sexta-feira, 30 de novembro de 2012

LIÇÃO 9 - O EVANGELHO DO APÓSTOLO PAULO E SUA PEDAGOGIA

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apóstolo Paulo
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20).

Verdade Aplicada: O alvo principal do ensino cristão é apresentar a Deus todo homem perfeito em Jesus Cristo.

Objetivos da Lição:

·      Mostrar que a pedagogia paulina se ocupa em firmar convicções verdadeiras que proporcionarão estar em paz com Deus e consigo.
·      Revelar a necessidade da constante renovação da mente cristã através do ensino e meditação.
·      Promover na pessoa, a comunhão com Cristo através do aprendizado da Palavra, das virtudes e hábitos mentais sadios.

Textos de Referência: Rm 1.14-17

Introdução: Paulo se tornou doutor dos gentios e assim considerava-se por causa da sua dedicação ao ensino que objetivava apresentar todo homem a Deus, perfeito em Cristo Jesus. Este foi um projeto muito ambicioso pelo qual lutou incansavelmente até os últimos momentos de sua vida. Esse ainda hoje é o alvo mais nobre da pedagogia cristã pelo qual se deve lutar.

A palavra pedagogia tem origem na Grécia Antiga, paidós (criança) e agogé (condução). No decurso da história do Ocidente, a pedagogia firmou-se como correlato da educação. Ela pode ser hoje definida como sendo a ciência que estuda as teorias do ensino, tendo como objetivo buscar métodos para tornar a educação cada vez melhor e mais atrativa. O pedagogo atua na promoção da aprendizagem das pessoas na diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo. Paulo como pedagogo da fé cristã esforçou-se para tornar claro em todos os ambientes a mensagem do evangelho que traz em si as boas novas da salvação em Cristo Jesus, promovendo o desenvolvimento e amadurecimento dos cristãos, de forma a apresentar todo homem perfeito em Jesus Cristo, conforme ele mesmo declara em Cl 1.27-29: “Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente”.

1. Objetivo de firmar convicções – É surpreendentemente maravilhoso ver como o ensino paulino se depara com públicos diferentes, e mesmo assim, ele se ajusta à necessidade dessa heterogeneidade humana. Aos romanos, a dinâmica pedagógica de Paulo se ajusta à necessidade de um conhecimento aprofundado acerca da salvação, em tom pertencente ao direito, visando aprofundar suas convicções.

Rm 1.14: “Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes”.

Em sua carta aos romanos, Paulo declara ter se proposto muitas vezes ir a Roma, no entanto até aquele momento ele fora impedido. Seu objetivo era contribuir com a fé cristã dos crentes em Roma, cuja igreja era constituída tanto de judeus como de gentios. No versículo 14, Paulo se declara devedor, a gregos, bárbaros, sábios ou ignorantes. É baseado no conhecimento que ele tem da salvação em Cristo Jesus que ele se vê devedor de todos os tipos de pessoas. W. MacDonald (2008, p. 416) escreve sobre isto:

“Quem tem Cristo conta com a resposta para a necessidade humana mais profunda, tem a cura para a doença do pecado, encontra o modo de ser poupado dos horrores eternos do inferno e recebe a garantia de felicidade eterna com Deus. Diante disso, o salvo tem a obrigação solene de compartilhas as boas novas com povos de todas as cultura, isto é, tanto a gregos como a bárbaros, e com todos os graus de instrução, isto é, tanto a sábios como a ignorantes. Paulo sentia essa obrigação de forma intensa e declarou: Sou devedor”.

1.1 O homem precisa da justificação – A comunicação e o ensino de Paulo partem de um ponto que venha despertar o interesse. Por exemplo, Paulo ao escrever para os romanos, ensina sobre a salvação, mas parte do ponto de vista jurídico, capaz de despertar e fixar a atenção dos seus leitores, que tem um gosto peculiar pela jurisprudência. Paulo demonstra que todos são pecadores, todos estão sob condenação, e por isso, precisam de justificação. No entanto o homem é por si mesmo incapaz de alcançar essa justificação, mas ela lhe é oferecida gratuitamente, pela fé, e por graça mediante a redenção que há em Cristo Jesus (Rm 3.23-25). Esse tom jurídico é em si uma maneira interessante de se aprender sobre a salvação.

Rm 2.12: “Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados”.

A carta de Paulo aos romanos oferece uma exposição clara da condição pecaminosa de todos os homens, sejam estes gentios, aqueles que sem lei pecaram, sejam estes judeus, aqueles que pela lei seriam julgados. Diante de tal exposição, Paulo mostra que todos os homens estariam condenados à perdição eterna, ou seja, nenhum homem poderia ser visto como justo diante de Deus. Tal situação conduz Paulo a mostrar que todos os homens precisam do evangelho, ou seja, a única maneira do homem ser justificado diante de Deus é através do sacrifício de Jesus Cristo oferecido como castigo pelo pecado de toda humanidade. Em Rm 3.21-31, Paulo fala então da justificação do homem diante de Deus pela fé em Jesus Cristo. A justificação é, portanto o ato pelo qual Deus declara posicionalmente justa a pessoa que a Ele se chega através de Jesus Cristo, sendo que ela envolve dois atos: O cancelamento da dívida do pecado na “conta” do pecador, e o lançamento da justiça de Cristo em lugar da dívida do pecado.

Rm 3.23-26: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”.

