terça-feira, 27 de setembro de 2011

LIÇÃO 1 - BARNABÉ, UM LÍDER DESTACADO NA IGREJA PRIMITIVA

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Barnabé
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” (At 11.23).
  
Verdade Aplicada: A igreja de Cristo, precisa de líderes como Barnabé, que reflitam o Senhor Jesus por meio do seu ser, para que sejam atraentes aos que estão do lado de fora.

Objetivos da Lição:

·   Mostrar quão destacado se tornou Barnabé, como líder na Igreja Primitiva.
·   Apontar as qualidades-chave que o tornaram um grande líder na Igreja Primitiva.
·   Indicar a necessidade de desenvolvermos um caráter à semelhança de Barnabé.

Textos de Referência: At 4.36,37; 11.19-23

Introdução: O principal propósito desta lição é revelar quão notável líder era Barnabé, sua contribuição apostólica, seu exemplo de vida, caráter e as principais virtudes que o tornaram um homem tão admirado e destacado, cujo testemunho de vida ainda fala.

Barnabé, desde o momento em que ele aparece junto aos apóstolos pela primeira vez, ganha notoriedade, e a partir de então ele se destaca como líder na igreja primitiva. Sua influência pode ser vista tanto na igreja em Jerusalém quanto posteriormente na igreja de Antioquia. Tal fato indica que Barnabé era bem considerado tanto entre os judeus convertidos bem como entre os gentios convertidos. A liderança de Barnabé é indicada em diversos momentos no livro de Atos dos Apóstolos, porém é em At 13.1 que ela é exaltada pelo próprio Espírito Santo, quando então o autor de Atos o lista em primeiro lugar entre os profetas e doutores que se encontravam na Igreja de Antioquia: “E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo”. Como “profeta e doutor”, linguagem esta que denota o conhecimento de Barnabé em relação a palavra de Deus, Barnabé exerceu o ministério de ensino na igreja de Antioquia (ver At 11.26) e na seqüência ele receberia um chamado específico do Espírito Santo para a obra missionária, o que levaria então a acontecer a primeira viagem missionária de Paulo. É importante, no entanto perceber com respeito a este momento, a liderança de Barnabé em relação a Paulo, já que o Espírito Santo lista o nome de Barnabé à frente do nome de Paulo, conforme pode ser visto em At 13.2: “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Como líder chamado por Deus, a chamada de Barnabé pode ser vista dentro do propósito de Deus para sua igreja conforme descrito em Ef 4.11,12: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”. Como alguém que deixou um testemunho de vida que ainda fala, Barnabé se encontra entre aqueles que fazem parte da nuvem de testemunha da qual os crentes estão rodeados, sendo seu exemplo um estímulo para todos aqueles que estão correndo a carreira que lhes está proposta: “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1).

1. Suas raízes – As páginas das Sagradas Escrituras nos revelam alguns homens que se destacaram a partir dos doze apóstolos seletos de Jesus. Entre os nomes aqui apontados, Barnabé foi o que se tornou não somente o pioneiro em dar a maior contribuição financeira, mas assumir a liderança e a supervisão de uma igreja mista ao lado de Paulo Tarso, a quem, ele recebeu e acolheu, fazendo dele sua ponte de sustentação ministerial.

O evangelho de Lucas registra o momento, quando Jesus subiu ao monte a orar e depois de ter passado a noite em oração a Deus, Ele chama a si os seus discípulos e dentre eles escolhe os doze que seriam então chamados de apóstolos (ver Lc 6.12-16). Os apóstolos escolhidos por Jesus foram então Simão, ao qual Ele chamou de Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; e Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. Mais tarde, depois da morte e ressurreição de Jesus, os onze são vistos estando juntos (ver At 1.13) quando então Judas Iscariotes é substituído por Matias o qual fora também testemunha da ressurreição, requisito essencial para a escolha que foi feita (ver At 1.15-26). Em Jerusalém, os apóstolos davam, conforme registra At 4.33 “com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”. O testemunho dos apóstolos era acompanhado por diversas conversões, sendo estas demonstradas pela generosidade entre os primeiros cristãos de forma que entre eles não havia “necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido e o depositavam aos pés dos apóstolos” (At 4.34). É dentro deste clima de testemunho e generosidade que o nome de Barnabé aparece pela primeira vez, sendo destacada sua ação de vender uma propriedade e depositar o valor da mesma aos pés dos apóstolos: “Então, José, cognominado, pelos apóstolos Barnabé (que, traduzido, é Filho da Consolação), levita, natural de Chipre, possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos” (At 4.36,37). Mais tarde, Barnabé juntamente com Paulo assume a liderança da igreja de Antioquia onde então os dois permanecem juntos ensinando a palavra de Deus, conforme descrito em At 11.25,26: “E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu a Antioquia. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos”. O reflexo dos ensinos de Barnabé e Paulo se vê no fato de em Antioquia os discípulos serem pela primeira vez chamados cristãos, o que indica a conversão genuína dos gentios ali presentes. Além disto, a generosidade de Barnabé vai se refletir também na atitude dos cristãos de Antioquia quando então são eles que, ao ouvirem falar da fome que se abateria em todo o mundo, conforme profetizado por Ágabo, determinam mandar socorro aos cristãos da Judéia, conforme relato descrito em At 11.29: “E os discípulos determinaram mandar, cada um socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo”.   

1.1 Barnabé, o filho da consolação – Barnabé, como popularmente tornou-se conhecido, era, na verdade, o seu sobrenome, que significa filho da consolação ou exortação. Este nome foi dado pelos apóstolos diretos do Senhor Jesus, mas o seu nome era José, cujo provável significado é “Deus aumenta” ou “Deus acrescenta”. Há uma verdade interessante acerca do nome Barnabé, que aponta para sua maneira conciliadora de se relacionar com as pessoas, o que o tornava benquisto entre os apóstolos e por toda a Igreja.

