sexta-feira, 27 de abril de 2012

LIÇÃO 5 - O SÉTIMO SELO E SEU CONTEÚDO

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos ardendo se fundirão” (2 Pe 3.11,12).

Verdade Aplicada: Mais bem aventurados são os que lêem e os que ouvem, e os que guardam o Apocalipse agora, do que aqueles que deixarem para fazê-lo depois.

Objetivos da Lição:

·  Esclarecer que Deus é imparcial no trato com os homens.
·  Ensinar que as nossas orações são respondidas.
·  Mostrar que o processo de redenção da terra será difícil e doloroso.

Textos de Referência: Ap 7.2,3,9; 8.1,2,6

Introdução: Quando o Cordeiro abrir o sétimo selo, serão entregues aos sete anjos, as sete últimas trombetas, que contém a última e pior seqüência de juízo jamais vista sobre a terra. Elas desencadearão uma série de fenômenos e fatos extraordinários os quais iremos examinar.

Conforme foi visto na lição anterior, o capítulo 6 de Apocalipse mostrou a abertura dos seis primeiros selos, sendo que o sexto selo introduz na terra os juízos de Deus relacionados às alterações na superfície da terra e no mundo cósmico. João vê o temor advir sobre todos os homens, eles, porém não reconhecem suas culpas diante de Deus para se arrependerem. Os juízos de Deus devem ter então continuidade, sendo estes apresentados na abertura do sétimo selo que trará então sete trombetas dos juízos de Deus sobre a terra e sobre os homens. Em meio aos juízos, Deus, porém não deixa de continuar trazendo oportunidades para a salvação em Cristo Jesus, e sendo assim, conforme diz o texto de Joel “...Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar” (Jl 2.32).
  
1. Preparativos para a abertura do último selo – Segundo teólogos pentecostais de linha dispensacionalista, o capítulo sete do livro do Apocalipse, é a primeira passagem parentética do livro. Este parêntese encontra-se entre o sexto e o sétimo selo (Ap 6.12-17; 8.1) O capítulo sete é que registra esta cena parentética, nele se verifica dois grupos de redimidos: Os judeus, e outro gentio. O primeiro grupo em destaque, acha-se na terra, porém o segundo grupo está no céu.

De forma geral, o dispensacionalismo pode ser entendido como sendo uma doutrina teológica que afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no mundo físico que envolverá o arrebatamento da igreja e um período de sete anos de tribulação, após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o estabelecimento do Reino de Deus na Terra com a volta visível de Jesus Cristo. De acordo com Tim LaHaye (2004, pp. 78-80) a palavra “dispensação” vem do substantivo grego  oikonomá, frequentemente traduzido por “administração”. Esta palavra é uma composição de oikos, que significa “casa” e nomos que significa “lei”. Quando unidas, “a idéia central da palavra dispensação é gerenciamento ou administração dos negócios de uma casa”. A palavra “dispensação” refere-se, portanto ao modo como Deus lida com a humanidade, ou como Deus administra a verdade em determinados períodos de tempo, sendo, porém importante destacar, conforme escreve o autor citado acima “que as dispensações não tem nada a ver com o modo como as pessoas são salvas de seus pecados”, ou seja, elas não são caminhos para a salvação, mas maneiras pelas quais Deus interage com o homem revelando sua verdade. A teologia dispensacionalista defende a interpretação literal das Escrituras; a distinção entre Israel e a igreja sendo isto a base teológica para o arrebatamento pré-tribulacional; e além disto, ela defende que as promessas do Antigo Testamento para Israel serão literalmente cumpridas no futuro, no período do Reino Milenar de Jesus Cristo na terra descrito em Ap 20. A teologia dispensacionalista entende a Bíblia organizada em sete dispensações sendo estas: Inocência (Gênesis 1.28-3.6), Consciência (Gênesis 3.7-8.14), Governo Humano (Gênesis 8.15-11.9), Promessa (Gênesis 11.10-Êxodo 18.27), Lei/Israel (Êxodo 19-João 14.40), Graça/Igreja (Atos 2.1-Apocalipse 19.21) e Reino (Apocalipse 20.1-15).
Segundo teólogos pentecostais de linha dispensacionalista, conforme descrito pelo comentarista, o capítulo 7 de Apocalipse apresenta uma situação de natureza parentética, pois ele abre um parêntesis entre a abertura do sexto selo, que já foi vista por João, e a abertura do sétimo selo, que ainda virá nas visões dadas a João. O capítulo começa com a terminologia “depois destas coisas” o que indica a continuidade aos fatos já descritos, estando estes, bem como ainda os seguintes até o capítulo 9, em primeira instância, relacionados aos três anos e meio primeiros dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação.

1.1 O primeiro grupo de redimidos (Ap 7.2-8) – Em Apocalipse 7.5-8, relata-se que serão escolhidos doze mil judeus de cada tribo, totalizando 144.000. Com a ajuda desses evangelistas judeus, Deus produzirá um grande avivamento numa época de trevas. Como um intervalo divino, uma atitude de graça de curta duração, Deus interrompe os juízos que se abatem sobre a terra para manifestar-se a uma determinada categoria de pessoas. Deus pausa a catástrofe cósmica, retarda as tempestades de juízo e ordena aos quatro anjos (Ap 7.3).

Ap 7.1-8: “E depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma. E vi outro anjo subir do lado do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus. E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo de Rúbem, doze mil assinalados; da tribo de Gade, doze mil assinalados; da tribo de Aser, doze mil assinalados; da tribo de Naftali, doze mil assinalados; da tribo de Manassés, doze mil assinalados; da tribo de Simeão, doze mil assinalados; da tribo de Levi, doze mil assinalados; da tribo de Issacar, doze mil assinalados; da tribo de Zebulom, doze mil assinalados; da tribo de José, doze mil assinalados; da tribo de Benjamim, doze mil assinalados”.

O texto de Ap 7.1-8 dá seqüência aos acontecimentos já descritos até a abertura do sexto selo estando este ainda relacionado aos três anos e meio iniciais dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação. João descreve quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, fato este que indica os juízos de Deus já descritos até o sexto selo como que atingindo toda a terra de norte a sul de leste a oeste, retendo agora, na visão de João, os efeitos do vento sobre a natureza, o que indica um momento de paralisação dos juízos de Deus sobre a terra. João vê então outro anjo vindo do oriente (da banda do sol nascente) com o selo do Deus vivo e este clama aos quatro anjos para que estes não viessem ainda a danificar a terra, o mar, as árvores até que os servos de Deus presentes então na terra por ocasião deste período “fossem na testa assinalados”. O versículo seguinte apresenta a identificação e o número dos assinalados sendo estes cento e quarenta e quatro mil homens de todas as tribos de Israel. Estes judeus selados serão aqueles que no período dos três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação se converterão a Jesus recebendo-o como “o Cristo, o Filho do Deus Vivo”, ficando isto claro em Ap 14.1 onde é relatado “que em sua testa tinham escrito o nome dele [do Cordeiro] e o de seu pai”. Estes judeus serão os responsáveis pela pregação do Evangelho do Reino em todo o mundo, conforme o próprio Senhor Jesus disse em Mt 24.14 “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” e a sua pregação atingirá nações que não foram alcançadas no período da igreja, conforme pode-se perceber por aquilo que está descrito em Is 66.19: “E porei entre eles um sinal, e os que deles escaparem enviarei às nações, a Társis, Pul, e Lude, flecheiros, a Tubal e Javã, até às ilhas de mais longe, que não ouviram a minha fama, nem viram a minha glória; e anunciarão a minha glória entre os gentios”. Acerca deste “outro anjo” e da selagem dos cento e quarenta e quatro mil homens, W. Malgo (2000, v. 2, pp. 34,42) escreve:

