sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

LIÇÃO 9 - JACÓ SOBE A BETEL E EDIFICA UM ALTAR A DEUS

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Jacó
Prof. João Paulo Cruz – Classe Bereanos e Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia da face de seu irmão” (Gn 35.7).

Verdade Aplicada: Não haverá nenhuma virtude em nosso despertamento se ele não nos levar a obedecer a Deus.

Objetivos da Lição:

·     Ensinar o poder da Palavra de Deus.
·     Mostrar que Deus sempre alcança seu objetivo.
·     Acrescentar o desejo da busca do avivamento.

Textos de Referência: Gn 35.1-5

Introdução: A lição deste Domingo ensinará como a voz de Deus poderá provocar mudanças significativas na conduta do seu povo. Jacó e sua família são ordenados pelo Senhor a um realimento na sua jornada espiritual. Após assumir uma postura de obediência, a família da promessa volta mais uma vez a estar no centro da vontade de Deus.

Jacó e sua família deram ouvidos a voz de Deus e é exatamente isso que devemos buscar. Além de sermos obedientes a voz de Deus que nossa família também seja. Que nossas orações sejam incessantes em suplicar a Deus pelos nossos entes queridos. O capítulo em estudo traz dois eventos que se destacam: O retorno de Jacó a Betel e a renovação da aliança em Betel.

Dt 28.2: “E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus”.

Sl 29.3-5,7-9: “A voz do Senhor  ouve-se sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre as muitas águas. A voz do Senhor ouve-se sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre as muitas águas. A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade. A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do Líbano. A voz do Senhor separa as labaredas do fogo. A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor faz tremer o deserto de Cades. A voz do Senhor faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória”.

Jr 42.6: “Seja ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos,  obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à voz do Senhor nosso Deus”.

1. Deus fala com Jacó (Gn 35.1-15) – Deus disse a Jacó para que ele se aprontasse e fosse para a cidade de Betel e construísse um altar e dedicasse a Ele, lembrando o episódio em que o Senhor apareceu a ele em Betel quando estava fugindo de Esaú. Jacó então reuniu sua família e todos os que estavam com ele e pediu para que se apartassem de toda a idolatria e purificassem as suas vestes. É interessante que todo verdadeiro despertamento começa quando Deus fala conosco (Pv 29.18).

Gn 35.1: “Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu, quando fugiste da face de Esaú teu irmão”.

Quando há fracasso ou alguma decadência, o Senhor chama novamente para si o seu servo: Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres” (Ap 2.5). Este é o princípio da restauração. Quando somos restaurados ao padrão divino, Deus não nos manda lembrar de onde estamos e sim da posição elevada de que caímos. E é dessa maneira que reconhecemos a que ponto chegamos de decadência espiritual e quão grande é a necessidade de retroceder. Em Betel, Deus se revelou a Jacó, por ocasião de sua fuga de Esaú seu irmão, manifestando a sua graça em sua vida. Deus lhe deu garantia de que estaria com ele em quaisquer circunstâncias e o faria retornar. Jacó, no entanto não compreendeu a graça de Deus em sua vida, e sendo assim, ele fez um voto ao Senhor condicionando a ação de Deus ao seu voto. Jacó precisaria retroceder a Betel, avaliar a sua jornada, compreendendo que o Senhor cumprira tudo aquilo que lhe prometeu não por mérito algum da sua parte, nem tampouco porque ele cumprira o voto, mas unicamente por causa da infinita graça de Deus em favor do seu povo.

1.1 Despertamento de Jacó – Deus mandou Jacó a Betel e ordenou que, ali, construísse um altar. Jacó tinha prometido isso ao Senhor há vinte anos, e Deus lembrou o seu voto, despertando Jacó para o cumprimento da promessa que fizera a Deus. Na verdade, Deus está direcionando Jacó para o que de mais extraordinário pode acontecer na vida de um homem ou de uma mulher, seu retorno ao lar. Lar é muito mais que casa. Existem casas que não são lares, possuem mobílias, aspectos e estruturas modernas, mas são apenas estruturas frias. Voltar ao lar, remete-nos a sensação de estar no lugar certo, um sentimento de profundo pertencimento espiritual. O lar deve ser o local em que homens e mulheres possam experimentar a alegria de ter a companhia das pessoas que mais se ama independente das diferenças. O lar não é um campo de batalha, mas um oásis nos desertos deste mundo (Sl 68.6; Sl 107.41; Gn 12.3; Pv 10.1; Ef 6.1-4).

Gn 28.20-22: “E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”.

Jacó fez um voto ao Senhor de fazer daquela coluna casa de Deus e de dar ao Senhor o dízimo de tudo. Ele não precisava ter feito este voto ao  Senhor, pois o Senhor se manifestara a ele em graça e não por aquilo que Jacó poderia lhe dar em troca. Jacó, no entanto fez o voto, e sendo assim, ele deveria cumprir. Este cumprimento, porém deveria começar a partir da construção de “um altar”, ou seja, de uma vida consagrada ao Senhor em obediência a Ele. É isto que Deus requer de Jacó, ou de qualquer um de nós antes de qualquer coisa. Em Siquém, Jacó já havia levantado um altar o qual ele chamou de “Deus, o Deus de Israel”, porém este altar fora levantado em desobediência (Gn 33.20), e nenhum altar tem valor algum se não estiver alinhado a obediência. Betel, geograficamente ficava a 300 metros acima de Siquém e a subida geográfica de Siquém a Betel, simboliza a subida espiritual de Jacó em direção a Deus. Assim a obediência de Jacó começaria em Betel, o local em que Jacó deveria estar ao invés de Siquém.

1.2 A obediência à voz de Deus (Gn 35.4-8) – A história continua dizendo que quando eles foram embora, Deus fez com que moradores das cidades vizinhas ficassem com um medo terrível, e por isso eles não perseguiram Jacó e sua família. Assim, Jacó e toda a sua gente chegaram à Luz, cidade que também ficou conhecida pelo nome de Betel em Canaã. Em Betel morreu a babá de Rebeca chamada Débora. Ela foi sepultada debaixo da árvore sagrada que fica ao sul da cidade. O lugar ficou conhecido como árvore sagrada das lágrimas. O retorno de Jacó sinaliza que seu relacionamento com Deus começa a crescer mais uma vez. Ainda assim, a espiritualidade desse homem é um passo para frente e dois para trás. Ele precisa assim como todos os crentes ser mais constantes em obedecer ao Senhor (2 Tm 2.15; 1 Co 15.58). A obediência exterior sem uma mudança de coração é vazia em si mesma, e Jacó é o retrato desse homem, que, na aparência, manifesta piedade, sem, contudo, sê-lo interiormente (Mt 5.20). A Bíblia manda que sejamos obedientes em todas as áreas de nossa vida (Mt 23.23,24).

Gn 31.3: “E disse o Senhor a Jacó: Torna-te à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo”.

Gn 33.17-19: “Jacó, porém, partiu para Sucote e edificou para si uma casa; e fez cabanas para o seu gado; por isso chamou aquele lugar Sucote. E chegou Jacó salvo à Salém, à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando vinha de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade. E comprou uma parte do campo em que estendera a sua tenda, da mão dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro”.