Em At 4.36, fica evidente que o homem cujo nome era José passa a ser chamado de Barnabé, sendo este nome lhe conferido pelos apóstolos, o que indica que eles reconheciam nele seu caráter conciliador, encorajador e consolador já que seu nome significa “filho da consolação”. A seqüência abaixo lista alguns acontecimentos em que Barnabé está presente sendo notáveis suas atitudes de apoio, encorajamento e consolo a pessoas e ministérios:

·   At 4.36,37 – Barnabé vende uma propriedade e deposita o valor da mesma aos pés dos apóstolos. O valor da herdade seria utilizado no auxílio aos necessitados.
·   At 9.26,27 – Barnabé traz Saulo até os apóstolos e encoraja-os a acreditar na veracidade da conversão de Paulo.
·   At 11.22-26 – A igreja de Jerusalém envia Barnabé a Antioquia e ali ele anima os irmãos a permanecerem no Senhor. Depois disto, Barnabé parte para Tarso em busca de Saulo e assim eles permanecem juntos na igreja de Antioquia.
·   At 11.27-30; 12.25 – Barnabé e Saulo levam socorro aos irmãos que habitavam na Judéia por ocasião da fome que aconteceu no tempo de Cláudio César. Depois disto, eles retornam para Antioquia.
·   At 15.1-35 – Barnabé e Paulo sobem a Jerusalém para participarem do Concílio de Jerusalém, onde então ele testifica juntamente com Paulo a conversão dos gentios: “Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quão grandes sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios” (At 15.12).
·   At 15.36-39 – Paulo diz a Barnabé para juntos eles partirem em uma segunda viagem missionária. Barnabé apoia a idéia de tomarem consigo João Marcos, não havendo consenso, porém entre eles quanto a esta questão, Barnabé parte para Chipre levando consigo Marcos.

1.2 Alguns detalhes pessoais de sua vida – Além de solteiro, Barnabé era um homem alto, forte e de boa aparência e, por esse motivo, foi confundido com Júpiter, em Listra, pelos nativos que lá habitavam. Barnabé era um homem rico e não é mencionado no relato do Novo Testamento que tenha passado alguma dificuldade financeira. Mas, ao contrário, aparece ajudando a Igreja e os irmãos necessitados. Era natural da Ilha de Chipre, que possuía paisagens agradáveis e terra muito fértil. Embora o Novo Testamento se omita acerca de seus pais, apresenta a sua linhagem levítica e fala de João Marcos, seu sobrinho, que foi também um dos que participaram na primeira viagem missionária de Paulo.

Conforme descrito pelo comentarista, e segundo At 4.36, Barnabé era levita, o que indica que ele era da descendência da tribo de Levi, a tribo que foi separada por Deus para lhe prestar serviço na Tenda do Tabernáculo e posteriormente no Templo auxiliando assim os sacerdotes, que também eram levitas, porém exclusivamente da descendência de Arão. Diversos textos do Antigo Testamento, como, por exemplo, Dt 18.1 “Os sacerdotes levitas, toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança com Israel; das ofertas queimadas do Senhor e da sua herança comerão” mostram que os sacerdotes bem como os levitas não receberiam herança dentre os filhos de Israel, já que eles deveriam se dedicar ao serviço no Tabernáculo e posteriormente no Templo, sendo o Senhor a sua verdadeira herança. O texto de At 4.37 apresenta, no entanto Barnabé como proprietário de uma herdade. O fato de Barnabé vender sua propriedade e depositá-la aos pés dos apóstolos indica que ele, como levita, compreendeu o verdadeiro propósito de Deus para sua vida, e assim, tendo se despojado daquilo que poderia lhe prender em tarefas diárias, ele pode, desde então dedicar-se ao Senhor pregando o evangelho por onde Deus lhe enviasse, sendo o Senhor a sua verdadeira herança, conforme fora já determinado em relação aos levitas por Deus no Antigo Testamento.
Nos tempos do Antigo Testamento, quando o Reino do Norte, Israel foi levado para o cativeiro assírico (ver 2 Rs 17.6-23) as dez tribos de Israel se dispersaram por diversas regiões. Mais tarde, o Reino do Sul, Judá é levado para o cativeiro babilônico (ver 2 Rs 25.1-22), porém setenta anos depois, Ciro, rei da Pérsia determina o retorno dos judeus para sua pátria (ver Es 1.1-4). Muitos dentre os dispersos das dez tribos do norte, bem como a tribo de Levi unem-se a Judá em seu retorno, conforme se vê nos relatos descritos por Esdras e Neemias, porém apesar deste retorno, muitos dos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó se estabeleceram em outras regiões, sendo este provavelmente o caso da família de Barnabé já que At 4.36 se refere a ele como sendo natural de Chipre. Segundo o Novo Dicionário da Bíblia (Douglas, 1995, p. 286) a ilha de Chipre fica no Mediterrâneo oriental, cerca de 97 Km  a oeste da costa da Síria, e a cerca da mesma distância da costa turca. A ilha possui 225 quilômetros de comprimento por 97 quilômetros na parte mais larga, e de acordo com At 13.4-13, Paulo e Barnabé atravessaram a ilha desde Salamina até Pafos, no início da primeira viagem missionária de Paulo [Veja na figura acima a localização da ilha de Chipre (Cyprus)].
Com relação às características físicas de Barnabé, estas não são referenciadas na Bíblia, porém o comentarista tira conclusões baseadas no relato de At 14.6-12, quando, por causa da cura de um homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, as multidões aclamam a Barnabé como sendo Júpiter e Paulo como sendo Mercúrio. Segundo o Novo Dicionário da Bíblia (1995, p.1027), Mercúrio, traduzido como ‘Hermes’ (do grego, Herme) em algumas versões, era auxiliar ou o mensageiro de Zeus também chamado Júpiter, sendo que o mito antropomórfico fazia dele filho de Zeus e de Maia, o veloz mensageiro celeste, patrono do comércio, da eloqüência, da literatura e da juventude. Barnabé é visto como sendo Júpiter, provavelmente porque o povo de Listra reconhece a sua liderança em relação a Paulo, enquanto Paulo é visto como sendo Mercúrio, o mensageiro de Júpiter, por ser Paulo o portador da palavra conforme se vê no relato de At 14.6-12: “Sabendo-o eles, fugiram para Listra e Derbe, cidades de Licaônia, e para a província circunvizinha; e ali pregavam o evangelho. E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou. E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava.
                                                                                                     
1.3 Barnabé, um homem generoso – Em Atos 4.36,37, encontramos Barnabé vendendo a sua propriedade a fim de ajudar a Igreja no desempenho de sua missão. Ele era um homem bom, de coração disposto e de larga visão. Além de todos os outros belos traços de seu caráter, devemos acrescentar seu forte espírito de fraternidade para com seus irmãos em Cristo, pois era guiado pelo Espírito Santo ao ofertar para suprir a necessidade daqueles que não tinham. Toda a disposição de contribuir generosa e liberalmente vem do Espírito de Deus.