1.2 A fé no evangelho é o único elemento capaz de justificar o homem – Todos concordam que a justificação é um ato exclusivo de Deus (Rm 3.21-23). E não é uma doutrina nova nas Escrituras, mas presente no Antigo Testamento, e mui claramente demonstrada na vida do patriarca Abraão (Rm 4.1-5). Por isso, o Apóstolo Paulo se utiliza da figura desse personagem, para exemplificar que a justificação é consumada no coração humano pela fé, mas que, sobretudo, precisa ser entendida para depois ser experimentada (Rm 10.17).

Rm 3.20: “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.

Rm 3.28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”.

Gl 2.16: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada”.

A justificação é um ato exclusivo de Deus porque ela exclui totalmente as obras da lei, ou seja, a pessoa é feita justa com base na fé, já que pelas obras da lei nenhuma carne poderia ser justificada, pois nenhum homem, exceto o Senhor Jesus Cristo, cumpriu a lei em sua totalidade. Para demonstrar a justificação pela fé e não pelas obras como que estando de acordo com as Escrituras do Antigo Testamento, em Rm 4.1-5, Paulo se refere a dois grandes nomes da história de Israel: Abraão e Davi. Assim, considerando a argumentação de Paulo acerca de Abraão em Rm 4.3, Paulo faz citação do texto de Gn 15.6 pondo em evidência o fato de que Abraão não foi justificado pela obras, mas sim pela fé: “Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça” (Rm 4.3). A palavra imputar traz a idéia de creditar algo na conta da pessoa. Mediante as obras, o crédito realizado seria considerado apenas como pagamento de uma dívida. Paulo deixa claro que a justiça imputada a Abraão, não foi por merecimento ou por suas obras, mas por sua fé, sendo isto um ato resultante, exclusivamente da graça de Deus.

1.3 Jesus Cristo é o preço pago para nossa justificação – Não é possível apresentar o homem perfeito a Deus sem Cristo Jesus, sem que Ele se torne o tema central nos nossos próprios ensinamentos. Afinal, foi Ele quem foi entregue à morte e ressuscitou para a nossa justificação (Rm 4.25). A graça da justificação pela fé no Cristo ressuscitado é para todos os homens. Tal verdade deve ser levada com muito empenho para que este alicerce soteriológico fique inabalável nas pessoas.

Rm 4.24,25: “Mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação”.

De acordo com o que foi visto anteriormente a justificação é o ato pelo qual Deus declara posicionalmente justa a pessoa que a Ele se chega através de Jesus Cristo. Ela envolve dois atos: O cancelamento da dívida do pecado na “conta” do pecador, e o lançamento da justiça de Cristo em lugar da dívida do pecado. O homem que crê em Jesus Cristo é visto por Deus em Cristo e é desta forma que ele é visto perfeito. Conforme escreve W. MacDonald (2008, p. 429):

“Observe que ele crê naquele que justifica o ímpio. Não comparece diante de Deus alegando ter se esforçado ao máximo, vivido de acordo com a regra de ouro e não ter sido tão mau quanto outros. Apresenta-se, pelo contrário, como ímpio e pecador culpado e se entrega à misericórdia de Deus. Como resultado, a sua fé lhe é atribuída como justiça. Uma vez que ele se achega ao Senhor pela fé, e não por se considerar merecedor, Deus lhe atribui justiça e, desse modo, torna-o apropriado para viver no céu. Desse momento em diante, Deus o vê em Cristo e o aceita com base nessa nova condição de vida”.

2. Paulo e a construção do conhecimento – A pregação e o ensino cristãos não eram o único meio de promover a moral da sociedade greco-romana. Mas a construção do pensamento cristão através de Paulo, parte do conceito de autoridade das Escrituras, evidentemente do Antigo Testamento (posto que, naquele tempo, era o que se tinha documentado e ratificado como inspirado por Deus).

Rm 15.4: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.

2 Tm 3.16,17: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”.

2 Pe 1.20,21: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.

2.1 Tudo parte das Escrituras – O ponto de apoio paulino para a comunicação, convencimento e instrução de seu auditório, não vinham de si mesmo. Ele mesmo se recusa a usar linguagem floreada, rebuscada e lisonjeira, mas usa a simples e direta como uma espada. Sua mensagem também não vinha de pensamentos filosóficos correntes de sua época, isso não significa que não encontremos citações diretas e indiretas de mestres e filósofos em suas pregações e cartas. O seu cuidado era que a vida cristã de seus ouvintes e destinatários não repousassem sobre qualquer elemento pessoal, filosófico ou humano. Que o conhecimento e vida prática deles partissem das Escrituras e do Senhor Jesus (Rm 15.4; 2 Tm 3.16). Ele é a sabedoria, o logos, e o poder de Deus. Se hoje a igreja local se desprender do eixo do conhecimento revelado, perderá o sentido de sua existência.

1 Co 1.20-24: “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus”.

1 Co 2.1-5: “E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”.

2.2 Fé para entender – A pedagogia paulina se baseia na fé que parte da revelação, como disse Agostinho: “Eu creio, para entender”. Nas Escrituras, constatamos que a fé e a razão andam juntas, e não divorciadas. Mas reconhecemos que a fé tem capacidade de ir mais além do que os olhos podem ver, tocar e sentir (1 Co 2.9). A superioridade da fé que repousa na revelação é capaz de aceitar o que a razão rejeita, demonstrando depois ser perfeitamente racional. Como disse certo teólogo. “Onde a razão para a fé caminha, prossegue vitoriosamente”. Tertuliano também disse: “Creio porque é absurdo, se não fosse absurdo não haveria necessidade da fé, bastariam os sentidos ou a razão”. Por mais chocante que possa parecer; o conhecimento de Deus, a salvação em Cristo e uma vida cristã abençoada é alicerçada sobre a “fé que atua pelo amor” (Gl 5.6; Hb 11.1,2).