Gn 35.5: “E partiram; e o terror de Deus foi sobre as cidades que estavam ao redor deles, e não seguiram após os filhos de Jacó”.

Deus ordenou que Jacó retornasse para a casa de seu pai. Jacó, porém depois de seu encontro com Esaú partiu para Sucote onde edificou uma casa e comprou uma parte do campo contrariando a aliança de Deus com Abraão e Isaque que ordenou que eles peregrinassem na terra da promessa, contemplando desta forma o futuro cumprimento da promessa terrena, porém com vistas para a cidade Celestial, a verdadeira pátria daqueles que crêem em Deus. Esta atitude de Jacó demonstra aquilo que é constante na vida de todo crente: A velha natureza em oposição a nova natureza. O encontro de Jacó com Deus no vau de Jaboque deu início a existência de uma nova criatura, porém o “velho homem” não morre, ele apenas está mortificado e assim muitas vezes, atitudes do “velho homem” acabam obtendo lugar se este em sua nova natureza não se mantiver em vigilância constante. Jacó acabou desobedecendo a ordenança de Deus, e isto trouxe trágicas conseqüências para ele e sua família (Gn 34). O Senhor, porém manifestaria mais uma vez sua bondade para com Jacó, pois apesar de sua desobediência, Ele lhe confere sua proteção em sua partida de Siquém para Betel.
O comentarista fala também da morte de Débora, a ama de Rebeca, evento este relatado nas Escrituras e não aquele relacionado a morte de Rebeca. A morte vem após a noticia de Gn 35.7 que traz em memória a fuga de Jacó de seu irmão, e por conseqüência as últimas palavras de Rebeca na fuga de Jacó descritas em Gn 27.5 “então mandarei trazer-te de lá” palavras estas que nunca se cumpriram. Assim percebe-se que o narrador de Gênesis relata a morte de cada patriarca e de suas esposas prediletas, menos de Rebeca e sim de sua ama como sinal de não honrá-la por haver enganado seu esposo.

Gn 35.7-8: “E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia da face de seu irmão. E morreu Débora, a ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho cujo nome chamou Alom-Bacute”

1.3 O despertamento na família – A família é o palco onde se desenrola os grandes dramas da vida. É lá que podemos ajustar os ponteiros para termos uma vida melhor neste mundo. Jacó após ouvir a voz de Deus decide também falar a sua família. Sua casa estava desarrumada. Para que Jacó pudesse continuar sua jornada de volta para o seu lar espiritual era necessário orientar a sua casa sobre o padrão de vida que Deus deseja. A família de Jacó deveria ser um sonho lindo e não aquele pesadelo infernal que estavam experimentando. O ambiente familiar é lugar de celebração, de vitórias e não de cultivarmos as amarguras que estavam tão presentes naquela casa (Pv 11.29).

Jacó precisou orientar sua família para que estes fossem participantes do avivamento que ele viveria. Busque um avivamento sim e este é muito importante, mas queira que também sua família seja participante, ore, clame, suplique e cuide dos seus para que todos unidos cheguem a Betel e edifiquem um altar ao Senhor.

Sl 101.2: “Portar-me-ei com inteligência no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero”.

Pv 11.29: “O que perturba a sua casa herdará o vento, e o tolo será servo do sábio de coração”.

At 16.31: “E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”.

2. Tirando os deuses estranhos (Gn 35.4) – Antes de ir embora, Jacó volta a entender a construção de sua história com Deus e manda que todos os ídolos sejam retirados do meio de sua família. Não que necessariamente houvesse idolatria declarada, mas era comum a algumas famílias terem em suas casas objetos que eram mais superstição do que idolatria. Ele manda que se livrem inclusive dos brincos que usavam em suas orelhas. Eram mais que jóias ou enfeites, os brincos eram vistos como amuletos de proteção e eram usados também no culto a deuses estrangeiros (Ex 32.2,3).

Gn 35.2-4: “Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele estavam: Tirai os deuses estranhos, que há no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes. E levantemo-nos, e subamos a Betel; e ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho que tenho andado. Então deram a Jacó todos os deuses estranhos, que tinham em suas mãos, e as arrecadas que estavam em suas orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a Siquém”.

Quando Jacó chegou a Siquém, ele já tinha 12 filhos, o décimo terceiro, Benjamin nasceria posteriormente. Jacó permaneceu 20 anos na casa de Labão, e seu casamento com Léia parece ter sido após os sete primeiros anos em Harã. Assim, quando Jacó chegou em Siquém, provavelmente Diná, a sétima filha de Léia, ainda era uma criança. O capítulo 34 traz o relato quanto a violência de Siquém, o filho de Hamor contra Diná, o que indica que nesta ocasião ela já era uma jovenzinha. Percebe-se, portanto que Jacó permaneceu com sua família em Siquém por um bom tempo, e agora, em sua partida, Jacó ordena que eles tirassem os deuses estranhos que haviam em seu meio de entre eles. Este fato e a saída de Diná a ver as filhas da terra relatado em Gn 34 parece indicar que a família de Jacó já estava sendo influenciada pelo meio em que viviam, pela imoralidade e pela idolatria tão presente na sociedade dos cananeus. Os cristãos devem tomar isto como exemplo, para que não venham a se deixar influenciar pelo meio em que vivem, mas sejam luz em meio às trevas.

2 Co 3.18: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.

2 Co 4.6: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”.

Fp 2.15: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo”.

2.1 Lançando fora os deuses estranhos – Havia no acampamento de Jacó deuses estranhos que precisavam ser removidos. Raquel os havia tirados da casa de seu pai quando saíra de Padã-Arã (Gn 31.9). Esses deuses, hoje, que estão escondidos no coração das pessoas. O que é mais importante em nossas vidas do que a glória de Deus?.

A Bíblia não relata se os deuses que Raquel furtara ainda estavam juntos a família de Jacó, mas o fato é que havia realmente “deuses estranhos” junto à família de Jacó, os quais foram entregues a ele, o que indica que sua atitude culminou na recuperação de sua liderança espiritual junto a sua família. É provável que a família de Jacó foi aprendendo a cultuar estes deuses devido a influência da sociedade onde estavam vivendo sobre suas vidas. A igreja evangélica hoje também tem se deixado ser influenciada pela presença de “deuses estranhos” tais como água ungida, rosa ungida, lencinhos ungidos, sapatos ungidos, correntes da prosperidade, campanhas para buscar a bênção, sete unções e tantas outras coisas que já não tem mais fim, sendo tudo isto muito mais próximo das práticas de feitiçaria e do catolicismo do que do verdadeiro evangelho de Jesus Cristo.

Js 24.14,23: Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi ao Senhor. Deitai, pois, agora, fora aos deuses estranhos que há no meio de vós, e inclinai o vosso coração ao Senhor Deus de Israel”.