“Quem é esse “outro anjo” que aparece? Ele tem grande autoridade, pois disse-lhes algo com voz de ordem. Esse outro anjo destaca-se muito claramente dos outros anjos de juízo. Até onde sou capaz de compreendê-lo, trata-se do Filho de Deus, pois aqui está escrito algo único, que nunca é dito de algum outro anjo: ‘Vi outro anjo que subia do nascente do sol’ (v. 2). [...] Aí vemos profeticamente resplandecer o futuro de Israel. [...] ‘Mas para vós outros que temeis o meu  nome nascerá o sol da justiça’ (Ml 4.2). [...] Voltemos agora rapidamente ao maravilhoso ato da selagem dos cento e quarenta e quatro mil de Israel [...] Como dissemos, o anjo que tem o selo do Deus vivo, conforme meu reconhecimento, é o Anjo do Senhor, Jesus Cristo. Pois há mais um fato que facilmente deixa de ser observado. Não está escrito que ele tinha o selo do Deus vivo em sua mão, mas: ‘...tendo o selo do Deus vivo’ (v. 2). Não é aqui o próprio Deus triúno que age através de Jesus Cristo? ‘O selo’ – o Espírito Santo; ‘do Deus vivo’ – Deus o Pai; e o ‘anjo’, que clama com grande voz – o Filho, também diz sobre os servos de Deus: ‘...até selarmos em suas frontes os servos do nosso Deus’ (v. 3). Essa selagem extraordinária com o Espírito Santo pelo Anjo do Senhor é necessária, porque senão ninguém na terra poderia escapar da Grande Tribulação”.

O trabalho evangelístico destes judeus deverá ocorrer por um bom período de tempo adentrando o período dos três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação, pois é somente em Ap 14.1, ou seja, após o período de ascensão de forma mais expressiva do Anticristo, “a Besta que subiu do mar” descrita em Ap 13.1, que os cento e quarenta e quatro mil são então vistos junto ao Cordeiro sobre o monte Sião, uma figura de linguagem que os descreve como estando no céu após cumprida sua missão. A paralisação dos juízos de Deus, portanto é apenas para que ocorra a sinalização destes servos de Deus para que desta forma eles passem pela Grande Tribulação sendo preservados para cumprir a sua missão. Quanto a graça de Deus, através da pregação do Evangelho por meio destes judeus, ela continuará se manifestando mesmo em meio aos seus juízos, e desta forma, outros grupos de remidos serão encontrados no decorrer do restante dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação.

1.2 O Anticristo e os 144.000 selados de Israel – Nesse tempo, o anticristo será o homem mais popular que já existiu no mundo. Conseguirá unir os povos e governá-los com muita sutileza. Ele será tão poderoso, que ninguém poderá lutar contra (Ap 13.4b). Trará um período de progresso econômico generalizado, que nem podemos imaginar. Então haverá realmente “um povo”, “um reino” “um líder”. Todos o exaltarão, como o que trouxe a paz. Os israelenses o aceitarão como Messias, menos os 144.000, que se terão convertido a Jesus Cristo e terão o selo de Deus e do Cordeiro em suas frontes (Ap 14.1). Eles foram selados por sua qualidade de vida diante de Deus (Ap 14.4,5).

Conforme foi visto na lição anterior, a abertura do primeiro selo mostrou o surgimento do Anticristo: “E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer” (Ap 6.2). A leitura cuidadosa deste texto mostra o surgimento deste homem saindo ele vitorioso, o que indica que ele já consegue desde o início da Tribulação/Grande Tribulação uma grande conquista, porém ele ainda avança "para vencer” o que indica que muitas conquistas ainda deverão ser feitas. Além disto, o Anticristo desde o seu surgimento já deverá ser recebido pelos judeus como sendo o messias (ver Dn 9.27; Jo 5.43), porém nem todos os judeus serão enganados por este falso messias, pois os cento e quarenta e quatro mil judeus se converterão ao Senhor Jesus no período dos três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação, sendo eles então selados, conforme já considerado no ponto 1.1. No tempo em que os cento e quarenta e quatro mil judeus forem selados, o Anticristo, provavelmente já terá avançado mais, porém é somente a partir do início da metade final da Tribulação/Grande Tribulação que ele emergirá de forma mais expressiva, de modo que o Apocalipse passa a se referir a ele como sendo “a Besta que surgiu do mar” (ver Ap 13.1). Neste período inicial dos três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação, o Anticristo já terá alcançado grande popularidade e prestígio de forma que ele será adorado por todos que habitam sobre a terra (ver Ap 13.8); os cento e quarenta e quatro mil e também outros que se converterão a Jesus no decorrer do restante dos sete anos, porém permanecerão fiéis ao Senhor Jesus mesmo em meio à perseguição que eles terão de enfrentar por parte do Anticristo (ver Ap 12.17; 13.7). Com relação à selagem dos cento e quarenta e quatro mil judeus é importante ficar claro que eles não serão selados por causa de sua qualidade de vida diante de Deus; eles serão selados por se converterem à fé em Jesus Cristo, quanto a qualidade de vida que será por eles demonstrada, conforme descrito em Ap 14.4,5, ela será fruto de sua fé em Jesus Cristo, pois para eles também, assim como para todos os salvos desde os tempos do Antigo Testamento até os tempos do Novo Testamento, a salvação é sempre pela graça “por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.8b-10).  

1.3 O segundo grupo de redimidos (Ap 7.9-17) – Esse grupo tem vestes brancas e palmas nas mãos representando a vitória que tiveram por resistirem às pressões do Anticristo. Era uma multidão numerosa que ninguém podia contar. São gentios salvos durante a grande tribulação, que sofreram martírio como está registrado no capítulo seis, versículos nove ao onze. Serão ressuscitados antes do Milênio para fazerem parte da primeira ressurreição. Também, nota-se, que eles não tinham coroas, mas palmas nas mãos. Coroa, no Novo Testamento, é galardão que recebe quem trabalhou para o Senhor, e esses não tiveram oportunidade para o trabalho. Porque, uma vez confirmando sua fé em Jesus como seu Messias e Deus, foram mortos.

Ap 7.9-14: “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro”.