A Bíblia define a fé como sendo “o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem” (Hb 11.1). Através desta definição conclui-se que é através da fé que aquilo que se espera e que não pode ser visto de forma aparente, torna-se real na vida dos que crêem, trazendo então esperança quanto ao futuro porvir. A fé bíblica, no entanto não se baseia em idéias abstratas do pensamento humano, ela se baseia na revelação da Palavra de Deus que utiliza para seu entendimento a racionalidade do ser humano. Assim, a fé bíblica não exclui a razão, pois é através da racionalidade da fé cristã que o cristão cresce e amadurece em seu conhecimento acerca de Deus. A fé e a razão devem sempre caminhar juntas, pois a fé justifica aquilo que não se explica de forma aparente, por outro lado a razão ao lado da fé impede que o homem seja enganado e levado continuamente pelos ventos de doutrinas propagados pelos falsos mestres e falsos profetas.

Rm 12.1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.

1 Pe 2.2: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”.

Ef 4.13,14: “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”.   

2.3 A renovação da mente – Passar a viver a fé em Jesus Cristo envolve a renovação da mente. Devemos entender que quando alguém recebe Cristo, ele é regenerado pela Palavra, isto é, nasce como uma criança no reino de Deus. E como todo bebê precisa ser alimentado para os seu pleno desenvolvimento, assim o novo convertido precisa ser alimentado para o seu pleno desenvolvimento espiritual. Isso significa que o espírito humano é renovado e recebe uma nova disposição e entendimento das coisas de Deus, as quais eram impedidas pela cegueira do pecado, da incredulidade e a atuação maligna (2 Co 4.3,4). Entretanto, essa mente não é transformada por um milagre, mas com esforço pessoal, pois Paulo diz o seguinte: “sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.1,2).

Jo 3.3-5: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”.

Em Jo 3.3-5, em seu diálogo com Nicodemus, Jesus fala acerca do Novo Nascimento que deve acontecer na vida daqueles que se convertem a Ele. Jesus descreve o Novo Nascimento como algo proveniente da ação da Palavra e do Espírito. Isto significa que a partir deste “novo nascimento” o homem passa a experimentar em sua vida “um novo começo”, onde sua vida passa a ser orientada não mais por sua própria vontade, mas sim pela presença do Espírito Santo. Neste processo, o Espírito Santo conduz o homem à renovação da sua mente que passa agora a estar alinhada não mais aos conceitos deste mundo, mas aos conceitos da Palavra de Deus, de forma que o homem passa a tomar atitudes que agradam antes de tudo a Deus e não a si mesmo.

Tt 3.3-5: “Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo”.

3. Pedagogia que transforma vidas – A pedagogia de Paulo não é milagreira, mas passa um conteúdo capaz de transformar vidas. Parece contraditório isso, mas a explicação é que não se trata do trabalho de Paulo apenas, e sim, da graça de Deus que opera através da sua vida e suas palavras.

At 20.24: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.

1 Co 15.10: “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”.

Ef 3.7,8: “Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo”.

3.1 O conteúdo do evangelho – Falamos acima sobre a importância da renovação da mente. Mas qual o conteúdo usado por Paulo e demais apóstolos capaz de operar isso? Como também já dissemos Jesus é o tema central de seu conteúdo pedagógico, que se apóia no cumprimento fiel das profecias do Antigo Testamento, pelo fato de que Jesus morreu e ressuscitou de acordo com testemunho de muitos fiéis (1 Co 15.3-8), um ensino que gera esperança e nutre a fidelidade a Deus. Todavia há três tipos principais do ensino evangélico paulino: Primeiro, através do próprio exemplo piedoso de quem ensina, nesse aspecto, o próprio Paulo se oferece como um modelo (1 Co 4.16; 11.1); segundo, aqueles destinados a instruir, eliminando dúvidas e a responder questões, como por exemplo, sobre a ressurreição, costumes locais, etc.; terceiro, aqueles ensinos com peso dogmático, ético, ou seja, para obedecer-se. Esses três modelos de ensino continua, e jamais devem deixar de ser empregados na igreja.

·      Paulo se oferecendo como modelo para seu ensino:

1 Co 4.15,16: “Porque ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu pelo evangelho vos gerei em Jesus Cristo. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores”.

1 Co 11.1,2: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei”.

·      Paulo trazendo ensino, considerando o costume da época:

1 Co 11.5,6: “Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu”.

·      Paulo trazendo ensino com peso dogmático e ético para ser obedecido:

Cl 3.5-9: “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feito”.

3.2 O lado pragmático do evangelho – O ensino de Paulo é prático e deve ser acatado pelos crentes em Jesus, que por sua vez, devem ir “na contra mão” do curso deste mundo. Os cristãos não devem tomar como modelo as formas pagãs tão modernizadas e correntes, tão momentâneas que refletem o domínio do espírito que permeia este mundo sem Deus. Atualmente, a arqueologia tem encontrado vestígios claros que demonstram a licenciosidade em muitos lugares do tempo de Paulo no Império Romano, isso sem contar o muito da literatura daquela época existente também em nossos dias. Diante disso, devemos a cada dia, mais e mais nos identificar com o Filho de Deus, abandonando todo pecado do século presente e buscando insacialvelmente níveis profundo de transformação segundo a imagem de Jesus Cristo nosso Senhor.

