sexta-feira, 4 de maio de 2012

LIÇÃO 6 - O HERDEIRO TOMA POSSE E O USURPADOR REAGE

Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Av. Brasil, 740 – Juiz de Fora - MG
Elaboração da Aula para os Professores da Escola Dominical
Revista: Apocalipse
Prof. Magda Narciso Leite – Classe Sara

Texto Áureo: “E, se somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com Ele padecemos para que com Ele também sejamos glorificados” (Rm 8.17).

Verdade Aplicada: Deus tem todo direito de dispor de todas as suas obras como lhe agrada. Mas ainda que todas as coisas lhe pertençam por direito de criação, Ele não age de forma arbitrária.

Objetivos da Lição:

·   Fortalecer a confiança do crente na justiça de Deus.
·   Mostrar que a justiça de Deus não só se manifesta em seu caráter; mas também no modo como julga e aplica as suas próprias leis.
·   Remover a falsa idéia de que a terra será destruída e incutir a doutrina da redenção e da restauração de todas as coisas.

Textos de Referência: Ap 10.1,2,8,9,15

Introdução: Jesus, o dono do Planeta, está voltando para tomar posse daquilo que lhe pertence e todos os impostores serão banidos. É o assunto desta lição...

Esta lição contempla a passagem de Ap 10.1 a 11.14, onde notadamente se destaca a visão que João tem de um “anjo forte” que descia do céu trazendo em sua mão um livrinho aberto (Ap 10.1-11) e as duas testemunhas (Ap 11.1-14). Esta passagem é considerada também como sendo de natureza parentética, pois ela é um parêntesis entre a sexta trombeta que ecoou em Ap 9.13 sendo então soltos os quatro anjos que estavam presos junto ao grande rio Eufrates e a sétima trombeta que só ecoa em Ap 11.15 quando então é anunciado pelas vozes no céu a vinda do Reino Milenar de Jesus Cristo sobre a terra: “E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). O Reino Milenar de Jesus Cristo, porém só se torna visível na terra a partir de Ap 19.11, pois o mesmo é ainda precedido pelos três anos e meio finais da Grande Tribulação, quando então os judeus sofrerão grande perseguição. Este período é citado por Jeremias como sendo o “Dia da angústia de Jacó” (ver Jr 30.7), sendo interessante notar a relação entre o toque da sétima trombeta, a perseguição aos judeus e a instalação do Reino Milenar como sendo a mesma entre a Festa das Trombetas (anúncio), o Dia da Expiação (angústia) e a Festa dos Tabernáculos (Reino Milenar). Os capítulos 10 e 11 de Apocalipse introduz, portanto, de certa forma a segunda metade da 70ª semana de anos de Daniel descrita em Dn 9.27 (A. Gilberto, 2000, p. 141). Com relação à frase “Jesus, o dono do planeta...”, vale lembrar o direito que Jesus tem sobre o planeta não somente como Criador, mas também como Redentor e diante disto, Ele voltará, para tomar posse daquilo que por direito lhe pertence.

Ex 19.5: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha”.

Sl 24.1: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam”.

Sl 50.10-12: “Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo. Se eu tivesse fome, não to diria, pois meu é o mundo e toda a sua plenitude”.

Sl 89.11: “Teus são os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude tu os fundaste”.
 
1. A leitura do termo de posse “E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste; e o rosto era como o sol, e os pés como colunas de fogo; e tinha na mão um livrinho aberto e pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra” (Ap 10.1,2)... Pés como colunas de fogo e rosto como o sol são características de Jesus listadas no capítulo um (Ap 1.15,16). O livrinho é o mesmo que estava na mão de direita de Deus. Com estas informações em mente se pode afirmar que:

1.1 Os capítulos dez e onze tratam da tomada de posse do planeta – Jesus tem em seu poder o documento legal de propriedade do planeta. Só Ele pôde romper os seus selos. Ele põe os pés sobre os dois principais elementos do globo. A água e o solo. É um ato simbólico e legal (Dt 11.24). Nele é cumprida a exigência da justiça divina...