Sl 37.23: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e deleita-se no seu caminho”.

Sl 112.5,9: “O homem bom se compadece, e empresta; disporá as suas coisas com juízo. Ele espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça permanece para sempre, e a sua força se exaltará em glória”.

Pv 14.14: “O que no seu coração comete deslize, se enfada dos seus caminhos, mas o homem bom fica satisfeito com o seu proceder”.

Mt 12.35: “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más”.

Rm 8.14: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus”.

Gl 5.22: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.

Ef 5.9: “Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade”.

2. Um homem conciliador – O nome de Barnabé é mencionado em apenas três momentos na Bíblia, e em cada ocasião está proporcionando consolo, encorajamento e apoio a todos que o cercam. Em Atos 11.23,24, ele é descrito como um “homem de fé e cheio do Espírito Santo”. Visto que o Espírito Santo é o Consolador, será legítimo concluir que Barnabé, o Filho da Consolação estava em sintonia perfeita com o Espírito.

At 11.19-24: “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns homens chiprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia. O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração; porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor”.

O texto de At 11.19-24 descreve a formação da igreja de Antioquia quando os discípulos que andavam dispersos por causa da perseguição de Estevão caminham até a Fenícia, Chipre e Antioquia anunciando a palavra aos judeus. Dentre estes discípulos alguns de Chipre e de Cirene, ao entrarem em Antioquia, falam aos gregos, anunciando-lhes então o Senhor Jesus Cristo. A partir deste momento, e sendo a mão do Senhor com os discípulos, um grande número de gentios crêem e se convertem ao Senhor Jesus Cristo. A fama destas coisas chega a Jerusalém e diante dos acontecimentos, a igreja em Jerusalém sente-se no dever de investigar qual seria o rumo que o anúncio do evangelho estaria tomando em Antioquia, já que algo novo estava agora acontecendo, sendo este a expansão do evangelho entre os gentios, ou seja, entre pessoas de costumes completamente distintos dos costumes judaicos. A igreja de Jerusalém envia então Barnabé até Antioquia, fato este que indica a ação da igreja com sabedoria, já que Barnabé, sendo de origem hebraica, porém natural de Chipre saberia lidar com qualquer tipo de situação relacionado tanto aos costumes judaicos quanto aos costumes gentios. A preocupação da igreja de Jerusalém com relação a expansão do evangelho entre os gentios em Antioquia tem seu devido valor, já que, conforme descrito em “O Novo Dicionário da Bíblia” (Douglas, 1995, p. 85) a cidade de Antioquia, capital da província romana da Síria e também a terceira maior cidade do império, abrigava um santuário dedicado a Apolo, onde eram celebrados ritos orgíacos em nome da religião. Barnabé, porém ao chegar a Antioquia, estando ele em sintonia com o Espírito Santo e sendo assim com o propósito de Deus em relação aos gentios e tendo ele discernimento espiritual para observar o poder de Deus na transformação do pecador, se alegra com tudo aquilo que ele pode contemplar. Como homem de bem, Barnabé se alegra ao ver a graça de Deus se manifestando também em favor dos gentios; como homem cheio do Espírito Santo, ele exorta a todos a que, com firmeza de coração, ou seja, não se deixando mais serem levados pelos caminhos da idolatria e da prostituição, permanecessem no Senhor; e como homem de fé, ele permanece em Antioquia o que levou muita gente a unir-se ao Senhor.

2.1 Barnabé, o “Filho de Paraklesis” – O texto grego de Atos 4.36 explica o nome de Barnabé como “hyos paraklesis” que significa: “filho da exortação ou filho da consolação”. De fato, vemos Barnabé atuando como consolador quando...

·   Se despoja de seus próprios bens para suprir a necessidade de pessoas carentes;

Pv 14.21: “O que despreza ao seu próximo peca, mas o que se compadece dos humildes é bem-aventurado”.

Jo 13.35: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.

At 20.35: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.

Gl 6.10: “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.

·   Quando vai a Tarso em busca de Saulo e lhe credita confiança quando todos ainda o temiam como uma ameaça;

Mt 5.9: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”.

Rm 14.17: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo”.

Rm 12.18: “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens”.

Tg 3.17,18: “Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz”.

·   Quando faz de Antioquia, ao lado de Paulo, um modelo de Igreja, a única a não receber repreensão.

O modelo de igreja que se tornou a igreja de Antioquia pode ser visto na forma como ela recebeu a decisão do Concílio de Jerusalém, conforme pode-se perceber no seguinte relato descrito em At 15.29-31: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá. Tendo eles então se despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a multidão, entregaram a carta. E, quando a leram, alegraram-se pela exortação”.

Barnabé não era somente cheio do Espírito Santo, mas o próprio Espírito Santo fazia parte de seu caráter. Precisamos de líderes assim, inimigos de contendas, pacificadores, que encorajem os outros através de exemplos.

Jo 14.16,17: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós”.

Jo 14.26: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.

2.2 Barnabé, um reconhecedor de valores – A grande virtude de um líder é ver em outros a capacidade que talvez não tenha e promovê-los a fim de ver o Reino de Deus ser favorecido. Afinal, ninguém faz tudo sozinho, sabe tudo, ou não necessita aprimorar-se mais. Barnabé foi um homem de méritos, pois reconheceu que Paulo estava realmente convertido e trabalharam juntos na divulgação do evangelho. Ele era homem de visão e pôde discernir bem as coisas do mundo espiritual. Assim, não temeu reconhecer o valor de Saulo e conseguiu incentivar os outros apóstolos a compreenderem que, agora, Saulo não era mais um perseguidor, mas um defensor do Caminho.