A palavra pragmático diz respeito ao pragmatismo, uma doutrina filosófica que adota como critério da verdade a utilidade prática, identificando o verdadeiro como aquilo que for útil. De forma geral, o pragmático é aquele que toma o valor prático como critério da verdade, ou seja, se algo é justificável por sua praticidade, este “algo” torna-se critério para a verdade. Em Mt 7.21-23, Jesus disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7.21-23). Conforme pode-se perceber nas palavras de Jesus, o resultado prático não justificou perante o Senhor os métodos utilizados, portanto o pragmatismo não se aplica ao evangelho. Considerando então o real significado da palavra pragmático, o sub-título que melhor se encaixaria ao comentário feito no ponto 3.2 seria “O lado prático do evangelho” e não “O lado pragmático do evangelho”. Assim, os preceitos trazidos pelo anúncio do evangelho, ainda que para a sociedade pós-moderna não sejam muito úteis, pois eles vão na contra-mão do curso deste mundo, devem ser considerados por todos não apenas de forma teórica, mas de forma prática, pois é desta forma que os cristãos evidenciam o poder de transformação do evangelho que tem como propósito conformar cada cristão a imagem de Jesus Cristo nosso Senhor.

Ef 2.1-3: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”.

Tt 2.11,12: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente”.

1 Pe 1.1-4: “Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado; para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias; e acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós”.

Rm 8.29: “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.

2 Co 3.18: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.

3.3 Objetivo de um ensino transformador do evangelho – Principalmente na Carta aos Romanos, encontramos de uma maneira bem organizada os objetivos de um viver transformado. Primeiro todo homem deve viver para agradar a Deus e a vida em comunhão com o Espírito de Deus e que possibilita isso (Rm 8); segundo, essa nova vida em comunhão com Cristo segundo o poder do Espírito Santo é o único meio eficaz de se vencer as paixões da nossa natureza pecaminosa (Rm 8; Gl 5.16); terceiro, a vida assim, como expusemos, é o único meio de produzir frutos para Deus através das virtudes cristãs, a única maneira de glorificar o seu nome. Isto se dá pela expressão de emoções sadias tais como amar; ser benigno e alegre com o nosso próximo; pela demonstração de virtudes individuais pelo domínio próprio, mantendo-se longe de vícios de todo o tipo; pelas virtudes demonstradas num relacionamento falando a verdade sempre, sendo paciente e honesto; e por fim, pelas atitudes religiosas corretas, tais como fugir da idolatria e feitiçaria.

Rm 8.12-14: “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus”.

Gl 5.16,17: “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis”.

Gl 5.19-22: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.

Referências Bibliográficas:
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Mundo Cristão, São Paulo, SP.

sábado, 24 de novembro de 2012

LIÇÃO 8 - O APÓSTOLO PAULO E O ESPÍRITO SANTO

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apóstolo Paulo
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “O qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica” (2 Co 3.6).

Verdade Aplicada: Paulo, como ministro de Cristo, deseja que seus leitores entendam a nova dispensação do Espírito que chega até os nossos dias.

Objetivos da Lição:

·      Entender a dispensação do Espírito Santo demonstrada por Paulo.
·      Conhecer como podemos desfrutar de uma vida vitoriosa sobre o pecado através do Espírito.
·      Mostrar como podemos nos habilitar para o combate espiritual contra o reino das trevas.

Textos de Referência: Ef 3.1-6

Introdução: Não se sabe exatamente quando, mas se sabe que, após a conversão de Paulo, ele entendeu que se tratava de uma nova dispensação divina o que estava presenciando. E, como tal, ele deveria pregar o evangelho ciente do agir de Deus, diferenciado para essa nova época, que se despontava no horizonte da história. Vejamos alguns principais ensinamentos de Paulo acerca do Espírito Santo nesta lição.

De acordo com Tim LaHaye (2004, pp. 78-80) a palavra “dispensação” vem do substantivo grego  oikonomá, frequentemente traduzido por “administração”. Esta palavra é uma composição de oikos, que significa “casa” e nomos que significa “lei”. Quando unidas, “a idéia central da palavra dispensação é gerenciamento ou administração dos negócios de uma casa”. A palavra “dispensação” refere-se, portanto ao modo como Deus lida com a humanidade, ou como Deus administra a verdade em determinados períodos de tempo, sendo, porém importante destacar, conforme escreve o autor citado acima“que as dispensações não tem nada a ver com o modo como as pessoas são salvas de seus pecados”, ou seja, elas não são caminhos para a salvação, mas maneiras pelas quais Deus interage com o homem revelando sua verdade. A teologia dispensacionalista defende a interpretação literal das Escrituras; a distinção entre Israel e a igreja sendo isto a base teológica para o arrebatamento pré-tribulacional; e além disto, ela defende que as promessas do Antigo Testamento para Israel serão literalmente cumpridas no futuro, no período do Reino Milenar de Jesus Cristo na terra descrito em Ap 20. A teologia dispensacionalista entende a Bíblia organizada em sete dispensações sendo estas:

·        Inocência – Gênesis 1.28-3.6

·       Consciência – Gênesis 3.7-8.14

·       Governo Humano – Gênesis 8.15-11.9

·       Promessa – Gênesis 11.10-Êxodo 18.27

·       Lei/Israel – Êxodo 19-João 14.40

·       Graça/Igreja – Atos 2.1-Apocalipse 19.21

·       Reino – Apocalipse 20.1-15

1. Antiga e Nova Aliança – Aos seus leitores de Corinto, Paulo se autodenomina como um dos ministros de Deus de uma Nova Aliança (2 Co 3.6). Tal pensamento divide a história religiosa do ponto de vista de um judeu convertido em duas seções: Antiga e Nova Aliança. Foi dessa expressão de Paulo que se nominou as duas grandes divisões principais da Bíblia de Antigo e Novo Testamento. Essa Nova Aliança é iniciada com a vinda de Jesus, mais especificamente depois de sua morte e ressurreição. Porém é o “Espírito do Deus vivente” que entra em cena atuando no interior dos crentes em Jesus, transformando-os positivamente.

Ex 19.5-8: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. E veio Moisés, e chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas estas palavras, que o Senhor lhe tinha ordenado. Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos. E relatou Moisés ao Senhor as palavras do povo”.

Jr 31.31-33: “Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.

2 Co 3.6: “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica”.

Em 2 Co 3.6, Paulo contrasta a Antiga Aliança com a Nova Aliança. Ele começa observando a habilitação por parte de Deus ao fazê-lo ministro de uma Nova Aliança que em contraste a Antiga Aliança traz em si não a condenação da letra, mas a vivificação pela presença do Espírito Santo. A Antiga Aliança foi transmitida por Deus a Moisés por ocasião da entrega da lei no monte Sinai. Ao recebê-las os israelitas se propuseram diante de Deus a fazer tudo conforme fora dito pelo Senhor. Assim, as bênçãos do Senhor estariam condicionadas à obediência por parte de Israel à lei entregue no monte Sinai. Nenhum homem, no entanto foi capaz de cumprir toda a lei de Deus, e diante disto, todo homem se vê condenado à morte pela letra da lei. Na Nova Aliança, Deus assume o compromisso de abençoar a humanidade por meio da redenção em Cristo Jesus. A presença e as bênçãos de Deus, assim, já não estariam condicionadas ao cumprimento da lei por parte dos homens, mas a graça de Deus em Cristo Jesus. Por conseqüência, a Nova Aliança não traz em si a condenação da letra, mas a salvação em Cristo Jesus que cumpriu até a morte toda a justiça da lei, e daí Paulo se referir a vivificação proveniente do Espírito em decorrência da ministração da Nova Aliança, tendo sido esta firmada por Deus pelo derramamento do sangue de Jesus Cristo na cruz do Calvário.

Mt 26.26-28: “E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados”.

Hb 10.16-18: “Esta é a aliança que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor:Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado”.

1.1 O Espírito como escritor (2 Co 3.2-6) – É curiosa a maneira como o Espírito Santo age nesse novo tempo. Ele atua através de seus ministros escrevendo as leis de Deus no coração de carne dos crentes em Cristo. De sorte que eles se tornam a carta de Cristo lida por todos os homens. Note que essa realidade espiritual se contrapõe à velha que era de “coração de pedra”. (Ez 11.19-20). Mas que Deus havia prometido transformar os corações no Antigo Testamento, e agora estava cumprindo a sua Palavra através do Espírito Santo. Nos dias de Moisés, ele subiu em Horebe e de lá trouxe as tábuas da lei de Deus, os homens deveriam cumpri-las, porém, eles não conseguiam resistir à sedução da adoração pagã e seus próprios impulsos. No entanto, os crentes em Jesus Cristo contavam com um recurso adicional para obedecerem a Deus: A pessoa do Espírito Santo, escritor da própria lei.

2 Co 3.2-3: “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração”.

Em 2 Co 3.2-3, Paulo em defesa de seu ministério, refere-se aos coríntios como fruto e prova de seu trabalho. Neste trecho, ele, de certa forma, contrapõe a Antiga Aliança e a Nova Aliança através dos termos tábuas de pedra e tábuas de carne do coração. Na Antiga Aliança a lei foi entregue aos israelitas tendo esta sido escrita em tábuas de pedra. Estas tábuas representavam o coração endurecido dos homens insensíveis a Deus e a sua vontade. Deus, porém promete substituir o coração de pedra pelo coração de carne, ou seja, através da regeneração experimentada pelo “novo nascimento”, o homem tornar-se-ia sensível a Deus e a sua vontade. É neste coração de carne que o Espírito Santo encontra então lugar para ministrar a carta de Cristo a todos os homens, expressando através daqueles que se convertem a Jesus Cristo, o amor de Deus a toda humanidade.

Ex 24.12: “Então disse o Senhor a Moisés: Sobe a mim ao monte, e fica lá; e dar-te-ei as tábuas de pedra e a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para os ensinar”.

Ex 31.18: “E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”.

Ez 11.19,20: “E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus”.

Ez 36.26,27: “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis”.