1.2 A tomada de posse da herança será pública – Precisa ser assim. Afinal, Deus é de fato o Justo Juiz. A publicação do ato de posse é feita pelo Herdeiro principal (Ap 10.3; 8.5). A ordem de selar o que os trovões disseram não impede a divulgação do resultado da sentença, pois era para selar o sentido e não para calar a voz deles...

Conforme foi visto na lição 4, de acordo com a analogia quanto a possessão de uma terra comprada segundo o costume dos judeus, a abertura da cópia selada sob posse do comprador, identificava-o como sendo o comprador da propriedade, e isto garantiria ao comprador a tomada de posse daquilo que por direito então lhe pertencia. O texto de Ap 6 mostrou a abertura do livro selado com sete selos tendo esta se completado com a abertura do sétimo selo descrita em Ap 8.1. A abertura completa dos sete selos torna público a identidade do comprador da terra e de tudo que nela há, e sendo assim Jesus tem agora em suas mãos a “força da lei” para tomar posse daquilo que por direito lhe pertence. É sob este aspecto que João descreve o capítulo 10, onde então ele vê “outro anjo forte vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o rosto era como o sol, e os pés, como colunas de fogo; e tinha na mão um livrinho aberto e pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra” (Ap 10.1,2). Sem dúvida alguma, este “outro Anjo” é o próprio Senhor Jesus sendo isto evidenciado pela presença do arco celeste sobre sua cabeça, pois é por causa de seu sacrifício na cruz do Calvário que a aliança de Deus feita com Noé quanto a preservação de toda criação se cumpre (ver Gn 9.11-17). Além disto, a personalidade deste “outro Anjo” também é evidenciada pelo seu rosto como sol (ver Ml 4.2) e pelos seus pés como colunas de fogo, pois foi desta forma que Jesus se apresentou a João em Ap 1.13-16. O livrinho aberto em sua mão, talvez o livro anteriormente selado com sete selos (W. Malgo, 2000, p. 98), traz em si a “força da lei” para possessão da terra comprada, e sendo assim, “o Anjo” assevera seu direito colocando o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra. O mar neste versículo pode ser visto como uma figura de linguagem para as nações, e a terra pode ser vista como uma figura de linguagem para a nação de Israel (W. Malgo, 2000, p. 100). Tal fato indica, portanto o direito de governo de Jesus sobre todas as nações, tanto sobre a nação de Israel, quanto sobre as nações gentílicas.
O “Anjo” clama com grande voz, “como quando brama o leão” (Ap 10.3b), figura de linguagem esta que também contribui para a identificação do “outro Anjo”, como sendo o próprio Senhor Jesus, pois é Ele o Leão da Tribo de Judá, o Governante da terra, que desta forma torna público a tomada de posse da terra comprada. Tal fato leva sete trovões a soarem as suas vozes (ver Ap 10.3c) e quando João ouve aquelas vozes, ele intenta escrever o que ouviu, o que indica o seu entendimento quanto àquilo que foi falado. João, porém ouve uma voz do céu que ordena que ele selasse aquelas palavras e não as escrevesse (ver Ap 10.4). João vê então quando “o Anjo” que estava sobre o mar e a terra levanta a mão ao céu e jura “por aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há que não haveria mais demora; mas nos dias da voz do sétimo anjo, se cumprirá o segredo de Deus, como anunciou os profetas, seus servos” (Ap 10.6,7). Esta visão de João traz em memória a visão de Daniel descrita em Dn 12.5-7, o que notadamente identifica o “outro Anjo” com o Homem vestido de linho visto por Daniel sobre as águas do rio o qual também jurou por Aquele que vive para sempre. O Homem vestido de linho na visão de Daniel era o próprio Senhor Jesus, sendo que a visão de Daniel apontava para sua encarnação e sendo assim é na condição de Homem que Ele jura por Aquele que vive eternamente, já que na condição de Deus, Ele não tem ninguém maior que Ele mesmo por quem jurar (ver Hb 6.13), pois o Pai, e o Filho e o Espírito Santo em tudo são iguais. Na visão de João o “outro Anjo” fala do cumprimento do segredo de Deus nos dias da voz do sétimo anjo conforme descrito em Ap 10.7. Tal segredo deve estar relacionado aos três anos e meio finais da Grande Tribulação e ao estabelecimento do Reino Milenar de Jesus Cristo sobre a terra, pois no juramento feito pelo “Homem vestido de linho” na visão de Daniel, Ele [o "Homem vestido de linho"] se refere a este tempo, através do termo “um tempo, tempos e metade de um tempo” conforme se verifica em Dn 12.5-7: “Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um deste lado, à beira do rio, e o outro do outro lado, à beira do rio. E ele disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas? E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas”.