O texto de Ap 7.9-14 encontra relação com o anterior no fato de João dar início ao mesmo através da expressão “Depois destas coisas”. Os versículos anteriores mostrou a conversão e a selagem dos cento e quarenta e quatro mil judeus sobre os quais estará a responsabilidade quanto a pregação do Evangelho do Reino durante o período de Tribulação/Grande Tribulação. O texto de Ap 6.9,10 já havia mostrado as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram (provavelmente muitos desviados da igreja e muitos cuja confissão no período da igreja antes do arrebatamento era apenas nominal) ficando claro que a estes seriam ajuntados outros que haveriam de ser mortos como eles o foram (ver Ap 6.11). Parece evidente, portanto que a multidão a qual ninguém podia contar de todas as nações e tribos e povos, e línguas que João vê diante do trono, e perante o Cordeiro, conforme relatado em Ap 7.9-14 é outro grupo de remidos, sendo estes gentios que se converterão a Jesus no decorrer do período da Tribulação/Grande Tribulação talvez como resultado da pregação do Evangelho do Reino em todo o mundo pelos cento e quarenta e quatro mil judeus selados. Estes gentios aparecem trajando vestes brancas, símbolo de justiça, e com palmas nas mãos, símbolo de vitória (A. Gilberto, 2000, p. 132) em meio às perseguições e sofrimentos que eles passarão no período da Tribulação/Grande Tribulação. Eles também serão salvos pela graça de Deus, por meio da fé em Jesus Cristo, sendo isto evidenciado na resposta de um dos anciãos que se refere à esta multidão de gentios como que tendo lavado suas vestes e as branqueado no “sangue do Cordeiro”. O cântico por eles entoado em Ap 7.10 demonstra também a salvação pela fé, pois através dele, conforme escreve W. MacDonald (2008, p. 1004) eles “celebram sua salvação e atribuem-na a Deus [...] e ao Cordeiro”. Também é importante ressaltar neste ponto, a provável ainda atividade do Espírito Santo neste período na terra, pois somente o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (ver Jo 16.8). Os versículos seguintes mostram os benefícios a serem desfrutados por estes salvos que tudo suportaram durante o período de Tribulação/Grande Tribulação por amor ao Senhor. Eles estarão continuamente diante do trono de Deus, servindo-o de dia e de noite no seu templo; além disto terão sobre si a proteção do Senhor (ver Ap 7.15) e “nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima” (Ap 7.16,17).

2. O Cordeiro abre o sétimo selo (Ap 8.1-13) – A ruptura do sétimo selo abrirá definitivamente o livro. Na sua abertura serão revelados os juízos das sete trombetas. E, da mesma forma, a sétima trombeta anunciará os juízos das sete taças (Ap 11.15; 16.1-21). A partir da abertura dele, a justa ira de Deus, em sua plenitude, será derramada sobre a Terra.

Ap 8.1-6: “E, havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora. E vi os sete anjos, que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete trombetas. E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus. E o anjo tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra; e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos e terremotos. E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-las”.

2.1 O silêncio no céu e as orações dos santos – De acordo com os cálculos de João, o céu emudeceu por quase meia hora depois que o sétimo selo foi aberto. Lembre-se: Tempo é fator terreno e não celestial. E João estava no céu. Portanto, meia hora representa as atividades que serão realizadas enquanto durar o silêncio. Os últimos preparativos para a redenção exigem estratégias secretas que só serão conhecidas no momento de sua utilização. Queimam sobre o altar (Ap 8.3-5). As orações dos santos de todas as épocas para que venha o Reino de Deus e a Sua justiça, serão atendidas (Ap 8.5).

O capítulo 8 apresenta a abertura do sétimo selo, quando então faz-se silêncio no céu por quase meia hora. Tal silêncio parece estar relacionado à um período de calma (ver Gn 7.4), pois fortes juízos atingirão a terra com a abertura deste selo. É de certa forma, a calma que antecede a tempestade. João vê sete anjos diante de Deus a quem são entregues sete trombetas. Ele vê ainda “outro anjo” junto ao altar com um incensário de ouro onde é colocado muito incenso juntamente com a oração dos santos. O incenso juntamente com as orações dos santos é apresentado sobre o altar de ouro diante do trono de Deus, fato este que indica os próximos juízos de Deus como que em resposta à oração dos santos “venha o teu Reino, seja feita a tua vontade”. Depois disto, o anjo toma o incensário enchendo-o com o fogo do altar e este é então lançado sobre a terra desencadeando a manifestação de vozes, trovões, relâmpagos e terremotos. Tais manifestações indicam o juízo iminente sobre a terra, e diante disto os sete anjos, que tinham as sete trombetas preparam-se para tocá-las. Em relação ao “outro anjo” citado em Ap 8.3 é de consenso que este seja o próprio Senhor Jesus Cristo em atividade sacerdotal. W. Malgo (2000, v. 2, p. 58), por exemplo, escreve sobre isto:

“Mas antes que esses poderosos anjos possam tocar suas trombetas, aparece repentinamente ‘outro anjo’ [...]. Ele realiza uma tarefa extraordinariamente elevada, à qual no Antigo Testamento somente o sumo sacerdote tinha direito. Também anjos não tinham o direito de realizar tal ato. Observe como esse ‘outro anjo’ se apresenta em dignidade sumo-sacerdotal e fica de pé junto ao altar. Na terra esse altar de incenso se encontrava diretamente diante da face de Deus, aqui ele está no céu. E o que faz esse ‘outro anjo’? ‘...com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono’ (v.3). Esse outro anjo deve ser ‘outro’ no verdadeiro sentido da palavra! Já encontramos a expressão ‘outro anjo’ em Apocalipse 7.2. ‘Vi outro anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo’. Não pode ser outro do que Jesus Cristo! ‘Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça’ (Ml 4.2). E aqui tem que ser o Sumo Sacerdote celestial, que realiza a tarefa no altar de incenso de ouro!”

W. Kelly (1989, p. 76) também escreve acerca deste “outro anjo”:

“Um outro pormenor chama a nossa atenção: Sob as trombetas, vemos os anjos por toda a parte. O próprio Senhor Jesus toma esse caráter durante este período. [...] O Anjo da Aliança (que é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, como vulgarmente é designado), aparece de novo sob esta forma, tão familiar do Antigo Testamento. Não é que Ele se tenha despojado da Sua humanidade. Isso não poderia ser e só de imaginá-lo se comete grave erro. O Filho de Deus, a partir do momento da sua encarnação, fica sempre o Homem Cristo Jesus. Jamais se separará desta humanidade à qual Ele uniu a Sua Pessoa gloriosa. Mas, evidentemente, isso não o impede de tomar tal aparência, que, na profecia, convém às circunstâncias dadas. É precisamente o que encontramos nas trombetas. É fácil de notar quando a linguagem empregada é cada vez mais figurativa. Nesta série de visões, todos os seres são vistos como que num maior afastamento, e o próprio Cristo aparece mais vagamente, quer dizer, não aparece distintamente na sua real humanidade, mas sob a aparência de um anjo”.

2.2 Sete anjos e sete trombetas – As trombetas que anunciaram a queda dos muros de Jericó foram executadas por sete sacerdotes (Js 6.4). O povo de Israel sempre esteve familiarizado com o som da trombeta em qualquer sentido (Ex 19.19; Ez 33.1-3; Jz 6.4,5), havia diversos timbres de trombetas, mas todas davam toque certo, para que a voz tivesse sentido (1 Co 14.8). Nas mãos dos anjos de Deus, elas representam castigos iminentes. O número sete dessas trombetas indica que Deus trará algum julgamento, perfeito, completo e inteiramente apropriado para realizar seu propósito contra o mundo dos ímpios.

Conforme visto no ponto anterior depois que o anjo toma o incensário, enchendo-o com o fogo do altar, o incensário é lançado sobre a terra, e isto desencadeia a manifestação de vozes, trovões, relâmpagos e terremotos. Estas manifestações são indicativos do juízo iminente sobre a terra, por isso os sete anjos que tem as sete trombetas preparam-se para tocá-las. As sete trombetas nas mãos dos anjos é, portanto indicativo do juízo de Deus. Estas trombetas não devem ser confundidas com a trombeta do arrebatamento mencionada por Paulo em 1 Co 15.52 quando então ele fala do “soar da última trombeta”, pois a trombeta do arrebatamento está diretamente relacionada ao próprio Senhor Jesus e não a anjos, conforme fica evidente em 1 Ts 4.16,17: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”.