Depois que Paulo se converteu no caminho de Damasco e foi batizado por Ananias (ver At 9.1-18), ele passou alguns dias em Damasco pregando nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus: “E logo, nas sinagogas, pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus. Todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes?” (At 9.20,21). Logo depois, Paulo partiu para a região árabe, para depois retornar novamente a Damasco, sendo, porém tal fato não registrado no livro de Atos, mas descrito por Paulo em sua carta aos gálatas: “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei carne nem sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco” (Gl 1.15-17). É depois deste segundo período em Damasco que Paulo então parte para Jerusalém sendo levado por Barnabé aos apóstolos, já que todos ainda o temiam não crendo que fosse discípulo: “E, quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus” (At 9.26,27). O fato de Barnabé conduzir Paulo aos apóstolos não indica que ele fez isto de forma precipitada sem verificar a autenticidade da conversão de Paulo. Barnabé testifica junto aos apóstolos sobre a conversão de Paulo no caminho de Damasco e sobre como ele falara ousadamente em Damasco no nome de Jesus. Pode-se dizer, portanto que Barnabé de forma cautelosa avaliou a condução de Paulo e os frutos do arrependimento em sua vida para então testificar da veracidade de sua conversão. O próprio Senhor Jesus descreveu quanto a necessidade de se julgar, quando Ele traz aos discípulos um ensino sobre a árvore boa que produz bons frutos e a árvore má que produz maus frutos (ver Mt 7.16-19), concluindo seu ensino com as seguintes palavras: “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20). Quanto à questão relacionada ao reconhecimento de valores a fim de ver o Reino de Deus ser favorecido, cada membro da igreja deve entender que o trabalho na Casa de Deus não é um trabalho de competição, mas sim de cooperação, conforme o próprio apóstolo Paulo mais tarde ensina em 1 Co 3.9: “Pois, nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus”.    

2.3 Barnabé, um líder criador de oportunidades – Barnabé era um homem irrepreensível, longânimo e cheio de misericórdia. Não só pelo fato de ter dado oportunidade a Paulo quando recém converso, mas também a João Marcos, seu sobrinho, que na primeira viagem missionária abortou a missão na Panfília, tendo em vista os perigos que haviam deixado para trás e os que ainda encontrariam adiante. Quando agimos assim, nos assemelhamos ao Senhor Jesus, que também deu oportunidade a Pedro, aos demais apóstolos e a todos os que a Ele se achegaram. Ele mesmo disse “misericórdia quero” (Mt 9.13).

Depois de um ano em Antioquia, onde Paulo e Barnabé permaneceram ensinando a palavra de Deus, os dois foram a Jerusalém levando socorro aos irmãos que viviam na Judéia já que o profeta Ágabo havia profetizado em Antioquia acerca de um período de fome que haveria em todo o mundo, o que aconteceu no tempo de Cláudio César: “E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia. E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César. E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo” (At 11.27-30). Quando Paulo e Barnabé retornam de Jerusalém para Antioquia, eles levam consigo João Marcos que era sobrinho de Barnabé: “E Barnabé e Saulo, havendo terminado aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, que tinha por sobrenome Marcos” (At 12.25). Mais tarde, a igreja de Antioquia obedecendo a voz do Espírito Santo separa Barnabé e Paulo para a obra missionária. João Marcos os acompanha, porém quando eles partem de Pafos e chegam a Perge na Panfília, João Marcos desiste de acompanhá-los e retorna para Jerusalém: “E, partindo de Pafos, Paulo e os que estavam com ele chegaram a Perge, da Panfília. Mas João, apartando-se deles, voltou para Jerusalém” (At 13.13). Por ocasião da idéia quanto a segunda viagem missionária, o intento de Barnabé era o de levar Marcos; Paulo, porém não era favorável a tal proposta, e isto vem a causar a separação entre os dois companheiros de viagem o que leva Barnabé a partir levando consigo Marcos quando então, juntos os dois navegam para Chipre: “E alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar nossos irmãos por todas as cidades em que já anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão. E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos. Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra. E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre” (At 15.36-39). O fato de Barnabé apoiar Marcos indica, mais uma vez, o caráter de Barnabé como sendo alguém que procurava sempre apoiar as pessoas, proporcionando-lhes, se necessário fosse o perdão e a chance de mais uma oportunidade, exatamente como Jesus ensinara aos seus discípulos, por exemplo, em Mt 18.21,22: “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete”.

Pv 15.18: “O homem iracundo suscita contendas, mas o longânimo apaziguará a luta”.

Ef 4.32: “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”.

3. Um homem generoso – É notável como o nome de Barnabé está relacionado com a pessoa do Espírito Santo, pois a generosidade qualifica pessoas cheias do Espírito. Esse sentimento não pertencia somente a Barnabé, mas a todos os crentes da Igreja Primitiva. “E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo a necessidade de cada um” (At 2.45). Quando o Espírito Santo é Senhor de nossas vidas, não fica difícil captar a necessidade de outrem.

Dt 15.11: “Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra”.

Pv 14.31: “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra”.

Jr 22.16: “Julgou a causa do aflito e necessitado; então lhe sucedeu bem; porventura não é isto conhecer-me? diz o Senhor”.

1 Jo 3.16-18: “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”.

3.1 Generosidade, a marca de um líder – Todo aquele que se propõe a servir a Deus com todo o seu ser, luta para ter um coração voluntário e generoso na sua obra. Não basta ter voz de comando, é necessário doar-se a si mesmo para tornar-se um líder. A verdadeira liderança, segundo Jesus Cristo, consiste no servir e não em ser servido. Barnabé, quando doou aquela vultosa quantia, o fez voluntariamente, sem segundas intenções, de maneira que se tornou ainda mais admirado por todos. O dinheiro na verdade é importante, porém, o mais importante, é doar da nossa própria presença e lealdade com aqueles que temos aliança.

Rm 12.6-8: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria".

1 Tm 6.17,18: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis.”

Tg 2.8: “Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis”.

Mc 10.44,45: “E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos”.