1.3 A posse seguiu todos os trâmites legais – O relato sobre as duas testemunhas, no capítulo onze, faz parte do ato de posse...

Em Jr 32.6-14, os trâmites quanto a compra de uma terra por direito de resgate são evidenciados pela compra que Jeremias faz de uma herdade em Anatote que estava sob posse de Hananel, filho de Salum, seu tio. Os autos da compra foram subscritos, selados e confirmados por testemunhas e o ato de Jeremias ao comprar aquela terra consistia em um ato de fé quanto a sua possessão no futuro, pois naquele momento o Reino de Judá encontrava-se debaixo do jugo da Babilônia. Assim como era necessário a presença de testemunhas em um trâmite como este, a presença de testemunhas quanto ao ato de redenção da terra também seria necessária. Moisés e Elias são as testemunhas que aparecem no monte da Transfiguração testificando acerca do sacrifício de Jesus Cristo, o preço que seria pago pela redenção da terra, e naquele momento, através da transfiguração do rosto de Jesus, Pedro, Tiago e João têm uma visão da glória de Jesus Cristo em seu Reino, porém uma visão que ainda seria para o futuro: “E em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte até que vejam o reino de Deus. E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente. E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém” (Lc 9.27-31). Moisés e Elias no monte da Transfiguração representam de certa forma, o testemunho da Lei e dos Profetas acerca da Pessoa de Jesus Cristo, e é sob este aspecto que duas pessoas surgirão no período da Tribulação/Grande Tribulação trazendo de volta o testemunho do monte da Transfiguração quanto ao sacrifício e a glória vindoura do Messias, sendo isto através do anúncio da Lei e dos Profetas durante o tempo de mil duzentos e sessenta dias de seu testemunho.

Lc 24.25-27: “E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”.

Jo 5.39: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam”.

2. O herdeiro entrega o planeta aos co-herdeiros “E a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo e disse: Vai e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra. E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E Ele disse-me: Toma-o e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como o mel” (Ap 10.8,9)...

Sl 19.9,10: “O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos”.

Sl 119.103: “Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que o mel à minha boca”.

Jr 15.16: “Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”.

Ez 3.1-3: “Depois me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel. Então abri a minha boca, e me deu a comer o rolo. E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel”.

2.1 João come o livrinho – Comer é a experiência que melhor descreve a apropriação das coisas. Como tipo do homem redimido João come a escritura de posse da Terra. Indica que os remidos terão a posse permanente do Planeta, pois a escritura, documento pelo qual se mantém ou se transfere a outrem o direito de possuir as propriedades imóveis foi ingerida, a propriedade a que ela faz jus passou a fazer parte intrínseca do ser que a ingeriu. Não pode mais ser transferida, nem roubada, nem perdida. Comer a Palavra de Deus tem o mesmo sentido. Depois de ingerida faz parte inseparável de nós; e ninguém poderá calar o seu testemunho a menos que nos matem (Jr 15.16; Ap 6.9; 8.3; 9.13; 12.17; 14.18; 2 Tm 1.8). Mas semelhante ao sangue de Abel, “depois de morto ainda fala” (Hb 11.4c; Gn 4.4,10; 1 Jo 3.12; Mt 23.35).

Jo 15.4,5,7: “Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”.

2 Tm 1.8: “Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus”.

2 Tm 2.11,12: “Palavra fiel é esta: Que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará”.

Hb 11.4: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala”.