1 Sm 7.3,4: “Então falou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: Se com todo o vosso coração vos converterdes ao Senhor, tirai dentre vós os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao Senhor, e servi a ele só, e vos livrará da mão dos filisteus. Então os filhos de Israel tiraram dentre si aos baalins e aos astarotes, e serviram só ao Senhor”.

1 Co 10.14: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”.

2 Co 6.14-18: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso”. 

Ap 2.14: “Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem”.

2.2 Purificação – Deus exigiu a purificação para Jacó (Gn 35.2), a purificação acontece quando deixamo-nos julgar pela Palavra de Deus (Jo 15.3). A esperança em Cristo nos conduz à busca dessa purificação (1 Jo 3.3). É necessário que não somente lancemos fora os deuses estranhos, mas também que nos deixemos purificar; se quisermos um despertamento. E se confessarmos os nossos pecados, Ele será fiel e justo para nos perdoar os pecados (1 Jo 1.9).

Hb 10.16-22: “Esta é a aliança que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado. Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa”.

Quando o homem se converte a Jesus reconhecendo a sua condição de pecador e merecedor do castigo de Deus, crendo ele no sacrifício de Jesus na cruz do Calvário a seu favor, ele é purificado de seus pecados pelo sangue de Jesus e Deus nunca mais se lembrará de seus pecados. Sua consciência culposa é então purificada e assim este homem se sente livre para entrar na presença de Deus sem temor algum, pois Deus o vê em Cristo Jesus, ou seja, coberto pela justiça de Cristo, e isto abrangerá a vida deste homem por toda vida terrena e eterna, e diante disto nenhuma condenação poderá haver para aqueles que estão em Cristo Jesus (Rm 8.1). O crente, no entanto enquanto estiver no corpo mortal não está livre de tropeçar e cometer qualquer tipo de pecado, e se assim for, isto gerará a “má consciência”, o que de fato deve acontecer, pois é tocando na consciência do crente que o Espírito Santo lhe convencerá do pecado. O crente deve buscar então a purificação da má consciência e isto acontece quando ele se deixa ser julgado pela palavra de Deus; reconhece a palavra de Deus como justa em seu julgamento; arrepende-se; confessa o seu pecado e se propõe diante do Senhor a abandonar o pecado. O crente recupera desta forma a sua boa consciência para com Deus e assim ele deve manter-se firme na presença de Deus em busca de sua pureza em todos os sentidos seja espiritual, moral, emocional e físico.

Jo 15.3: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”.

1 Jo 3.3: “E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”.

1 Jo 1.9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”.

Ap 22.11: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda”.  

2.3 Mudando as vestes – A mudança de veste representa o arrependimento (Cl 3.9-10,12,14). As vestes é o testemunho que houve uma purificação. A purificação interna reflete na mudança das vestes que são externas. A Palavra de Deus diz: “Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca” (Mt 12.34). Mudar as vestes representa mudar as atitudes, mudar os hábitos, refletir o interior. Isso é deixar a velha natureza e ser uma nova criatura em Cristo Jesus.

Ef 4.22-25: “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros”.

Cl 3.9-10,12-14: “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição”.

3. A terceira coluna levantada por Jacó – Na sua chegada a cidade de Betel a imagem, que se desenha, é de um despertamento coletivo na família de Jacó. O texto diz que assim que Jacó e toda a sua família chegaram à cidade de Luz, que passaria a ser chamada de Betel, ali ele construiu um altar em adoração ao Senhor (Gn 35.6,7). Uma nova etapa estava sendo construída na família da Aliança.

Gn 35.6: “Assim chegou Jacó a Luz, que está na terra de Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que com ele havia. E edificou ali um altar, e chamou aquele lugar El-Betel; porquanto Deus ali se lhe tinha manifestado, quando fugia da face de seu irmão”.

O retorno de Jacó a Betel o leva a entender um pouco mais acerca do Deus que se manifestara a ele em sua fuga de Esaú. Ele é o Deus de toda graça, Aquele que lhe respondera no dia da sua angústia e que fora com ele no caminho que até então ele tinha andado (ver Gn 35.3) e isto, apesar de todas as suas falhas. Em Betel, Ele reconhece o Senhor como “El-Betel” o Deus de toda casa, que se manifesta em graça em favor de todos, e não apenas somente a ele, conforme ele considerara em Siquém quando chamou o altar que ali ele edificara de “Deus, o Deus de Israel” (Gn 33.20b).

Ef 4.4-6: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”.

3.1 Uma coluna de pedras – A coluna que Jacó ergue para adoração serviu de memorial, como as que ele havia levantado antes. Elas tinham a finalidade de ser o sinal das experiências que ele vivera, porém, no futuro, vemos a proibição na legislação mosaica, pois estas colunas memoriais tornavam-se objetos de adoração. “Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura, nem estátua, nem poreis figura de pedra na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 26.1). Mas Jacó não agia desse modo, para levantar uma coluna para adoração, mas sim para testemunho, para ser um memorial de uma experiência vivida.

O texto de Lv 26.1 se refere a ídolos, imagens de escultura, estátuas e figuras esculpidas na pedra e não às colunas em si. Estas foram algumas vezes levantadas até mesmo em Israel como memorial a algum acontecimento, como por exemplo em 1 Sm 7.12 pelo profeta Samuel. O levantar destas colunas tinham um duplo sentido. Em um primeiro sentido elas serviam de memorial a um fato marcante na vida individual ou coletiva do povo de Israel. Em um segundo sentido, elas apontavam para o futuro, para a vinda de Jesus Cristo, sendo Ele a Pedra principal de esquina, ou seja, o fundamento da fé do povo de Israel, e da mesma forma, a fé nEle, também o fundamento sobre o qual a igreja está edificada. Assim, estas colunas eram “sombras do bem futuro”, e tendo a realidade já se tornado aparente pelo cumprimento da vinda de Jesus, elas hoje, literalmente falando, não precisam ser novamente levantadas.

Mt 16.15-18: “Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Mt 21.42: “Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram,essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?”

1 Co 3.11: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”.

Ef 2.20-22: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”.

3.2 Uma libação de azeite – A libação é uma forma de adoração em que o ofertante derramava um tipo de líquido em honra a alguma divindade. Entre outros povos as libações faziam parte essencial de sacrifícios e ritos solenes. À base das libações encontra-se o pensamento de que os líquidos que eram derramado (vinho, leite, azeite, etc.) deveriam agradar a Deus ou aos deuses aos quais eram oferecidos. Jacó derramou azeite sobre a coluna que levantou em Betel: “Então, levantou-se Jacó pela manhã, de madrugada, e tomou a pedra que tinha posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela” (Gn 28.18), mas agora ele faz uma libação e em seguida derrama azeite: “E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna de pedra; e derramou sobre ela uma libação e deitou sobre ela azeite” (Gn 35.14). A libação na Bíblia significa alegria.