2.3 Ouve-se o soar de quatro trombetas – As primeiras quatro trombetas fazem movimentar a ruína que cairá sobre os objetos naturais. O mundo da natureza é diretamente usado por Deus para punir os homens. As três últimas trombetas dizem respeito à vida humana, isto é, aos ímpios habitantes na terra.

Ap 8.7-12: “E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada. E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. E morreu a terça parte das criaturas que tinham vida no mar; e perdeu-se a terça parte das naus. E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas. E o nome da estrela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas. E o quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e semelhantemente a noite”.

O texto de Apocalipse 8.7-12 apresenta os fenômenos que serão vistos sobre a terra a partir do toque de quatro das sete trombetas. De forma geral, estes fenômenos estão relacionados à natureza e desta maneira, indiretamente os homens serão atingidos. Os seguintes acontecimentos são desencadeados a partir do toque de cada trombeta:

·   Primeira trombeta – Saraiva e fogo misturado com sangue são lançados sobre a terra. O resultado é a queima da terça parte da vegetação da terra.

·   Segunda trombeta – Uma coisa como um grande monte ardendo em fogo (provavelmente um vulcão em erupção) é lançado no mar. O resultado é a terça parte do mar tornando-se em sangue. Ocorre a morte da terça parte das criaturas do mar e também a perda da terça parte das naus.

·   Terceira trombeta – Uma grande estrela cai do céu, ardendo como uma tocha sobre terça parte dos rios e fontes das águas. O resultado é a morte de muitos homens porque terça parte da água torna-se amarga. O nome da estrela é revelado como “absinto”.

·   Quarta trombeta – O sol, a lua e as estrelas são danificados em sua terça parte, tendo como resultado a escuridão.

3. Trombetas e ais (Ap 8.13-9.1-21) – As três últimas trombetas são precedidas do brado de três “ais” pronunciados por um anjo, como apelo final aos homens, pois elas iniciarão o processo de julgamento e aniquilamento dos seres que não querem ser redimidos e de outros que não estão sujeitos à restauração e à redenção. No primeiro grupo, estão os homens que rejeitaram a graça de Deus. No segundo, anjos que não guardaram o seu principado.

Ap 8.13: “E olhei, e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz: Ai! ai! ai! dos que habitam sobre a terra! por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar”.

3.1 A estrela que caiu do céu – Os anjos são descritos na Bíblia como estrelas (Jó 38.7). Na rebelião de Satanás, ele foi precipitado do céu (Is 14.12). O próprio Jesus disse: “Eu vi Satanás como um raio, que caía do céu (Lc 10.18). É importante destacar que a estrela que João viu, foi a estrela caída. Relembrando que a queda de Satanás é fato passado. Esta estrela tem um caráter pervertido e destruidor (Ap 9.11); todavia, sua autoridade é limitada (Ap 9.1,4,5), ou seja, o Diabo não tem autoridade de agir a não ser que Deus o permita.

3.2 Gafanhotos do abismo – Essas criaturas não pertencem de forma alguma ao reino animal. Eles são espíritos das trevas (Ap 9.2,3). O Diabo é das trevas e não pode suportar a luz. Os seus súditos também atuam com suas mesmas características. Onde prevalecem as trevas, aí os demônios oprimem com eficácia. Os promotores de Satanás tem obscurecido, já no tempo de hoje, a mente das pessoas com falsas filosofias e falsas religiões. A Bíblia diz que o Diabo tem cegado o entendimento dos incrédulos (2 Co 4.4). Manter os habitantes desse planeta na obscuridade espiritual é sem dúvida o grande projeto de Satanás para sepultá-los no inferno.

Ap 9.1-12: “E o quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha, e com a fumaça do poço escureceu-se o sol e o ar. E da fumaça vieram gafanhotos sobre a terra; e foi-lhes dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra. E foi-lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus. E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem. E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles. E o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia umas como coroas semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens. E tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes eram como de leões. E tinham couraças como couraças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate. E tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas suas caudas; e o seu poder era para danificar os homens por cinco meses. E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego Apoliom. Passado é já um ai; eis que depois disso vêm ainda dois ais”.

Quando a quinta trombeta é tocada, João vê uma estrela que cai na terra, sendo-lhe dada a chave do poço do abismo. Segundo escreve A. Gilberto (2003, p 122) essa estrela é Satanás, sendo que sua queda ocorreu em algum momento da eternidade antes da criação do homem (ver Is 14.12; Ez 28.14-18; Lc 10.18). Assim, nesta visão, João é conduzido inicialmente ao passado, e na seqüência, ele volta a ter uma visão do futuro. João contempla então ser dado a Satanás a chave do poço do abismo. Isto significa que no período da Tribulação/Grande Tribulação, por ocasião do toque da quinta trombeta, Satanás receberá autoridade sobre o local onde estão presos alguns demônios (ver Jd 6). O poço do abismo é aberto e dali sobe fumaça como a fumaça de uma grande fornalha ocorrendo então o escurecimento do sol e do ar, linguagem esta que parece indicar uma intensa poluição ambiental por ocasião destes acontecimentos. Na fumaça vem gafanhotos sobre a terra, provavelmente demônios, sendo-lhes dado poder como o dos escorpiões, o que indica o poder venenoso destes “gafanhotos”. Estes demônios não recebem permissão para danificar a vegetação da terra, porém é permitido que eles façam danos aos homens “que não tem na testa o sinal de Deus” (Ap 9.4b), fato este que indica que somente os israelitas assinalados serão poupados do poder destes demônios durante o período da Tribulação/Grande Tribulação. Os “gafanhotos” recebem permissão, não para matar os homens, mas para os atormentar e isto causará sofrimentos aos homens durante cinco meses. Em função do tormento provocado por estes demônios, os homens desejarão a morte, porém esta fugirá deles. Em Ap 9.7-10, João fala do aspecto dos gafanhotos. W. MacDonald (2008, p. 1006) analisa o aspecto dos gafanhotos chegando as seguintes conclusões:

·   A descrição dos gafanhotos tem por objetivo dar a impressão de conquista e vitória. Com aspecto semelhante a cavalos preparados para a peleja, constituem um exército conquistador. Em sua cabeça, trazem como que coroas parecendo de ouro e tem autorização para governar a vida dos homens. Seu rosto como rosto de homem indica que são criaturas com inteligência.

·   Os cabelos, como de mulher os tornam atraentes e sedutores. Os dentes, como de leão mostram que são ferozes e cruéis. É difícil atacá-los e destruí-los, pois possuem couraças parecidas com armaduras de ferro. Aterrorizam e desmoralizam com asas que fazem grande barulho. Uma vez que possuem cauda, como escorpiões, podem torturar suas vítimas física e mentalmente. Seu poder para causar dano aos homens por cinco meses representa sofrimento sem alívio.

No versículo 11, João fala do rei que estes gafanhotos tem sobre si sendo este “o anjo do abismo”, cujo nome em hebraico é Abadom e em grego Apoliom que significa destruidor. Segundo escreve W. Malgo (2000, v. 2, p. 84), esse não é Satanás, mas um “anjo” do abismo, um príncipe das trevas. O fato de ser citado o nome dele tanto em hebraico como em grego indica que ele e seu exército de gafanhotos atormentarão tanto judeus como gentios. Com o juízo dos gafanhotos passa-se um ai, porém vêm ainda dois ais.