2.2 Comer o livro provoca desgosto e prazer – Será amargo ao ventre e doce ao paladar (Ap 10.9). O mais lógico seria: Doce ao paladar e amargo ao ventre. Porém, à posse da Terra, segue-se sua purificação que será efetuada por meio das pragas contidas nas sete taças. Serão dias de tribulação e grande angústia (Mt 24.25,26; Mc 13.24-31; Lc 21.25-33). Por isso, o amargor no ventre é mencionado primeiro. Os remidos só experimentarão o prazer da herança recebida e tão completamente possuída quando o Cordeiro tiver acabado a sua obra purificadora.

Dn 7.25-27: “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo. Mas o juízo será estabelecido, e eles tirarão o seu domínio, para o destruir e para o desfazer até ao fim. E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão”.

Ap 12.17: “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.

Ap 20.4: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos”.

2.3 João, um pregador intercontinental – Você se lembra? João é tipo da igreja fiel. Por isso, foi ele quem comeu o livrinho... O ministério profético da igreja continuará...

Ap 10.10,11: “E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis”.

Em Ap 10.8,9, João recebe a ordem de tomar o livrinho aberto da mão do “Anjo” e em seguida o Anjo o ordena a comer. João assim procede e ao comer o livro, este ao seu paladar era doce como o mel, mas em seu ventre ficou amargo. A linguagem provavelmente se refere ao anúncio das boas novas quanto a vinda do Reino de Jesus Cristo sobre a terra, um anúncio ao paladar doce como o mel, mas que de alguma forma traz na seqüência um certo amargor. T. P. Jenney (2003, p. 1880) escreve acerca desta passagem:

“É óbvio que João compreende que sua chamada é igual à de Ezequiel. Ele foi chamado a profetizar (Ap 10.11; cf. Ez 2.1-5) e recebeu um livrinho para comer (Ap 10.8,9; Ez 3.1), que tem o gosto do mel (Ap 10.9; cf. Ez 3.3). Como Ezequiel, ele escreverá um livro que começa com a revelação do trono de Deus (Ap 4; cf. Ez 1) e termina com a descrição da Nova Jerusalém (Ap 21.22; cf. Ez 40.48). Ezequiel, entretanto, foi chamado a profetizar para Israel (Ez 3.1) enquanto as profecias de João são dirigidas a (e falam a respeito de) ‘muitos povos, e nações, e línguas, e reis’ (Ap 10.11)”.

João como representante da igreja fiel recebe a revelação quanto a posse do Reino por Jesus Cristo, porém sua profecia abrangeria ainda os juízos provenientes das sete taças da ira de Deus e daí, em primeira instância, o anúncio do Anjo quanto ao amargor do seu ventre. João não estará presente na terra por ocasião da Tribulação/Grande Tribulação, assim como a igreja fiel já não mais estará, pois ela nesta ocasião já terá sido arrebatada para o céu. Sua mensagem descrita ao longo do Apocalipse quanto aos acontecimentos vindouros, porém estará sendo levada a muitos povos, nações, e línguas e reis pelos judeus convertidos e talvez também pelos gentios salvos durante o período da Tribulação/Grande Tribulação. Estes, porém sofrerão a rejeição por muitos povos, nações, línguas e reis tornando-se mártires por causa de sua fidelidade a Jesus Cristo, sendo isto evidenciado no amargor que João sentiu em seu ventre tão logo ele comeu o livrinho. A experiência que será vivida pelos cristãos no período da Tribulação/Grande Tribulação não é diferente daquela vivida pelos cristãos de todas as épocas. O primeiro sabor do evangelho é o descrito por João ao comer o livrinho “doce como mel”, mas o amargor logo é sentido quando o mesmo é apresentado ao mundo que então o rejeita por não querer arrepender-se e abandonar o seu pecado.

3. Identificando as duas testemunhas – A esta altura, você já deve ter feito a clássica pergunta: Quem são as duas testemunhas? Não vamos tentar adivinhar os seus nomes. Seguiremos as pistas espalhadas pelo capítulo onze que nos dão idéia de quem poderiam ser. Vamos examiná-las?