1.2 O Espírito como ministro (2 Co 3.8) – Ao escrever, no interior dos cristãos, a vontade de Deus, tal ministério do Espírito vem acompanhado de uma glória sobre-excelente. Se Moisés, ao receber as tábuas da Lei, estava todo envolto da glória de Deus, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a sua face, fica uma exclamação, “como não será de maior glória o ministério do Espírito!” (2 Co 3.8). A glória na face de Moisés foi forte o suficiente para que usasse um lenço, mas com o tempo ela desvanece; a glória, porém, da nova aliança, cujo Espírito é seu ministro direto operando um ministério de vida, é muito maior glória nos fiéis. Observemos que a igreja fiel tem glória divina, justiça divina, maior glória, e glória permanente. Todos esses dons são concedidos mediante o operar do Espírito Santo segundo a multiforme sabedoria de Deus!

2 Co 3.7-8: “E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito?”

Em 2 Co 3.7-8, Paulo fala do “ministério da morte, gravado com letras em pedras”. Ele está mais uma vez fazendo contraposição entre a Antiga Aliança e a Nova Aliança. A Antiga Aliança, apesar de poder ser citada como “ministério de morte” já que ela ameaçava de morte, através da lei, aqueles que não a guardavam, veio em glória, e isto porquê, a lei traz em si a revelação quanto ao caráter Santo e Justo de Deus e o esplendor da sua glória. Por conseguinte, Moisés, depois de passar algum tempo com Deus, ao descer do monte, tinha seu rosto brilhando refletindo esse esplendor. A glória no rosto de Moisés, no entanto era passageira, e isto porquê ela refletia a função temporária da lei que era a de revelar ao homem a sua condição pecaminosa diante de Deus. Paulo mostra então a condição superior à Antiga Aliança da Nova Aliança, citando esta como sendo de maior glória, e isto porquê, o ministério do Espírito aponta não para a lei como meio de se alcançar a justiça, mas para a Pessoa Gloriosa de Jesus Cristo, que em seu ministério terreno cumpriu em caráter permanente toda a justiça que há na lei. A Ele exclusivamente seja a glória eternamente. Amém!

Ex 34.28-33: “E esteve ali com o Senhor quarenta dias e quarenta noites; não comeu pão, nem bebeu água, e escreveu nas tábuas as palavras da aliança, os dez mandamentos. E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele. Olhando, pois, Arão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que a pele do seu rosto resplandecia; por isso temeram chegar-se a ele. Então Moisés os chamou, e Arão e todos os príncipes da congregação tornaram-se a ele; e Moisés lhes falou. Depois chegaram também todos os filhos de Israel; e ele lhes ordenou tudo o que o Senhor falara com ele no monte Sinai. Assim que Moisés acabou de falar com eles, pôs um véu sobre o seu rosto”.

Rm 10.4: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. 

1.3 Transformados pelo Espírito (2 Co 3.12-18) – Antes como servos do pecado, o ser humano estava coberto de vergonha e muitos nem percebia isso, outros já estavam acomodados à situação. Mas agora libertos do pecado pelo sangue remidor de Jesus Cristo, todos foram transformados em servos de Deus. Não precisamos mais ter vergonha, podemos pelos méritos de Cristo desfrutar de liberdade, pois o Espírito do Senhor está no homem. Diferentemente de Moisés que como ministro de um concerto glorioso, mas transitório, percebia o seu desvanecer, escondendo assim o rosto debaixo de um véu, porém, à medida que o tempo passa, como servos de Jesus Cristo, o homem se mantém em comunhão com Ele, e, com o rosto descoberto, há a transformação...

2 Co 3.12-18: “Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido; e até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.

Em 2 Co 3.12-18, Paulo volta a abordar a questão relacionada ao rosto de Moisés que brilhava quando ele desceu do monte. Ele se refere neste ponto ao fato de Moisés cobrir sua face com um véu para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Paulo deixa explícito, através destas palavras, mais uma vez, o propósito transitório da lei. Os israelitas não deveriam olhar firmemente para o rosto de Moisés, pois não seria através das obras da lei que eles receberiam a salvação de Deus, mas sim através de Jesus Cristo, o Único que cumpriu toda a justiça da lei. Conforme escreve W. MacDonald (2008, p. 546) “a glória do rosto de Moisés devia dar lugar a Outro Rosto”. Paulo fala então do coração endurecido dos israelitas ao insistirem estes na lição do Velho Testamento, ou seja, ao insistirem em buscar a sua salvação através das obras da lei e não através da fé em Jesus Cristo. Paulo retrata este fato como que estando o véu posto sobre o coração, no entanto o véu é tirado quando aqueles que se convertem ao Senhor Jesus contemplam que nEle se cumpre a justiça da lei. Os crentes em Jesus podem então desfrutar de liberdade, pois a lei já não tem nenhum poder de condenação sobre eles. Em 2 Co 3.18, Paulo fala então da transformação a ser efetuada nos crentes pela presença do Espírito Santo, sendo seu propósito conduzir os cristãos à imagem de Jesus Cristo, de forma que estes passam a refletir, como um espelho a glória do Senhor.   

2. Andando na carne ou no Espírito – Aos seus leitores de Roma, Paulo ousadamente se inclui no rol dos carentes do agir sobrenatural do Espírito Santo. Ao tratar do relacionamento dos crentes com a Lei mosaica, a comunidade cristã romana mista de judeus e gentios, Paulo procura mostrar que, em Cristo, todos estão livres do conflito que a lei normalmente gera, como uma mulher que, agora viúva, fica livre para casar-se novamente sem impedimento algum. Semelhantemente ao tópico anterior, Paulo descreve a luta no interior para obedecer à lei, assim se considera um homem carnal, escravo do pecado, um miserável, mas que finalmente descobriu uma maneira vitoriosa de viver através de Cristo de acordo com o Espírito Santo (Rm 7.14,24,25).