3.2 Um líder voluntário e humilde – Havia em Barnabé uma admirável nobreza de caráter, por esse motivo, muitos se uniram ao Senhor. Lucas, o autor do livro de Atos, não é parciominoso ao elogiá-lo, dizendo que o grande segredo do crescimento da Igreja estava naquele servo de Cristo, Barnabé, que “era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé” (At 11.24). Para que a Igreja do Senhor continue atraente aos que estão do lado de fora, é necessário que os seus líderes tenham um caráter firme e reflitam de fato o Senhor Jesus, como Barnabé.

Mt 5.16: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.

Tt 2.7,8: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós”.

3.3 Se tem o verdadeiro também tem o falso – Barnabé era verdadeiro, sincero. Ananias e Safira agiram falsamente. Vendo que Barnabé alcançou popularidade, eles forjaram algo parecido, porém, não foram liberais e atuaram com mentiras, e acima de tudo, sem temor (At 5.3-5). Ananias e Safira não tinham obrigação de dar nada, mas o que Deus julgou foi a intenção do coração deles, punindo-os com uma morte repentina. Nos dias atuais ainda temos a sombras de generosos como Barnabé e mentirosos que querem atingir posição de destaque como Ananias e Safira.

At 5.3-10: “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram. E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram. E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido. E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela disse: Sim, por tanto. Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti. E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido”.

Hb 10.26,27,30,31: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo”.

Para mais detalhes acerca de Ananias e Safira clique aqui e acesse a lição 5: A Grave Mentira de Ananias e Safira.

Referências Bibliográficas:
J. D. Douglas, O Novo Dicionário da Bíblia, 1995, Edições Vida Nova, São Paulo, SP.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

LIÇÃO 13 - O PERIGO DO SACERDÓCIO SEM O RECONHECIMENTO DIVINO

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Anônimos e Atalaias de Deus
Prof. João Paulo Cruz – Classe Bereanos

Texto Áureo: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra” (2 Tm 2.4).

Esse texto não nos impede de sermos comerciantes, de casarmos, de sairmos a compras, de trabalhar, de comer, beber, vestir-se, nada disso, até por que isso não é condenável! O texto acima se refere a prioridades. Qual é o nosso foco principal? Glorificar a Deus, servi-lo na beleza da sua santidade. Entendemos então que quando colocamos Deus em primeiro lugar todas as outras coisas são secundárias.  E quando queremos algo que possa atrapalhar a obra de Deus em nossas vidas, isso se torna irrelevante já que Deus tem primazia em nossas vidas. Aquele que quer agradar a Deus (voluntariamente) se abstém (voluntariamente) de tudo aquilo que atrapalha.  Não é a preocupação com a vida, mas a preocupação de agradar ao Senhor que o impele a agir e deixar de fazer.
  
Verdade Aplicada: Aquele que foi chamado por Deus e for fiel, terá sucesso no seu ministério e receberá o seu galardão.

Precisamos definir muito bem o que é sucesso no ministério.  Um ministério bem sucedido é aquele que glorifica o nome do Senhor Jesus Cristo.

·   Jesus em seu ministério bem sucedido recebeu açoites, perseguições e a CRUCIFICAÇÃO.
·   Paulo em seu ministério bem sucedido recebeu açoites, perseguições, prisões e ainda passava por enfermidades, sentia esbofeteado por Satanás, mas nada o inquietava, pois trazia no seu corpo as marcas de Cristo.
·   Pedro foi crucificado de cabeça para baixo (segundo a tradição).
·   Estevão morreu apedrejado.

É este tipo de sucesso que se espera hoje? Não! O que se espera hoje é ter um nome e sobrenome reconhecido, boas ofertas e agenda lotada... Mas este comportamento na Bíblia não é chamado de sucesso e sim negociantes da Palavra.

2 Co 2.17: “Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na  presença de Deus”.

Objetivos da Lição:

·   Identificar o verdadeiro chamado divino.
·   Entender que existe diferença entre o carnal e o espiritual.
·   Compreender que o verdadeiro chamado exige sacrifício.

Sacerdócio: Podemos definir o termo como uma classe especial escolhida para ministrarem a Deus no lugar do povo. Possuíam privilégios que o resto do povo não possuía. Uma aproximação com Deus que era peculiar a quem estivesse nessa posição. Tinham autoridade e responsabilidade que não eram dadas ao povo que representavam. O sacerdócio representa a comunhão mantida com Deus. “Todavia, na cruz, uma mudança radical foi feita. Essa época de sacerdotalismo medianeiro humano cessou e uma época nova foi inaugurada. O sacerdócio arônico cessou e o cristianismo começou. Isso foi simbolizado por duas ações: A primeira foi quando o sumo sacerdote rasgou as suas vestes (Mt 26.65) algo contra a lei (Lv 21.10), marcando assim o fim do sacerdócio humano, e, a segunda foi quando o véu do Tabernáculo rasgou de cima para baixo (Mt 27.51), marcando assim que a barreira entre a presença de Deus e o seu povo não existe mais”.

Textos de Referência: Jz 17.7-10

Mica interpretou como sinal do favor de Deus para ele e suas imagens a chegada de um levita a sua porta. Deste modo, os que se comprazem em seus enganos, se a providência traz inesperadamente a suas mãos algo que os adentra ainda mais em seu mau caminho, são dados a pensar que Deus está comprazido com eles.

Introdução

Lc 10.2: “E dizia-lhes: Grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara”.

Toda pessoa cheia de culpa está caminhando para o dia da morte e juízo final. É só ler um jornal, revista ou assistir a um noticiário que percebemos uma grande carência e necessidade de trabalho evangelístico para suprir essa carência. Jesus compara essa necessidade ao trabalho árduo de uma lavoura que precisa ser colhida. As multidões são chamadas de “seara”, o campo extenso que precisa de atenção imediata, pois já está maduro.  Essa “seara” não é exclusivamente referente à casa de Israel (Mt 10.6), mas também uma referência a todos aqueles que podem ser alcançados pelo evangelho.

Mc 16.15-16: E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”.

Mt 28.18-20: Chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”.