Gn 35.9-15: “Apareceu Deus outra vez a Jacó, vindo de Padã-Arã, e abençoou-o. E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel. Disse-lhe mais Deus: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos; e te darei a ti a terra que tenho dado a Abraão e a Isaque, e à tua descendência depois de ti darei a terra. E Deus subiu dele, do lugar onde falara com ele. E Jacó pôs uma coluna no lugar onde falara com ele, uma coluna de pedra; e derramou sobre ela uma libação, e deitou sobre ela azeite. E chamou Jacó aquele lugar, onde Deus falara com ele, Betel”.

Depois que Jacó levantara o altar em Betel, estando ele vivendo uma vida de obediência ao Senhor, Deus aparece novamente a ele, confirmando o nome que lhe havia sido dado no vau de Jaboque, sendo este Israel. O fato do Senhor trazer esta confirmação neste momento, e na seqüência, Ele reafirmar a sua aliança com Jacó, indica que esta aliança seria estendida também a seus descendentes, os filhos de Israel que dariam então origem a nação de Israel. Em memorial a este acontecimento e tendo fé na promessa de Deus, Jacó mais uma vez levanta uma coluna no lugar onde Deus falara com ele, e derrama sobre ela uma libação e deita sobre ela azeite. A oferta de libação normalmente era derramada sobre uma oferta que já existia. Freqüentemente um sacrifício com sangue era acompanhado pela oferta de alimentos e de libação. Em Gn 35.14, Jacó derrama uma oferta para demonstrar que ele está dedicando sua vida a Deus, consagrando-se a casa de Deus, "Betel". Jacó derrama assim a sua vida como oferta de libação “sobre o sacrifício já existente, o sacrifício de Jesus Cristo”, que séculos mais tarde cumprir-se-ia quando então Ele entregar-se-ia na cruz do Calvário em favor de seu povo, em favor da nação de Israel, a casa de Deus por meio de quem o Messias viria para ser então revelado ao mundo.

3.3 O testemunho do avivamento – Na primeira vez que Deus encontrou com Jacó, ele teve medo (Gn 28.17), mas agora ele demonstra alegria simbolizada da libação derramada sobre a coluna (Gn 35.14). Deus trouxe alegria ao coração de Jacó; manifestando-se a ele. Toda manifestação divina para o seu povo é para trazer despertamento espiritual. A alegria vem junto deste despertamento. A Bíblia diz que a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10).

É interessante notar como um verdadeiro avivamento acontece, pois não é algo produzido, programado ou mesmo induzido pelo homem. Não há formas de fazer avivamento, não existem pregadores ou cantores avivalistas. Avivamento é uma intervenção do divino no humano, do sobrenatural no natural. Marcado no céu e recebido na terra. Não se pode marcar o dia ou o culto em que este fenômeno acontecerá. A responsabilidade humana é ouvir, obedecer, santificar (tirar ídolos, purificar, mudar vestes), consagrar, adorar e assim estar pronto para receber o avivamento.

Sl 68.3: “Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria”.

Is 12.3: “E vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação”.

Conclusão:

A trajetória de Jacó no santuário de Siquém para o santuário em Betel, destaca a necessidade de adorarmos a Deus segundo a sua vontade.  O culto da igreja é a “face de Deus” no mundo. Não devemos desviar da forma bíblica de cultuar, pois estaríamos “mudando” a própria “face de Deus”. Uma igreja mundana ao invés de receber a benção de Deus, recebe o seu julgamento. Jacó convidou a sua família a pureza. Ele precisa encontrar um meio de estar entre os cananeus, mas  sem se desviar da fidelidade ao Eterno. E o modo é como simbolizado com o altar: Separação do mundo e dedicação exclusiva a Deus. Assim como aconteceu com a  família de Jacó, somos marcados por renuncia, um novo nome, um revestimento e finalmente o recebimento da promessa. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

LIÇÃO 6 - JACÓ RETORNA À SUA TERRA

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Jacó
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “Então tomou Jacó uma pedra e erigiu-a por coluna” (Gn 31.45).

Verdade Aplicada: A vontade de Deus é perfeita, boa e agradável.

Objetivos da Lição:

·  Demonstrar que Deus é soberano em seus atos.
·  Ensinar que Deus protege os seus em todas as situações.
·  Mostrar o testemunho de Jacó.

Textos de Referência: Gn 31.17-19;22,24

Introdução: Os planos de Deus na vida de Jacó vão obedecendo à linha do tempo. Por vezes há impressão de que Jeová não está na condução da história, mas à medida que a narrativa bíblica se desenvolve, percebe-se que Deus nunca foi pego de surpresa.

Conforme foi visto em lições anteriores, a jornada de Jacó é um misto formado entre a disciplina e a graça de Deus. Deus permitiria diversas situações na vida de Jacó a fim de que ele viesse a ser um homem transformado, porém ao mesmo tempo Deus manifestaria sua graça e bondade ao longo de toda a carreira de Jacó. Desta maneira percebe-se, ainda que muitas vezes o presente não mostre isto de forma visível, que Deus em sua onisciência, onipresença e onipotência têm o domínio de todas as coisas em suas mãos, não havendo nada que possa escapar do seu controle. Quando as circunstâncias disciplinares permitidas por Deus atingiu o seu limite na vida de Jacó, Deus interveio em seu favor e de seus familiares, a fim de que o homem não usasse de violência para com o servo do Senhor, pois desta forma isto ultrapassaria os limites que já haviam sido estabelecidos por Deus na vida de Jacó.

Jó 5.18: “Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam”.

Jó 38.8-11: “Ou quem encerrou o mar com portas, quando este rompeu e saiu da madre; quando eu pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por faixa? Quando eu lhe tracei limites, e lhe pus portas e ferrolhos, e disse: Até aqui virás, e não mais adiante, e aqui se parará o orgulho das tuas ondas?”

Sl 139.1-3: “Senhor, tu me sondaste e me conheces. Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos”.

Ec 9.1: “Deveras todas estas coisas considerei no meu coração, para declarar tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas mãos de Deus, e também o homem não conhece nem o amor nem o ódio; tudo passa perante ele”.

Is 43.13: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?”

Jr 23.23,24: “Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz o Senhor. Porventura, não encho eu os céus e a terra – diz o Senhor”.

1. O Senhor manda Jacó retornar (Gn 31.1-16) – Jacó ficou sabendo que os filhos de Labão andavam dizendo que os bens que ele possuía eram de seu pai. E também notou que Labão, seu tio, já não se mostrava tão amigo como antes. Neste tempo, Deus disse a ele para que voltasse para a terra de seus pais dando-lhe garantia de segurança.

Gn 31.3: “Então ouvia as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Jacó tem tomado tudo o que era de nosso pai, e do que era de nosso pai fez ele toda esta glória. Viu também Jacó o rosto de Labão, e eis que não era para com ele como anteriormente. E disse o Senhor a Jacó: Torna-te à terra dos teus pais, e à tua parentela, e eu serei contigo”.