Ap 11.1-13: “E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o anjo, e disse: Levanta-te, e mede o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram. E deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças; porque foi dado às nações, e pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses. E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra. E, se alguém lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca, e devorará os seus inimigos; e, se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto. Estes têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, todas quantas vezes quiserem. E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará. E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado. E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seus corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que os seus corpos mortos sejam postos em sepulcros. E os que habitam na terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra. E depois daqueles três dias e meio o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram. E naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade, e no terremoto foram mortos sete mil homens; e os demais ficaram muito atemorizados, e deram glória ao Deus do céu”.

3.1 Pistas no capítulo onze “Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra” (Ap 11.4)... “E, se alguém lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca e devorará os seus inimigos... Estas têm poder para fechar o céu para que não chova nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue e para ferir a terra com toda sorte de pragas...” (Ap 11.5,6).

3.2 Com quem as testemunhas se parecem – As duas oliveiras e os dois castiçais lembram Josué, sumo sacerdote, e Zorobabel, príncipe encarregado de reconstruir o templo no retorno do cativeiro babilônico (Zc 4.3,14). Mas, quando abrem a boca, incendeiam os seus inimigos; e têm poder sobre os céus para que não chova enquanto profetizarem, isso recorda o profeta Elias (2 Rs 1.11,12). Podem converter as águas em sangue e ordenar pragas sobre a terra e isto retrocede a Moisés. As duas testemunhas agem como Moisés e Elias e os superam. Moisés e Elias também apareceram ao lado de Cristo em sua transfiguração, conforme está registrado nos evangelhos (Mt 17.1-7).

3.3 Então, quem são elas? – Elas não precisam ser duas das personagens já citadas ou qualquer outra, como Enoque, por exemplo. Assim, como João, o Batista, veio na virtude e poder de Elias e não era Elias, as testemunhas também virão na virtude e poder dos profetas e serão incumbidas de missão semelhante à de Josué e Zorobabel...