Jesus chama a atenção dos discípulos para o contraste sobre o grande número de pessoas que constituía a seara e o número escasso de trabalhadores que deve tentar ajuntá-lo nela. Há um ponto que merece nossa atenção e destaque. Jesus instrui os discípulos que roguem a Deus obreiros para a obra. Jesus não disse para escolherem obreiros, Jesus não pediu que eles se lançassem a nomear obreiros, mas sim “para rogarem”! Pedi ao Dono da obra, homens e mulheres valorosos para trabalhar na tão grande seara. Obreiros chamados por Deus, homens e mulheres escolhidos e nomeados (Jo 15.16) que sabem que a obra é árdua, mas trazem em sua consciência que são chamados de Deus para essa obra. Precisamos viver essa instrução de Jesus e orarmos para Deus manter os obreiros que Ele mesmo escolheu para nos rebanhar e pedir para levantar a nova geração para dar continuidade nesta tão grande obra.

1. O cenário histórico

O cenário que encontramos no tempo dos juízes não é muito diferente de nossos dias atuais: “Cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos” (Jz 17.6; 21.25). No livro de juízes podemos fazer a seguinte divisão: Capítulo 1-16: Ordem cronológica. Capítulo 17-21: Revelam os baixos padrões morais, as práticas religiosas corrompidas e a ordem social caótica de Israel durante o período dos juízes. Essa situação destaca o resultado de que quando Deus e sua Palavra (seus princípios e padrões morais) são abandonados, todos tendem a se destruir.
A rejeição a vontade do Senhor resulta em destruição, dor e morte.  O interessante é que essas pessoas faziam conforme o seu coração, conforme o que parecia certo aos seus olhos, mas os cristãos não podem viver assim, não vivemos conforme achamos certo, ou conforme dá certo, vivemos em obediência a Palavra de Deus.

Vamos destacar algumas palavras citadas pelo comentarista:

·   Apostasia: (apostasia - grego) aparece duas vezes no NT como substantivo. Em Hb 3.12 aparece como verbo (grego – aphistemi, traduzido por apartar).  Pode ser traduzido como separação da verdade, decair, abandonar.

At 21.21: “E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei”.
 
2 Ts 2.3: “Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”.

Hb 3.12: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo”.

·   Vazio Espiritual: Quando não se está vivendo segundo a vontade de Deus, realmente se está vazio. Vazio da comunhão com Deus, vazio de ouvir a voz de Deus, vazio de ver Deus guiando cada um de nossos passos.
·   Impiedade: Uma injustiça (especialmente moral) - Iniqüidade, maldade, perversidade. Substantivo que significa falta de retidão, algo oposto ao caráter de Deus. 

Sl 5.4: “Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal”.

Sl 84.10: Porque vale mais um dia nos teus átrios do que mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas dos ímpios”.

·   Carnalidade: Carnal é aquela pessoa que vive segundo os próprios desejos de sua natureza. Um dos significados para carne no NT é sede dos desejos, das paixões pecadoras e interesses sejam físicos ou morais.

Rm 7.5: “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte”.

1 Jo 2.16: “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”.

Ef 2.3: “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”. 

1.1 Aqueles que peregrinavam

Juízes 21.25 nos diz que nos dias de juízes não havia rei em Israel, porém o maior problema não era uma vida sem um poder humano centralizado e sim um povo que não tinha a vida centralizada em Deus. Além de não possuírem um rei que governasse humanamente (apesar de que todas as autoridades são instituídas por Deus), os sacerdotes haviam virado as costas para Deus.
Com relação aos sacerdotes é importante esclarecer que todo sacerdote é um levita (tribo de Levi), mas nem todo levita era um sacerdote, somente aqueles da descendência de Arão. A tribo de Levi não possuía herança entre as demais tribos, mas possuía lugar para habitar e criar seus gados.

Js 14.3-4: “Porquanto às duas tribos e à meia tribo já dera Moisés herança além do Jordão; mas aos levitas não tinha dado herança entre eles. Porque os filhos de José eram duas tribos, Manassés e Efraim, e aos levitas não se deu herança na terra, se não cidades em que habitassem, e os seus arrabaldes para seu gado e para seus bens”. 

Quais eram as funções de um levita? Levi teve três filhos: Gérson, Coate e Merari. O trabalho dos levitas foi distribuído de acordo com suas famílias:

·   A família de Gerson era responsável por carregar e montar as cortinas do pátio externo do Tabernáculo, as coberturas do Tabernáculo, a cortina da porta do santuário, a cortina da porta do pátio externo, juntamente com todas as cordas e fixadores que seguravam estas cortinas (Nm 3.25-26).
·   A família de Merari era responsável por carregar e montar as tábuas, as travessas, as colunas e bases do pátio externo (Nm 3.36-37).
·   A família de Coate era responsável pelo transporte da arca da aliança, do véu, do altar de Incenso, do castiçal, da mesa dos pães, da pia e do altar de holocausto juntamente com todos os utensílios do santuário (Nm 3.31).

Quando lemos nosso texto de referência entendemos uma troca de conveniências: Mica queria um sacerdote por ser religioso e o jovem levita queria mordomia, comodidade, facilidade. Como o povo havia “esquecido” de suas obrigações para com o Tabernáculo, o levita resolveu peregrinar para encontrar seus benefícios próprios.  Não confiou na providência divina, se esqueceu do Deus que alimentou o povo do deserto com maná!
Hoje nossa situação não é muito diferente, pessoas não querem esperar o tempo de Deus. Preferem peregrinar para ver quem dá mais. Alguns já se sentem no direito de requerer seus ministérios, outros se auto-intitulam, ainda tem aqueles que usam a famosa frase tão conhecida entre os nossos irmãos: “meu tempo aqui acabou” ou mesmo “aqui meu ministério não vai crescer”’. Tudo isso podemos em resumir com o versículo do começo deste tópico, “cada um faz o que parece bem aos seus olhos”.

1.2 Aqueles que não sabiam a quem servir

“Mica tinha certo respeito a Jeová”. Mica era religioso como a cidade de Atenas, que possuía um altar até para o Deus desconhecido (At 17.13).
Uma dificuldade levantada neste tópico é a oscilação de pensamento. Devemos estar firmes em Cristo Jesus. Convictos de nossa chamada, sabendo a quem servir e como servir. E o mais importante como é Aquele que servimos, por isso se faz necessário o estudo sistemático e devocional das Sagradas Escrituras.

Tg 4.4: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”.