2.1 A lei libertadora do Espírito (Rm 7.25; 8.2) – A agonia do neófito na fé, ou do ignorante quanto a sua nova realidade espiritual foi descrita de três maneiras diferentes: “carnal, escravo e miserável”. Em Cristo, este homem tem recursos para abandonar essa vida desgraçada sob o controle do pecado, isto é, uma lei interior que lhe dominava impiedosamente, para viver agora sem condenação alguma, livre do poder do pecado, vitoriosamente e cantando um cântico de vitória (Rm 8.31-39). Ao estar em Cristo, o cristão esclarecido, passa a andar segundo o Espírito. Andar segundo o Espírito é um contraponto de andar na carne, que é inimizade contra Deus e gera morte.

No capítulo 7 da carta de Paulo ao Romanos, para demonstrar o domínio exercido pela lei sobre aqueles que estavam debaixo da mesma, Paulo introduz o modelo do casamento segundo a lei judaica, onde a mulher casada permanecia debaixo da autoridade do marido enquanto ele vivesse. A mulher estaria livre para se casar com outra pessoa, não sendo condenada como adúltera, se ocorresse a morte do marido. “Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido” (Rm 7.1-3). Paulo utiliza-se desta ilustração para mostrar a condição dos crentes em Jesus frente a lei. Estando os crentes unidos a Cristo em sua morte, estes estão mortos para a lei, ou seja, com a morte ocorre o rompimento da relação anteriormente existente, e assim a lei perde seu domínio (ou poder de condenação) sobre os crentes. Ao serem vivificados, os crentes vivem livres para pertencer a outro, no caso específico a Jesus Cristo que ressuscitou dentre os mortos. “Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus” (Rm 7.4).
A partir de Rm 7.11, Paulo evidencia o conflito existente na vida do homem, em função da consciência do pecado e do conhecimento da lei, onde este se acha então como um constante transgressor da lei. Os versículos 14, 15, 19 e 23 ilustram a situação desesperada do homem, da qual ele não pode ser livre, a não ser por meio da graça de Deus revelada em Jesus Cristo. “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros”. Tal conflito é ainda considerado no versículo 25, quando Paulo diz que com entendimento, serve à lei de Deus, mas com a carne, à lei do pecado. Como conclusão de toda essa discussão, Paulo conduz a si mesmo a seguinte pergunta: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24). Na seqüência, ele diz: “Mas dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 7.25), e desta forma ele conduz todos a única resposta possível à sua pergunta, ou seja, o único meio do homem ser livre de tal conflito e da condenação da lei, é por Jesus Cristo, pois Ele foi o único Homem que cumpriu toda a lei de Deus. Sendo a justiça de Cristo, pela graça de Deus, imputada àqueles que crêem, Paulo conclui: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1).

2.2 A nova posição em Espírito: “Filhos de Deus” (Rm 8.12-17) – O crente não precisa viver em temor, com medo de seu antigo senhorio cruel e seu jagunço escravizador, o pecado. Satanás e o pecado foram depostos de nossa vida e agora nos tornamos filhos de Deus. De que maneira? Quando o Espírito Santo veio habitar em nós, Ele é o Espírito de Adoção, “pelo qual clamamos: Aba, Pai”. É bom relembrar que a justificação em Cristo, é o ato em que o homem é declarado justo pela obra redentora de Jesus de Nazaré na cruz do Calvário. O ato da justificação é aplicado ao indivíduo que crê, confessa a Cristo arrependido de seus pecados.

Rm 8.14-17: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados”.

Conforme visto anteriormente, ao final do capítulo 7, Paulo conduziu todos a única solução possível para aqueles que se encontram debaixo da lei do pecado e da morte: “Jesus Cristo, nosso Senhor”. Sua resposta é complementada a partir da declaração de Rm 8.1 que revela a impossibilidade de condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. Paulo complementa este pensamento trazendo em seguida uma declaração quanto ao novo modo de viver daqueles que estão em Cristo Jesus: “Que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.1b). A mesma linha de pensamento quanto a andar no Espírito é ainda apresentada, na seqüência do capítulo 8 nos versículos 12 e 13: “De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”. A partir destes versículo, Paulo traz ainda a inclusão do tema relacionado a adoção dos crentes como filhos de Deus. Tal fato é importante neste ponto, pois em Rm 6, Paulo mostrou os crentes na condição de servos da justiça. Ele mostra, no entanto, que sua condição de servos não deve ser considerada em temor como se a mesma viesse, por alguma razão, resultar em severo castigo ou condenação, pois os crentes não são apenas servos da justiça, mas filhos de Deus por adoção, e adotados como filhos de Deus os crentes:

·      São guiados pelo Espírito de Deus a terem um comportamento apropriado aos membros da família de Deus

·      Mediante quaisquer circunstâncias, podem clamar a Deus a quem chama Aba Pai, o que indica a intimidade de relacionamento com Deus.

·      São herdeiros de Deus e co-herdeiro de Cristo, o que indica que são participantes das promessas de Deus.  