Quando Raquel concebeu e teve José, Jacó pediu a Labão que lhe deixasse partir juntamente com suas esposas e com seus filhos de volta a sua terra (ver Gn 30.25,26). Labão, porém vendo que o Senhor o havia abençoado por amor a Jacó, pede que Jacó ainda permanecesse com ele oferecendo-lhe um salário pelo seu serviço (ver Gn 30.27,28). Jacó responde a Labão mostrando-lhe sua prosperidade em decorrência da bênção do Senhor através de seu dedicado trabalho a ele, no entanto seu desejo agora era o de trabalhar por sua própria casa (ver Gn 30.29,30). Labão insiste com Jacó voltando a oferecer-lhe um salário (ver Gn 30.31); Jacó, porém não pede a Labão um salário em troca de seu serviço, mas propõe um acordo com Labão em relação ao seu rebanho onde dentre eles deveriam ser separados os salpicados, malhados e morenos entre os cordeiros e os malhados e salpicados dentre as cabras, e isto seria o seu salário (ver Gn 30.31-33). Labão concorda com os termos propostos por Jacó, porém usando de esperteza, ele recolhe para si todos do seu rebanho que fossem listrados, malhados, salpicados e morenos, colocando-os na mão de seus filhos a uma distância de três dias do seu rebanho que estaria então sob os cuidados de Jacó (ver Gn 30.34-36). O intento de Labão era o de manter o rebanho separado, para desta forma não ser gerado mais nenhum tipo daqueles que deveriam constituir o salário de Jacó. A situação, porém se inverte e ao longo dos anos as ovelhas davam crias listradas, salpicadas e malhadas (ver Gn 30.37-42), e apesar de Labão ter tentado enganar Jacó outras vezes, mudando seu salário dez vezes para assim impedir seu progresso, Jacó prospera sendo abençoado por Deus que impede Labão de ter sucesso em seu intento (ver Gn 31.7-12). É desta forma que “cresceu o varão em grande maneira; e teve muitos rebanhos, e servas, e servos, e camelos, e jumentos” (Gn 30.43), o que vem a causar então a murmuração dos filhos de Labão contra Jacó e o rosto de Labão também virado contra Jacó. Deus fez, desta maneira, que Jacó fosse recompensado de forma justa pelo seu trabalho e quando seu propósito em relação à permanência de Jacó na casa de Labão já havia se completado, Ele ordenou a Jacó que ele retornasse à sua terra dando-lhe garantia de sua proteção, conforme descrito em Gn 31.3 e também em Gn 31.11-13: “E disse-me o Anjo de Deus, em sonhos: Jacó! E eu disse: Eis-me aqui. E disse ele: Levanta, agora, os teus olhos e vê que todos os bodes que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te fez. Eu sou o Deus de Betel, onde tens ungido uma coluna, onde me tens feito o voto; levanta-te agora, sai-te desta terra e torna-te à terra da tua parentela”.  

1.1 Jacó e os problemas na família (Gn 31.1,2) – Labão e seus filhos passaram a sentir-se ameaçados no lucro da família. Jacó estava próspero demais, e eles creditavam esta prosperidade a um suposto ganho indevido de Jacó. A cena se repete na saga da história humana, revelando que o âmago da patologia familiar está em não crer na providência divina. Quando um dos membros da família de Labão tem suas posses ameaçadas, age com truculência contra o homem que proporcionou toda riqueza que eles tinham agora. A riqueza de Jacó deixou os filhos de Labão enciumados.

Quando Eliézer, o servo de Abraão foi buscar uma esposa para Isaque entre os seus parentes que habitavam em Harã, Deus mostrou que Rebeca era sua escolhida para Isaque (ver Gn 24.1-27). A jornada de Eliézer foi bem sucedida e assim ele foi muito bem recepcionado por Rebeca e sua família. Entre os familiares de Rebeca estava Labão, seu irmão, e a forma como o texto bíblico descreve a recepção que ele confere a Eliezer, quando então ele vai ao seu encontro depois de ver o pendente e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, permite concluir que a ganância e a avareza já era algo característico do caráter de Labão (ver Gn 24.28-31). A atitude dos filhos de Labão em relação a Jacó demonstra que assim como o pai, eles também eram homens gananciosos e avarentos e é então dominados pela inveja e pelo ciúme que eles, de forma caluniosa, acusam Jacó de ter tomado tudo que era de Labão. Assim, a Bíblia revela tais sentimentos como sendo as principais causas de discórdia no seio familiar; os cristãos devem, portanto lutar contra estes sentimentos para preservação da unidade não somente no seio familiar, mas também no seio da igreja.

Pv 15.27: “O que agir com avareza perturba a sua casa, mas o que odeia presentes viverá”.

Mc 7.21,22: “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura”.

Ef 5.2,3: “E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos”.

Cl 3.5: “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria”.

Hb 13.5: “Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei”.

1.2 Jacó retorna pela vontade de Deus e da sua família (Gn 31.4-16) – O tempo de Jacó havia terminado na casa de seu tio Labão. Em uma reunião de família com suas mulheres, entendeu que chegara o momento exato de voltar para sua terra. Afinal, a inveja havia tomado conta do coração dos filhos de Labão pela prosperidade evidente de Jacó. Raquel e Léia também não eram tratadas como filhas pelo seu pai; por isso não houve nenhuma dificuldade para que elas fossem embora.

Gn 31.4,5: “Então, enviou Jacó e chamou a Raquel e a Léia ao campo, ao seu rebanho. E disse-lhes: Vejo que o rosto de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de meu pai esteve comigo”.

A postura de Jacó em relação a Raquel e Léia pode ser vista como um bom exemplo de atitude dos maridos em relação a suas esposas. Jacó poderia ter tomado a decisão por si próprio em relação à sua saída e de sua família da casa de Labão. Ele, porém chama suas esposas, expõe-lhes os fatos de forma sincera, revela como Deus agiu em seu favor recompensando-o de forma justa e fala dos seus planos futuros como que estando debaixo da orientação e da vontade de Deus. Além disto, Jacó ouve suas esposas quanto aos seus sentimentos em relação à casa de seu pai, e desta forma, eles tem a oportunidade de se estreitarem em um conhecimento mais profundo de uns para com os outros. Tais fatos os levam a chegar ao consenso comum de que Jacó deveria fazer tudo o que Deus já lhe havia dito (ver Gn 31.6-16).

Há dois entendimentos importantes nesta história. Primeiro que a inveja é um veneno doentio e causa males irreparáveis nas relações – e quantas pessoas terminam boas amizades por causa da inveja.

Pv 14.30: “O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão para os ossos”.

Pv 27.4: “O furor é cruel e a ira impetuosa, mas quem poderá enfrentar a inveja?”

Ec 4.4: “Também vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade e aflição de espírito”.

1 Co 3.3: “Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?”

Tg 3.16: “Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa”.

A segunda, não menos importante é perceber que existem lares que não deixam saudades nos filhos que se casam, isto é, pais e mães que não têm relacionamentos afetivos com os filhos (Sl 127.3).

Sl 127.3: “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão”.

Ml 4.6: “E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição”.

Lc 1.17: “E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto”.

2 Co 12.14: “Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco, e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais, mas os pais para os filhos”.