2 Tm 3.4: Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”.

2 Tm 4.10: “Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia”.
                                                                                                     
1.3 Aqueles que não conheciam o Senhor

Jz 2.10: “E foi também congregada toda aquela geração a seus pais, e outra geração após ela se levantou, que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel”.

Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal podemos colocar o panorama histórico do livro de Juízes da seguinte maneira:

1.  A nova geração desvia-se do voto de fidelidade de seus pais e deixa de andar em comunhão pessoal com o Senhor.
2.  Esse pecado leva a nova geração a conformar-se com os modos de vida e os valores culturais ao derredor, o que resulta em apostasia geral.
3.  Condenação divina cai sobre Israel em forma de opressão e escravidão da parte de seus inimigos.
4.  Os israelitas clamam a Deus.
5.  Deus levanta um líder cheio do Espírito de Deus como libertador para livrar os israelitas.

O grande perigo é perder a fidelidade a Deus. A cada geração que se levanta é necessário o ensinamento sobre Deus e seu Filho Jesus Cristo.  A igreja precisa sempre se lembrar da morte de Cristo pelos nossos pecados e sobre o arrebatamento. Talvez esses dois temas estejam sufocados devidos tantos “avivamentos” e “prosperidade”. Quando o povo deixa de conhecer a Deus e a necessidade de ser fiel, ele passa a ser levado pela apostasia, o abandono da verdadeira fé.

Sl 95.10: “Quarenta anos estive desgostado com esta geração, e disse: É um povo que erra de coração, e não tem conhecido os meus caminhos”.

Os 4.6: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”.

Jo 8.32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

2. A história de Mica

Jz 17.1-5: “E havia um homem da montanha de Efraim, cujo nome era Mica. O qual disse à sua mãe: As mil e cem moedas de prata que te foram tiradas, por cuja causa lançaste maldições, e de que também me falaste, eis que esse dinheiro está comigo; eu o tomei. Então lhe disse sua mãe: Bendito do Senhor seja meu filho. Assim restituiu as mil e cem moedas de prata à sua mãe; porém sua mãe disse: Inteiramente tenho dedicado este dinheiro da minha mão ao Senhor, para meu filho fazer uma imagem de escultura e uma de fundição; de sorte que agora to tornarei a dar. Porém ele restituiu aquele dinheiro à sua mãe; e sua mãe tomou duzentas moedas de prata, e as deu ao ourives, o qual fez delas uma imagem de escultura e uma de fundição, que ficaram em casa de Mica. E teve este homem, Mica, uma casa de deuses; e fez um éfode e terafins, e consagrou um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote”.

Ex 20.3-5: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”.

2.1 Mica era um ladrão

Mica ao roubar sua mãe mostra que não levava em conta o decálogo, pois transgrediu dois mandamentos de uma vez: Além de roubar, roubou a própria mãe.

1 Co 6.9,10: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”.

1 Pe 4.15: “Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios”.

Ex 20.12: Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”.

Ef 6.2: Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa”.

Mica representa aquele que deseja o Senhor, mas por motivos errados, querem a benção, mas não o abençoador, querem ver a mãos de Deus, mas jamais a sua face. Querem o Cristo que ama, mas não o que corrige. Querem ir além, mas não fazem nada por isso. Que possamos orar para que jamais sejamos levados por esse tipo de situação.

2.2 Mica, um homem idólatra e precipitado

At 17.16: “E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria”.

1 Co 10.14: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”.

Cl 3.5: “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria”.

1 Tm 5.22: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro”.

2.3 Mica, um homem sem discernimento e supersticioso

Devemos tomar cuidado com os oportunistas. A aparência engana! Quem você está levando para pregar em sua congregação ou igreja? Quem está cantando ou dando testemunhos? Precisamos estar atentos; em nosso tempo presente, estamos com muitos aventureiros aproveitando a boa fé dos irmãos, por isso precisamos orar pedindo a Deus discernimento espiritual.

1 Jo 4.1: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.

Mt 7.21-23: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”.

3. A falta de comprometimento com Deus

 “Muitos parecem colocar seus interesses em primeiro lugar”. O que está acontecendo é o que chamamos de inversão de valores. O culto e os louvores são antropocêntricos, faz-se de tudo para atrair e agradar ao homem, sendo que na verdade somos feitos para agradar e glorificar ao nome do Senhor.

Mt 6.33: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.

Rm 11.36: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém”.

Mt 6.21: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”.

Aquele que está envolvido com a Palavra provavelmente estará comprometido, não podemos ser apenas estudantes e conhecedores, mas sim praticante daquilo que as Sagradas Escrituras nos ensinam:

Sl 119.9: “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra”.

Jo 15.3: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”.

3.1 Saiu a buscar oportunidade

“Um homem de Deus deve aprender esperar no Senhor”. 

Sl 118.8: “É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem”.

Sl 27.14: “Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no Senhor”.

Sl 37.34: “Espera no Senhor, e guarda o seu caminho, e te exaltará para herdares a terra; tu o verás quando os ímpios forem desarraigados”.

3.2 Aceitou a facilidade

Ec 7.8: “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o paciente de espírito do que o altivo de espírito”.

3.3 Ficou onde era cômodo

Devemos guardar o nosso coração de toda inquietação e esperar Deus agir, não devemos procurar soluções sem que estejamos na direção de Deus e até mesmo contrario a sua Palavra.

Sl 119.12: “Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim”.

Pv 4.23: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”.

Ec 8.5: “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo”.