2.3 Ministérios do Espírito para hoje: ‘esperança e intercessão’ (Rm 8.23-27) – Todo cristão genuíno pode celebrar: “adeus senhorio cruel, adeus pecado escravizador, adeus temor para sempre”. As dificuldades naturais acontecerão normalmente, os problemas e angústias continuarão. Estas são as nossas fraquezas próprias dessa vida. Com o pecado resolvido em Cristo e segundo o novo andar pelo Espírito, mesmo experimentando essas fraquezas contamos com a intercessão do Consolador. Essa nova realidade espiritual nos traz uma suprema esperança, a redenção do nosso corpo mediante a ressurreição ou transformação na vinda de Jesus (Rm 8.23). Estes são os dois ministérios do Espírito Santo hoje junto ao crente: gerar uma viva esperança pela sua presença e interceder por ele em suas fraquezas.

Rm 8.23-27: “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos. E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”.

Depois de ter introduzido o tema sobre a adoção dos crentes como filhos de Deus, Paulo fala sobre as aflições do tempo presente, mostrando que os cristãos não estão isentos de passarem pelas mesmas. Apesar destas o cristão pode ter esperança, pois estes podem aguardar para o futuro a redenção do corpo, quando então receberão um corpo glorificado totalmente livre da condição do pecado, da corrupção da carne, do sofrimento, da enfermidade e da morte. Paulo fala também sobre a intercessão do Espírito “em nossas fraquezas”, já que o cristão muitas vezes sente-se desnorteado em sua vida de oração, não sabendo pedir como convém. O Espírito Santo, no entanto intercede junto a Deus com gemidos inexprimíveis, e apesar disto, Deus que conhece os corações, conhece também a intenção do Espírito em seus gemidos inexprimíveis, sendo esta sempre a conformação dos filhos de Deus à imagem de Jesus Cristo.

3. Guerreando através do Espírito – Quer aceitemos ou não estamos envolvidos na maior guerra cósmica da luz contra as trevas; do bem contra o mal. Ao entrarmos na fragata da salvação, estamos em guerra, não existe zona neutra, mas importa que aprendamos a guerrear segundo Deus.

Ef 6.12: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

3.1 Não entristeçais o Espírito (Ef 4.30) – O primeiro aspecto a ser considerado é quem somos em Cristo hoje, a nossa identidade espiritual de agora. Se estamos em Cristo, fomos selado com o Espírito e por Ele temos acesso ao Pai (Ef 1.13; 2.18). Logo, está claro que devemos andar segundo o código do Reino de Deus, que, em submissão à Palavra do Rei, Ele nos transmitirá a direção do Caminho, que é Cristo, e esse Caminho nos levará para longe do lugar onde estávamos conectados, fazendo-nos conhecer a nova natureza herdada e como agradar àquele que agora nos ilumina. Note como Paulo escreve: “não deis lugar ao diabo”; e também diz: “não entristeçais o Espírito” que nos marcou para a vitória final. Uma vida sem vigilância, irresponsável, nos colocaria sob o domínio do reino das trevas de outra vez. É preciso romper com toda vida passada, a vida pecaminosa (Ef 4.25-32).

Ef 1.13: “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”.

Ef 2.18: “Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito”.

Ef 4.25-32: “Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós, antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”.
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3.2 Ante a embriaguez, enchei-vos do Espírito (Ef 5.18) – Nenhum soldado entra numa guerra embriagado, isso é suicídio. Qual será o comandante que permitiria um soldado bêbado guerrear? A não ser que quisesse a morte do tal soldado. Atualmente, dirigir sob o efeito do álcool é crime, imagine ir para uma batalha? A embriaguez gera dissolução, isto é, gera uma vida dissoluta, descontrolada e pródiga. Por causa da embriaguez, seja pelo álcool, uso de drogas, ou outro prazer viciante, vai se dissolvendo a vida do indivíduo: ele perde o respeito da família, oportunidades profissionais, etc... Oposto ao prazer viciante, está proposto o encher-se do Espírito, que é encher-se da presença de Cristo.

Ef 5.18-20: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Pv 20.1: “O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio”.

Pv 23.20: “Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne”.

Pv 23.29-32: “Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando vinho misturado. Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No fim, picará como a cobra, e como o basilisco morderá”.

Is 5.11 “Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice; e continuam até à noite, até que o vinho os esquente!”

Is 5.22: “Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar bebida forte”.

Is 28.7: “Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo”.

Rm 14.21: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça”.

3.3 Guerreando no Espírito: “Espada e oração” (Ef 6.17,18) – As armas da nossa guerra não são carnais, só se pode lutar com as armas e com os recursos que Deus oferece pelo Espírito Santo. É necessário fortalecer pela adoração, enchendo-nos do Espírito, como é visto no tópico acima. Mas precisamos nos revestir de Cristo, a nossa armadura espiritual. Nosso inimigo não são os homens, pois estes são fantoches de Satanás e seus asseclas (Ef 6.11,12). O Espírito Santo aplica em nós a armadura através da oração fervorosa, perseverante e abrangente (Ef 6.18). Temos recursos de defesa e ataque que, ao nos revestirmos deles e por meio da atenção cuidadosa e da ousadia no batalhar, garantiremos a nossa sobrevivência e vitória diária.

Ef 6.17,18: “Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos”.

Referências Bibliográficas:
T. LaHaye; T. Ice, Glorioso Retorno, 2004, Abba Press Editora Ltda, São Paulo, SP
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento, 2008, 1ª Ed., Mundo Cristão, São Paulo, SP.