convertidos crescerem ainda mais na graça e no conhecimento de Deus. 

At 11.25,26: “E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”.

Os 6.3: “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra”.

1 Pe 1.23-25: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva.Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada”.

1 Pe 2.2: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”.

2 Pe 3.18: “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém”.

Referências Bibliográficas:
J. D. Douglas, O Novo Dicionário da Bíblia, 1995, Edições Vida Nova, São Paulo, SP.

2 comentários:

Luiz Fernando disse...

Cheguei ao seu blog através da lista de cientistas que tem a coragem de discordar do da "religião" darwinista (www.dissentfromdarwin.org/index.php). Parabens por sua coragem, mantenha sua honestidades intelectual mesmo diante da intolerância.

Ev Genes disse...

Irmã Magda
Apaz do Senhor.
Somos imensamente agradecido pelas contribuições que vc tem nos proporcinado por meio de seus comentarios de nossa lição biblica.

Reiteramos nossos agradecimentos e solicitamos o comentario da lição 05 pois estarei ministrando esta lição no próximo domingo.

Que Deus vos abençõe.


Ev. Genes José
Aparecida de Goiânia-GO