3.3 Um exército extraordinário – Junto ao rio Eufrates estarão contidas forças (Ap 9.14) que só serão libertadas e conhecidas quando chegar o momento de agirem (Ap 9.15). A aparência dos cavalos indica o espírito e a força desse exército: Será a soma da maldade e rebeldia dos homens impenitentes (200 milhões de soldados) corroborada pela força de poderes sobrenaturais de Satanás (cavalos). Essas forças estão reunidas e confinadas no mesmo lugar onde o homem perdeu, (Eufrates) para a serpente, a posse da terra. A batalha final pela reintegração de posse da terra terá que ser lá, para que se satisfaça toda a justiça de Deus.

Ap 9.13-19: “E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus, a qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos, que estão presos junto ao grande rio Eufrates. E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens. E o número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos milhões; e ouvi o número deles. E assim vi os cavalos nesta visão; e os que sobre eles cavalgavam tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões; e de suas bocas saía fogo e fumaça e enxofre. Por estes três foi morta a terça parte dos homens, isto é pelo fogo, pela fumaça, e pelo enxofre, que saíam das suas bocas. Porque o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas. Porquanto as suas caudas são semelhantes a serpentes, e têm cabeças, e com elas danificam”.

O toque da sexta trombeta vem acompanhado de uma voz vinda das quatro pontas do altar de ouro que fica diante de Deus, o que indica que o próximo juízo vem como resposta de Deus às orações dos santos. Essa voz ordena ao sexto anjo soltar “os quatro anjos que estão presos junto ao grande rio Eufrates” (Ap 9.14b). Quatro anjos caídos são soltos, estando estes preparados para a hora, dia, mês e ano em que deverão matar a terça parte dos homens. Um exército de duzentos milhões de cavaleiros acompanha estes seres demoníacos. Estes tinham couraças de fogo, e de jacinto e de enxofre; e a cabeça dos cavalos era como cabeça de leão; e de sua boca saía fogo, e fumaça, e enxofre. Por estes três elementos, fogo, fumaça e enxofre a terça parte dos homens será morta. A linguagem figurativa acima parece indicar uma guerra nuclear de grande proporção que deverá ocorrer a partir dos países que estão dalém do rio Eufrates. Apesar da forma como os homens serão atingidos por ocasião destes acontecimentos, os outros homens, ou seja, aqueles que não forem mortos por estas pragas, não se arrependerão “das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar” (Ap 9.20). Além disto, os homens não se arrependerão também dos homicídios, das obras de feitiçaria ou do uso de drogas, nem da prostituição, nem das suas ladroíces (ver Ap 9.21), o que indica o coração obstinado dos homens.

Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse – Compreendendo o Plano de Deus para Estes Últimos Dias, 2000, 16ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a Ed., EETAD, Campinas, SP.
T. LaHaye; T. Ice, Glorioso Retorno, 2004, Abba Press Editora Ltda, São Paulo, SP.
W. Kelly, Estudos Sobre a Palavra de Deus – O Apocalipse, 1989, Depósito de Literatura Cristã, Lisboa, Portugal.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular, 2008, Mundo Cristão, São Paulo, SP.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

LIÇÃO 4 - O DIA DO SENHOR

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “Vigiai, pois, em todo tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer e estar em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21.36).

Verdade Aplicada: Só quem estiver pronto para o arrebatamento será digno de evitar “tocas essas coisas que hão de acontecer.

Objetivos da Lição:

·   Mostrar que o Apocalipse foi dado à igreja para levar os crentes à fidelidade incondicional a Cristo.
·   Ensinar que, embora Satanás seja o príncipe deste mundo, o controle está nas mãos de Deus.
·   Ressaltar que a obra da igreja não termina com o arrebatamento: Muitos poderão ser salvos, sacrificando suas vidas por amor a Deus.

Textos de Referência: Jl 2.30,31; Ap 6.15-17

Introdução: O Apocalipse segue uma seqüência lógica de acontecimentos. Nele não há parêntesis nem retrocessos. As revelações nele escritas apontam sempre para eventos bem ordenados e futuros. Portanto, a chegada do “Dia do Senhor” ocorrerá depois do arrebatamento, pois João, sendo tipo da igreja arrebatada, assiste do céu à abertura dos selos e as suas conseqüências sobre a Terra e seus moradores.

Após o arrebatamento da igreja tem-se início o período de Tribulação/Grande Tribulação, nos quais a terra e seus habitantes serão alvos dos juízos de Deus. Este período cobre um total de sete anos equivalendo estes aqueles correspondentes a última semana das setenta semanas reveladas a Daniel em Dn 9.24-27, sendo que destas, sessenta e nove já se cumpriram faltando apenas a última semana. Esta última semana terá início com o aparecimento do Anticristo (o príncipe que há de vir), quando então ele firmará uma aliança com muitos dentre o povo judeu (ver Dn 9.27a). A metade final desta última semana (três anos e meio finais) terá início com a instalação da abominação da desolação pelo próprio Anticristo (Dn 9.27b), conforme também o Senhor Jesus afirmou em seu Sermão Profético no monte das Oliveiras quando então Ele disse: “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, que entenda)” (Mt 24.15).

Dn 9.24-27: “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”.

O Apocalipse segue uma seqüência lógica quanto aos acontecimentos que se sucederão na terra neste período da última semana. Os textos de Ap 6.1 a 9.21 cobre o período dos três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação. Estes, de forma geral, serão marcados pela abertura dos sete selos (Ap 6.1-8.6) e pelo toque de seis trombetas introduzidas pelo sétimo selo (Ap 8.7-9.21). Os textos de Ap 10.1 a 18.24 cobre o período dos três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação, sendo estes chamados de Grande Tribulação propriamente dito. Este período, de forma geral, é marcado pelo toque da sétima trombeta (Ap 11.15-19) que introduz as sete taças da ira de Deus (Ap 16.1-21). Os três anos e meio finais da Grande Tribulação terminam com a volta de Jesus com poder e grande glória, sendo então relatada a vitória de Cristo sobre a Besta (o Anticristo) e o Falso Profeta e a instalação, na seqüência do Reino Milenar de Jesus Cristo com a prisão de Satanás por mil anos (Ap 19.1-20.6).       
  
1. Os juízos na Grande Tribulação (Ap 6.1-8) – Após a abertura dos quatro primeiros selos do livro do Apocalipse (Ap 6.1-8), haverá mortes incalculáveis, pois entram em cena o que o livro da Revelação chama de os cavaleiros do Apocalipse... O primeiro cavalo é Branco (Anticristo), o segundo cavalo é vermelho (guerras), o terceiro cavalo é preto (fome) e o quarto e último cavalo é amarelo (morte). Esse capítulo da história é o anúncio do que está para acontecer, e estes cavaleiros são uma antecipação das demais profecias.

Ap 6.1: “E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê”.