1.3 Raquel rouba os ídolos de seu pai (Gn 31.19) – Não devemos nos admirar que a família de Labão ainda estivesse envolvida com alguma forma de idolatria. Hoje, com muito mais luz do que no tempo de Labão, é evidente poder identificar que existem muitas formas de idolatria e que, de certa forma, têm minado a igreja do Senhor, enganando os mais simples e aumentando cada dia com a venda das indulgências modernas.

Gn 31.19-21: “Então, se levantou Jacó, pondo os seus filhos e as suas mulheres sobre os camelos, e levou todo o seu gado e toda a sua fazenda que havia adquirido, o gado que possuía, que alcançara em Padã-Arã, para ir a Isaque, seu pai, à terra de Canaã. E, havendo Labão ido a tosquiar as suas ovelhas, furtou Raquel os ídolos que seu pai tinha”.

Raquel furtou os ídolos de seu pai, o que acabou, mais tarde, conforme se descreve no texto bíblico em Gn 31.30-32, culminando em uma sentença de morte sobre sua vida: “E agora, se te querias ir embora, porquanto tinhas saudades de voltar à casa de teu pai, por que furtaste os meus deuses? Então respondeu Jacó e disse a Labão: Porque temia; pois que dizia comigo se porventura me não arrebatarias as tuas filhas. Com quem achares os teus deuses, esse não viva; reconhece diante de nossos irmãos o que é teu do que está comigo e toma-o para ti. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado”. Tal fato indica a sentença de morte que está sobre a vida de todos aqueles que praticam a idolatria, pois tal prática é abominável diante de Deus, podendo tal sentença ser anulada somente se houver arrependimento do pecador, reconhecimento do sacrifício de Jesus Cristo em lugar daqueles que deveriam morrer, abandono da idolatria e conversão ao único e verdadeiro Deus que se revelou nas Pessoas do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.

Lv 26.1: “Não fareis para vós ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura, nem estátua, nem poreis pedra figurada na vossa terra, para inclinar-vos a ela; porque eu sou o Senhor vosso Deus”.

Ez 14.6: “Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Convertei-vos, e tornai-vos dos vossos ídolos; e desviai os vossos rostos de todas as vossas abominações”.

1 Co 6.10: “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”.

1 Co 10.7: “Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar”.

1 Co 10.14: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”.

2 Co 6.16: “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”.

Ap 9.20: “E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar”.

Ap 21.8: “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”.

Ap 22.14,15: “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira”.

O fato de Raquel furtar os ídolos de seu pai indica a influência que a idolatria ainda tinha sobre seus pensamentos. O comentário feito na Revista Jovens e Adultos Dominical Professor (F. L. V. Alves, 2012, p. 35) acerca deste fato é interessante de ser considerado:

“Uma leitura importante a ser feita da saída de Jacó da casa de seu tio, é que a atitude de Raquel em roubar os ídolos de seu pai quando saíam em direção à terra de Canaã demonstra o tipo de rivalidade que existia entre ela e sua irmã. Uma parte dessa tradição em torno dos ídolos do lar ou terafins era que sua posse garantia a transmissão da herança paterna ao possuidor: Ela não esperava herança do pai (Gn 31.14-16), mas teria que conviver com sua irmã que era mais velha do que ela, mas possuindo os ídolos do pai poderia alegar a supremacia sobre a sua irmã. O certo é que Deus estabeleceu no princípio o casamento monogâmico para a felicidade do homem e o melhor para ele (Gn 2.24). Então, a melhor coisa a fazer é não ter mais de uma mulher”.

Também W. MacDonald (2010, pp. 38,39) comenta sobre este assunto:

“Antes de fugirem, Raquel furtou os ídolos do lar (heb., terafim) que pertenciam ao pai e os escondeu na sela de seu camelo. A pessoa que detinha a posse desses ídolos se tornava o líder da família e, no caso de uma filha casada, assegurava ao marido o direito de possuir os bens do pai dela. Labão, porém, tinha filhos homens na ocasião em que Jacó fugiu para Canaã, de modo que somente eles detinham o direito de tomar posse dos terafins. O furto de Raquel, portanto, era um ato gravíssimo e tinha por objetivo salvaguardar para o marido a posse das propriedades de Labão”.

Apesar do fato relacionado a Raquel estar diretamente ligado a idolatria à imagem de ídolos fabricados por mãos de homens, é fato que existem outros tipos de idolatria. No meio evangélico tem sido observado nos tempos atuais um tipo de idolatria relacionado aos pregadores, cantores, “apóstolos”, “patriarcas” de tal forma que aqueles que questionam a conduta antibíblica ou anticristã de tais personalidades gospel são linchados pelos seus fãs. É importante a igreja cristã rever toda atitude em relação à qualquer tipo de idolatria, pois tal prática sob qualquer forma de expressão é abominável diante de Deus que não dá a sua glória a outrem.

Is 42.8: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura”.   

Is 48.11: “Por amor de mim, por amor de mim o farei, porque, como seria profanado o meu nome? E a minha glória não a darei a outrem”.

2. O encontro de Labão e Jacó (Gn 31.22-42) – Três dias depois, a Bíblia diz que Labão soube que Jacó havia fugido com sua família (Gn 31.22), e imediatamente juntou os seus parentes e foi à sua procura; ele e seu bando encontrou Jacó na região montanhosa de Gileade.

Gn 31.22,23: “E, no terceiro dia, foi anunciado a Labão que Jacó tinha fugido. Então, tomou consigo os seus irmãos e atrás dele seguiu o seu caminho por sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade”.

Dez dias depois que Jacó havia partido, Labão o alcançou na montanha de Gileade para onde Jacó havia se direcionado conforme descrito em Gn 31.20,21: “E esquivou-se Jacó de Labão, o arameu, porque não lhe fez saber que fugia. E fugiu ele com tudo o que tinha; e levantou-se, e passou o rio, e pôs o seu rosto para a montanha de Gileade”. A região de Gileade situava-se a cerca de 482 Km ao sul de Harã, ao leste do Jordão, sendo esta apropriada para pasto de cabras (ver Ct 4.1; 6.5), além de propiciar refúgio para os fugitivos, provavelmente por causa de sua geografia. Além de Jacó, outros buscaram refúgio em Gileade, sendo estes, os israelitas que temiam aos filisteus nos tempos de Saul (ver 1 Sm 13.7), Isbosete (ver 2 Sm 2.8,9), e Davi durante a revolta liderada por Absalão (ver 2 Sm 17.22-24).    

2.1 O sonho de Labão (Gn 31.24) – Após sete dias de perseguição, Labão esteve próximo de impedir a fuga de Jacó. Porém, Labão tem um sonho em que Deus ordena que ele não detenha a jornada de seu sobrinho. Mais uma vez, na história da família da promessa, a ação de Deus foi decisiva; um sonho que envolveu exortação lembrando o episódio de Abimeleque com Sara e Abraão (Gn 20.1-3). É muito bom saber que Deus cuida do seu povo. Labão poderia ter frustrado os planos de Jacó e de sua família, mas o Senhor foi quem deteve os intentos de Labão (Sl 123.2).