4. Conseqüências do sacerdócio sem Deus

1.  Fez suas obrigações em casa – Jz 18.2,3: E enviaram os filhos de Dã, da sua tribo, cinco homens dentre eles, homens valorosos, de Zorá e de Estaol, a espiar e reconhecer a terra, e lhes disseram: Ide, reconhecei a terra. E chegaram à montanha de Efraim, até à casa de Mica, e passaram ali a noite. E quando eles estavam junto da casa de Mica, reconheceram a voz do moço, do levita; e dirigindo-se para lá, lhe disseram: Quem te trouxe aqui? Que fazes aqui? E que é que tens aqui?”
2.  Tinha consigo ídolos –  Jz 18.18-20: Entrando eles, pois, em casa de Mica, e tomando a imagem de escultura, e o éfode, e os terafins, e a imagem de fundição, disse-lhes o sacerdote: Que estais fazendo? E eles lhe disseram: Cala-te, põe a mão na boca, e vem conosco, e sê-nos por pai e sacerdote. É melhor ser sacerdote da casa de um só homem, do que ser sacerdote de uma tribo e de uma família em Israel? Então alegrou-se o coração do sacerdote, e tomou o éfode, e os terafins, e a imagem de escultura; e entrou no meio do povo”.
3.  Falava que agia em nome de Deus – Jz 18.5,6: Então lhe disseram: Consulta a Deus, para que possamos saber se prosperará o caminho que seguimos. E disse-lhes o sacerdote: Ide em paz; o caminho que seguis está perante o Senhor”.
4.  Mercadejou o ministério – Jz 17.10: Então lhe disse Mica: Fica comigo, e sê-me por pai e sacerdote; e cada ano te darei dez moedas de prata, e vestuário, e o sustento. E o levita entrou”.

Estas mesmas características denunciam obreiros que não são chamados por Deus. A chamada de Deus é santa e Ele não erra, sabe em quem pode confiar e a quem dar responsabilidades em sua obra. E esse perfil acima não caracteriza homens e mulheres que são chamados por Deus para o santo ministério.

4.1 O perigo da banalização (Jz 18.4-6)

Jz 1.34,35: “E os amorreus impeliram os filhos de Dã até às montanhas; porque nem os deixavam descer ao vale. Também os amorreus quiseram habitar nas montanhas de Heres, em Aijalom e em Saalbim; porém prevaleceu a mão da casa de José, e ficaram tributários”.

Jz 18.1: “Naqueles dias não havia rei em Israel; e nos mesmos dias a tribo dos danitas buscava para si herança para habitar; porquanto até àquele dia entre as tribos de Israel não lhe havia caído por sorte sua herança”.

4.2 O perigo de não distinguir entre o santo e o profano (Jz 18.20,24)

Alguns nomes de igrejas descritos abaixo mostram a banalização da fé cristã nos dias atuais:

CONGREGAÇÃO ANTI-BLASFÊMIAS
IGREJA EVANGÉLICA ABOMINAÇÃO À VIDA TORTA
IGREJA EXPLOSÃO DA FÉ
CRUZADA DE EMOÇÕES
IGREJA C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos)
IGREJA ACEITA A JESUS
COMUNIDADE ARQUEIROS DE CRISTO
IGREJA AUTOMOTIVA DO FOGO SAGRADO
ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA FIEL ATÉ DEBAIXO D’ÁGUA
IGREJA FILHO DO VARÃO
IGREJA DEKANTHALABASSI
IGREJA DOS BONS ARTIFÍCIOS
IGREJA CRISTO É SHOW
IGREJA DE DEUS DA PROFECIA NO BRASIL E AMÉRICA DO SUL
IGREJA DO MANTO BRANCO
IGREJA E.T.Q.B. (Eu Também Quero a Bênção)
IGREJA EVANGÉLICA FLORZINHA DE JESUS
IGREJA EVANGÉLICA ADÃO É O HOMEM
IGREJA EVANGÉLICA BATISTA BARRANCO SAGRADO
IGREJA PENTECOSTAL JESUS VEM, VOCÊ FICA
IGREJA EVANGÉLICA PENTECOSTAL CUSPE DE CRISTO
IGREJA PENTECOSTAL PLANETA CRISTO
IGREJA DO TRANCE DIVINO
IGREJA DO SÉTIMO GOLE!
IGREJA TRYBO CÓSMIKA
IGREJA OLIMPÍADA BÍBLICA

4.3 O perigo de proceder como um mercenário (Jz 18.19)

Banalizar é Transformar "valores" caros em algo comum e sem importância. É pegar aquilo que é santo e torná-lo comum como aconteceu nos tempos de Daniel.
Que possamos meditar nas palavras com as quais o apóstolo Paulo nos alertou:

2 Co 11.4: “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes com razão o sofrereis”.

Gl 1.8: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.

Conclusão:

Vamos terminar este trimestre refletindo nesta confissão puritana:

Orações Puritanas: 1 - Confissão e Petição
Autor Desconhecido

Santo Senhor, pequei vezes sem conta, e sou culpado de orgulho e incredulidade, de fracasso em encontrar Tua mente em Tua Palavra, de negligência em Te buscar em minha vida diária. Minhas transgressões e falhas apresentam-me com uma lista de acusações, mas eu Te louvo porque elas não se levantarão contra mim, pois tudo foi posto em Cristo. Continua subjugando minhas corrupções e concede-me graça para viver acima delas. Não permitas que as paixões da minha carne nem as cobiças da minha mente tragam meu espírito sob sujeição, mas reina Tu sobre mim em liberdade e poder.
Eu Te agradeço porque muitas de minhas orações foram rejeitadas. Pedi mal e não tive, orei a partir de cobiças e fui rejeitado, ansiei pelo Egito e recebi um deserto. Conduz em frente Teu trabalho paciente, respondendo "não" para minhas orações equivocadas, e ajustando-me para aceitar que assim seja. Purifica-me de todo falso desejo, toda aspiração indigna, tudo que é contrário à Tua lei. Eu Te agradeço por Tua sabedoria e Teu amor, por todos os atos de disciplina aos quais estou sujeito, pelas vezes em que me pões na fornalha para refinar meu ouro e remover minha escória.
Nenhuma provação é tão difícil de suportar quanto o senso de pecado. Se Tu vieres a me dar a opção entre viver em prazer e manter meus pecados ou tê-los queimados em meio a provações, concede-me a santificadora aflição. Livra-me de todo mau hábito, toda acumulação de pecados pregressos, tudo o que escurece o brilho da Tua graça em mim, tudo o que me previne de deleitar-me em Ti. Então eu Te bendirei, Deus de Jeshurun, por me ajudar a ser reto.

Nota do Tradutor: Jeshurun - termo hebraico que aparece na versão King James em Deuteronômio 32 e 33. Pode referir-se a Israel ou mais abrangentemente a Cristo. Na versão de Almeida costuma ser traduzido por "meu amado", ou "povo amado". A referência na oração é uma citação direta de Deuteronômio 33:26 - "Não há nenhum outro como o Deus de Jeshurun..."