Conforme visto na lição anterior, o Senhor Jesus Cristo foi o único que na condição de Homem venceu o pecado, o mundo, a tentação e o diabo, e isto em sua obediência a Deus até a morte e morte de cruz, fato este que leva um dos anciãos a identificá-lo como o único digno de abrir o livro e desatar os seus sete selos (ver Ap 4.5). Jesus é também identificado como Aquele que com seu sangue pagou o preço pela redenção da humanidade e de toda a terra (ver Ap 5.6,9), acontecimento este que traz de volta para o homem aquilo que o “primeiro Adão” havia perdido na queda que é o domínio sobre a criação (ver Gn 1.28) o que acabou dando espaço para Satanás usurpar e usufruir de uma posição que não lhe pertencia, daí ele ser chamado de “o príncipe deste mundo”. É sob este aspecto que o Leão da Tribo de Judá, o descendente de Davi, o Cordeiro que foi morto, toma então “o livro da destra do que estava assentado no trono” (Ap 5.7b), pois segundo a analogia quanto a possessão de uma terra comprada de acordo com o costume dos judeus (A. Gilberto, 2003, p. 109), a abertura da cópia selada sob posse do comprador, identificá-lo-ia como sendo o comprador da propriedade, o que lhe garantiria a prerrogativa de tomar posse daquilo que lhe pertencia por direito (ver Jr 32.6-14). O capítulo 6 de Apocalipse é introduzido então com o Cordeiro abrindo um dos sete selos (ver Ap 6.1). A abertura completa dos sete selos deixará público o nome do proprietário comprador da terra e de tudo que nela há (ver Ap 11.15-17), possibilitando então a sua posse; Satanás, o usurpador, porém tentará resistir e é isto que João verá já na abertura do primeiro selo. A seqüência dos acontecimentos mostra que Deus permitirá o usurpador, através dos homens, resistir até certo momento, porém o juízo por fim virá sobre ele e sobre todos que a ele se aliarem. A abertura dos sete selos mostra também Deus permitindo determinadas situações virem sobre os homens, para dar a eles, de certa forma, a oportunidade de reconhecerem a sua culpa, arrepender-se e voltar-se para Ele em busca de socorro, pois o Senhor, em sua misericórdia continuará com sua mão estendida para que todos aqueles que reconhecerem a sua graça venham a ser salvos. Além disto, a abertura dos sete selos mostra também a terra e as regiões celestiais sendo submetidas ao juízo de Deus, pois o pecado e a presença de Satanás e seus anjos trouxe a estas regiões terríveis conseqüências (ver Rm 8.19-22); o Senhor então as submete a um processo de purificação, para que desta forma, Ele volte e tome posse daquilo que por direito lhe pertence, tornando-se então seu governo visivelmente manifesto sobre toda terra por um período de mil anos.

1.1 O cavaleiro do cavalo branco (Ap 6.2) – Acredita-se que esse represente o Anticristo (1 Jo 2.18). Será alguém que dominará o mundo inteiro. Ele enganará a todos os inimigos de Cristo. Sua característica de domínio será com uma falsa paz... Não se pode confundir com o outro Cavaleiro Branco (Ap 19.11-21). Aquele é o próprio Cristo. Este começa com uma série de terríveis eventos na terra. O Anticristo é a figura única que sai para dominar conforme as Escrituras neste momento específico (Dn 7.7,8; 8.23-25; 9.27; Ap 6.1).

Ap 6.1,2: “E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer”.

Conforme já visto no comentário anterior, a abertura completa dos sete selos tornará público o proprietário comprador da terra e de tudo que nela há (ver Ap 11.15-17), e sendo assim, o Senhor Jesus, o Leão da Tribo de Judá, tendo consigo a “força da lei” tomará posse daquilo que por direito lhe pertence. O usurpador, no entanto tentará resistir e é isto que João vê já na abertura do primeiro selo, pois Satanás para tentar manter a posição por ele usurpada apresentará aos olhos humanos “alguém assentado em um cavalo branco, tendo sobre ele um arco”, porém sem flecha como se percebe, figuras de linguagem que indicam que alguém trazendo consigo o nome da paz, da justiça e da diplomacia será apresentado diante da humanidade como sendo a solução para os seus problemas. Uma coroa é dada àquele que estava assentado sobre o cavalo branco e ele sai vitorioso para vencer. Esta figura de linguagem indica que este homem de quem estará por trás Satanás, não possui o principado sobre si (ele não tem uma coroa, mas uma lhe é dada), mas seu intento é avançar para tomar consigo o governo da terra. Sem dúvida alguma, o cavaleiro do cavalo branco de Ap 6.2 é o Anticristo que provavelmente será recebido pelos judeus como sendo o Messias, conforme o próprio Senhor Jesus disse em Jo 5.43: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis”. Este fato marcará o início do período de sete anos de Tribulação/Grande Tribulação, e o Anticristo avançará, sendo que posteriormente, a partir dos três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação, ele passa a ser identificado no livro de Apocalipse como sendo “a besta que subiu do mar” (ver Ap 13.1,2), exercendo então um grande domínio sobre os homens em toda a terra.    

1.2 O cavaleiro do cavalo vermelho (Ap 6.4) – A cor refere-se ao cavalo... Foi-lhe concedido “... Que tirasse a paz da terra” e levar os homens a se matarem uns aos outros. Levava consigo uma espada que, simboliza juízo, morte e guerra... e não há como escapar. É “como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso”.

Ap 6.3,4: “E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê. E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada”.

O próximo cavalo e os demais na seqüência do cavalo branco e seu cavaleiro, mostram o que na verdade caracteriza todos os governos humanos. Estes sempre se apresentam em seus discursos como candidatos ao governo, como que defensores da paz, da justiça, da diplomacia, como que sendo a solução para os problemas de sua nação, mas tão logo são eleitos, aquilo que realmente os seguem começa logo a se manifestar através das lutas, guerras por poder, abuso, injustiça, corrupção, leis contrárias às leis de Deus etc... Assim, não será diferente em relação ao surgimento do Anticristo. A paz com que ele se apresentou não é tirada somente na metade da Grande Tribulação, mas já logo depois do princípio de seu governo, ainda que não expressivo como o será a partir da metade da Grande Tribulação. O cavalo vermelho logo na seqüência mostra isto claramente. É dado ao cavaleiro que está assentado sobre ele a permissão para tirar a paz da terra, para os homens matarem-se uns aos outros e também uma grande espada, figuras de linguagem que indicam a presença de guerras tanto a nível pessoal como também coletivo já no período inicial de três anos e meio da Tribulação/Grande Tribulação. É exatamente isto que Jesus mostrou no sermão profético em Mt 24.6: “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim”. Em Mt 24.8, Jesus mostra isto e todas as demais coisas por Ele citadas como que características do princípio das dores, sendo o “princípio das dores” exatamente o período inicial de três anos e meio da Tribulação/Grande Tribulação, pois o período final de três anos e meio da Tribulação/Grande Tribulação tem início com a abominação da desolação (ver Dn 9.27) citado por Jesus em Mt 24.15. O texto de Mt 24.4-14 mostra então os fatos que caracterizarão os três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação e o texto de Mt 24.15-51 mostra os fatos que caracterizarão os três anos e meio finais da Tribulação/Grande Tribulação. Conclui-se, portanto que a falsa paz representada pelo cavalo branco e pelo arco sem flecha marcando a chegada do Anticristo não dura muito, e logo a terra estará vivenciando períodos de guerras trazendo morte a muitas pessoas.

1.3 Os cavaleiros do cavalo preto e amarelo (Ap 6.5-8) – A guerra trará conseqüências graves, começando pela fome. Este cavaleiro preto é símbolo desta fome, que tem harmonia com a balança na mão, fazendo referência das condições difíceis da falta de provisões (Ap 6.5). Pão por medida e peso nesta linguagem significa escassez de alimento (Ez 4.10-17). Depois... saírá em campo, o cavalo amarelo e seu cavaleiro. O nome deste é Morte. Ele receberá poder para matar um quarto da vida na terra. Por onde ele passar deixará atrás de si um rastro de miséria, destruição e morte. Até as feras do campo atacarão as pessoas e as matarão. Possivelmente por causa da destruição e ocupação do habitat natural delas...