Gn 31.24,25: “Veio, porém, Deus a Labão, o arameu, em sonhos, de noite, e disse-lhe: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal. Alcançou, pois, Labão a Jacó. E armara Jacó a sua tenda naquela montanha; armou também Labão com os seus irmãos a sua na montanha de Gileade”.

Os sonhos podem ser vistos como um conjunto de pensamentos, imagens e sensações que ocorrem na mente das pessoas durante o período de sono. Segundo um artigo publicado na Revista Apologética (Eguinaldo Hélio, 2011, pp. 26-34) de modo geral, existem diferentes tipos de sonhos e diferentes razões naturais pelas quais o homem sonha. Entre estas razões pode ser citado o ambiente, ansiedade, angústia, intuição, estresse, alimentação exagerada, necessidades diárias, desejos não satisfeitos etc... Além de tudo isto, as Escrituras revelam que Deus se comunica com os homens através dos sonhos. O artigo citado acima diz que existem pelo menos cento e trinta referências diretas a sonhos nas Escrituras, não apenas no Antigo, mas também no Novo Testamento. Diante disto, conforme escreve Eguinaldo Hélio “faz-se necessário analisar o valor dos sonhos de acordo com as Escrituras, confirmando as atribuições a eles conferidas pela Palavra de Deus, sem com isso cairmos no erro da oniromania [...]”. A palavra oniromania significa ‘mania de sonho’ e dentro do contexto evangélico tal palavra se aplica àquelas pessoas que pautam sua vida pelos seus sonhos. Para estas, cada sonho é um oráculo divino e diante disto, tais pessoas os tomam sempre como indicação da vontade de Deus para suas vidas. A palavra de Deus, no entanto mostra que a questão relacionada a sonhos deve ser considerada com cautela, sendo isto o que o Senhor fala através do profeta Jeremias nas seguintes palavras descritas em Jr 23.25-28: “Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei. Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que só profetizam do engano do seu coração? Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal. O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor”. Também em Ec 5.3 a palavra de Deus mostra que nem todo sonho é proveniente da comunicação de Deus com o homem, sendo estes muitas vezes provenientes de uma excessiva ocupação da mente: “Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo da multidão das palavras”. Por outro lado, da mesma forma como os sonhos não devem ser considerados de forma excessiva, também eles não devem ser totalmente desprezados. Deus, de fato, pode comunicar-se com o homem através de sonhos revelando a ele a sua vontade, conforme se descreve em Jó 33.14-18: “Antes Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso. Em sonho ou em visão noturna, quando cai sono profundo sobre os homens, e adormecem na cama. Então o revela ao ouvido dos homens, e lhes sela a sua instrução, para apartar o homem daquilo que faz, e esconder do homem a soberba. Para desviar a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada”. Portanto, o que se pode concluir é que, assim como em todas as áreas, também na questão dos sonhos o que se deve buscar é equilíbrio e discernimento espiritual. Conforme escreve Eguinaldo Helio: “Examinai tudo, retendo o que é bom (1 Ts 5.21) pode também ser aplicado aos sonhos. Ignorá-los pode ser tão prejudicial quanto supervalorizá-los. Se um sonho traz mais confusão do que esclarecimento, se causa mais hesitação do que edificação, então não deve ser levado a sério. Se substitui o conhecimento bíblico sadio e a consideração sábia de circunstâncias, então é perigoso. Todavia, se de fato soma-se a outros fatores para esclarecer e orientar as circunstâncias, pode vir a se constituir uma bênção divina. [...] A presença dos sonhos na existência humana continuará como desde o princípio dos tempos. Cabe a nós avaliá-los com a melhor ferramenta à disposição do homem: A eterna e infalível Palavra de Deus”.    

2.2 As palavras de Labão (Gn 31.26-28) – De modo significativo Deus quer abençoar Jacó. Não há possibilidade de seus planos serem frustrados. Labão foi ao encontro de seu genro, mas, naquele dia, com um discurso diferente. Suas palavras eram de um conciliador. Ele, após a reprimenda de Deus, queria se aproximar de Jacó como um suposto amigo. Labão teve que aceitar a vontade de Deus, mesmo não sendo um crente à semelhança da família da aliança (1 Cr 16.22). O harpista de Israel comentou bem o que é estar na proteção de Deus: “Guarda-me como a menina do olho, esconde-me à sombra das tuas asas” (Sl 17.8).

Gn 31.26-28: “Então disse Labão a Jacó: Que fizeste, que me lograste e levaste as minhas filhas como cativas pela espada? Por que fugiste ocultamente, e lograste-me, e não me fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria, e com cânticos, e com tamboril e com harpa? Também não me permitiste beijar os meus filhos e as minhas filhas. Loucamente agiste, agora, fazendo assim”.

Quando Labão encontra-se com Jacó, ele utiliza-se de palavras lisonjeiras para com Jacó. Ele finge preocupação em relação às suas filhas e seus netos e finge também querer ter dado a Jacó uma despedida orquestrante (ver Gn 31.25-28). Seus interesses verdadeiros, no entanto estavam relacionados à si próprio e às suas riquezas, sendo isto evidenciado em sua ávida procura por seus deuses (ver Gn 31.30). Deus havia repreendido Labão em sonhos para que não fizesse mal algum a Jacó e de todas as palavras ditas por Labão, estas são de fato as únicas ditas com plena sinceridade: “Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo: Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal” (Gn 31.29).

Jó 5.12: “Ele aniquila as imaginações dos astutos, para que as suas mãos não possam levar coisa alguma a efeito”.

Sl 138.7: “Andando eu no meio da angústia, tu me revivificarás; estenderás a mão contra a ira dos meus inimigos, e a tu destra me salvará”.

2.3 A resposta de Jacó (Gn 31.31) – A resposta de Jacó foi sincera e mostrava todo o temor que sentia. Foi o momento para dizer a seu sogro como sofreu pelas atitudes que haviam sido tomadas contra ele, contudo Deus sempre foi favorável a Jacó. Jacó respondeu com o mesmo sentido que Labão começara a conversa “Porque temia; pois que dizia comigo, se porventura não me arrebatarias as tuas filhas” (Gn 31.31), mas ele bem sabia que a questão não eram as filhas e sim a riqueza, pois o que ele ouvia era: “Jacó tem tomado tudo o que era de nosso pai, e do que era de nosso pai fez ele toda esta glória” (Gn 31.1).

Jacó responde aos questionamentos de Labão começando por aquele relacionados à sua família e em seguida, não tendo conhecimento que Raquel furtara os deuses de seu pai, ordena que Labão os procurasse entre os seus pertences (ver Gn 31.31,32). Depois disto, Jacó expõe sua ira diante de Labão denunciando-o por acusá-lo de furto e do tratamento injusto que recebera durante os vinte anos que lhe servira, apesar dele nunca ter agido de forma desonesta para com Labão. Esta passagem mostra uma faceta do caráter de Jacó, sendo ele um trabalhador incansável e honesto, apesar das injustiças que sofrera. Assim também os cristãos devem demonstrar zelo em seu trabalho cotidiano, deixando o exemplo diante daqueles a quem estão servindo. Por fim Jacó fala da bênção de Deus em sua vida que nunca lhe abandonou, o que não poderia ser dito por Jacó em relação à seu próprio tio Labão: “Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, não fora comigo, por certo me enviarias agora vazio. Deus atendeu à minha aflição ao trabalho das minhas mãos e repreendeu-te ontem a noite” (Gn 31.42).