O capítulo 11 começa com a descrição que João faz quando então lhe é dado uma cana semelhante a uma vara, de forma que ele deveria levantar-se e medir “o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram” (Ap 11.1b). O átrio do lado de fora do templo não deveria ser medido, porque segundo Ap 11.2b “foi dado às nações e pisarão a Cidade Santa por quarenta e dois meses” (Ap 11.2b). Os quarenta e dois meses nesta passagem se referem à segunda metade da Grande Tribulação e dado o fato de que por ocasião da revelação do Apocalipse à João, o templo em Jerusalém já havia sido destruído pelos romanos, é possível concluir que o templo nesta passagem se refere àquele que será reconstruído em Jerusalém (A. Gilberto, 2000, p. 143), sendo que no período final dos três anos e meio iniciais da Tribulação, o templo já terá, provavelmente sido reconstruído pelos judeus. A presença de homens no templo adorando junto ao altar (figura do sacrifício de Cristo) é uma indicação de que muitos judeus neste período estarão se convertendo a Jesus e daí o templo, o altar e os que nele adoram serem medidos. Haverá, porém ainda muitos judeus não convertidos e daí a ordem para o átrio fora do templo não ser medido, pois estes judeus estarão, por meio de uma aliança, unidos ao Anticristo que terá então domínio sobre Jerusalém até o final da Grande Tribulação conforme fica subentendido na frase “porque foi dado às nações e pisarão a Cidade Santa por quarenta e dois meses”. Em Ap 11.3, na seqüência, João faz menção às duas testemunhas que surgirão na terra por ocasião, provavelmente do final dos três anos e meio iniciais da Tribulação e que receberão poder para profetizarem durante mil duzentos e sessenta dias, o que indica que seu testemunho adentrará os três anos e meio finais da Grande Tribulação. Estas são descritas como vestidas de pano de saco, linguagem esta que denota o teor de sua mensagem como sendo um chamado ao arrependimento, além de indicar também o caráter de renúncia destes dois servos de Deus que são apresentados em Ap 11.4 como sendo “as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra”. Conforme escreve W. MacDonald (2008, p. 1007), as duas testemunhas “como oliveiras são cheias do Espírito (azeite). Como candelabros dão testemunho da verdade de Deus em tempos de escuridão”. A linguagem de Ap 11.4 onde as duas testemunhas são apresentadas como sendo as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra em conexão à ordem para medir o templo, o altar e os que nele adoram mostra a influência que o ministério profético das duas testemunhas estará exercendo sobre os judeus para que eles se convertam a Jesus, recebendo-o como “o Cristo, o Filho, do Deus vivo”. É sob este aspecto que o ministério das duas testemunhas se assemelha ao ministério de Josué e Zorobabel, pois assim como estes foram os responsáveis pela reconstrução do templo por ocasião do retorno do cativeiro, assim também as duas testemunhas serão importantes na reconstrução do templo em Israel, sendo este templo, em primeira instância não o templo físico em si, mas os próprios judeus convertidos então ao Messias de Israel, o Senhor Jesus Cristo.
As duas testemunhas terão poder para fechar o céu para que não chova nos dias da sua profecia” (Ap 11.6a); neste sentido o ministério das duas testemunhas faz lembrar o profeta Elias, e isto indica que uma delas virá no mesmo tipo de ministério do profeta Elias, ou na virtude e poder de Elias, assim como foi o ministério de João Batista. Elas terão também “poder sobre as águas para convertê-las em sangue e para ferir a terra com toda sorte de pragas quantas vezes quiserem (Ap 11.6); neste sentido o ministério das duas testemunhas faz lembrar Moisés, o que indica que a outra delas virá no mesmo tipo do ministério de Moisés. As duas testemunhas trarão de volta no período da Grande Tribulação por meio do anúncio da Lei e dos Profetas, o testemunho do monte da Transfiguração quanto aos sofrimentos e a glória vindoura do Messias e é desta forma que muitos outros judeus, além daqueles já selados, se converterão a Jesus Cristo. Em Ap 11.7 é dito que quando as duas testemunhas acabarem o seu testemunho a besta que sobe do abismo (uma linguagem que provavelmente se refere ao Anticristo e ao poder que lhe é conferido por Satanás) as matará e o seu corpo morto jazerá na cidade de Jerusalém que é chamada em Ap 11.8 de Sodoma, provavelmente por causa dos pecados que ali estarão sendo praticados semelhantes àqueles que levaram a destruição de Sodoma e Gomorra, e também de Egito, provavelmente por causa da escravidão ao pecado de seus habitantes. A morte das duas testemunhas será noticiada em todas as nações durante três dias e meio, não sendo, porém permitido que seus corpos sejam postos em sepulcros. Todos que habitam na terra se regozijarão com a morte das duas testemunhas, fato este que indica a não aceitação do mundo incrédulo quanto a verdade proferida pelas duas testemunhas em relação ao coração impenitente dos homens, mas depois de três dias e meio, ocorrerá a ressurreição destes dois servos de Deus, e grande temor virá sobre os que o virem. Neste momento haverá um grande terremoto que provocará a queda da décima parte da cidade, provavelmente Jerusalém, e a morte de sete mil homens. Os demais, provavelmente os israelitas que sobreviverem ao grande terremoto, ficarão muito atemorizados, mas darão glória ao Deus do céu.

Referências Bibliográficas:
A. Gilberto, Daniel e Apocalipse – Compreendendo o Plano de Deus para Estes Últimos Dias, 2000, 16ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
T. P. Jenney, Comentário Bíblico Pentecostal, 2003, 1ª Ed., CPAD, Rio de Janeiro, RJ.
W. MacDonald, Comentário Bíblico Popular, 2008, Mundo Cristão, São Paulo, SP.
W. Malgo, Apocalipse de Jesus Cristo – Um Comentário para a Nossa Época, 2000, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS

Um comentário:

vilma disse...

A paz do SENHOR!! minha irmã...sou nova convertida a 3 meses e estou estudando o apocalipse,foi muito bom ler o seu estudo. Fica na paz...bjs