Ap 6.5-8: “E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer ao terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão. E ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho. E, havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra”.

Conforme foi visto anteriormente, os demais cavalos na seqüência do cavalo branco mostram o que na verdade caracteriza todos os governos humanos. Defensores em seus discursos da justiça, da ação social, da preservação da vida, da preservação dos direitos, da preservação do meio ambiente, tão logo eles chegam ao poder seus discursos mudam e suas atitudes demonstram exatamente o contrário. Assim também será o governo do Anticristo logo depois do princípio de seu governo. A solução para os problemas da humanidade tão diplomaticamente apresentada não virá de fato sendo isto perceptível em Ap 6.5-8, pelo cavalo preto que traz em si a carestia e a fome como fruto da injustiça social, e pelo cavalo amarelo que traz em si a morte como resultado da guerra, da fome, das doenças e da destruição do meio ambiente. Em Mt 24.7,8, Jesus mostra tudo isto como que já caracterizando o princípio das dores, ou seja, os três anos e meio iniciais da Tribulação/Grande Tribulação como já considerado no ponto 1.2. Assim, conforme Jesus diz: “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são os princípios das dores”.

2. O Cordeiro abre o quinto selo (Ap 6.9-11) – A abertura do quinto selo não causará efeito algum sobre a terra. Mas revela o destino dos convertidos pela pregação do Evangelho em meio aos terríveis acontecimentos deflagrados pela abertura do segundo e do quarto selo. O registro desta visão no Apocalipse faz parte das provisões misericordiosas de Deus, para que, os crentes daqueles dias, lembrando-se do que leram e ouviram a respeito dos mártires, nas “palavras desta profecia”, tenham forças e motivos para permanecerem fiéis até a morte, se for preciso.

Ap 6.9-11: “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram”.

Em Ap 6.9, João descreve a abertura do quinto selo. Neste momento ele vê debaixo do altar as almas dos que são mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Tendo em vista que tanto os santos do Antigo Testamento, bem como do Novo Testamento até o arrebatamento da igreja já estarão, por ocasião do período da Tribulação/Grande Tribulação no céu em corpos glorificados (ver Ap 4.4), as almas debaixo do altar que são vistas por João neste versículo, provavelmente são daqueles que se converterão após o arrebatamento da igreja (talvez desviados da igreja, ou pessoas que freqüentavam a igreja, mas sem terem de fato experimentado o genuíno novo nascimento) que sofrerão o martírio por amor ao Senhor Jesus Cristo e a sua Palavra.

2.1 Os mártires – Aparecem guardados debaixo do altar (Ap 6.9), seguros da salvação e em comunhão com Deus. O texto deixa claro que o cavalo amarelo passa devastando a vida dos seres humanos com espada, fome, peste, e com as feras da terra (Ap 6.8). Este grupo de santos vistos no presente texto são os mártires da Grande Tribulação. O texto diz que “foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” (Ap 6.9b). O capítulo 20.4b, nos informa quem os matou e a forma como morreram. Os mártires teriam o sangue vingado após um tempo (Ap 6.11a, 11.2b). Mas a espada ainda aniquilaria muitos outros santos durante a Tribulação (Ap 7.13,14).

Conforme foi visto no ponto 1, os cavalos vermelho, preto e amarelo representaram a guerra, a fome e a morte causada pela guerra, pela fome, pela peste e pelas feras da terra. O texto de Ap 6.8 mostra que a quarta parte da terra morrerá no período representado pelos quatro cavalos, sendo que o inferno seguia aquele que estava assentado sobre o cavalo amarelo que tinha por nome Morte. Tal fato parece ser indicativo do número de pessoas que morrerão neste período sem salvação, no entanto, Deus ainda estará dando oportunidade à todos os homens de se converterem ao Senhor Jesus recebendo assim a sua eterna salvação. O texto de Ap 6.6 mostrou a fome como conseqüência da injustiça social, já que é visto a carestia em relação ao trigo e a cevada em função da escassez destes alimentos, sendo os mesmos representantes da alimentação básica dos pobres, enquanto que em relação ao azeite e o vinho, podendo estes ser vistos como representantes da alimentação dos ricos, ouve-se uma ordem para que os mesmos não fossem danificados. Apesar desta interpretação quanto ao texto de Ap 6.6 ser possível, talvez seja possível, por inferência, ver na ordem quanto a preservação do azeite e do vinho a oportunidade neste período inicial da Tribulação/Grande Tribulação para salvação, pois o azeite na Bíblia é uma simbologia quanto a presença do Espírito Santo, e o vinho é uma simbologia da nova vida gerada pela palavra e pelo Espírito Santo. Assim, apesar da espada, da fome, da peste, das feras da terra consumir a quarta parte da terra sendo muitos levados sem salvação, os mártires vistos debaixo do altar com a abertura do quinto selo, indica que haverá aqueles neste período que responderão positivamente à graça de Deus. É importante, no entanto deixar claro que estes também serão salvos pela fé em Jesus Cristo e não pelo martírio em si, pois isto não seria suficiente para purificá-los de seus pecados, e daí as suas almas serem vistas “debaixo do altar”, uma linguagem que lembra o altar do Holocausto, onde o sangue que era derramado no Antigo Testamento apontava para a morte de Jesus Cristo. O sacrifício de Jesus, portanto alcança tanto aqueles que crêem em Jesus não somente a partir da sua vinda, ou seja, todos os crentes do Novo Testamento, como também aqueles que nos tempos do Antigo Testamento criam na vinda do Redentor já anunciada desde o momento em que o homem pecou, conforme descrito em Gn 3.15: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

2.2 O clamor dos mártires – Até quando, ó verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Ap 6.10). Este clamor afasta qualquer possibilidade destes mártires pertencerem a qualquer tempo anterior ou posterior ao abrangido pelos selos segundo, terceiro e quarto. É o que indica o tempo presente do verbo ‘habitar’. Os assassinos estão vivos quando os mártires clamam por justiça.

2.3 A resposta aos mártires e a recompensa deles – “E a cada um foi dada uma comprida veste branca e foi-lhes dito que repousassem ainda por um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos que haviam de ser mortos como eles foram” (Ap 6.11). Esta resposta indica que o trabalho do primeiro cavaleiro continuará e que o juízo ainda será aplicado misturado à graça, e que a multidão dos santos ainda aumentará.

João vê que os mártires do período de Tribulação clamam a Deus por julgamento quanto ao fato de terem sido mortos por causa da justiça (por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram). Isto lembra o clamor do sangue de Abel, o primeiro justo que sofreu o martírio na terra, conforme Gn 4.10: “E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra”. O autor de Hebreus faz em Hb 12.24, por inferência, menção a este fato, falando do sangue de Jesus “que fala melhor do que o de Abel”, e isto porquê, enquanto o sangue de Abel clama por justiça, o sangue de Cristo, o mediador da nova aliança, clama por perdão (ver Lc 23.34). Em Mt 23.34,35, Jesus fala do futuro julgamento daqueles que derramam o sangue dos justos sobre a terra: “Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade; para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar”. Assim, percebe-se que Deus não deixará de julgar todos aqueles que um dia usaram de violência derramando o sangue dos justos desde o início da história da humanidade até a conclusão de todas as coisas, porém a resposta do Senhor dada aos mártires em Ap 6.10, quando então é dado a cada um “uma comprida veste branca”, linguagem esta que indica que não por sua própria justiça eles foram salvos, mas pela justiça de Cristo, sendo lhes então dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, mostra que, assim como estes tiveram ainda oportunidade de salvação pela graça, continuará havendo chance de salvação no restante do período de Tribulação/Grande Tribulação, sendo esta ainda pela fé em Jesus Cristo, pois o sangue de Jesus clamando por perdão continuará falando melhor do que o sangue dos mártires. Aqueles, porém que se converterem durante todo este período haverão “de ser mortos como eles foram” (Ap 6.10), o que indica que a perseguição por causa do amor demonstrado pelos salvos a palavra e por causa de seu testemunho continuará por todo período da Tribulação/Grande Tribulação.