Pv 13.11: “A riqueza de procedência vã diminuirá, mas quem a ajunta com o próprio trabalho a aumentará”.

Pv 14.23: “Em todo trabalho há proveito, mas ficar só em palavras leva à pobreza”.

Ec 2.24: “Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus”.

2 Ts 3.11,12: “Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão”.

3. A coluna levantada em Gileade (Gn 31.43-55) – Jacó e Labão fazem um trato; nenhum dos dois invadiria a terra um do outro. Também querem que Deus fique vigiando para que os dois cumprem fielmente o acordo feito; daí o nome Mispa – no hebraico quer dizer “lugar de onde se vigia”.

Gn 31.43,44: “Então respondeu Labão, e disse a Jacó: Estas filhas são minhas filhas, e estes filhos são meus filhos, e este rebanho é o meu rebanho, e tudo o que vês, é meu; e que farei hoje a estas minhas filhas, ou a seus filhos, que deram à luz? Agora pois vem, e façamos aliança eu e tu, que seja por testemunho entre mim e ti”.

Para escapar das acusações de Jacó, Labão diz a Jacó que jamais teria feito algum mal a suas filhas ou aos seus netos ou ao seu rebanho. Labão propõe um concerto entre os dois naquele lugar, de forma que nenhum dos dois deveria ultrapassar aquele limite para atacar um ao outro.

3.1 O testemunho do limite (Gn 31.44-46) – Após ter consciência completa de que não poderia fazer mais nada para impedir a viagem de Jacó, Labão propôs um acordo: “Vamos fazer aqui um montão de pedras para que lembremos deste trato”. Então Jacó pegou uma pedra e a pôs em pé como se fosse um pilar tendo a contribuição dos familiares para construir. Um limite foi estabelecido naquele dia. Deus também tem estabelecido um limite para o seu povo enquanto estivermos dentro deste limite estaremos protegidos do mal (Js 1.3,4).

Gn 31.45-47: “Então tomou Jacó uma pedra, e erigiu-a por coluna. E disse Jacó a seus irmãos: Ajuntai pedras. E tomaram pedras, e fizeram um montão, e comeram ali sobre aquele montão. E chamou-o Labão Jegar-Saaduta; porém Jacó chamou-o Galeede”.

O montão de pedras fica como testemunho do concerto entre Labão ou Jacó, ou seja, em qualquer intento do mal que houvesse de um em relação ao outro, suas mentes seriam direcionadas para aquele montão de pedras para lembrar-lhes do acordo que foi estabelecido entre eles: “Este montão seja testemunha, e esta coluna seja testemunha de que eu não passarei este montão para lá e que tu não passarás este montão e esta coluna para cá, para mal” (Gn 31.52). Labão chama aquele montão de Jegar-Saaduta, termo aramaico para montão do testemunho, Jacó, porém chama Galeede que é o termo hebraico para o mesmo significado. Labão invoca o Deus de Abraão, o Deus de Naor e o Deus de Terá (pai de Abraão e Naor) como testemunha entre eles. Como pode ser que Labão estivesse se referindo a outros deuses, Jacó jura pelo Temor de Isaque seu pai, pois diferente de seus antepassados, Isaque nunca idolatrou outros deuses: O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus de seu pai, julguem entre nós. E jurou Jacó pelo Temor de Isaque, seu pai” (Gn 31.53).
A Bíblia mostra também um limite entre os cristãos, o mundo e a forma de viver do mundo. Assim, sempre que os cristãos se verem persuadidos a ultrapassar estes limites, eles devem se lembrar das palavras de Jesus que mostra seus discípulos como que estando no mundo, porém não pertencentes ao mundo, porque o próprio Jesus não é deste mundo.

Jo 17.14-16: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou”.

1 Jo 2.15,16: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”.

3.2 O testemunho do livramento (Gn 31.24) – A coluna também serviria de testemunho para Jacó. Ele se lembraria do dia em que o Senhor trouxe livramento para ele e sua família, na noite em que seu tio Labão recebeu uma revelação da parte de Deus (Gn 31.24) em que não poderia impedir as intenções de Jacó em voltar para sua terra natal. Os crentes deveriam se lembrar mais dos feitos de Deus em suas vidas. O ser humano em geral tem memória curta.

Sl 103.1-5: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniqüidades, que sara todas as tuas enfermidades, que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia, que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia”.

3.3 O sacrifício oferecido a Deus – Jacó ofereceu um animal em sacrifício ali na montanha e convidou os seus parentes para uma refeição. Segundo historiadores, um banquete era um meio comumente aceito para consolidar uma aliança; além de promover uma forma primitiva de comunhão entre as pessoas. Ou seja, a comida não era encarada apenas como uma forma de nutrição, mas também de comunhão, e não somente comunhão entre pessoas, mas também comunhão com Deus. De fato, o propósito da Ceia do Senhor, na Igreja, é também capacitar o seu povo para viver, de forma sagrada, a vida como um todo. A partir, daí se passa a entender que a hospitalidade à mesa é uma das maneiras primárias de mostrar o amor de Deus aos homens.

Gn 31.54: “E sacrificou Jacó um sacrifício na montanha e convidou seus irmãos para comerem pão; e comeram pão e passaram a noite na montanha”.

Após o estabelecimento do acordo entre Jacó e Labão, Jacó oferece um sacrifício e convida seus irmãos para comerem pão. O sacrifício, em primeiro lugar, era a forma de se consolidar uma aliança. Isto porquê, ao sacrificarem um animal os integrantes da aliança estariam concordando entre si que se uma das partes não cumprisse com aquilo que foi estabelecido no acordo esta deveria morrer como ocorreu com o animal que foi então submetido ao sacrifício. A concordância de ambas as partes mediante o sacrifício selava a paz entre eles, e, portanto eles poderiam agora sentar-se à mesma mesa para festejar a comunhão e o acordo estabelecido. Da mesma maneira, também os cristãos, tendo sido reconciliados com Deus por meio do sacrifício de Jesus Cristo, podem agora sentar-se à mesa da Ceia do Senhor, desfrutando assim da comunhão de não somente uns com os outros, mas também da comunhão com Deus.   

Lc 22.17-20: “E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós”.

Rm 5.1: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”.

Referências Bibliográficas:
E. Hélio, Apologética Cristã, Sonhos – Verdade, Mitos e Heresias2011, Ano 3, Edição 10, M.A.S. Editora, São Paulo, SP.
F. L. V. Alves, Jovens e Adultos Dominical, Professor – Jacó – 2012, Ano 22, No 82, Editora Betel, Rio de Janeiro, RJ.
W. MacDonald; Comentário Bíblico Popular – Antigo Testamento, 2010, 1a. Ed., Mundo Cristão, São Paulo, SP.