3. O Cordeiro abre o sexto selo (Ap 6.12-17) – A abertura deste selo... é o prelúdio do Dia do Senhor (Jl 2.31). Os crentes surgidos desde a abertura do segundo selo até o sétimo podem ser comparados com a igreja de Esmirna. O que Jesus fala àquela igreja e a respeito dela, encaixa-se perfeitamente a esses crentes (Ap 2.10). Vamos aos resultados da abertura do sexto selo.

Jl 2.31,32: E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”.

A abertura do sexto selo traz em si o cumprimento daquilo que foi previsto pelo profeta Joel, sendo isto os acontecimentos que antecederão “o grande e terrível dia do Senhor” que é propriamente dito o período da Grande Tribulação, ou seja, os três anos e meio finais dos sete anos de Tribulação/Grande Tribulação. A abertura do sexto selo não inicia, portanto “a Grande Tribulação”, porém o sexto selo anuncia, de certa forma, a sua aproximação. A Grande Tribulação propriamente dita só terá início depois do toque da sexta trombeta descrito em Ap 9.13-21, pois em Ap 11.2 é feito pela primeira vez a menção deste período como sendo de 42 meses, conforme também escreve A. Gilberto (2000, p. 141,142) de acordo com o seguinte texto transcrito abaixo:

“Nos capítulos 10 e 11 tem início a segunda metade da 70ª semana de anos de Daniel 9.27, isto é, seus últimos três anos e meio. Há menção disso pela primeira vez em Apocalipse no capítulo 11.2: “quarenta e dois meses”. A seguir, o mesmo assunto é mencionado em: 12.6 – “mil duzentos e sessenta dias”; 12.14 – “um tempo, tempos, e metade de um tempo”; 13.5 – “quarenta e dois meses. Tudo isso corresponde ao mesmo período citado em Dn 7.25: ‘um tempo, dois tempos, e metade de um tempo’”.

3.1 Objetivos do rompimento do sexto selo – São três. Primeiro é, que vendo a poderosa mão de Deus deslocando os exércitos da natureza, os homens... se arrependam e se convertam. Segundo, são os poderosos deste mundo reconhecerem que todos os males que vem afligindo a terra, não são simples calamidades naturais, mas intervenção direta e urgente de Deus na história (Ap 6.15-17). Terceiro, é visitar Satanás e suas hostes nas regiões celestiais com o aviso de que o fim do domínio deles nos ares e na terra está às portas (Is 24.21).

3.2 A missão do cosmos no sexto selo – A natureza geme aguardando a redenção (Rm 8.19), mas ela só será redimida depois que for feito ao homem, o último apelo. A convocação, em grande escala, das forças da natureza para ajudarem no convencimento do pecador é o último convite para o homem receber a salvação de Cristo (Is 13.9-11). O trabalho delas continuará no período das trombetas para tornar bem patente a decisão dos ímpios de permanecerem na impiedade.

3.3 Conseqüências do sexto selo – A terra parecerá ter perdido toda a sua estabilidade. O firmamento parecerá estar fora de controle. Poderosos instrumentos servirão para aumentar a angústia e a aflição dos homens. Os observadores espaciais verão a desorganização, desestabilização e remoção dos governos humanos e do principado de Satanás... Toda criação será conduzida para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Rm 8.19-22).

Ap 6.12-17: “E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”

Quando o sexto selo é aberto, João vê alterações relacionadas à superfície da terra, sendo estas causadas por um grande tremor de terra, de forma que os montes e as ilhas serão removidos do seu lugar. Conforme escreve W. Malgo (2000, pp. 26,27) a terra será sacudida por um terremoto extraordinariamente forte. A possibilidade deste fato acontecer pode ser vista no número crescente de terremotos a cada século. De acordo com W. Malgo, o observatório de Estrasburgo realizou e publicou estatísticas sobre o número de terremotos de forma que desde 1905 a 1975, 625.700 pessoas morreram em terremotos. Entre Janeiro e Julho de 1975 o número registrado de pessoas mortas em terremotos foi de 1.015.500. No século 19 foram registrados 2119 terremotos por este observatório e no século 20 esse número foi muito maior. Além disto, João vê também alterações relacionadas ao mundo cósmico, pois ele descreve alterações relacionadas ao sol, a lua e as estrelas. O temor virá sobre todos os homens, grandes e pequenos, havendo um reconhecimento quanto a soberania e os juízos de Deus, porém tal reconhecimento é apenas intelectual, de forma que os homens tentarão esconder-se da ira de Deus. Não é visto neste reconhecimento o arrependimento dos homens em relação às suas culpas, e assim para muitos poderá ser tarde demais. Este, porém não é o último convite dado por Deus aos homens para se arrependerem. O estudo de Apocalipse na seqüência mostra que Deus continuará dando oportunidades para a salvação em Cristo Jesus, e é desta forma que tanto judeus, como gentios são vistos como que fazendo parte dos salvos nos acontecimentos subseqüentes, conforme também compreende T. P. Jenney (2003, pp. 1867,1868) no seguinte comentário acerca dos fenômenos observados com a abertura do sexto selo:

“Os que lucraram sob o reinado do mal são aqueles que estarão mais ameaçados por sua deposição. Levados a acreditar que a presente situação durará para sempre, essas pessoas acumularam toda espécie de poder terreno; político (os reis e príncipes), militar (os generais) e econômico (os ricos e poderosos). [...] Tendo adorado por muito tempo deuses de pedra e minerais, implorarão às montanhas e rochedos para protegê-los contra o julgamento de Deus. Mas implorarão em vão, pois as montanhas e rochedos se negarão a responder. Esses objetos inanimados mostrarão mais juízo que qualquer um dos reis da terra. Reconhecerão seu Criador e tremerão, pois a justiça está próxima (Os 10.8; cf. Sl 114; Ez 38.20; Am 4.13; Mq 1.4; 6.1). ‘Quem poderá subsistir’ ao dia da ira do Cordeiro?’ O próximo capítulo revela a resposta. Somente um grupo escapará, somente um grupo será capaz de subsistir: O povo de Deus, os salvos; os judeus (7.4-8) e também os gentios (7.9-17) subsistirão junto com os anjos (7.1), adorando ao redor do trono. Veja que a solução para sobreviver à próxima atribulação não é a fuga ou a mudança para uma remota localidade, a compra de armas de fogo ou o estoque de alimentos. A única forma de escapar à destruição é lavar as vestes e branqueá-las ‘no sangue do Cordeiro’ (7.14)”.

Is 13.9-11: “Eis que vem o dia do Senhor, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores. Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz. E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos”.

Is 24.21: “E será que naquele dia o Senhor castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra”. 

Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse – Compreendendo o Plano de Deus para Estes Últimos Dias, 2000, 16ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse - O Panorama do Futuro, 2003, 4a Ed., EETAD, Campinas, SP.
T. P. Jenney, Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS.